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domingo, 5 de junho de 2022

DOMINGO DE PENTECOSTES

I. INTRODUÇÃO

 Hoje, no dia de Pentecostes se realiza o cumprimento da promessa que Cristo fez aos Apóstolos. Na tarde do dia de Páscoa soprou sobre eles e lhes disse: «Recebei o Espírito Santo» (Jo 20,22).

A vinda do Espírito Santo o dia de Pentecostes renova e leva à plenitude

  esse dom de um modo solene e com manifestações externas. Assim culmina o mistério pascal.

 II. Comentário

O Espírito que Jesus comunica cria no discípulo uma nova condição humana e produz unidade. Quando o orgulho do homem lhe leva a desafiar a Deus construindo a torre de Babel, Deus confunde as suas línguas e não podem se entender. Em Pentecostes acontece o contrário: por graça do Espírito Santo, os Apóstolos são entendidos por pessoas das mais diversas procedências e línguas.

O Espírito Santo é o Mestre interior que guia ao discípulo até a verdade, que lhe move a obrar o bem, que o consola na dor, que o transforma interiormente, dando-lhe uma força, uma capacidade nova.

O primeiro dia de Pentecostes da era cristã, os apóstolos estavam

 reunidos em companhia de Maria e, estavam em oração. O recolhimento, a atitude orante é imprescindível para receber o Espírito. «De repente, veio do céu um ruído, como se soprasse um vento impetuoso, e encheu toda a casa onde estavam sentados. Apareceu-lhes então uma espécie de línguas de fogo que se repartiram e pousaram sobre cada um deles» (At 2,2-3).

Todos ficaram cheios do Espírito Santo e, puseram-se a predicar valentemente. Aqueles homens atemorizados tinham sido transformados em valentes predicadores que não temiam o cárcere, nem a tortura, nem o martírio. Não é estranho; a força do Espírito estava neles.

O Espírito Santo, Terceira Pessoa da Santíssima Trindade, é a alma da

 minha alma, a vida da minha vida, o ser de meu ser; é o meu santificador, o hóspede do meu interior mais profundo. Para chegar à maturação na vida de fé é preciso que a relação com Ele seja cada vez mais consciente, mais pessoal. Nesta celebração de Pentecostes abramos as portas de nosso interior de par em par.

 

 III. Atualização

• «Onde está a Igreja, está também o Espírito de Deus; e onde está o Espírito de Deus, está também a Igreja e toda a graça» (Santo Irineu de Lyon)

• «O sacramento da Penitência, nasce diretamente do mistério pascal. O perdão não é fruto dos nossos esforços, mas é um dom, um dom do Espírito Santo, que nos enche com o banho da misericórdia e da graça

 que flui sem parar do coração aberto de Cristo crucificado e ressuscitado» (Francisco)

• «O Símbolo dos Apóstolos liga a fé no perdão dos pecados à fé no Espírito Santo, mas também à fé na Igreja e na comunhão dos santos. Foi ao dar o Espírito Santo aos Apóstolos que Cristo ressuscitado lhes transmitiu o seu próprio poder divino de perdoar os pecados» (Catecismo da Igreja Católica, no 976)



 

domingo, 29 de maio de 2022

Domingo da Solenidade da Ascensão do Senhor

I. Introdução

II. Comentário

 Hoje, Ascensão do Senhor, recordamos mais uma vez a "missão que" temos confiada: «Vós sois as testemunhas destas coisas» (Lc 24,48).

  A palavra de Deus continua sendo hoje atualidade viva: «Descerá sobre vós o Espírito Santo e vos dará força (...) e sereis minhas testemunhas» (At 1,8) até os confins do mundo.

A palavra de Deus é exigência de urgente atualidade: «Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura» (Mc 16,15).

Nesta Solenidade ressoa com força o convite de nosso Mestre, que — revestido da nossa humanidade— acabada a sua missão neste mundo, deixa nos para sentar-se à destra do Pai e enviar-nos a força do alto, o Espírito Santo.

Mas eu devo perguntar-me: —o Senhor atua por meio de mim? Quais são os sinais que acompanham a minha testemunha? Algo me recorda os versos de um poeta: «Não podes esperar até que Deus chegue e te diga 'Eu sou'.

Um Deus que declara o seu poder carece de sentido. “Deves saber que

  Deus sopra por meio de ti desde o começo, e se teu peito arde e nada denota então Deus está obrando nele».

E este deve ser o nosso sinal: o fogo que arde em nosso interior, o fogo que —como no profeta Jeremias— não se pode conter: a Palavra viva de Deus.

E precisamos dizer: Povos todos, batei palmas, aclamai a Deus com vozes alegres. Deus subiu por entre aclamações, o SENHOR ao som da trombeta. Cantai hinos a Deus, cantai hinos; cantai hinos ao nosso rei, cantai hinos!» (Sal 47,2.6-7).

O seu reinado está se formando no coração dos povos, em seu coração,

como uma semente pronta para brotar. —Canta, dança para o Senhor. E se não sabe como fazê-lo, ponha a Palavra nos seus lábios até que desça ao seu coração: —Deus, Pai do nosso Senhor Jesus Cristo, me dá espírito de sabedoria e revelação para conhecer-te.

Ilumina os olhos do meu coração para compreender o teu chamado à

 esperança, a riqueza da glória que tendes preparada e a grandeza do teu poder que despregastes com a ressurreição de Cristo. III. Atualização

 

• «Cristo é um só corpo composto de muitos membros. Ele desceu, portanto, do céu, pela sua misericórdia, mas já não subiu Ele só, pois também nós subimos Nele pela graça» (Santo Agostinho)

• «O Senhor dirige o olhar dos Apóstolos – o nosso olhar – para o céu para lhes mostrar como seguir o caminho do bem durante a vida terrena. Podemos ouvir, ver e tocar ao Senhor Jesus na Igreja, especialmente através da palavra e dos sacramentos» (Bento XVI)

• «Nos céus, Cristo exerce permanentemente o seu sacerdócio, sempre vivo

 para interceder a favor daqueles que, por seu intermédio, se aproximam de Deus. Como ‘sumo sacerdote dos bens futuros’ (Heb 9, 11), Ele é o centro e o actor principal da liturgia que honra o Pai que está nos céus» (Catecismo da Igreja Católica, no 662


 

domingo, 8 de maio de 2022

HOMÍLIA do DOMINGO do 4o DA PÁSCOA

(branco, glória, creio – 4a semana do saltério) I. Introdução

A terra está repleta do amor de Deus; por sua palavra foram feitos os céus,

     aleluia! (Sl 32,5s)

 Somos convidados pelo Bom Pastor a fazer parte do seu rebanho e aprender dele o jeito de ser Igreja. Ele nos conduz às fontes da vida, e suas palavras nos dão segurança: nada pode nos arrebatar de suas mãos.

Neste dia de oração pelas vocações presbiterais e religiosas, celebremos também em comunhão com todas as mães, vivas e falecidas.

 II. Comentário

O quarto domingo da Páscoa é conhecido como o “domingo do Bom Pastor”. Nos três anos do ciclo litúrgico, é lida uma passagem do capítulo 10 do Evangelho de

   João.

 O capítulo do Bom Pastor é um alerta sobre os maus pastores do tempo da comunidade joanina e ao longo da história da humanidade.

Se há “bons pastores”, isso é sinal de que há também “maus pastores”. É importante distinguir o “bom pastor” do “mau pastor”. O texto de hoje apresenta algumas características do “bom pastor”: ele conhece seus seguidores, é capaz de doar a própria vida em favor deles, tem cuidado especial com cada um em particular.

Diante desse cuidado todo do “bom pastor”, seus seguidores escutam sua voz e seguem suas pegadas. Ouvir a voz do Mestre e seguir seus passos significa aderir a

 ele não apenas com palavras, mas principalmente no compromisso do dia a dia.

É importante se deixar conduzir pela voz do Mestre, pois ele sempre propõe a defesa da vida. Jesus, novo templo, revela a presença do próprio Pai, “eu e o Pai somos um”. O Pai está presente e se manifesta em Jesus, e, através dele, realiza sua obra.


 Jesus e seu Pai revelam perfeita unidade. A exemplo de Jesus, a vida de cada cristão deveria revelar a presença de Deus.

 III. Atualização

• «”Se alguém entrar por Mim, será salvo", poderá entrar e sair e encontrará pastagem abundante. De facto, entrará, efetivamente, abrindo-se à fé; sairá ao passar da fé à visão e à contemplação, e encontrará pasto abundante no banquete eterno» (São Gregório

 Magno)

• «Esta é precisamente a grande diferença entre o verdadeiro pastor e o ladrão: para o ladrão, para os ideólogos e ditadores, as pessoas são apenas coisas que se podem possuir. Mas para o verdadeiro pastor, pelo contrário, eles são seres livres com o objetivo de alcançar a verdade e o amor» (Benedito XVI)

• «A participação na celebração comum da Eucaristia dominical é um testemunho de pertença e fidelidade a Cristo e à sua Igreja. Os fiéis atestam desse modo a sua comunhão na fé e na caridade. Juntos, dão testemunho da santidade de Deus e da sua esperança na salvação. E reconfortam-se mutuamente, sob a ação do Espírito Santo» (Catecismo da Igreja Católica, no 2.182



  

domingo, 1 de maio de 2022

HOMÍLIA DO DOMINGO do 3o DA PÁSCOA

(branco, glória, creio – 3a semana do saltério) I. Introdução

Aclamai a Deus, toda a terra, cantai a glória de seu nome, rendei-lhe glória e

     louvor, aleluia! (Sl 65,1s).

 Em comunhão com a Igreja celeste, somos reunidos pelo Espírito em torno do Cordeiro imolado, que vive para sempre.

A ele glorifiquemos e demos graças, pois nos alimenta com a Palavra proclamada e o Pão partilhado.

Desafiados a responder à pergunta “vocês me amam?”, queremos nos dispor a seguir o Senhor como testemunhas da ressurreição.

 II. Comentário

Segundo os estudiosos, o capítulo 21 do Evangelho de João é um acréscimo posterior. Não podemos tomar este texto (e outros) como uma crônica

 jornalística.

O autor quer informar sobre a experiência que os apóstolos fizeram do Ressuscitado. O texto de hoje é claramente dividido em duas partes: a pesca abundante e a missão de Pedro.

O relato da pesca pode demonstrar a crise que a comunidade está passando: pesca infrutífera numa noite.

Com o amanhecer de um novo dia (alusão à nova realidade a partir da ressurreição de Jesus), os apóstolos descobrem a presença de Jesus e, a seu

 mando, conseguem grande pesca. Sem a presença do Ressuscitado, a missão da Igreja pode estar destinada ao fracasso.

O fruto da missão depende da presença e da adesão à palavra de Jesus, que

 os convida a jogar a rede. Como para os discípulos, para nós também nem sempre é fácil perceber a nova realidade da presença do Ressuscitado.


 III. Atualização

 • A partir da percepção da sua presença, nossa vida terá sentido e nossa

 missão dará resultados.

• Para conhecer e seguir fielmente o Mestre e conduzir a comunidade, é indispensável o amor.

• A pergunta a Pedro – você me ama? – hoje é dirigida a cada um de nós. O

 amor é o que nos identifica como cristãos.



 

terça-feira, 19 de abril de 2022

OITAVA DA PÁSCOA II

A Oitava Pascal traz para o centro da celebração litúrgica da Igreja o mistério da ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo. Em toda missa, recordamos o mistério da paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo. O que nós celebramos na Páscoa é o que fazemos em toda Eucaristia, e é o mistério da nossa fé.

O Tríduo que celebramos de Quinta-feira Santa até o Sábado da Vigília Pascal, é o que dá sentido ao que celebramos em todas as missas durante o

 ano inteiro. Acreditamos que o Senhor nos deixou a memória de seu corpo e sangue e nos acompanha até aos dias de hoje e se Ele morreu e ressuscitou por nós, da mesma forma nós viveremos para sempre ao lado de Deus na eternidade.

Na verdade, todo domingo celebramos a Páscoa de Jesus, durante a Oitava da Páscoa, todo dia se torna um domingo e, consequentemente, todo dia é Páscoa. Durante os dias da Oitava da Páscoa, entoa-se o hino do Glória, que em outros tempos só se entoa aos domingos e festas, com exceção da Quaresma e do Advento, que não se canta. Por isso, durante oito dias, celebramos solenemente a Páscoa da Ressurreição de Jesus, como se fosse um único dia, “o dia que o Senhor fez para nós”.




domingo, 3 de abril de 2022

HOMÍLIA DO DOMINGO DA 5o SEMANA DA QUARESMA

 I. Introdução

A mim, ó Deus, fazei justiça, defendei a minha causa contra a gente sem piedade; do homem perverso e traidor libertai-me, porque sois, ó Deus, o meu

   socorro (Sl 42,1s).

Reunidos para celebrar a Eucaristia, somos convidados a acolher o amor e a misericórdia de Deus, derramados sobre nós como rios em terra seca. A páscoa de Cristo se manifesta nos corações que buscam a comunhão com ele; lancemo-nos, pois, para a frente em nossa caminhada de fé, buscando superar o espírito de preconceito e condenação.

II. Comentário

 O povo vai ao encontro de Jesus, porque o ama e gosta de estar com ele. Há um

 relacionamento mútuo de amor e todos se sentem acolhidos. Por outro lado, há os

 adversários sempre dispostos a atrapalhar o encontro fraterno e amigo de Jesus com seu

 povo. Esses adversários levam uma mulher adúltera para que Jesus a condene conforme a lei.

 III.

Depois que Jesus ordenou que atirasse a primeira pedra quem não tivesse pecado,

 restaram somente, como disse Santo Agostinho, a grandeza do amor e a pequenez daquela

 mulher.

 Fora levada por aqueles que queriam sua condenação. Nosso Senhor, como sempre,

 não deixou passar a ocasião de transformar a vida daquela mulher e de dar uma boa lição aos

 seus acusadores, que foram embora envergonhados.

 O amor de Jesus supera a crueldade desses adversários, que não trouxeram o

 adúltero. Talvez ele estivesse de pé no meio deles com uma pedra na mão.

 Toda pessoa cristã deveria se colocar diante de Jesus, para receber ao mesmo tempo

 a abundância de seu amor e a indicação do caminho a seguir. Jesus é juiz e nos deixou um

 mandamento: não julguem.

 Ele reserva a si essa função, no fim dos tempos. Por ora, o que ele exerce, com

 abundância e muita generosidade, é a misericórdia, o amor e o perdão.

 Atualização

 A fuga sigilosa e divertida dos acusadores nos recorda de que quem julga é

apenas Deus e que todos nós somos pecadores.

 

• •

 Em nossa vida diária, por ocasião do trabalho, nas relações familiares ou de

amizade, fazemos juízos de valor. Mas algumas vezes nossos juízos são

 errôneos e obscurecem a boa reputação dos demais.

  Trata-se de uma verdadeira injustiça que nos obriga a reparar, tarefa nem

sempre fácil. Ao contemplar Jesus em meio a essa “matilha” de acusadores,

 entendemos muito bem o que assinalou Santo Tomás de Aquino: «A justiça e

 a misericórdia estão tão unidas que uma sustenta a outra.

  A justiça sem misericórdia é crueldade; e a misericórdia sem justiça é ruína,

destruição»



 

domingo, 27 de março de 2022

Homília do Domingo da IV Semana da Quaresma

 I. Introdução

Hoje já sabemos aonde vai a parar esse “filho pródigo”... Desapareceu a seu pai dilapidando a herança! E quando já não lhe fica nada, ninguém preta atenção...todos desaparecem! É a consequência de “entreter-se” com a liberdade em lugar de “entregar-se”.

 O irmão mais velho: ficou em casa, mas também não ama o pai. Valoriza mais o dinheiro perdido que o irmão encontrado... O bom pai abraça o filho mais novo e eleva a olhada do mais velho: «Tudo que é meu é seu». Assim é Deus!

II. Comentário

 Hoje, domingo Laetare (“Exultai”), quarto da Quaresma, escutamos este fragmento intimo do Evangelho segundo São Lucas, no que Jesus justifica a sua pratica inaudita de perdoar os pecados e recuperar os homens para Deus.

Sempre me perguntei se a maioria das pessoas entendia bem a expressão “o filho pródigo” com a qual se designa esta parábola. Penso que devíamos rebatizá-la com o nome da parábola do “Pai prodigioso”.

Efetivamente, o Pai da parábola — que se comove ao ver que volta aquele filho perdido pelo pecado— é um ícone do Pai do Céu refletido no rosto

de Cristo: «Quando ainda estava longe, seu pai o avistou e foi tomado de compaixão. Correu-lhe ao encontro, abraçou-o e o cobriu de beijos» (Lc 15, 20).

Jesus dá-nos a entender claramente que todo o homem, inclusive o mais pecador, é para Deus uma realidade muito importante que não quer perder de nenhuma maneira; e que Ele está sempre disposto a conceder-nos com gozo inefável o seu perdão (até ao ponto de não poupar a vida de seu Filho).

Este domingo tem um matiz de serena alegria e, por isso, é designado como o domingo “exultai”, palavra presente na antífona de entrada da Missa de hoje: «Alegra-te, Jerusalém; rejubilai, todos os seus amigos. Exultai de alegria». Deus compadeceu-se do homem perdido e extraviado, e manifestou-

  lhe em Jesus Cristo – morto e ressuscitado – a sua misericórdia.

João Paulo II dizia na sua encíclica Dives in misericórdia que o amor de Deus, numa história ferida pelo pecado, converteu-se em misericórdia, compaixão. A Paixão de Jesus é a medida desta misericórdia. Assim entendemos que a alegria maior que damos a Deus é deixar-nos perdoar apresentando à sua misericórdia a nossa miséria, o nosso pecado.


 Às portas da Páscoa acudimos de bom grado ao sacramento da penitência, a sua fonte da divina misericórdia: daremos a Deus uma grande alegria, ficaremos cheios de paz e seremos mais misericordiosos com os outros. Nunca é tarde para nos levantarmos e voltar para o Pai que nos ama!

III. Atualização

 • «O Pai Eterno pôs com inefável benignidade os olhos do seu amor naquela alma e começou a falar-lhe assim: ‘Minha querida filha! Estou firmemente

 decidido a usar de misericórdia para com todo o mundo e atender a todas as necessidades dos homens'» (Santa Catalina de Siena)

• «João Paulo II dizia na sua encíclica “Dives in misericordia” que o amor de Deus, numa história ferida pelo pecado, se tornou misericórdia, compaixão. A Paixão de Jesus é a medida desta misericórdia» (Bento XVI)

• «O símbolo dos céus remete-nos para o mistério da Aliança que nós vivemos, quando rezamos ao Pai. Ele está nos céus: é a sua morada. A casa do Pai é, pois, a nossa “patria”. Foi da terra da Aliança que o pecado nos exilou, e é para o Pai, para o céu, que a conversão do coração nos faz voltar. Ora, foi em Cristo que o céu e a terra se reconciliaram, porque o Filho ‘desceu do céu’, sozinho, e para lá nos faz subir juntamente consigo, pela sua cruz, ressurreição e ascensão» (Catecismo da Igreja Católica, no 2.795



sábado, 26 de março de 2022

Que saudades do fogão a lenha que fica por trás das casas de taipas.

Que saudades da Jara, do pote e da quartinha, lá em num sabe, tinha sempre água friinha, agente não tinha geladeira, mas não fartava um goipe de água fria, era arretado demais sou.

Eita, que saudades do tempo de não fazer nada, só ficar com a cara pra cima... Ali eu pensava em tudo... Tudo que vinha na cabeça, me sentia livre... Sem preconceitos, sem preocupações com o que os outros iam achar, olhar ou falar, num sabe? Coisas que essa sociedade vive perdendo tempo!?!

Ah, tenho saudades também do tempo das boas traquinagens, que as crianças de hoje não sabem fazer, era tão bom... Aperriar a nossa mãe... Quando ouvia ela gritar pelo nosso nome, sabia, que apesar dos afazeres, ela estava com o sentido na gente... Quem ama pensa... Quem ama não perde o sentindo!

Que saudades do tempo que apanhava (pisa), era muito engraçado chorando por causa da dor passageira, mas querendo rir, quando ouvia da minha mãe, agora chore com gosto, eu que era mau criado interrompia o choro e dizia: ora lá, quem já via chorar com gosto? 

Ela dizia: pera aí, ainda e tá esmugando? 

Kkkkkkk Eu não?!! Era bom demais!


O tempo passa!

Mas, que saudades!

Padre Edivânio José 




domingo, 20 de março de 2022

–Homíliado3• DAQUARESMA


(roxo, creio – 3a semana do saltério) I. Introdução

Tenho os olhos sempre fitos no Senhor, porque livra os meus pés da

     armadilha. Olhai para mim, tende piedade, pois vivo sozinho e infeliz (Sl 24,15s).

 Aproximando-nos do Deus da vida nesta santa liturgia, vamos nos abrir ao apelo que ele nos dirige neste tempo quaresmal. Somos convidados a assumir uma caminhada de conversão, apresentando ao Senhor os frutos que ele de nós espera. Jesus, na Eucaristia, é o divino vinhateiro que fecunda nosso coração e o rochedo que sustenta nosso viver.

 II. Comentário

A partir de duas tragédias – as atrocidades provocadas por Pilatos e o acidente da torre de Siloé, matando dezoito pessoas -, Jesus aproveita para nos dar alguma lição.

Não podemos ver as desgraças como castigo divino para os que foram

 atingidos. Podem, porém, ser vistas como apelo de conversão. Todos temos necessidade de mudança de vida para o melhor.

Deus pode nos falar também por meio dos fatos, mesmo não muito agradáveis. As pessoas que ficaram chocadas com as mortes das tragédias recebem de Jesus uma resposta talvez mais chocante ainda: se vocês não se converterem, morrerão do mesmo modo.

O Senhor que diz palavras de ânimo, de consolo, é o mesmo que profere expressões de advertência. Não faz isso, porém, para escandalizar ou para

 deprimir os seguidores. Adverte por amor, misericórdia, compaixão.

O amor de Deus por nós se apresenta às vezes como remédio que cura, mas que, para ser eficiente, pode ser amargo.


 A parábola a seguir parece nos dizer que a conversão que Jesus pede não é apenas algo que demonstramos com bonitas palavras, mas consiste em produzir frutos.

Podemos nos questionar sobre nosso envolvimento diante de tanta violência, mortes, tragédias que diariamente presenciamos ou recebemos pelos meios de comunicação.

III. Atualização

 -Hoje, Jesus é interpelado sobre alguns factos dolorosos. Diante da fácil conclusão de considerar o mal como efeito da punição divina, Jesus restitui a verdadeira imagem de Deus, que é bom e não pode desejar o mal.

--Jesus convida a fazer uma leitura diversa daqueles factos, colocando-os na perspectiva da conversão: as desventuras, os acontecimentos dolorosos, não devem suscitar em nós curiosidade ou busca de presumíveis culpados, mas devem representar ocasiões para reflectir, para vencer a ilusão de poder viver sem Deus, e para fortalecer, com a ajuda do Senhor, o compromisso de mudar de vida.

 —A possibilidade de conversão exige que aprendamos a ler os acontecimentos da vida na perspectiva da fé, isto é, animados pelo santo temor de Deus. Na presença de sofrimentos e lutos, verdadeira sabedoria é deixar-se interpelar pela precariedade da existência e ler a história humana com o olhar de Deus.



 

domingo, 27 de fevereiro de 2022

Homília do 8° Domingo do Tempo Comum.

 I. Introdução

O fruto são as ações, mas também as palavras. Das palavras conhece-se a qualidade da árvore. De fato, quem é bom extrai do seu coração e da sua boca o bem, quem é mau extrai o mal, praticando o exercício mais deletério entre nós, a murmuração, o mexerico, falar mal dos outros. Isto destrói: destrói a família, a escola, o lugar de trabalho, o bairro.

Pela língua começam as guerras. Pensemos um momento neste ensinamento de Jesus e façamo-nos uma pergunta: eu falo mal dos outros? Procuro manchar os outros? Para mim é mais fácil ver os defeitos dos outros que os meus? Procuremos corrigir-nos pelo menos um pouco: far-nos-á bem a todos.

II. Comentário

O Evangelho deste domingo continua e conclui o “sermão da planície”. O texto apresenta três pequenas parábolas em forma de questionamento: o cego, o cisco e a árvore.

A parábola do cego e a do cisco no olho são um questionamento a respeito do julgamento que as pessoas tecem sobre os outros. Lucas mostra claramente que devemos ter muito cuidado ao julgar.

Um cego não tem como guiar outro cego. Não dá para guiar os outros enquanto não consegue guiar a si mesmo. Jesus desmascara a hipocrisia que pode haver nas pessoas ao se colocarem acima de outras.

Os discípulos também podem se tornar cegos à medida que não conseguem distinguir os verdadeiros valores do Reino de Deus. Antes de pretender tirar o cisco no olho do outro, é preciso tirar de si tudo o que impede de enxergar bem.

A terceira parábola revela a pessoa a partir das suas ações. A exemplo da árvore, a pessoa é conhecida antes de tudo pelas suas ações. Quem tem consciência justa e reta, realiza atos justos e retos.

A pessoa que é boa tira do seu coração só coisas boas. Ela precisa, porém, cultivar o bem dentro de si para poder ser boa com os outros.

O Evangelho de hoje é uma reflexão sobre o que é ser mestre e ser discípulo na proposta de Jesus e orienta a remover a hipocrisia que pode haver no cristão.

III. Atualização

• «Parece, de facto, que o conhecimento de si próprio é o mais difícil de todos. Nem o

olho que vê as coisas do exterior, se vê a si próprio, e até o nosso entendimento, sempre pronto a julgar o pecado nos outros, é lento a aperceber-se dos seus próprios defeitos» (São Basílio, o Grande)

• «A vida de Cristo converte-se na nossa; recebemos uma nova forma de ser: podemos pensar como Ele, agir como Ele, ver o mundo e as coisas através dos olhos de Jesus» (Francisco)

• «O exercício de todas as virtudes é animado e inspirado pela caridade. Esta é o «vínculo da perfeição» (Cl 3, 14) é a forma das virtudes: articula-as e ordena-as entre si; é a fonte e o termo da sua prática cristã. A caridade assegura e purifica a nossa capacidade


humana de amar e eleva-a à perfeição sobrenatural do amor divino» (Catecismo da Igreja Católica, no 1.827




domingo, 9 de janeiro de 2022

Homília do Batismo do Senhor

Homília do Batismo do Senhor

I. Introdução

Hoje contemplamos Jesus já adulto. O menino da Manjedoura faz-se homem completo, maduro e respeitável e, chega o momento em que deve trabalhar na obra que o Pai lhe confiou. É assim como o encontramos no Jordão no momento de começar esta labor. Outro mais na fila daqueles contemporâneos seus que iam ouvir a João e lhe pedir o banho do batismo, com signo de purificação e renovação interior.

II. Comentário

Jesus é descoberto e assinalado por Deus: «Enquanto todo o povo estava batizado Quando Jesus, também batizado, se pôs em oração, o céu se abriu e o Espírito Santo desceu sobre ele, em forma corpórea, como uma pomba. E do céu veio uma voz: “Tu és o meu filho amado; em ti está meu pleno agrado» (Lc 3,21-22). É o primeiro ato da sua vida pública, sua investidura como Messias.

É também o prefácio de seu modo de agir: Não agirá com violência, nem com gritos e aspereza, senão com silêncio e suavidade. Não cortará a canha quebrada, senão que a ajudará a se manter firme. Abrirá o olhos aos cegos e liberará os cativos. Os sinais messiânicos que descrevia Isaías, cumpriram-se nele. Nós somos os beneficiários de tudo isso porque, como lemos hoje na carta de São Paulo: «Ele nos salvou, não por causa dos atos de justiça que tivéssemos praticado, mas por sua misericórdia, mediante o banho da regeneração e renovação do Espírito Santo. Este Espírito, ele o derramou copiosamente sobre nós por Jesus Cristo, nosso Salvador para que, justificados pela sua graça, nos tornemos, na esperança, herdeiros da vida eterna» (Tit 3,5-7).

A festa do Batismo de Jesus deve nos ajudar a lembrar nosso próprio Batismo e compromissos que por nós tomaram nossos pais e padrinhos ao nos apresentar na Igreja para nos fazer discípulos de Jesus: «O Batismo nos liberou de todos os males, que são os pecados, mas com a graça de Deus devemos cumprir com bondade» (San Cesáreo de Arlés).

III. Atualização

• «Reconhece, cristão, a tua dignidade e, visto que foste feito partícipe da natureza divina,

não penses em regressar com um comportamento indigno às velhas vilezas... O teu preço é o sangue de Cristo!» (São Leão Magno)

• «No Baptismo somos consagrados pelo Espírito Santo. A palavra “cristão” significa isto: consagrado como Jesus, no mesmo Espírito. Se quiserem que os vossos filhos se tornem cristãos autênticos, ajudem-os a crescer no calor do amor de Deus, na luz da sua Palavra» (Francisco)

• «Pelo Baptismo, o cristão é sacramentalmente assimilado a Jesus que, no seu baptismo, antecipa a sua morte e ressurreição. Deve entrar neste mistério de humilde abatimento e de penitência, descer à água com Jesus, para de lá subir com Ele, renascer da água e


do Espírito para se tornar, no Filho, filho-amado do Pai e ‘ viver numa vida nova’ (Rm 6, 4) (...)» (Catecismo da Igreja Católica, no 537)




segunda-feira, 20 de dezembro de 2021

Homília da 4° do Advento: 20 de Dezembro

I. Introdução

Hoje contemplamos, mais uma vez, esta cena extraordinária da Anunciação. Deus, sempre fiel a suas promessas, por meio do anjo Gabriel, diz a Maria que tem sido escolhida para trazer o Salvador ao mundo.

II. Comentário

Assim como o Senhor costuma agir, o maior acontecimento da Humanidade —o Criador e Senhor de todas as coisas se tornou homem como nós—, acontece do jeito mais simples: uma moça, num povoado pequeno de Galiléia, sem espetáculo.

A maneira é simples, o acontecimento é excepcional. Como também são grandes as virtudes da Virgem Maria: cheia de graça, o Senhor está com Ela, humilde, simples, disposta a fazer a vontade de Deus, generosa. Deus tem planos para ela, para você e para mim, mas Ele espera a colaboração livre e amorosa de cada um para cumpri-los. Maria nos dá um exemplo disso: «Eis aqui a serva do Senhor! Faça-se em mim segundo a tua palavra» (Lc 1,38). Não é só um sim à mensagem do anjo; é colocar-se nas mãos do Pai-Deus, abandonar-se confiadamente na sua providência, é dizer sim e deixar agir ao Senhor agora e em todas as circunstâncias da vida.

Da resposta de Maria, como também da nossa resposta ao que Deus nos pede- escreve São Josemaria- «não esqueças, dependem muitas coisas grandes».

Estamos nos preparando para celebrar o Natal. A melhor maneira de fazê-lo é ficar perto de Maria, contemplando a sua vida e procurando imitar suas virtudes para poder receber ao Senhor com um coração bem disposto: —O que espera Deus de mim, agora, hoje, no meu trabalho, com as pessoas que tenho contato, na relação com Ele? São situações pequenas do dia a dia, mas depende da resposta que demos.

III. Atualização

• «Pela obediência foi causa da salvação própria e da salvação de todo o género humano»

(São Irineu)

• «Maria é a dócil serva da Palavra divina. Tinha motivos para ter medo, porque levar sobre si mesma o peso do mundo, ser a mãe do Rei do universo, era superior às forças de um ser humano. Por isso, o Arcanjo lhe repetiu “Não temas” tão típico da Escritura» (Bento XVI)

• «O anjo Gabriel, no momento da Anunciação, saúda-a como ‘cheia de graça’ (Lc 1,28). Efetivamente, para poder dar o assentimento livre da sua fé ao anúncio da sua vocação, era necessário que Ela fosse totalmente movida pela graça de Deus» (Catecismo da Igreja Católica, no 490



domingo, 12 de dezembro de 2021

Homilia do III Domingo do Advento


I. Introdução

Hoje, em pleno Advento, a Palavra de Deus apresenta-nos o Santo Precursor de Jesus Cristo: S. João Baptista. Deus Pai decidiu preparar a vinda, quer dizer, o Advento, de seu Filho na nossa carne, nascido da Virgem Maria, «muitas vezes e de muitos modos», como diz o início da Carta aos Hebreus (1,1). Os patriarcas, os profetas e os reis prepararam a vinda de Jesus.

II. Comentário

Vejamos as suas duas genealogias, nos Evangelhos de Mateus e Lucas. Ele é filho de Abraão e de David. Moisés, Isaías e Jeremias anunciaram o seu Advento e descreveram os traços do seu mistério. Mas S. João Baptista, como diz a liturgia (Prefácio da sua festa), pôde apontá-lo com o dedo e coube-lhe – misteriosamente! – a honra de ministrar o Baptismo ao Senhor. Foi a última testemunha antes da vinda. E foi-o com a sua vida, com a sua morte e com a sua palavra.

O seu nascimento também é anunciado, como o de Jesus, e é preparado, segundo o Evangelho de Lucas (caps.1 e 2). E a sua morte como mártir, vítima da debilidade de um rei e do ódio de uma mulher perversa, também prepara a de Jesus. Por isso, recebeu o extraordinário louvor do próprio Jesus que lemos nos Evangelhos de Mateus e de Lucas (cf. Mt 11,11; Lc 7,28): «entre os nascidos de mulher não veio ao mundo outro maior que João Baptista. Mas o menor no Reino dos Céus é maior do que ele».

E São João Batista diante disto, que não pôde ignorar, é um modelo de humildade: «Eu não sou digno de desatar as correias das suas sandálias» (Lc 3,16), diz-nos hoje. E, segundo S. João (3,30): «Convém que ele cresça e eu diminua».

Escutemos hoje a sua palavra, que nos exorta a partilhar o que temos e a respeitar a justiça e a dignidade de todos. Preparemo-nos assim para receber Aquele que vem agora para nos salvar, e virá de novo para «julgar os vivos e os mortos».

III.

Atualização

«Aprendei do próprio João um exemplo de humildade. Ele não se deixou confundir, ele se humilhou a si próprio. Ele compreendeu onde tinha a sua salvação; compreendeu que não passava de uma tocha e temeu que o vento da soberba a apagasse» (Santo Agostinho)

«Nos días que correm, vamos rezar. Mas não vos esqueçais: rezemos pedindo pela alegria do Natal. Agradeçamos a Deus pelas muitas coisas que nos deu, em primeiro lugar a fé. Esta é uma grande graça» (Francisco)

«João Batista, ‘que irá à frente do Senhor com o espírito e a força de Elias’ (Lc 1,17), anuncia Cristo como Aquele que ‘há-de baptizar no Espírito Santo e no fogo’ (Lc 3,16), aquele Espírito do qual Jesus dirá: «Eu vim lançar fogo sobre a terra e só quero que ele se tenha ateado!» (Lc 12,49) (...)» (Catecismo da Igreja Católica, n. 696) 



domingo, 5 de dezembro de 2021

Homília do Domingo II do Advento

 I. Introdução

Hoje, praticamente metade da passagem evangélica consiste em dados histórico-biográficos. Nem sequer na liturgia da Missa se substituiu este texto histórico pelo frequente «naquele tempo». Prevaleceu esta introdução tão “insignificante” para o homem contemporâneo: «No ano décimo quinto do reinado do imperador Tibério, sendo Pôncio Pilatos governador da Judeia, e Herodes tetrarca da Galileia (...)» (Lc 3,1). Por que razão? Para desmistificar! Deus entrou na história da humanidade de um modo muito “concreto”, como também na história de cada homem. Por exemplo, na vida de João – filho de Zacarias – que estava no deserto. Chamou-o para que clamasse nas margens do Jordão... (cf. Lc 3,6).

II. Comentário

Hoje, Deus dirige a sua palavra também a mim. Fá-lo pessoalmente – como a João Baptista -, ou através dos seus emissários. O meu rio Jordão pode ser a Eucaristia dominical, pode ser o tweet do Papa Francisco, que nos recorda que «o cristão não é testemunha de uma teoria, mas de uma pessoa: de Cristo Ressuscitado, vivo, único Salvador de todos». Deus entrou na história da minha vida porque Cristo não é uma teoria. Ele é a prática salvadora, a Caridade, a Misericórdia.

Mas este mesmo Deus necessita, por sua vez, do nosso pobre esforço: que enchamos os vales da nossa desconfiança até ao seu Amor; que nivelemos os cerros e colinas da nossa soberba, que nos impede de O ver e receber a sua ajuda; que endireitemos e aplanemos as veredas retorcidas que fazem do percurso para o nosso coração um labirinto...

Hoje é o segundo Domingo do Advento, que tem como objetivo principal que eu possa encontrar Deus no caminho da minha vida. Já não somente um Recém-Nascido, mas sobretudo o Misericordiosíssimo Salvador, para ver o sorriso de Deus, quando todo o homem verá a salvação de Deus (cf. Lc 3,6). E é assim! Ensinava-o S. Gregório Nazianzeno, «Nada alegra tanto Deus como a conversão e salvação do homem».

III. Atualização

• «Nada dá tanta alegria a Deus como a conversão e a salvação do homem» (São

Gregório Nazianzeno)

• «O evangelista destaca a figura de João Batista, que foi o percursor do Messias, e traça

com grande precisão as coordenadas espaço-temporais da sua predicação. O evangelista quere mostrar que o Evangelho não é uma lenda, mas a narração de uma história real; da qual Jesus de Nazaré é o personagem» (Benedito XVI)

• «Apareceu um homem, enviado por Deus, que tinha o nome de João» (Jo 1, 6). João é «cheio do Espírito Santo já desde o seio materno» (Lc 1, 15) (81), pelo próprio Cristo que a Virgem acabava de conceber por obra e graça do Espírito Santo. A «visitação» de Maria a Isabel tornou-se, assim, «visita de Deus ao seu povo» (catecismo da Igreja Católica, no 717)




domingo, 28 de novembro de 2021

Homilia do I Domingo do Advento

 I. Introdução

Hoje, justamente ao começar um novo ano litúrgico, fazemos o propósito de renovar nossa ilusão e nossa luta pessoal visando à santidade, própria e de todos.

A própria Igreja nos convida, recordando-nos no Evangelho de hoje, a necessidade de estar sempre atentos, sempre “enamorados” do Senhor: «Cuidado para que vossos corações não fiquem pesados por causa dos excessos, da embriaguez e das preocupações da vida» (Lc 21,34).

II. Comentário

Reparemos num detalhe que é importante entre namorados: essa atitude de alerta — de preparação— não pode ser intermitente, mas deve ser permanente. Por isso, nos diz o Senhor: «ficai atentos e orai a todo momento» (Lc 21,36). A todo momento!: essa é a justa medida do amor.

A fidelidade não se faz na base de “agora sim, agora não”. É, portanto, muito conveniente que nosso ritmo de piedade e de preparação espiritual seja um ritmo habitual (dia a dia e semana a semana). Tomara que cada jornada da nossa vida vivamo-la com a mentalidade de estrearmos; tomara que cada manhã —ao acordarmos— logremos dizer: Hoje volto a nascer (obrigado, meu Deus!); hoje volto a receber o Batismo; hoje volto a fazer a Primeira Comunhão; hoje me caso novamente... Para perseverar com ar alegre, há de se “re- estrear” e se renovar.

Nesta vida não temos cidade permanente. Chegará o dia que incluso «as potências celestes serão abaladas» (Lc 25,26). Bom motivo para permanecer em estado de alerta! Mas, neste Advento, a Igreja acrescenta um motivo muito bonito para nossa gozosa preparação: certamente, um dia os homens «verão o Filho do Homem, vindo numa nuvem, com grande poder e glória» (Lc 25,27), mas agora Deus chega à terra com mansidão e discrição; em forma de recém-nascido, até o ponto que «Cristo viu-se envolto em fraldas dentro de um presépio» (São Cirilo de Jerusalém).

Somente um espírito atento descobre neste Menino a magnitude do amor de Deus e sua salvação (cf. Sajustamente ao começar um novo ano litúrgico, fazemos o propósito de renovar nossa ilusão e nossa luta pessoal visando à santidade, própria e de todos. A própria Igreja nos convida, recordando-nos no Evangelho de hoje, a necessidade de estar sempre atentos, sempre “enamorados” do Senhor: «Cuidado para que vossos corações não fiquem pesados por causa dos excessos, da embriaguez e das preocupações da vida» (Lc 21,34).

III. Atualização

• Jesus pede-nos um espírito desperto e vigilante. Acontece algo? Sim, Cristo veio à

terra há vinte séculos e muitos ainda não sabem ou não fazem caso: os seus corações

estão muito ocupados com coisas e mais coisas.

• A liberdade serve sobretudo para amar, não para se entreter.

• Quando rezamos somos capazes de honrar Deus no meio deste mundo tão

apaixonante, gozando das coisas sem deixar-nos roubar o coração pelas coisas.

• Só há um amor que tem o direito de “roubar” o meu coração!



sábado, 27 de novembro de 2021

Homília do Sábado da 34° semana do tempo comum Comentário

 Hoje, Jesus pede-nos um espírito desperto e vigilante. Acontece algo? Sim,

 Cristo veio à terra há vinte séculos e muitos ainda não sabem ou não fazem caso: os

 seus corações estão muito ocupados com coisas e mais coisas. A liberdade serve

 sobretudo para amar, não para se entreter.

 Quando rezamos somos capazes de honrar Deus no meio deste mundo tão

 apaixonante, gozando das coisas sem deixar-nos roubar o coração pelas coisas. Só

  há um amor que tem o direito de “roubar” o meu coração!




domingo, 14 de novembro de 2021

HOMÍLIA DO 33º Domingo do Tempo Comum - Ano B


I. 
INTRODUÇÃO

A liturgia do 33º Domingo do Tempo Comum apresenta-nos, fundamentalmente, um convite à esperança. 

Convida-nos a confiar nesse Deus libertador, Senhor da história, que tem um projeto de vida definitiva para os homens. Ele vai - dizem os nossos textos - mudar a noite do mundo numa aurora de vida sem fim.

II. COMENTÁRIOS

Primeira leitura:

Anuncia aos crentes perseguidos e desanimados a chegada iminente do tempo da intervenção libertadora de Deus para salvar o Povo fiel.  

É esta a esperança que deve sustentar os justos, chamados a permanecerem fiéis a Deus, apesar da perseguição e da prova. A sua constância e fidelidade serão recompensadas com a vida eterna.

Segunda leitura: 

Lembra que Jesus veio ao mundo para concretizar o projeto de Deus no sentido de libertar o homem do pecado e de o inserir numa dinâmica de vida eterna. 

Com a sua vida e com o seu testemunho, Ele ensinou-nos a vencer o egoísmo e o pecado e a fazer da vida um dom de amor a Deus e aos irmãos. É esse o caminho do mundo novo e da vida definitiva.

EVANGELHO:

No Evangelho, Jesus garante-nos que, num futuro sem data marcada, o mundo velho do egoísmo e do pecado vai cair e que, em seu lugar, Deus vai fazer aparecer um mundo novo, de vida e de felicidade sem fim. 

Aos seus discípulos, Jesus pede que estejam atentos aos sinais que anunciam essa nova realidade e disponíveis para acolher os projetos, os apelos e os desafios de Deus.

III. ATUALIZAÇÃO
• Estamos diante de um gênero literário bíblico denominado apocalíptico, bastante comum nos escritos do Antigo Testamento. 
• Tem linguagem própria, que não deve ser levada ao pé da letra. Pois bem, a linguagem simbólica aqui usada está a serviço de uma ideia-base: este mundo não é eterno, terá fim, do mesmo modo que a humanidade redimida por Cristo, o qual voltará com poder e glória no fim dos tempos, para reunir o povo que Deus lhe deu (cf. Hb 2,13). 
• A imagem da figueira é um convite à vigilância e à esperança, que nos tiram da inércia e da indiferença espiritual e nos projetam para o futuro glorioso. Nosso tempo de vida na terra é ocasião para praticarmos obras de justiça e fraternidade. Mantenhamos, pois, uma esperança libertadora, enquanto seguimos construindo e expandindo o Reino de Deus.

 

Oração

Senhor Jesus, com linguagem figurada nos mostras que a injustiça não triunfará, nem os poderes opressores terão a última palavra. Virás “com poder e glória” para reunires “dos confins de toda a terra” os teus eleitos. Não importa saber o dia, o que conta é que tua palavra se realizará. Amém.




 

 

domingo, 31 de outubro de 2021

HOMÍLIA DA 31° Domingo do Tempo Comum - Ano B


I. INTRODUÇÃO

A liturgia do 31° Domingo do Tempo Comum diz-nos que o amor está no centro da experiência cristã. 

O caminho da fé que, dia a dia, somos convidados a percorrer, resume-se no amor Deus e no amor aos irmãos - duas vertentes que não se excluem, antes se complementam mutuamente.

II. COMENTÁRIOS

A primeira leitura

Apresenta-nos o início do "Shema' Israel" - a solene proclamação de fé que todo o israelita devia fazer diariamente.  

É uma afirmação da unicidade de Deus e um convite a amar a Deus com todo o coração, com toda a alma e com todas as forças.

A segunda leitura

Apresenta-nos Jesus Cristo como o sumo-sacerdote que veio ao mundo para cumprir o projeto salvador do Pai e para oferecer a sua vida em doação de amor aos homens.  

Cristo, com a sua obediência ao Pai e com a sua entrega em favor dos homens, diz-nos qual a melhor forma de expressarmos o nosso amor a Deus.

EVANGELHO

O Evangelho diz-nos, de forma clara e inquestionável, que toda a experiência de fé do discípulo de Jesus se resume no amor - amor a Deus e amor aos irmãos. 

Os dois mandamentos não podem separar-se: "amar a Deus" é cumprir a sua vontade e estabelecer com os irmãos relações de amor, de solidariedade, de partilha, de serviço, até ao dom total da vida. 

Tudo o resto é explicação, desenvolvimento, aplicação à vida prática dessas duas coordenadas fundamentais da vida cristã.

III. ATUALIZAÇÃO
• Jesus, porém, lançando mão de dois textos do Antigo Testamento (Dt 6,4-5; Lv 19,18), esclarece qual é a questão central da lei judaica: amar a Deus acima de tudo e amar o próximo como a si mesmo.
• Os dois mandamentos formam uma unidade inseparável. Não é possível amar a Deus sem amar o próximo. João, na 1ª Carta, escreve: “Quem não ama a seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus a quem não vê” (1Jo 4,20). 

Oração

Ó Jesus Mestre, teu diálogo com um doutor da Lei criou ocasião para nos ensinares sobre o mandamento mais importante: amar a Deus acima de tudo e amar o próximo como a nós mesmos. Ajuda-nos, Senhor, a assimilar em

profundidade o significado desses mandamentos e a colocá-los em prática. Amém.




 

domingo, 10 de outubro de 2021

HOMÍLIA DA 28º DOMINGO DO TEMPO COMUMANO B


I. INTRODUÇÃO

A liturgia do 28º Domingo do Tempo Comum convida-nos a refletir sobre as escolhas que fazemos; recorda-nos que nem sempre o que reluz é ouro e que é preciso, por vezes, renunciar a certos valores perecíveis, a fim de adquirir os valores da vida verdadeira e eterna.

II. COMENTÁRIO

1ª LEITURA

Na primeira leitura, um "sábio" de Israel apresenta-nos um "hino à sabedoria". O texto convida-nos a adquirir a verdadeira "sabedoria" (que é um dom de Deus) e a prescindir dos valores efémeros que não realizam o homem. 

O verdadeiro "sábio" é aquele que escolheu escutar as propostas de Deus, aceitar os seus desafios, seguir os caminhos que Ele indica.

2ª LEITURA

A segunda leitura convida-nos a escutar e a acolher a Palavra de Deus proposta por Jesus. Ela é viva, eficaz, atuante. 

Uma vez acolhida no coração do homem, transforma-o, renova-o, ajuda-o a discernir o bem e o mal e a fazer as opções corretas, indica-lhe o caminho certo para chegar à vida plena e definitiva.

EVANGELHO

O Evangelho apresenta-nos um homem que quer conhecer o caminho para alcançar a vida eterna. Jesus convida-o renunciar às suas riquezas e a escolher "caminho do Reino" - caminho de partilha, de solidariedade, de doação, de amor. É nesse caminho - garante Jesus aos seus discípulos - que o homem se realiza plenamente e que encontra a vida eterna.

O que arruína o plano do Criador é o egoísmo e a ganância do ser humano. A ganância o empurra para o incontrolável desejo de acumular, para aumentar a própria riqueza. Perdem-se valores como o altruísmo, a solidariedade e a partilha, e a humanidade segue dividida em duas grandes categorias: uma minoria de ricos e uma multidão de pobres. 




 

Pe. Edivânio José.

domingo, 3 de outubro de 2021

HOMÍLIA DO 27º DOMINGO DO TEMPO COMUM- ANO B

I. INTRODUÇÃO

As leituras do 27º Domingo do Tempo Comum apresentam, como tema principal, o projeto ideal de Deus para o homem e para a mulher.

Formar uma comunidade de amor, estável e indissolúvel, que os ajude mutuamente a realizarem-se e a serem felizes. Esse amor, feito doação e entrega, será para o mundo um reflexo do amor de Deus.

II. COMENTÁRIOS

1ª LEITURA

A primeira leitura diz-nos que Deus criou o homem e a mulher para se completarem, para se ajudarem, para se amarem.

Unidos pelo amor, o homem e a mulher formarão "uma só carne". Ser "uma só carne" implica viverem em comunhão total um com o outro, dando-se um ao outro, partilhando a vida um com o outro, unidos por um amor que é mais forte do que qualquer outro vínculo.

2ª LEITURA

A segunda leitura lembra-nos a "qualidade" do amor de Deus pelos homens... Deus amou de tal forma os homens que enviou ao mundo o seu Filho único "em proveito de todos". 

Jesus, o Filho, solidarizou-Se com os homens, partilhou a debilidade dos homens e, cumprindo o projeto do Pai, aceitou morrer na cruz para dizer aos homens que a vida verdadeira está no amor que se dá até às últimas consequências. 

Ligando o texto da Carta aos Hebreus com o tema principal da liturgia deste domingo, podemos dizer que o casal cristão deve testemunhar, com a sua doação sem limites e com a sua entrega total, o amor de Deus pela humanidade.

EVANGELHO

No Evangelho, Jesus, confrontado com a Lei judaica do divórcio, reafirma o projeto ideal de Deus para o homem e para a mulher: eles foram chamados a formar uma comunidade estável e indissolúvel de amor, de partilha e de doação. 

A separação não está prevista no projeto ideal de Deus, pois Deus não considera um amor que não seja total e duradouro. 

Só o amor eterno, expresso num compromisso indissolúvel, respeita o projeto primordial de Deus para o homem e para a mulher.




 

Pe. Edivânio José.