segunda-feira, 31 de janeiro de 2022

HOMILIA da SEGUNDA-FEIRA do tempo comum

SÃO JOÃO BOSCOPRESBÍTERO

(branco, pref. Comum, ou dos pastores, – ofício da memória) I. Introdução

Deixai vir a mim os pequeninos e não os impeçais, diz o Senhor. O Reino do céu pertence aos que se parecem com eles (Mc 10,14).

João Bosco nasceu em 1815 na Itália e lá faleceu em 1888. Sua inteligência brilhante e o gosto pelos estudos o favoreceram com sólida cultura. Ordenado padre, cercou-se de numerosos jovens humildes e desempregados, os quais motivaram a fundação da “Família Salesiana”: padres, religiosos, religiosas – as Filhas de Maria Auxiliadora – e cooperadores leigos. Enfrentou pesados obstáculos, mas superou-os com o auxílio do Espírito Santo. Aprendamos deste santo educador a manter, em nossa vida diária, a alegria que nasce da oração.

II. Comentário

Hoje encontramos um fragmento do Evangelho que pode provocar o sorriso a mais de um. Imaginar-se uns dos mil porcos precipitando-se pelo monte abaixo, não deixa de ser uma imagem um pouco cômica. Mas a verdade é que a eles não lhes fez nenhuma graça, se enfadaram muito e lhe pediram a Jesus que se fora de seu território.

A atitude deles, mesmo que humanamente poderia parecer lógica, não deixa de ser francamente recriminável: prefeririam ter salvado seus porcos antes que a cura do endemoninhado. Isto é, antes os bens materiais, que nos proporcionam dinheiro e bem estar, que a vida em dignidade de um homem que não é dos “nossos”. Porque o que estava possuído por um espírito maligno só era uma pessoa que «Sempre, dia e noite, andava pelos sepulcros e nos montes, gritando e ferindo-se com pedras» (Mc 5,5).

Nos temos muitas vezes este perigo de apegar-nos ao que é nosso, e desesperar-nos quando perdemos aquilo que só é material. Assim, por exemplo, o camponês se desespera quando perde uma colheita mesmo tendo-a assegurada, ou o jogador de bolsa faz o mesmo quando suas ações perdem parte de seu valor. Em compensação, muitos poucos se desesperam vendo a fome ou a precariedade de tantos seres humanos, alguns dos quais vivem ao nosso lado.

III.

• • •

Atualização

Jesus sempre pôs em primeiro lugar as pessoas, mesmo antes que as leis e os poderosos de seu tempo.

Muitas vezes, pensamos só em nós mesmos e naquilo que acreditamos que nos traz felicidade, mesmo o egoísmo nunca traz felicidade.

Como diria o bispo brasileiro Helder Câmara: «O egoísmo é a fonte mais infalível de infelicidade para si mesmo e para os que o rodeiam»



domingo, 30 de janeiro de 2022

Homília do 4° Domingo do Tempo Comum

I. Introdução

Neste domingo, a reflexão recai sobre a vocação de profeta com seus percalços. Quem está em sintonia com Deus e lembra ao povo e às autoridades a fidelidade a Deus, dificilmente encontra compreensão e aplausos. Sofre perseguições, mas em Deus encontra forças para continuar a missão. Foi assim com Jeremias e com Jesus.

II. Comentários 1° Leitura

O profeta Jeremias recebe sua vocação, revelada em Jr 1,4-5.17-19, por volta do ano 620 a.C., um pouco antes do Exílio da Babilônia.

A situação não está fácil. As infidelidades por parte das autoridades e do povo são muitas. Ele, assim como Moisés (Ex 3,1ss), Isaías (6,1ss), João Batista (Lc 1,15) e Paulo (Gl 1,15), é chamado por Deus e encorajado para a árdua missão de ser profeta.

2° Leitura

Em 1Cor 12,31–13,12, Paulo lembra que o mais importante de todos os carismas é o amor. Tudo passa, só o amor permanece.

O amor dá sentido aos demais carismas. O amor até supera a fé e a esperança. No céu não haverá mais esperança nem fé, pois lá se vê Deus face a face; não se precisa mais de fé nem de esperança. Mas o amor ainda estará em pleno vigor.

Evangelho

Lucas relata em seu evangelho (Lc 4,21-30) a reação à leitura de Is 61,1-3 que Jesus fez na sinagoga de Nazaré (Lc 4,14-20). Em Jesus, Deus oferece a graça plena (ano da graça), mas isso provoca reações nos conterrâneos, embora muitos ficassem admirados. Como pode um simples conterrâneo, filho de José, ser tão importante? Até querem ver show (como ocorreu em Cafarnaum, cf. Mc 1,2ss), mas ficam irados com suas palavras.

Jesus, como outrora Elias (1Rs 17,8ss) e Eliseu (2Rs 5,1ss), não fará milagres em sua pátria, mas somente fora dali. Os seus se fecham justamente por ele ser um simples filho da terra: profeta da própria pátria.

O texto reflete a situação dos cristãos de primeira hora. Muitos aderem a Jesus, mas, quando sentem as novidades do seguimento, o abandonam e voltam à vida anterior (Jo 6,60ss).

III. Atualização

• A Igreja, hoje, encontra incompreensões e dificuldades. Contudo, ela jamais, em sua

missão, deve se preocupar em agradar a quem quer que seja.

• Profecia não é sinônimo de estrelismo midiático. Sua preocupação deve sempre ser a

fidelidade ao evangelho, sem nada temer.

• Em meio a críticas e perseguições, ela poderá ter uma certeza: como Deus protegeu

Jeremias, como protegeu Jesus que escapou das mãos dos que queriam precipitá-lo, assim também, hoje, a Igreja receberá a proteção de Deus.


• Práticas religiosas que fogem ao conflito não são fiéis ao Reino.




sábado, 29 de janeiro de 2022

Homília do Sábado da 3° semana comum

 Introdução

Eis uma imagem eficaz da Igreja: um barco que deve enfrentar as tempestades e às vezes parece que está prestes a sucumbir. Aquilo que a salva não são as qualidades nem a coragem dos seus homens, mas a fé, que permite caminhar até no meio da escuridão, entre as dificuldades.

II. Comentário

A fé confere-nos a segurança da presença de Jesus sempre ao nosso lado, da sua mão que nos segura para nos proteger do perigo.

Todos nós estamos neste barco, e aqui sentimo-nos seguros, não obstante os nossos limites e as nossas debilidades. Estamos seguros sobretudo quando sabemos ajoelhar-nos e adorar Jesus, o único Senhor da nossa vida.

Passar para a outra margem indica nova etapa na missão de Jesus e dos discípulos: a missão com os gentios, na época conhecidos como pagãos. É o grande desafio das comunidades cristãs dos inícios: passar de uma mentalidade nacionalista para uma mentalidade universalista.

São desafios que vão surgindo na história da Igreja. Nesses últimos anos, o papa Francisco, com base no Concílio Vaticano II, convida a Igreja a sair de seu comodismo para ir às periferias existenciais e sociais. Sair de uma Igreja “poderosa” para uma Igreja pobre, para os pobres e acolhedora.

Proposta que não agrada a muitos e que é rejeitada por outros. Jesus censura seus discípulos por causa do medo em assumir a nova proposta do Mestre. A Igreja precisa estar sempre atenta e aberta aos sinais dos tempos, e não se acomodar no status quo.

III. Atualização

• A vida do discípulo de Jesus é tecida de tribulações e dificuldades. Quem quiser viver a fidelidade radical ao Reino, ver-se-á às voltas com perseguições. Na comunidade cristã, desde o início, esta situação era comum. Nos momentos de prova, a primeira tentação foi a de desesperar-se.

• O sentimento de abandono transformou-se em sentimento de impotência. E os discípulos acabaram entregando os pontos.

• Este desespero denuncia a carência de uma fé sólida no Senhor. Esta comporta a certeza da presença do Mestre, junto a seus discípulos, mormente na provação. Quando se pensa que ele está ausente, então é que está mais próximo de nós. É preciso não duvidar desta sua presença.




sexta-feira, 28 de janeiro de 2022

Homilia da sexta-feira da 3° Semana Comum

SANTO TOMÁS DE AQUINO PRESBÍTERO E DOUTOR DA IGREJA

(branco, pref. Comum, ou dos pastores, – ofício da memória)

I. Introdução

Os sábios refulgirão como o esplendor do firmamento; e os que ensinaram a muitos a justiça brilharão como estrelas para sempre (Dn 12,3).

Tomás nasceu em 1225 na Itália e lá faleceu em 1274. De família nobre, entrou na Ordem dos Dominicanos. Foi professor de teologia nas melhores universidades da época. Escreveu a Suma teológica, um compêndio com as mais belas expressões do seu ensinamento. Homem silencioso, humilde e de profunda vida espiritual, fez da ciência e do estudo o caminho de sua santificação. Recomendemos ao Senhor todos os estudantes e professores.

II. Comentário

Nos seus ensinamentos, Jesus gostava de comparar o “Reino (e a Palavra) de Deus” com uma semente. É o caso também no texto de hoje.

A semente não é apenas o que aparenta ser, é algo que traz, em si, vida. Isso se percebe quando a semente é posta na terra, ela germina e se desenvolve. Para isso, porém, necessita de tempo e condições.

A primeira parábola evidencia a fecundidade da semente e da terra, a planta cresce independentemente da vontade das pessoas. Assim é o Reino de Deus, em si mesmo contém vida, dinamismo, esperança. A segunda parábola acentua o contraste entre a semente (pequena) e a planta (grande).

A mostarda era uma espécie de praga, brotava em lugares não desejáveis, assim como o Reino de Deus floresce de maneira incômoda aos sistemas que se opõem a ele. O reino de Deus é visto como árvore que fornece sombra (acolhida e proteção) a todos os povos.

III. Atualização

Hoje, a mensagem de Jesus sobre o “Reino” ensina-nos a escassa importância que esta tem em relação ao poder temporal, a pesar de exercer uma “soberania” real e profunda nas almas. É como um grão de mostarda, a mais pequena de todas as sementes; é como a levadura, uma parte muito pequena em comparação com toda a massa mas determinante no resultado final.

É como a semente que se lança à terra e ali passa por diferentes sortes: é bicada pelos pássaros, afogada pelas silvas ou amadurece e dá muito fruto. Noutra parábola, a semente do reino cresce, mas um inimigo semeou, no meio dela, cizânia que cresceu junto com trigo e só no fim é apartada.

Está misteriosa “soberania de Deus” aparece também quando Jesus a compara a um tesouro enterrado no campo: quem o encontra vende tudo o que tem para poder comprar o campo e assim poder ficar com o tesouro.



quinta-feira, 27 de janeiro de 2022

Homília da QUINTA-FEIRA da 3° semana comum

 I. Introdução

Hoje, Jesus nos explica o segredo do Reino do Céu. Inclusive utiliza uma certa ironia para mostrar-nos que a “energia” interna que tem a Palavra de Deus —a própria Dele—, a força expansiva que se deve estender por todo o mundo, é como uma luz, e que esta luz não pode ficar embaixo do alqueire «Dizia-lhes ainda: Traz-se porventura a candeia para ser colocada debaixo do alqueire ou debaixo da cama? Não é para ser posta no candeeiro?» (Mc 4,21).

II. Comentário

Por acaso podemos imaginar a estupidez humana que seria colocar a vela acesa embaixo da cama? Cristãos com a luz apagada ou com a luz acesa com a proibição de iluminar! Isto sucede quando não pomos ao serviço da fé a plenitude de nossos conhecimentos e de nosso amor.

Quão antinatural resulta o egoísmo sobre nós mesmos, reduzindo nossa vida ao limite de nossos interesses pessoais! Viver sob a cama! Ridícula e tragicamente imóveis: “ausentes” do espírito.

O Evangelho —pelo contrário— é um santo arrebato de Amor apaixonado que quer comunicar-se, que necessita “dizer”, que leva em si uma exigência de crescimento pessoal, de maturidade interior, e de serviço aos outros. «Se dizes: Basta! “Estás morto», diz Santo Agostinho. E São Josémaria: «Senhor: que tenha peso e medida em tudo..., menos no Amor».

III.

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Atualização

«‘Se alguém tem ouvidos para ouvir, que ouça.’ Lhes dizia também: ‘Ele prosseguiu: Atendei ao que ouvis: com a medida com que medirdes, vos medirão a vós, e ainda se vos acrescentará.’» (Mc 4,23-24). Mas, que queres dizer com escutar?; Que devemos escutar? É a grande pergunta que devemos fazer.

É o ato de sinceridade para com Deus que nos exige saber realmente que queremos fazer. E para saber o que devemos escutar: é necessário estar atento às insinuações de Deus.

Devemos nos introduzir no diálogo com Ele. E a conversa põe fim às “matemáticas da medida”: «Ele prosseguiu: Atendei ao que ouvis: com a medida com que medirdes, vos medirão a vós, e ainda se vos acrescentará. Pois, ao que tem, se lhe dará; e ao que não tem, se lhe tirará até o que tem» (Mc 4,24-25).

• Os interesses acumulados de Deus nosso Senhor são imprevisíveis e extraordinários. Esta é uma maneira de excitar nossa generosidade.



quarta-feira, 26 de janeiro de 2022

Homília da Quarta-feira da 3° Semana do Tempo Comum

 I. Introdução

Hoje, escutamos a parábola do semeador. Deus põe a semente do amor no coração de cada homem; Deus ama todos, sem excepção. Mas a nossa resposta ao seu amor é diferente: uns nem escutam; outros entusiasmam-se no princípio, mas “saltam fora” à primeira dificuldade; outros afogam-se com as coisas...

II. Comentário

Hoje Jesus dirige-se à multidão com a célebre parábola do semeador. Trata-se de uma página “autobiográfica”, porque reflete a própria experiência de Jesus, da sua pregação: Ele identifica-se com o semeador, que difunde a boa semente da Palavra de Deus, e dá-se conta dos vários efeitos que ela alcança, segundo o tipo de acolhimento reservado ao anúncio.

Para falar da salvação, evoca-se aqui a experiência que cada ano se renova no mundo agrícola: uma sementeira que é acompanhada pelas lágrimas, porque se lança o que ainda poderia tornar-se pão, expondo-se a uma expectativa cheia de incertezas: o camponês trabalha, prepara o terreno, lança a semente, mas não sabe onde esta semente cai, se os pássaros a comerão, se brotará, se lançará raízes, se chegará a tornar-se espiga.

Semear é um gesto de confiança e esperança: ano após ano, o camponês repete o seu gesto e lança a sua semente. Jesus conhecia bem esta experiência, e falava dela com os seus.

III. Atualização

• Em todo caso, a uns e outros, Deus nos pede frutos de santidade. O Espírito Santo nos

ajuda a isso, mas não prescinde de nossa colaboração. Em primeiro lugar, é necessária a diligência. Se nós respondemos a meias, quer dizer, se nós mantemos na “fronteira” do caminho sem entrar plenamente nele, seremos vítima fácil de Satanás.

• Segundo, a constância na oração — o diálogo—, para aprofundar no conhecimento e amor a Jesus Cristo: «Santo sem oração...? — “Não acredito nessa santidade» (São Josémaria).

• Finalmente, o espírito de pobreza e desprendimento evitará que nos “afoguemos” pelo caminho. As coisas esclarecidas: «Ninguém pode servir a dois senhores... » (Mt 6,24).




terça-feira, 25 de janeiro de 2022

Homília da TERÇA-FEIRA da 3° Comum

 CONVERSÃO DE SÃO PAULO (branco, glória, prefácio dos apóstolos I, – ofício da festa)

I. Introdução

Sei em quem acreditei; e estou certo de que o justo juiz conservará a minha fé até o dia de sua vinda (2Tm 1,12; 4,8).

Paulo nasceu em Tarso, na Turquia, por volta do ano 10. De perseguidor dos cristãos, tornou-se incansável comunicador do Evangelho. Percorreu o mundo, conquistando povos para Cristo. Escreveu algumas cartas com vistas a revigorar a fé das comunidades por ele fundadas. Sua intensa vida apostólica foi coroada com o martírio, em Roma, em torno do ano 67. A seu exemplo, sejamos audazes anunciadores da Boa-nova de Cristo com todos os meios de comunicação.

II. Comentário

Saulo foi conduzido a Ananias: o lobo devastador é conduzido às ovelhas. Mas o Pastor, que tudo conduz do alto do céu, garante-lhe: “Não temas.” Que maravilha! O lobo cativo é conduzido às ovelhas. O Cordeiro, que morre pelas ovelhas, lhe ensina a não temer (Santo Agostinho).

«A conversão de São Paulo aconteceu no encontro com Cristo ressuscitado; foi este encontro que mudou radicalmente a sua existência. É nisso que consiste a conversão deles e a nossa: crer em Jesus, morto e ressuscitado ”(Bento XVI).

«Nosso Senhor ligou o perdão dos pecados à fé e ao Batismo: ‘Ide por todo o mundo e proclamai a Boa Nova a toda a criação. Quem crer e for batizado será salvo ”(Mc 16,15- 16). O Batismo é o primeiro e principal sacramento da remissão dos pecados porque nos une a Cristo, que morreu pelos nossos pecados e ressuscitou para a nossa justificação, para que «também nós possamos viver uma nova vida» (Rm 6,4) »(Catecismo do a Igreja Católica, no 977

III.

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Atualização

Antes de sua ascensão ao céu, Jesus envia seus discípulos com uma ordem bem precisa: proclamar o Evangelho. Os destinatários são todos os povos do mundo todo.

Jesus confere aos discípulos o poder de curar doentes e expulsar demônios, isto é, libertar as pessoas de tudo o que as oprime e devolver-lhes a dignidade de filhos e filhas de Deus. Muitos sinais prodigiosos haveriam de acompanhar e confirmar a obra dos seguidores de Jesus.

A Igreja primitiva testemunhou a verdade dessa promessa: “O Senhor confirmava o que eles diziam sobre a graça de Deus, permitindo que através deles se realizassem sinais e prodígios” (At 14,3). Faz parte dessa corrente de pregadores o apóstolo Paulo, através do qual Deus realizava milagres extraordinários (cf. At 19,11).



segunda-feira, 24 de janeiro de 2022

Homília da segunda-feira da 3° semana do tempo comum

SÃO FRANCISCO DE SALES BISPO E DOUTOR DA IGREJA

Farei surgir um sacerdote fiel, que agirá segundo o meu coração e a minha vontade, diz o Senhor (1Sm 2,35).

Francisco nasceu em 1567 na França e lá faleceu em 1622. Deixou a carreira de advogado para se tornar padre, depois bispo. Inteligente, calmo e com grande poder de persuasão, muito contribuiu para evangelizar todas as classes de pessoas, a começar pelo clero. Fundou a Ordem da Visitação. Por se comunicar usando panfletos, foi nomeado padroeiro dos jornalistas católicos. Que sua intensa vida apostólica nos inspire a perseverar nos caminhos do Senhor.

I. Introdução

Por si mesmos, os milagres não tinham o poder de convencer as pessoas da condição messiânica de Jesus. Ao contemplá-los, as pessoas podiam fazer as mais contraditórias interpretações. Tudo dependia da maior ou menor sintonia com Jesus.

II. Comentário

Os mestres da Lei interpretavam os milagres do Messias Jesus como ações demoníacas na história humana. Na visão deles, Jesus estaria atuando com uma força recebida de satanás.

Evidentemente, Jesus não podia calar-se diante de uma interpretação tão destorcida de sua atividade. Assim, partindo da acusação de seus adversários, desmascarou a falsidade de seus pontos de vista.

A ação miraculosa de Jesus consistia em aniquilar o poder de satanás sobre as pessoas. Bastava uma ordem sua para que os demônios deixassem livres aqueles a quem mantinham subjugados. Jesus era o terror dos demônios.

Sendo assim, não tem lógica dizer que a ação de Jesus tenha algo a ver com Belzebu. Este não haveria de munir de poder contra si mesmo a quem poderia acabar com suas pretensões sobre o ser humano. Era preciso procurar em outro lugar a raiz do poder taumatúrgico de Jesus.

A acusação de que Jesus agia em conluio com satanás foi não só pecaminosa, como também uma verdadeira blasfêmia contra o Espírito Santo, por cuja força Jesus atuava.

III. Atualização

• É grave a acusação que os doutores da Lei fazem a Jesus. Segundo eles, Jesus está

possuído pelo demônio e age em nome dele, ou seja, ele seria agente do próprio Satanás. Ele expulsaria os demônios em nome de Beelzebu, chefe dos demônios. Chamando-os perto, demonstra-lhes a falha do argumento por meio das parábolas do reino e da casa.

• Um reino ou uma casa divididos contra si mesmos não ficam em pé. Jesus age em nome do Espírito Santo que habita nele e é pela sua força que cura e liberta dos males. O pecado deles é confundir o Espírito Santo com Beelzebu.

• Parece que o pecado contra o Espírito Santo é não distinguir entre o bem e o mal, rejeitar a verdade conscientemente, ou seja, não querer reconhecer o poder de Deus que atua em Jesus e transformar o sagrado em demoníaco. Colocar-se contra o projeto do Mestre é rejeitar o perdão




domingo, 23 de janeiro de 2022

Homília do 3° Domingo do Tempo Comum

I. Introdução

Lucas teve a feliz ideia de deixar-nos uma Boa Notícia a respeito da vida e missão de Jesus. O texto de hoje é constituído de duas partes bem distintas: o motivo pelo qual o autor decidiu escrever o livro; o discurso na sinagoga, com o qual Jesus define sua missão.

Ao mostrar as fontes que utilizou para escrever o Evangelho, Lucas tem em mente propor a solidez dos ensinamentos dos apóstolos, apresentando ao leitor condições para conhecer Jesus. Seu objetivo, portanto, é fazer com que todos os que amam a Deus (Teófilo) acolham essa bonita mensagem que nos deixou.

II. Comentário

Hoje, começamos a ouvir a voz de Jesus através do evangelista que nos acompanhará durante todo o Tempo Comum próprio do Ano C : São Lucas. Que «conheças a solidez dos ensinamentos que recebeste» (Lc 1,4), escreve Lucas ao seu amigo Teófilo. Se é esta a finalidade do que escreve, devemos tomar consciência da importância que tem o fato de meditar todos os dias o Evangelho do Senhor – palavra viva e, portanto, sempre nova.

Como Palavra de Deus, Jesus nos é apresentado hoje como um Mestre, já que «ia ensinando nas sinagogas deles» (Lc 4,15). Começa como qualquer outro pregador: lendo um texto da Escritura, que se cumpre precisamente nesse momento... Está a cumprir-se a palavra do profeta Isaías; mais ainda: toda a palavra, todo o conteúdo das Escrituras, tudo o que os profetas tinham anunciado se concretiza e se cumpre em Jesus. Acreditar ou não em Jesus não é indiferente, porque é o próprio “Espírito do Senhor” que O ungiu e enviou.

A mensagem que Deus quer transmitir à humanidade através da Sua Palavra é uma boa nova para os abandonados, um anúncio de liberdade para os cativos e oprimidos, uma promessa de salvação. Uma mensagem que enche de esperança toda a humanidade. Nós, filhos de Deus em Cristo através do sacramento do batismo, também recebemos esta unção e participamos na Sua missão: levar esta mensagem de esperança a toda a humanidade.

Meditando o Evangelho que dá solidez à nossa fé, vemos que Jesus pregava de um modo diferente dos outros mestres. Pregava como quem tem autoridade (cf. Lc 4,32). E isto porque pregava principalmente com obras, com o exemplo, dando testemunho, entregando até a Sua própria vida. Assim temos de fazer nós, não podemos ficar só pelas palavras: temos de concretizar com obras o nosso amor a Deus e aos irmãos. Podem ajudar-nos as Obras de Misericórdia – sete espirituais e sete corporais – que nos propõe a Igreja, que, como uma mãe, orienta o nosso caminho.

III.

Atualização

A seguir, Jesus foi a Nazaré, e no sábado entra na sinagoga como de costume. Num desses encontros, ele apresenta, fundamentado no profeta e ungido pelo Espírito, a essência da sua missão: libertar os pobres das condições que os escravizam e os desumanizam. Esse é o ponto de partida para uma nova humanidade.

A missão de Jesus deve ser continuada pelas Igrejas e por cada discípulo e discípula do Mestre. Fazer o bem, promover a vida e ser solidário com o necessitado, eis aí o compromisso de todo cristão e das pessoas de boa vontade.


• A Igreja de Jesus é a Igreja dos que sofrem, ou, como diz o papa Francisco, “a Igreja para os pobres”. O papa entendeu muito bem a mensagem de Jesus e procura transmiti-la à humanidade.




sábado, 22 de janeiro de 2022

Homília do Sábado da 2° semana do tempo comum

 I. Introdução

Hoje surge a surpresa inclusive entre os parentes de Cristo. Eu ministério causa assombro: ela sua novidade, pela sua autoridade e... porque exige a adesão a Ele. Efetivamente, a nova proximidade do “Reino” da qual fala Jesus, e cuja proclamação é o distintivo de sua mensagem, essa proximidade totalmente nova reside Nele mesmo.

II. Comentário

Através de sua presença e sua atividade, Deus entra na história aqui e agora de uma maneira completamente nova, como Aquele que obra. Por isso agora “tem se cumprido o tempo”; por isso agora é, de maneira singular, o tempo da conversão e do arrependimento, mas também o tempo de júbilo, pois, em Jesus, Deus vem a nosso encontro.

Nele agora é Deus que age e reina; reina à maneira divina, quer dizer, sem poder terrenal, através do amor que chega “até o extremo”, até a cruz.

Jesus, aceito teu convite a te seguir, deixando-o tudo. Porque Tu és o “tesouro”, e a comunhão contigo és a “pérola preciosa”.

III. Atualização

• Hoje, acontece a Jesus algo que a ti também te pode acontecer: que te tomem por louco

porque amas Deus e vives a religião. Podem até troçar de ti os teus melhores amigos e conhecidos. Pode acontecer! Não seria a primeira vez.

• Não te desanimes. Se acontece, não te surpreenda: não fique bravo, sorri, seja paciente, ore por eles ... como o Mestre! Jesus triunfa com sua paciência.




sexta-feira, 21 de janeiro de 2022

Tu Cristão!


Tu cristão, enquanto não  deixares de ser ator da fé, não poderás verdadeiramente manifestar o Divino que está em ti.

Tu cristão, enquanto não perderes todo o trejeito estragado de ser religioso, não saberás ser ponte entre Deus e os homens.

Tu cristão, enquanto não pedires a Cristo para que a tua vaidade e orgulho caiam por terra, não permitirás Deus agir totalmente através de ti.

Tu cristão, enquanto não lutares para tua própria conversão e santidade, não alcançarás a felicidade.

Tu cristão, enquanto ficas envolvido em mexericos, perdes tempo para anunciar o amor de Deus.

Sabes cristão que foste chamado para viver a verdade e não um teatro.

Padre Edivânio José 

Exorcista 



Homília da SEXTA-FEIRA SANTA INÊS VIRGEM E MÁRTIR

I. Introdução

Esta é uma virgem sábia, do número das prudentes, que foi ao encontro de Cristo com sua lâmpada acesa.

Inês, cujo nome é citado no Cânon Romano, viveu na Itália no século 3o. Em defesa da fé e da sua virgindade, foi martirizada no começo de sua adolescência. Sua corajosa atitude seja incentivo para jovens e adultos permanecerem firmes no seguimento de Jesus Cristo.

II. Comentário

Com frequência, Jesus sobe o monte para orar em comunhão com Deus. Desta vez, ele sobe a montanha para escolher os doze apóstolos, aqueles que o acompanhariam ao longo da vida. Grupo de pessoas simples e nem todas bem-vistas.

O Mestre não escolhe anjos, mas pessoas com virtudes e fraquezas que, aos poucos, vai preparando para a missão. Antes de tudo, eles têm de “ficar com ele”, conviver com ele, assimilando seu jeito de ser, que possibilita assumir progressivamente as mesmas atitudes fundamentais do Mestre.

Depois de ficar com ele, os Doze são enviados a pregar e expulsar demônios. Eles têm a mesma autoridade de Jesus para pregar, isto é, anunciar a Boa-nova e expulsar demônios, ou seja, resistir e vencer as forças malignas que dominam e alienam as pessoas e as impedem de aderir à Boa-nova do Mestre.

III. Atualização

• Hoje, Jesus chama um núcleo de íntimos particularmente escolhidos por Ele, para que

continuem sua missão e dêem forma a sua “nova família”. Inicialmente, o título de “apóstolos” ia além deste circulo dos “Doze”, mas depois foi se restringindo cada vez mais estritamente a ele.

• Marcos afirma que “Institui Doze”. “Instituir” é a terminologia do Antigo Testamento para indicar a nomeação de sacerdotes. Além disso, os escolhidos são nomeados um a um, tal como acontecia com os profetas de Israel: O ministério apostólico aparece como uma fusão da missão sacerdotal e da missão profética. Os sucessos anteriores tinham acontecido à beira do mar; agora Jesus sobe ao “monte”, que indica o lugar de sua comunhão com Deus: Um lugar no “alto”.

• A eleição dos discípulos é um sucesso de oração: São “engendrados” na oração, na familiaridade com o Pai. Assim, o chamado dos Doze tem um profundo sentido teológico: Sua escolha nasce do dialogo do Filho com o Pai.




quinta-feira, 20 de janeiro de 2022

Homília da QUINTA-FEIRA da 2° do tempo comum

 I. Introdução

Hoje, ainda temos recente o batismo de João nas águas do rio Jordão, deveríamos recordar a relevância do nosso próprio batismo. Todos fomos batizados num só Senhor, numa só fé, «num só Espirito para formar um só corpo» (1Cor 12,13). Eis aqui o ideal de unidade: formar um só corpo, ser em Cristo uma só coisa, para que o mundo acredite.

II. Comentário

No Evangelho de hoje vemos como «uma grande multidão da Galiléia» e também muita gente procedente de outros lugares (cf. Mc 3,7-8) se aproximam do Senhor. E Ele acolhe e procura o bem para todos, sem excepção. Devemos ter isso muito presente durante o octavário de oração pela unidade dos cristãos.

Apercebamo-nos como, no decorrer dos séculos, os cristãos nos dividimos em católicos, ortodoxos, anglicanos, luteranos, e um largo et cetera de confissões cristãs. Pecado histórico contra uma das notas essenciais da Igreja: a unidade.

Mas aterremos na nossa realidade eclesial de hoje. A da nossa diocese, a da nossa paroquia. A do nosso grupo cristão. Somos realmente uma só coisa? Realmente a nossa relação de unidade é motivo de conversão para os afastados da Igreja? «Que todos sejam um, para que o mundo acredite» (Jo 17,21), pede Jesus ao Pai. Este é o reto. Que os pagãos vejam como se relaciona um grupo de crentes que, congregados pelo Espirito Santo na Igreja de Cristo, têm um só coração e uma só alma (cf. Hb 4,32-34).

Recordemos que, como fruto da Eucaristia —em simultâneo com a união de cada um com Jesus— deve manifestar-se a unidade da Assembleia pois, alimentamo-nos do mesmo Pão para sermos um só corpo. Portanto, o que significam os sacramentos, e a graça que contêm, exige de nós gestos de comunhão para com os outros. A nossa conversão é à unidade trinitária (o qual é um dom que vem do alto) e a nossa tarefa santificadora não pode obviar os gestos de comunhão, de compreensão, de acolhimento e de perdão para com os demais.

III. Atualização

• «Este é o caminho pelo que chegamos à salvação: Jesus Cristo. Por Ele, podemos

elevar nossa mirada até o alto dos céus; por Ele, vemos como num espelho a face imaculado e excelso de Deus» (São Clemente Romano)

• «Sua pessoa [Jesus] não é outra coisa que amor. Os signos que realiza, sobretudo para os pecadores, para as pessoas pobres, excluídas, doentes e sofrentes levam consigo o distintivo da misericórdia» (Francisco)

• « Ao liberar algumas pessoas de males terrestres -fome, injustiça, doença, morte-, Jesus operou sinais messiânicos. Ele, no entanto, não veio para abolir todos os males da terra, mas para liberar os homens da mais grave das escravidões, a do pecado (Catecismo da Igreja Católica, n°549



quarta-feira, 19 de janeiro de 2022

Homília da Quarta-feira da 2° semana Comum

I. Introdução

Hoje, Jesus ensina-nos que há de obrar o bem o tempo todo: não há um tempo para fazer o bem e outro para descuidar o amor aos demais. O amor que vem de Deus conduz-nos à Lei suprema que deixou-nos Jesus no novo mandamento: Amai-vos uns aos outros. Como eu vos amei» Jesus não derroga nem critica a Lei de Moisés, já que Ele mesmo cumpre seus preceitos e acode à sinagoga o sábado; o que Jesus critica é a interpretação estreita da Lei que fizeram os mestres e os fariseus, uma interpretação que deixa pouco lugar à misericórdia.

II. Comentário

Jesus Cristo veio proclamar o Evangelho da salvação, mas seus adversários, longe de deixar-se persuadir, procuram pretextos contra Ele; «Outra vez, Jesus entrou na sinagoga, e lá estava um homem com a mão seca.

Eles observavam se o curaria num dia de sábado, a fim de acusá-lo» (Mc 3,1). Ao mesmo tempo que vemos a ação da graça, constatamos a dureza do coração de uns homens orgulhosos que acreditam ter a verdade do seu lado. Experimentaram alegria os fariseus ao ver aquele pobre homem com a saúde restabelecida? Não, pelo contrário, obcecaram-se ainda mais, até o ponto de fazer acordos com o herodianos —seus inimigos naturais— para ver perder a Jesus, curiosa aliança!

Com sua ação, Jesus libera também o sábado das cadeias com as que o tinham amarrado os mestres da Lei e os fariseus e, lhe restituem seu verdadeiro sentido: dia de comunhão entre Deus e o homem, dia de liberação da escravidão, dia da salvação das forças do mal.

Santo Agostinho disse: «Quem tem a consciência em paz, está tranquilo e, essa mesma tranquilidade é o sábado do coração». Em Jesus Cristo, o sábado abre-se já o dom do domingo.

III. Atualização

• «Porque a verdade é que n ́Ele, que tinha verdadeiro corpo e verdadeira alma de homem, essa afeição [entristecido] não era falsa. Por isso diz-se a verdade quando se afirma que Ele se indignou com ira perante a dureza de coração dos judeus» (Santo Agostinho)

• «Outro motivo pelo qual se endurece o coração é o fechar-se sobre si mesmo; construir um mundo sobre si próprio. Estes “narcisistas religiosos”, que têm o coração duro, procuram defender-se com os muros que constroem ao seu redor» (Francisco)

• «O Evangelho relata numerosos incidentes em que Jesus é acusado de violar a lei do sábado. Mas Jesus nunca viola a santidade deste dia (cf. Mc 1,21; Jn 9,16). É com autoridade que Ele dá a sua interpretação autêntica desta lei: «O sábado foi feito para o homem e não o homem para o sábado» (Mc 2, 27) (...)» (Catecismo da Igreja Católica, no 2.173)



terça-feira, 18 de janeiro de 2022

Homília da TERÇA-FEIRA da 2a SEMANA COMUM.

I. Introdução

Que toda a terra se prostre diante de vós, ó Deus, e cante louvores ao vosso nome, Deus altíssimo! (Sl 65,4)

Os caminhos de Deus não são os caminhos humanos, pois “o homem vê as aparências, mas o Senhor olha o coração”. Aprendamos a enxergar para além da superfície, honrando cada dia como tempo oportuno de dignificar a vida.

II. Comentário

A guarda do sábado era um ponto fundamental na piedade judaica. A tradição rabínica, porém, interpretou esta tradição de maneira tão severa a ponto de transformar o descanso sabático num verdadeiro tormento. Era preciso manter-se muito atento para não fazer, naquele dia, atividades proibidas.

A prática de Jesus foi na contramão da mentalidade em voga. Ele se mostrou perfeitamente livre diante do repouso sabático. Para Jesus, o sábado não se definia por um rosário de não se pode fazer ou é proibido fazer. O tempo sagrado não eximia ninguém de fazer a vontade do Pai. Por isso, mesmo em dia de sábado, ele atuava normalmente quando se tratava de fazer o bem ou quando a vida humana corria perigo.

O sábado, no horizonte de Jesus, estava em função do ser humano, para quem ele foi instituído. É tempo de repousar e recuperar as forças, tempo de celebrar e louvar a Deus com a comunidade, tempo de cessar o trabalho para conviver. Segundo este princípio, nada existe de inconveniente providenciar o alimento em dia de sábado, mesmo contrariando as normas em vigor. Se, num dia de sábado, colhe-se espigas para comer e matar a fome, embora seja proibido fazer colheita, não importa. Loucura seria morrer de fome, tendo o alimento à mão, só para cumprir a lei. Jesus não pactua com tal estreiteza.

III.

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Atualização

Os fariseus questionam Jesus porque seus discípulos colhem espigas para matar a fome. O questionamento ocorre não porque os discípulos estão saqueando o campo alheio, mas porque fazem isso em dia de sábado.

O sábado era e continua muito importante para os judeus, comparado ao nosso domingo: dia de repouso, de encontro com a comunidade e de convivência familiar.

O Mestre justifica a atitude de seus discípulos com um exemplo tirado da própria Escritura. Ao dizer: “o sábado foi feito por causa do homem”, mostra claramente que as leis devem estar a serviço da vida das pessoas, e não as tornar escravas da lei.

O próprio Mestre atuava, mesmo em dia de sábado, quando se tratava de fazer o bem ou quando a vida estava em perigo. A vida está acima de qualquer lei. Com seu ensinamento, Jesus prega também a libertação da servidão religiosa..




segunda-feira, 17 de janeiro de 2022

Homília da segunda-feira da 2° do tempo comum

 I. Introdução

Hoje, vemos como os judeus, além do jejum prescrito para o Dia da Expiação (cf. Lev 16,29-34), observavam muitos outros jejuns, tanto públicos como privados. Eram expressão de dor, de penitência, de purificação, de preparação para uma festa ou uma missão, de pedido a Deus de uma graça, etc.

II. Comentário

Os judeus piedosos consideravam o jejum como um ato próprio da virtude da religião e algo muito grato a Deus: aquele que jejua dirige-se a Deus em atitude de humildade, pede-lhe perdão, privando-se de algo que, causando-lhe satisfação, o iria afastar dele.

O fato de Jesus não incutir esta prática nos seus discípulos e naqueles que O escutavam, surpreende os discípulos de João e os fariseus. Pensam que se trata de uma omissão importante nos Seus ensinamentos. E Jesus dá-lhes uma razão fundamental: « Podem por acaso os convidados do casamento jejuar enquanto o noivo está com eles?» (Mc 2,19). Segundo a interpretação dos profetas de Israel, o esposo é o próprio Deus, e é manifestação do amor de Deus pelos homens (Israel é a esposa, nem sempre fiel, objeto do amor fiel do esposo, Yahvéh). Ou seja, Jesus equipara-se a Yahvéh. Declara aqui a sua divindade: chama aos seus amigos «os amigos do esposo», os que estão com Ele, e então não precisam de jejuar porque não estão separados dele.

A Igreja permaneceu fiel a este ensinamento que, vindo dos profetas e sendo até uma prática natural e espontânea em muitas religiões, é confirmado por Jesus Cristo, que lhe dá um sentido novo: jejua no deserto como preparação para a Sua vida pública, diz-nos que a oração se fortalece com o jejum, etc.

Entre aqueles que escutavam o Senhor, a maioria seria constituída por pobres, que saberiam de remendos em roupas; haveria vindimadores que saberiam o que acontece quando o vinho novo se deita em odres velhos. Jesus recorda-lhes que têm de receber a Sua mensagem com espírito novo, que rompa o conformismo e a rotina das almas envelhecidas, que o que Ele propõe não é mais uma interpretação da Lei, mas uma vida nova.

III. Atualização

• «A devoção deve ser exercida de várias maneiras. Além disso, a devoção deve ser

praticada de maneira adaptada às forças, aos negócios e às ocupações particulares de cada um» (São Francisco de Sales)

• «A Palavra de Deus é viva, é livre. O Evangelho é novidade. A revelação é novidade. Jesus é muito claro: vinho novo em odres novos. Deus deve ser recebido com esta abertura à novidade. E esta atitude chama-se docilidade» (Francisco)

• «Para ser autêntico, o sacrifício exterior deve ser expressão do sacrifício espiritual (...). Os profetas da Antiga Aliança denunciaram muitas vezes os sacrifícios feitos sem participação interior ou sem ligação com o amor do próximo. Jesus recorda a palavra


do profeta Oseias: ‘Eu quero misericórdia e não sacrifício’ (Mt 9, 13; 12, 7)» (Catecismo da Igreja Católica, no 2.100)




domingo, 16 de janeiro de 2022

Homília do II Domingo do Tempo Comum

 I. Introdução

Hoje, contemplamos os efeitos salutares da presença de Jesus e de Maria, Sua Mãe, no centro dos acontecimentos humanos, como no episódio que nos ocupa: «Naquele tempo, houve um casamento em Caná da Galileia, e a mãe de Jesus estava lá. Também Jesus e seus discípulos foram convidados para o casamento» (Jo 2,1-2).

II. Comentário

Jesus e Maria, com intensidade diferente, tornam Deus presente em qualquer lugar onde estejam e, onde está Deus, aí há amor, graça e milagre. Deus é o bem, a verdade, a beleza, a abundância. Quando o sol difunde os seus raios no horizonte, a terra ilumina-se e recebe calor, e toda a vida trabalha para produzir os seus frutos. Quando deixamos que Deus se aproxime, o bem, a paz e a felicidade crescem manifestamente nos corações, até então talvez frios ou adormecidos.

A mediação escolhida por Deus para se fazer presente no meio dos homens e se comunicar profundamente com eles, é Jesus Cristo. A obra de Deus chega ao coração do mundo através da humanidade de Jesus e, depois, através da presença de Maria. Os noivos de Caná pouco sabiam sobre aqueles convidados para a sua boda. O convite correspondia provavelmente a alguma relação de amizade ou parentesco. Naquela altura, Jesus ainda não tinha feito nenhum milagre e desconhecia-se a sua importância.

Aceitou o convite porque é a favor das relações humanas importantes e sinceras e se sentiu atraído pela honestidade e boa disposição daquela família. Por isso, estava presente naquela celebração familiar. «Este início dos sinais, Jesus o realizou em Caná da Galileia» Jo 2,11) e ali o Messias «abriu o coração dos discípulos à fé graças à intervenção de Maria, a primeira crente» (João Paulo II).

Aproximemo-nos também da humanidade de Jesus, tratando de conhecer e amar, mais e de modo progressivo, a Sua trajetória humana, escutando a Sua palavra, crescendo em fé e confiança, até ver nele o rosto do Pai.

III.

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Atualização

Hoje compreendemos também a segunda frase da resposta de Jesus: “Ainda não chegou a minha hora”. Jesus jamais age exclusivamente sozinho. Ele age sempre a partir do Pai, e é precisamente isto que O une a Maria.

Foi ali, nesta unidade de vontade com o Pai, que Ela quis inserir também o seu pedido. Por isso, depois da resposta de Jesus, que parece rejeitar o pedido, surpreendentemente e com simplicidade Ela pode dizer aos servos: “Fazei tudo o que Ele vos disser” (Jo 2,5). Assim, também a necessidade do momento é resolvida de modo verdadeiramente divino, e o pedido inicial é ultrapassado amplamente.

A sua “hora” é a Cruz; a sua hora definitiva será o seu retorno no final dos tempos. Ele antecipa de forma incessante esta hora definitiva, também precisamente na Eucaristia, onde se manifesta sempre já neste momento. E sempre de novo, fá-lo por intercessão da sua Mãe, por intercessão da Igreja, que O invoca nas preces eucarísticas: “Vem, Senhor Jesus!”.




sábado, 15 de janeiro de 2022

Homília do SÁBADO da 1° semana do tempo comum

I. Introdução

Por meio do profeta, Deus escolhe um rei, ao qual confia a missão de libertar o povo. Os que assumem funções de governo, bem como os chamados para seguir o Senhor, têm responsabilidades com a vida digna para todos.

II. Comentário

Jesus dirige-se à beira-mar, símbolo de abertura ao mundo pagão, e ensina à multidão que se aglomera em volta dele. Nessas andanças, o Mestre convida Levi (Mateus) para fazer parte do seu grupo. Por ser cobrador de impostos, Levi não é bem-visto pela instituição religiosa judaica.

Em seguida, Jesus partilha o banquete com cobradores de impostos e pecadores, revelando com isso o sentido de sua missão: todos são chamados a participar do banquete no seu Reino. Apesar da crítica dos doutores da Lei, Jesus se relaciona e faz refeição com pecadores, doentes e marginalizados.

São esses que mais precisam da intervenção salvífica do Filho de Deus. Com suas atitudes, Jesus revela um Deus misericordioso e próximo de cada pessoa, principalmente dos doentes e dos desprezados pela sociedade. Não veio para os justos, mas para os pecadores.

III. Atualização

• Jesus, na sua condição de Mestre, realizou gestos inusitados que escandalizavam

determinados grupos de seu tempo. Entre eles, estavam os mestres da Lei (escribas) que gozavam de grande prestígio e admiração por parte do povo. Este prestígio, de certa forma, os distanciava da massa. Sendo especialistas na interpretação da Lei, pretendiam, juntamente com os fariseus, ser estritos no seu cumprimento. Isso era para eles um ponto de honra! Um dos tópicos da Lei dizia respeito às impurezas que se podia contrair no contato com pessoas consideradas impuras. Tais pessoas, por isso, deveriam ser vítimas da marginalização.

• O caminho do Mestre-Jesus seguiu na direção oposta. Ele se fez solidário com marginalizados de seu tempo – cobradores de impostos e pecadores – não temendo contrair impureza. Sua presença, pelo contrário, era fator de purificação. Jesus estava imune do contágio e a impureza deles não o podiam atingir.

• O Mestre-Jesus não se priva da amizade dos excluídos, não se furtando a sentar-se à mesa com eles, para partilhar uma refeição, símbolo de comunhão sincera. Essa eventualidade o fez compreender o sentido de sua missão de enviado: os destinatários privilegiados de seu amor e de sua ação misericordiosa não eram aqueles já inseridos na comunidade religiosa e social. E, sim, aqueles colocados à margem do sistema por qualquer razão que seja.




sexta-feira, 14 de janeiro de 2022

Homília da SEXTA-FEIRA da 1°semana do tempo comum

I. Introdução

Sábio e feliz é o povo que acolhe a presença de Deus e segue seus caminhos. Com fé nos apresentemos diante do Senhor, nosso amigo inseparável que nos perdoa e salva, pois “ele é nosso escudo e proteção”.

II. Comentário

Hoje, vemos novamente Jesus rodeado de uma multidão: «Ajuntou-se tanta gente que já não havia mais lugar, nem mesmo à porta» (Mc 2,2). O Seu coração abre-se perante as necessidades dos outros e faz-lhes todo o bem possível: perdoa, ensina e cura ao mesmo tempo. Dá-lhes certamente ajuda a nível material (no caso de hoje, fá-lo curando-o de uma paralisia), mas — no fundo— procura o melhor e o primeiro para cada um de nós: o bem da alma.

Jesus Salvador quer deixar-nos uma esperança certa de salvação: Ele é capaz até de perdoar os pecados e de se compadecer da nossa debilidade moral. Antes de mais, diz taxativamente: «Filho, os teus pecados são perdoados» (Mc 2,5). Depois, contemplamo-lo associando o perdão dos pecados —que dispensa generosa e incansavelmente— a um milagre extraordinário, “palpável” aos nossos olhos físicos. Como uma espécie de garantia externa, para nos abrir os olhos da fé, depois de declarar o perdão dos pecados do paralítico, cura-o da paralisia: «Eu te digo: levanta-te, pega a tua maca, e vai para casa! O paralítico se levantou e, à vista de todos, saiu carregando a maca» (Mc 2,11-12).

Podemos reviver frequentemente este milagre na Confissão. Nas palavras da absolvição que o ministro de Deus pronuncia («Eu te absolvo em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo») Jesus oferece-nos novamente — de maneira discreta—a garantia externa do perdão dos nossos pecados, garantia equivalente à cura espetacular que realizou com o paralítico de Cafarnaum.

Começamos agora um novo tempo comum. E recorda-se a nós, os crentes a necessidade urgente que temos de um encontro sincero e pessoal com Jesus misericordioso. Neste tempo, Ele convida-nos a não fazer “descontos”, a não descuidar o perdão necessário que Ele nos oferece no Seu seio, na Igreja.

III. Atualização

• Quando Jesus volta a Cafarnaum, a fama dele já é conhecida, pois muitos vão a ele,

aglomeram-se em sua volta, e ele lhes dirige a palavra. Nisso lhe trazem um paralítico carregado por quatro homens e o descem pelo telhado. Até o Mestre se admira da fé deles e diz ao doente: seus pecados estão perdoados.

• Os doutores da Lei contestam, pois, segundo eles, só Deus pode perdoar os pecados, e taxam Jesus de blasfemo, sujeito a apedrejamento. Jesus lhes dá a entender que ele tem poder de perdoar e curar. Ele vai à raiz dos males, curando o paralítico por “dentro e por fora”, isto é, ele está a serviço da libertação integral da pessoa.

• O doente que fora carregado por outros agora carrega a própria cama. As paralisias do povo só serão vencidas com atos concretos de solidariedade e com propostas em favor dos mais carentes.



quinta-feira, 13 de janeiro de 2022

Homília da QUINTA-FEIRA da 1a SEMANA COMUM

 I. Introdução

Ergamos os nossos olhos para aquele que tem o céu como trono; a multidão dos anjos o adora, cantando a uma só voz: Eis aquele cujo poder é eterno.

Deus não é um dispositivo do qual nos servimos, sobretudo na hora do aperto. O Senhor atende de bom grado os legítimos pedidos que brotam de uma fé verdadeira.

II. Comentário

«Jesus, sobretudo com seu estilo de vida e com suas ações, há demostrado como no mundo em que moramos está presente o amor. Este amor [misericordioso de Deus] se faz notar particularmente no contato com o sofrimento, a injustiça, a pobreza» (São Joao Paulo II)

«Vivemos neste mundo no que Deus não tem a evidência do palpável. Só se pode lhe encontrar com o impulso do coração e reconhecer que não só vivemos de “pão”, se não ante tudo da obediência à Palavra de Deus» (Bento XVI)

«Os homens, cooperadores muitas vezes inconscientes da vontade divina, podem entrar deliberadamente no plano divino, por suas ações por suas orações e também por seus sofrimentos (cf. Col 1,24). Tornam-se então plenamente “cooperadores de Deus” (1Cor 3,9) e do seu Reino» (Catecismo da Igreja Católica, n°307).

III. Atualização

• A atividade incansável de Jesus continua. Um leproso (hanseniano) se aproxima e

reconhece que o Mestre tem o poder de curá-lo. Sem se preocupar com a lei mosaica segundo a qual o contato com um leproso tornava a pessoa impura, Jesus estende a mão, toca nele e o cura.

• Apesar da ordem de Jesus, o beneficiado não consegue conter-se e espalha a notícia. A lepra era uma doença que obrigava o doente a viver afastado da sociedade. Muitas vezes essa lepra era apenas alguma doença da pele. Provavelmente a ira de Jesus seja contra as pessoas e as estruturas que discriminam e marginalizam as pessoas.

• Os gestos de Jesus são sempre no sentido de devolver dignidade às pessoas. O discípulo de Jesus só será fiel se estiver disposto a superar os preconceitos e discriminações que impedem de se aproximar do próximo carente e realizar gestos de compaixão.




quarta-feira, 12 de janeiro de 2022

Homília da quarta-feira da 1° semana do tempo comum

I. Introdução

O chamado de Deus se dá sob as mais variadas circunstâncias. Busquemos sempre o Senhor e fiquemos sintonizados com ele, a fim de atendê-lo e saber qual é nosso papel na sociedade, na Igreja e na família.

II. Comentário

Hoje contemplamos em síntese os elementos básicos do ministério público de Jesus: Anuncio do Reino (e ensinos), realização de sinais (“milagres”) que o manifestam e oração. Para entender Jesus Cristo resultam fundamentais as repetidas indicações de que se retirava —as vezes noites inteiras— para orar “a sós” com o Pai. Este “orar” de Jesus é a conversão do Filho com o Pai.

Ele vive ante o rosto de Deus como Filho; vive na mais íntima unidade com o Pai. Somente partindo desta afirmação pode-se entender verdadeiramente a figura de Jesus e entrever a origem última de suas ações, de seus ensinos e de seu sofrimento. A reação dos seus ouvintes foi clara: Essa doutrina não procede de nenhuma escola; é radicalmente diferente ao que se possa aprender nas escolas; é uma explicação “com autoridade”

Entendo e confesso Senhor, que tua doutrina não procede de ensinamentos humanos, senão de teu contato imediato com o Pai, do diálogo “cara a cara” com teu Pai-Deus.

III.

• •

Atualização

Hoje, Jesus vai pregar acompanhado dos primeiros Apóstolos. Ele não veio pregar teorias e doutrinas; o Filho de Deus veio para nos salvar com ações. Por isso cura todos os doentes que Lhe levam.

Além disso, «de madrugada, quando ainda estava muito escuro, levantou-se, saiu e foi para um lugar solitário e ali se pôs a fazer oração». Oração: este é o remédio!



terça-feira, 11 de janeiro de 2022

Liturgia da 1° Semana do Tempo Comum


Antífona de Entrada:

Ergamos os nossos olhos para aquele que tem o céu como trono; a multidão de anjos o adora, cantando a uma só voz: Eis aquele cujo poder é eterno.

1. Ergamos os nossos olhos para aquele que tem o céu como trono – observe está falando de um outro lugar aonde habita nossa senhora, a corte dos anjos, os santos (as); assim sendo, a Santíssima Trindade está acima, na sua habilitação que chamamos de céus, portanto, tudo que está a baixo forma o trono de Deus, é de lá que Ele reina, governa todas as coisas. É por isso, que sendo o Rei dos reis e Senhor dos senhores, é salvífico reconhecermos a Sua Majestade!

2. A multidão de anjos o adora – perceba que só se faz notar os coros dos anjos com a sua sinfonia de nove coros, pois esta é a hierarquia dos anjos. Todavia, somos convocados a imitarmos os anjos na adoração aqui na terra, se eles não saem da presença de Deus, mesmo cumprindo suas missões aqui na terra, mas de lá não saem, nós também fazemos o mesmo diante do Santíssimo sacramento do altar.

3. Cantando a uma só voz – expressa unidade e comunhão, a harmonia que edifica o orante, não como quer, de forma egoísta, mas dentro de um corpo místico que se deixa guiar pela Cabeça que é Cristo Jesus. Esta imagem nos leva a pensar a importância da Sinodalidade que o papa Francisco no seu ministério pontifício quer nos conduzir.

4. Eis aquele cujo poder é eterno – este refrão cantado eternamente pelos anjos também deve ser o nosso refrão, declarando para todas as nações que Ele é o Senhor dos vivos e dos mortos, pois o universo todo o pertence, a Ele a glória e o louvor pelos séculos dos séculos. Amém!



Homília da Terça-feira da 1°semana do tempo comum

Evangelho de São Marcos 1. 21b-28.

I. Introdução

Cafarnaum era a Cidade que Jesus escolheu para morar na Região da Galileia. Nela passa a exercer a sua vida pública – a missão que o Pai lhe confiou.

II. Comentário

Jesus hoje entra na Sinagoga e começou a ensinar ( v.21). Ele é a Palavra e ao mesmo tempo a mensagem, que cria e recria todas as coisas, na Sagrada Liturgia se torna Palavra do Senhor e da Salvação, é, por isso, que pode ensinar com autoridade a tal ponto de fazer arder os corações dos seus ouvintes.

Diante da Palavra, os espíritos impuros são obrigados a se revelarem, pois quem fala com autoridade denuncia as consciências malévolas e os corações iníquos.

Ouve-se um grito daquele que há anos estava possuindo o homem (v.23), a tentativa era de intimidar Jesus, mas não dialogando com o mal Jesus exorciza aquele homem e faz calar o diabo.

O diabo que gosta de chamar atenção, fazer showzinho, dessa fez não funcionou porque estava diante de Jesus que é pura humildade e não tem necessidade de Ibope ou que as pessoas deem um like, curtida e até mesmo comentários de aprovação.

III.

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Atualização

A Catequese de Jesus, ou seja, seus ensinamentos tem poder e autoridade sobre a sua vida?

Ainda hoje o Evangelho toca o seu coração, causando admiração!?!

As nossas paixões desordenadas (demônios), ao ouvir Jesus elas gritam por que se sentem incomodadas?!!



segunda-feira, 10 de janeiro de 2022

Iniciamos o Tempo Comum

No arco do Ano Litúrgico, o tempo comum é o mais longo, ele toma conta de 34 semanas, dividido em duas partes, dado ao tamanho a ele dedicado.

 

Por exemplo, neste Ano C, vamos nele meditar o Evangelho de São Marcos que desde o início nos põe na dinâmica da 'Boa Nova’ (evangelho) e na ‘Metanoia’ (conversão).

 

O Tempo Comum não é o tempo do nada, do vazio, da preguiça, da moleza, da frouxidão e da covardia. É contudo, o tempo do mistério, do milagre, da cura e libertação. É nele que acontece a vida pública de Jesus, a partir do seu Batismo nas águas do rio Jordão.

 

O Tempo Comum é o tempo do encontro, da hospitalidade, da comensalidade, portanto, é o tempo da visitação, é Jesus que sai de Si, afim de chegar primeiro, se antecipando a todos nós.

 

O Tempo Comum é Também, o tempo da planície, ou seja, lugar do aperreio, dos conflitos, das doenças e do sofrimento, é aí que Ele gosta de passar a maior parte do tempo, junto dos pobres, coxos, endemoniado e marginalizados.

 

Todavia, este Tempo é contudo, o tempo da compaixão, do toque, do olhar misericordioso, da ternura, pois diante das perdas Jesus chora. É bem aqui, que Ele toca os corações e os chamam ao seguimento.

 

Tudo isso, é o Tempo Comum! Seja bem-vindo! 

 

Pe. Edivânio José.

        Exorcista 






Homília da SEGUNDA-FEIRA da 1a SEMANA COMUM

I. Introdução

Ergamos os nossos olhos para aquele que tem o céu como trono; a multidão dos anjos o adora, cantando a uma só voz: Eis aquele cujo poder é eterno.

São muitos os que, no mundo, vivem sedentos de justiça e de libertação – em suas variadas formas. Somos chamados a ser, em toda parte, promotores de vida e de esperança.

Comentário

Após João Batista ser preso, Jesus entra em ação, indo à Galileia, onde inicia sua missão, pregando o Evangelho, ou seja, a Boa Notícia do Reino. É momento adequado para decidir-se por ele, mediante a conversão, abandonando a mentalidade que não se coaduna com seu projeto.

Esse convite é feito a todos, pois todos são convidados a mudar e todos temos necessidade disso. Logo a seguir, o Mestre convida algumas pessoas para acompanhá-lo e ajudá- lo na missão.

Os primeiros convidados abandonam a profissão de “pescadores de peixes” para se tornarem “pescadores de gente”, dedicando-se à humanidade. Deixando a própria família, formam nova família congregada pela Palavra do Mestre e têm o mundo como espaço de sua missão. Deus nos chama e vem até nós onde quer que estejamos, e convida-nos a seguir seu Filho.

III.

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Atualização

Converter-se significa acolher agradecidos o dom da fé e fazê-lo operativo pela caridade.

Converter-se quer dizer reconhecer a Cristo como único senhor e rei de nossos corações, dos que pode dispor.

Converter-se implica descobrir Cristo em todos os acontecimentos da história humana, também da nossa pessoal, consciente de que Ele é a origem, o centro e o fim de toda história, e que por Ele tudo foi redimido e Nele alcança sua plenitude. Converter-se supõe viver de esperança, porque Ele venceu o pecado, o maligno e a morte, e a Eucaristia é a garantia.




domingo, 9 de janeiro de 2022

Homília do Batismo do Senhor

Homília do Batismo do Senhor

I. Introdução

Hoje contemplamos Jesus já adulto. O menino da Manjedoura faz-se homem completo, maduro e respeitável e, chega o momento em que deve trabalhar na obra que o Pai lhe confiou. É assim como o encontramos no Jordão no momento de começar esta labor. Outro mais na fila daqueles contemporâneos seus que iam ouvir a João e lhe pedir o banho do batismo, com signo de purificação e renovação interior.

II. Comentário

Jesus é descoberto e assinalado por Deus: «Enquanto todo o povo estava batizado Quando Jesus, também batizado, se pôs em oração, o céu se abriu e o Espírito Santo desceu sobre ele, em forma corpórea, como uma pomba. E do céu veio uma voz: “Tu és o meu filho amado; em ti está meu pleno agrado» (Lc 3,21-22). É o primeiro ato da sua vida pública, sua investidura como Messias.

É também o prefácio de seu modo de agir: Não agirá com violência, nem com gritos e aspereza, senão com silêncio e suavidade. Não cortará a canha quebrada, senão que a ajudará a se manter firme. Abrirá o olhos aos cegos e liberará os cativos. Os sinais messiânicos que descrevia Isaías, cumpriram-se nele. Nós somos os beneficiários de tudo isso porque, como lemos hoje na carta de São Paulo: «Ele nos salvou, não por causa dos atos de justiça que tivéssemos praticado, mas por sua misericórdia, mediante o banho da regeneração e renovação do Espírito Santo. Este Espírito, ele o derramou copiosamente sobre nós por Jesus Cristo, nosso Salvador para que, justificados pela sua graça, nos tornemos, na esperança, herdeiros da vida eterna» (Tit 3,5-7).

A festa do Batismo de Jesus deve nos ajudar a lembrar nosso próprio Batismo e compromissos que por nós tomaram nossos pais e padrinhos ao nos apresentar na Igreja para nos fazer discípulos de Jesus: «O Batismo nos liberou de todos os males, que são os pecados, mas com a graça de Deus devemos cumprir com bondade» (San Cesáreo de Arlés).

III. Atualização

• «Reconhece, cristão, a tua dignidade e, visto que foste feito partícipe da natureza divina,

não penses em regressar com um comportamento indigno às velhas vilezas... O teu preço é o sangue de Cristo!» (São Leão Magno)

• «No Baptismo somos consagrados pelo Espírito Santo. A palavra “cristão” significa isto: consagrado como Jesus, no mesmo Espírito. Se quiserem que os vossos filhos se tornem cristãos autênticos, ajudem-os a crescer no calor do amor de Deus, na luz da sua Palavra» (Francisco)

• «Pelo Baptismo, o cristão é sacramentalmente assimilado a Jesus que, no seu baptismo, antecipa a sua morte e ressurreição. Deve entrar neste mistério de humilde abatimento e de penitência, descer à água com Jesus, para de lá subir com Ele, renascer da água e


do Espírito para se tornar, no Filho, filho-amado do Pai e ‘ viver numa vida nova’ (Rm 6, 4) (...)» (Catecismo da Igreja Católica, no 537)




sábado, 8 de janeiro de 2022

Homília do Sábado depois da Epifania

I. Introdução

Hoje ficamos surpresos vendo Jesus e o Batista batizando “em paralelo”. Dizemos, sim, “em paralelo”, mas,... isso só acontece aparentemente, porque João o Batista remite a Jesus, que é o Messias, o “novo Moises”, o Profeta tão esperado, aquele que vem para nos dar a Deus. «Que trouxe [Jesus]? A resposta é muito simples: A Deus. Trouxe a Deus» (Bento XVI).

II. Comentário

Em consequência e imediatamente João aclara o sentido do batismo: Realmente, trata- se de uma purificação, mas «diferença-se das acostumadas abluções religiosas» daquele tempo e, —como afirmou o papa Bento— «Deve-ser a consumação concreta de uma mudança que determina de modo novo e para sempre toda a vida». Assim, o batismo cristão comporta uma mudança tão radical como um novo nascimento, até o ponto de nos converter em um novo ser.

Purificação, certamente, mas, para despojar-se do “homem velho”, morrer a si mesmo e —pela graça— nascer a uma nova vida: A vida divina, algo que «ninguém pode receber (...) se não lhe for dada do céu» (Jo 3,28). O Concílio II de Orange ensinou que «amar a Deus é exclusivamente um dom de Deus. Ele mesmo que, sem ser amado, ama, concedeu-nos que lhe amássemos. Fomos amados quando ainda lhe éramos desagradáveis, para que nos concedera algo com que agradar-lhe».

Hei aqui, então, nossa tarefa pela santidade: Aprofundar na humildade para abrir espaço à ação de Deus e deixá-lo fazer. O importante não é tanto o que eu faça, mas que Ele atue em mim: «É necessário que ele cresça, e eu diminua» (Jo 3,30). E nossa alegria será tanto mais completa quanto mais desapareça o próprio eu e, mais presente se faça o Esposo em nosso coração e nas nossas obras.

III. Atualização

• «É necessário que Cristo cresça em ti para que progridas no seu conhecimento e amor:

porque quanto mais O conheces e O amas, tanto mais Cristo cresce em ti» (Santo Tomás de Aquino)

• «Finalmente tinha chegado um profeta cuja vida também o acreditava como tal e anunciava-se, de novo, a ação de Deus na história: João batizava com agua mas, o Maior —Aquele que batizará no Espirito Santo— está quase a chegar» (Benedito XVI)

• «Cristo, Filho de Deus feito homem, é a Palavra única, perfeita e insuperável do Pai. N’Ele, o Pai disse tudo. Não haverá outra palavra além dessa» (Catecismo da Igreja Católica, no 65)




sexta-feira, 7 de janeiro de 2022

Homília da SEXTA-FEIRA do TEMPO DO NATAL DEPOIS DA EPIFANIA

I. Introdução

Para os retos de coração surgiu nas trevas uma luz: o Senhor cheio de compaixão, justo e misericordioso (Sl 111,4).

O batismo de Jesus nas águas do Jordão e sua morte redentora na cruz, testemunhados pelo Espírito, são a prova de que ele é o Filho de Deus. Pelo batismo começamos a participar da vida de Cristo: “Quem tem o Filho tem a vida”.

II. Comentário

Hoje temos uma grande responsabilidade em fazer que «sua fama» (Lc 5,15) continue se estendendo, sobre tudo, a todos aqueles que não lhe conhecem ou que, por diversas razões e circunstâncias, se afastaram Dele.

Mas, este contágio não será possível se antes nós não temos sido capazes de reconhecer nossas próprias “lepras” particulares e de nos acercar a Cristo tendo consciência de que somente Ele nos pode liberar de maneira eficaz de todos nossos egoísmos, invejas, orgulhos e rancores...

Que a fama de Cristo se estenda a todos os cantos de nossa sociedade depende, em grande medida, dos ”encontros particulares” que tivemos com Ele. Quanto mais e mais intensamente nos impregnemos de seu Evangelho, de seu amor, de sua capacidade de escutar, de acolher, de perdoar, de aceitar o outro (por diferente que seja), mais capazes seremos nós de dá-lo a conhecer a nosso entorno.

O leproso do Evangelho que hoje se lê na Eucaristia é alguém que tem feito um duplo exercício de humildade. O de reconhecer qual é seu mal e, o de aceitar a Jesus como seu Salvador. Cristo é quem nos dá a oportunidade de fazer uma mudança radical e profunda na nossa vida. Diante de tudo aquilo que é impedimento para o amor e que tem se enquistado nos nossos corações e em nossas vidas, Cristo, com seu testemunho de vida e de Vida Nova, propõem-nos uma alternativa totalmente real e possível. A alternativa do amor, da ternura da misericórdia. Jesus, diante de quem é diferente a Ele (o leproso) não escapa, não o ignora, não o “despacha” à administração, nem às instituições ou às “ong’s”. Cristo aceita o reto do encontro e, ao “enfermo” lhe oferece aquilo que necessita, a cura/purificação.

Nós temos que ser capazes de oferecer aos que se aproximam a nossas vidas aquilo que recebemos do Senhor. Mas, antes será necessário encontrar-nos com Ele e renovar nosso compromisso de viver seu Evangelho nos pequenos detalhes de cada dia.

III.

Atualização

«Aquele homem se ajoelha prostrando-se no chão —o que é um sinal de humildade e de vergonha— para que cada um se envergonhe das nódoas da sua vida. A sua confissão está cheia de piedade y de fé: esto é, reconheceu que curar-se estava nas mãos do Senhor» (Santo Beda o Venerável)

«Através da sua Mãe é sempre Jesus quem sai ao nosso encontro para liberar-nos de toda doença do corpo e da alma. ¡Deixemo-nos tocar e purificar por Ele!» (Bento XVI)


• «Jesus acompanha as suas palavras com numerosos ‘milagres, prodígios e sinais, (Act 2,22), os quais manifestam que o Reino está presente n’Ele. Comprovam que Ele é o Messias anunciado (289)» (Catecismo da Igreja Católica, no 547





quinta-feira, 6 de janeiro de 2022

Homília da QUINTA-FEIRA do TEMPO DO NATAL DEPOIS DA EPIFANIA

I. Introdução

No princípio e antes dos séculos, o Verbo era Deus, e dignou-se nascer para salvar o mundo (Jo 1,1).

O verdadeiro amor a Deus se manifesta no amor aos seus filhos e filhas. Abramos o coração à força do Espírito, com vistas a libertar nossos irmãos e irmãs de toda forma de escravidão.

II. Comentário

Hoje, as gentes de Nazaré expressam a sua admiração —que terminará em incredulidade— porque reparam que Jesus não interpreta as palavras da Sagrada Escritura como era habitual, mas, com uma autoridade inaudita, as refere a si próprio e à sua missão.

Esta relação com a Escritura assusta os ouvintes... e na sinagoga o medo acaba por se transformar em oposição: “Este não é o carpinteiro, o filho de Maria?”.

E, contudo, perguntavam-se simultaneamente: “Donde lhe vem tudo isso? (...). E esses milagres das suas mãos?” (Mc 6,2). As origens de Jesus são ao mesmo tempo evidentes e desconhecidas.

Os Evangelhos pretendem responder a estas perguntas. Mateus começa o seu Evangelho com a genealogia de Jesus Cristo; quer esclarecer corretamente, logo desde o princípio, a pergunta sobre as origens de Jesus: a genealogia é uma espécie de título para todo o Evangelho. Lucas, por sua vez, coloca a genealogia no início da vida pública, quase como uma apresentação de Jesus, antecipando tudo o que depois irá narrar.

III. Atualização

• Hoje, Jesus Cristo cumpre com o compromisso de sua religião judia: é sábado e já na

sinagoga, como nós vamos à missa aos domingos.

• Jesus é um bom mestre: cumpre com sus deveres, obedece, participa em sua “igreja”.

Por isso sua prédica tinha sucesso. As pessoas viam que predicava com o exemplo

• . Nossa boa conduta ajuda aos demais: uma imagem —um bom exemplo— vale mais

que mil palavras




quarta-feira, 5 de janeiro de 2022

Homília da Quarta-feira do TEMPO DO NATAL DEPOIS DA EPIFANIA

I. Introdução

O povo que andava nas trevas viu uma grande luz; para os que habitavam nas sombras da morte, uma luz resplandeceu (Is 9,2).

Entrar e permanecer no clima do amor de Deus é atitude que alimenta nossa confiança, também no dia do julgamento, pois “no amor não há temor”. Celebremos, renovando nossa plena confiança no Senhor.

II. Comentário

Acabada a festa, retiram-se os músicos, afirma o adágio popular. Jesus despede a multidão saciada e obriga os discípulos a entrar na barca e atravessar o lago.

A barca indica missão. Jesus vai ao monte para rezar. Além de agradecer ao Pai a partilha generosa do alimento, Jesus pede em favor de seus discípulos que ainda não lhe compreendem a condição de Homem-Deus. De fato, caminhar sobre as águas é prerrogativa divina, mas os discípulos imaginam ver um fantasma.

A voz de Jesus e a expressão “Sou eu” os tranquilizam. Mesmo assim, os discípulos ainda não têm fé total em Jesus. Do mesmo modo que os discípulos, nós também não aprendemos a descobrir que Jesus está comprometido com os acontecimentos de nossa vida

III. Atualização

• O Senhor faz-nos regressar sempre ao primeiro encontro, ao primeiro momento em que

Ele olhou para nós, em que nos falou e fez nascer em nós o desejo de o seguir.

• É uma graça a pedir ao Senhor, porque nós, na vida, teremos sempre esta tentação de

nos afastar porque vemos outra coisa: “Isto vai correr bem, essa ideia é boa...” .

• A graça de voltar sempre à primeira chamada, ao primeiro momento ...) não esqueçamos, não esqueçamos a nossa história, quando Jesus olhou para nós com amor

e disse: “Este é o teu caminho”.




terça-feira, 4 de janeiro de 2022

Homília da Terça-feira, depois da EPIFANIA

I. Introdução

Hoje, Jesus mostra-nos como Ele é sensível às necessidades das pessoas que saem ao seu encontro. Não pode encontrar-se com pessoas e passar indiferente perante as necessidades delas.

II. Comentário

O coração de Jesus se compadece ao ver a grande quantidade de gente que lhe seguia «como ovelhas que não têm pastor» (Mc 6,34). O Mestre deixa atrás os projetos prévios e começa a ensinar. Quantas vezes nós deixamos que a urgência ou a impaciência mandem sobre nossa conduta? Quantas vezes não queremos mudar de planos para atender necessidades imediatas e imprevistas? Jesus dá-nos exemplo de flexibilidade, de modificar a programação prévia e de estar disponível para pessoas que o seguem.

O tempo passa depressa. Quando você ama é fácil que o tempo passe muito depressa. E Jesus, que ama muito, está explicando a doutrina de uma maneira prolongada. Estava ficando tarde, os discípulos lhe avisaram ao Mestre, lhes preocupa que a multidão possa comer. Então Jesus faz uma proposta incrível: «Vós mesmos, dai-lhes de comer» (Mc 6,37). Não somente lhe preocupa dar o alimento espiritual com seus ensinos, senão também o alimento do corpo. Os discípulos põe dificuldades, que são reais, muito reais: Os pães custam muito dinheiro (cf. Mc 6,37). Veem as dificuldades materiais, mas seus olhos ainda não reconhecem que quem lhes fala o pode tudo; lhes falta fé.

Jesus não manda fazer uma fila; faz sentar às pessoas em grupos. Comunitariamente descansarão e compartilharão. Pediu aos discípulos a comida que levavam: somente são cinco pães e dois peixes. Jesus os pega, invoca a benza de Deus e os reparte. Uma comida tão escassa que servirá para alimentar milhares de homens e ainda restarão doze cestas. Milagre que prefigura o alimento espiritual da Eucaristia, Pão de vida que se estende gratuitamente a todos os povos da Terra para dar vida e vida eterna.

III. Atualização

• «Pedimos-te, Senhor, que sejas a nossa ajuda e amparo. Que todos os povos da terra

saibam que Tu és Deus e que não há outro, e que Jesus Cristo é Teu servo e que nós

somos o Teu povo, o rebanho que Tu guias» (São Clemente Romano)

• «Apenas a misericórdia de Deus pode libertar a humanidade de tantas formas do mal,

por vezes monstruosas, que o egoísmo nela gera. El traz a esperança: onde Deus

nasce, nasce a paz, não há lugar nem para o odio nem para a guerra» (Francisco)

• «A compaixão de Cristo para com os doentes e as suas numerosas curas de enfermos

de toda a espécie são um sinal claro de que «Deus visitou o seu povo» (Lc 7,16) e de que o Reino de Deus está próximo» (Catecismo da Igreja Católica, no 1.503



segunda-feira, 3 de janeiro de 2022

Homília da SEGUNDA-FEIRA do TEMPO DO NATAL DEPOIS DA EPIFANIA.

I. Introdução

Raiou para nós um dia de bênção: vinde, nações, e adorai o Senhor; grande luz desceu sobre a terra!

O que Deus Pai espera de nós é que, pelo Espírito, “creiamos no nome do seu Filho, Jesus Cristo, e nos amemos uns aos outros”. Para isso, cabe-nos acolher o apelo de Jesus: “Convertei-vos”.

II. Comentário

Hoje, por assim di-lo, recomeçamos. «O povo que ficava nas trevas viu uma grande luz, para os habitantes da região sombria da morte uma luz surgiu» (Mt 4,16), nos diz o profeta Isaías, citado neste Evangelho de hoje e, que nos remete ao que escutávamos na Noite de Natal. Voltamos a começar, temos uma nova oportunidade. O tempo é novo, a ocasião o merece, deixemos —humildemente— que o Pai ingresse na nossa vida.

Hoje começa o tempo em que Deus dá-nos uma vez mais seu tempo para que o santifiquemos, para que estejamos perto Dele e, façamos de nossa vida um serviço de face aos outros. O Natal acaba-se, o fará o domingo próximo —se Deus quiser— com a festa do Batismo do Senhor e, com ela dá-se a pistolada de saída para o novo ano, para o tempo comum —tal como dizemos na liturgia cristã— para viver in extenso o mistério do Natal.

A Encarnação do Verbo nos visitou nestes dias e, semeou nos nossos corações, de maneira infalível, sua Graça salvadora que nos encaminha, novamente até o Reino do Céu, o Reino de Deus que Cristo veio inaugurar entre nós, graças a sua ação e compromisso no seio da humanidade.

Por isso, disse São Leão Magno que «a providência e misericórdia de Deus que já tinha pensado ajudar —nos tempos recentes— ao mundo que se afundava, determinou a salvação de todos os povos por meio de Cristo».

Agora é o tempo favorável. Não pensemos que Deus atuava mais antes do que agora, que era mais fácil acreditar sob a existência de Jesus —fisicamente, quero dizer— já que agora não o vemos tal como ele é. Os sacramentos da Igreja e a oração comunitária dão-nos o perdão e a paz e a oportunidade de participar, novamente, na obra de Deus no mundo, através de nosso trabalho, estudo, família, amigos, divertimento ou convivência com os irmãos. Que o Senhor, fonte de todo dom e de todo bem, nos o faça possível!