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quinta-feira, 13 de maio de 2021

0 II CONCILIO ECUMÊNICO — 1. ° DE CONSTANTINOPLA.

 O II Concílio Ecumênico, realizado em Constantinopla, é chamado concílio imperial e foi convocado por Teodósio e realizado sob o pontificado do Papa São Dâmaso, que condenou o erro de Macedônio que negava a Divindade do Espírito Santo.

Ainda neste segundo Concílio Ecumênico, vamos encontrar os arianos tentando dividir a Igreja.

Foi instalado em maio de 381 e nele estiveram apenas reunidos os bispos de Oriente, mais ou menos em número de 150.

O papa São Dâmaso não compareceu, nem se fez representar. Em Aquiléia, na primavera de 381, reuniram-se os bispos do Ocidente. Sobre os resultados deste concílio sabemos muito pouco, talvez menos do que aquele de Nicéia.

Inicialmente a presidência coube ao patriarca Melécio de Antioquia, estando presente na Assembleia São Gregório Nazianzeno, cuja eleição para bispo de Constantinopla (em lugar de Macedônio) foi confirmada pelo Concílio — e São Cirilo de Jerusalém, cujas Catecheses Mystagógicas constituem uma das mais belas páginas da literatura do Cristianismo da Antiguidade.

O Concílio tentou convencer, em vão, do erro de Macedônio 36 seguidores seus; finalmente, eles abandonaram a cidade.

Neste interim morre Melécio, assumindo a presidência Gregório Nazianzeno, que a exerce por pouco tempo, pois retirouse ao perceber que encontrava forte resistência no Sínodo para superar o cisma antioquiano pela eleição de Paulino para o lugar de Melécio.

Nectário então passa a dirigir os trabalhos do Concílio, até o encerramento em julho do mesmo ano.

Com o resultado do Concílio de Constantinopla temos a reafirmação do Credo de Nicéia, condenação sumária das diversas tendências dos arianos, dos semi-arianos, também chamados pneumatômacos e sabelianos (seguidores do herético africano do século III, Sabélio).

Através do cânon 3 o Concílio reconhece (em virtude de Constantinopla ter sido escolhida como a nova residência imperial) a precedência de seu bispo sobre os outros patriarcas da Igreja Oriental, porém abaixo do bispo de Roma.

Os cânones 5-7, os quais foram atribuídos pela tradição grega ao Concílio Ecumênico de Constantinopla, não pertencem a este, mas a um outro Sínodo, ali realizado no ano de 382. Este enviou aos bispos de Ocidente os decretos do Concílio do ano anterior e, embora não tenha conseguido o reconhecimento dos cânones (em virtude do cânon 3 ter sido rejeitado por Roma), alcançou o Concílio

a aprovação da fórmula de fé que foi adotada depois da partida dos macedônios, a qual já nos referimos.

O símbolo que costumeiramente chamamos niceno-constantinopolitano e atribuído a estes dois Concílios era, no fundo, uma confissão batismal que fora recomendada pelo bispo Epifânio, de Constância em Chipre, em seu célebre livro Anicoratus, que é originário provavelmente de Jerusalém. Sua primeira parte era idêntica ao Símbolo Miceno; contém ela, entretanto, um aditamento que confirma a dignidade do Espírito Santo:

"Senhor e vivificador, procedente do Pai a ser adorado e glorificado junto com o Pai e com o Filho, que falou pelos santos profetas".

Este símbolo de fé, depois de haver alcançado aprovação ecumênica após o Concílio de Constantinopla de 381, tornou-se a confissão fundamental da Igreja grega. Impôs-se também à Igreja ocidental; é válida ainda hoje na liturgia romana da

Santa Missa, aliás, com um pequeno aditamento que, historicamente, desempenhou uma tarefa perigosa. Com efeito, os gregos entenderam a seu modo, a fórmula "que procede do pai" com um processo "do pai e do filho”. O aditamento filioque que ocorreu primeiramente na Hispânia e que também se encontra na confissão de fé sísmica atribuída erroneamente a Santo Atanásio, quicumque vult saluus esse, tornou-se um ponto de litígio entre a Igreja oriental e a ocidental, porque os gregos o consideram não como uma extensão explicativa, mas ao contrário, como uma falsificação do texto consagrado.

Neste momento, surgem duas escolas e duas imagens de Cristo: A escola catequética de Alexandria e a escola de Antioquia, como comenta Hubert Jedin:

"E' em si um fato absolutamente lógico, depois dos dois primeiros Concílios Ecumênicos ter o magistério definido a fé trinitária, que o pensamento teológico tenha voltado ao mistério da pessoa de Cristo. Entretanto, esta volta não é um processo lógico, muito ao contrário, foi provocada por uma controvérsia, havia já muito tempo existente entre duas escolas teológicas e agravada por uma rivalidade eclesiástica de natureza política".

A escola alexandrina foi capitaneada por Clemente de Alexandria e Orígenes, um dos maiores teólogos da Igreja Grega, o qual aplicou na explicação da Bíblia Sagrada, o método alegórico; seu pensamento era platônico e sua força consistia na especulação teológica. Clemente teve como seguidores Aranágio e os três da Capadócia, porém, foi seu maior teólogo no V século, Cirilo de Alexandria. Cirilo empenhou-se em descrever a união da divindade com a humanidade em Jesus Cristo, a que chamou de Logos encarnado.

E' considerado fundador da escola de Antioquia, Luciano de Antioquia, o qual também salientou-se por uma exegese, feita com muita sobriedade gramatical e histórica da Bíblia Sagrada. Luciano, tinha seu pensamento voltado para Aristóteles, razão pela qual, Jedim e Butler, opinam que esta escola foi uma tanta racionalista.

Diodoro de Tarso é considerado seu chefe, o qual levando tão a sério a humanidade de Jesus Cristo, que incorreu no perigo de deixar frouxa a união substancial com a divindade, a qual para ele era apenas uma união moral.

Para os seguidores da escola antioquiana o Logos dos alexandrinos habitava "no homem-Jesus tal como num templo”.

Neste momento entra a parte política da questão, uma vez que Constantinopla fora escolhida para ser a residência imperial, perdendo a primazia assim Alexandria, que era considerada a capital da ciência e da ortodoxia.

Estão na arena Cirilo, patriarca de Alexandria contra Nestório de Constantinopla.

Nestório, representando a escola antioquiana, usando o prestígio de Constantinopla e sua grande eloquência, atira-se em suas pregações contra denominação de "Mãe de Cristo" como Theotokos, ou melhor mãe de Deus, que no seu entender, deveria denominar-se Christotokos, ou seja, genitora de Cristo, uma vez que dera à luz ao "homem-Cristo" que Deus havia escolhido como morada. Entretanto, seus fiéis seguidores não estavam dispostos a abdicar do título dado à Mãe de Deus.

Aproveitando-se deste fato, Cirilo dirigiu-se em 429 aos bispos do Egito e aos monges, rejeitando a doutrina de Nestório de Constantinopla e pedindo ao Papa Celestino I que resolvesse a questão levantada.

Celestino (422-432), instalou em 430 um Sínodo romano (o qual para alguns autores foi considerado Concílio, entretanto a Igreja não pensa da mesma maneira) e aderiu à posição de Cirilo. Aliás, não se poderia esperar outro pronunciamento, pois só a administração de Constantinopla estava satisfeita com a situação, havendo mágoa em Roma que havia sido relegada a segundo plano.

Foi enviado pelo Papa a Nestório uma lista de 12 erros sistemáticos, os quais deveria pública e solenemente abjurar.

O primeiro ponto era:

"seja anatematizado quem não confessar que Emanuel é verdadeiro Deus e a Santa Virgem é genitora de Deus, que segundo a carne, deu à luz o Logos encarnado de Deus".

No terceiro temos a condenação da expressão usada pelos antioquianos "com junção synapheia da divindade e humanidade no Logos, mais empregada para as duas naturezas o termo equívoco "hypostasis" no sentido de substância".

Assim foi na contenda em torno do conceito de "genitora de Deus", que se condensou o velho antagonismo entre as duas tendências teológicas.

João, patriarca de Antioquia, intimamente tomou posição contra, porém recomendou moderação a Nestório, uma vez que a expressão "Theotokos" podia

ser usada no sentido correto. Entretanto, Nestório tomou atitude hostil, apresentando 12 "contra-anátemas", entre os quais, o primeiro justificava a sua rejeição à expressão Theotokos, "porque Deus só habitava a natureza humana, que ele assumira no seio da Virgem".

Com muita habilidade, Nestório conseguiu do Imperador Teodósio II a convocação de um Concílio Ecumênico para reunir-se em Pentecostes de 431, em Éfeso.

Para isso foi feita uma carta circular em 19 de novembro de 430, dirigida a todos os metropolitas do Oriente, assinada por Teodósio II e para os do Ocidente, a mesma carta circular em nome de Valentiniano III (425-455) .



terça-feira, 11 de maio de 2021

O CONCILIO DE NICÉIA.

   O primeiro Concílio foi convocado para a cidade de Nicéia, na Bitínia por Constantino Magno, sob o Pontificado do Papa Silvestre.

   Tomaram parte no Concílio sírios, cilícios, fenícios, árabes, palestinos, egípcios, tebanos, líbios, persas, citas. O Ponto, a Galácia, a Capadócia, a Asia, a Frigia e a Panfília também en-viaram seus representantes. Figuraram, igualmente trácios, macedônios, aqueus e epirotas. 

   A Hispânia fez-se representar e Roma enviou alguns sacerdotes, porém o Papa Silvestre não pôde comparecer, em virtude de sua avançada idade.

   O Concílio reuniu-se de 2d) de maio a 25 de julho de 325 no Palácio Imperial de veraneio, em Nicéia.

   Foi aberto pelo próprio Imperador, com um discurso em latim, aconselhando a paz. Ele timbrou em não intervir nas negociações eclesiásticas, entregando a presidência a Eusébio, bispo de Cesaréia. 

  Embora não tenhamos atas deste Concílio, chegou até nós que alguns bispos, "traziam em seu corpo as marcas de Nosso Senhor", em virtude das perseguições sistemáticas de alguns imperadores romanos, como por exemplo Paulo, bispo de Neocesaréia, que trazia as duas mãos paralisadas, porque lhe haviam destruído os nervos com ferro em braza, e o egípcio. Pafilinclo que na perseguição de Maximiano perdera o olho direito.

    Neste Concílio, no qual tomaram parte 318 bispos, condenou-se o erro de Ário, sacerdote de Alexandria e fixou-se a data da festa pascal.

    Ário, que na Assembleia defendeu pessoalmente sua doutrina, possuia 17 partidários, sendo o mais poderoso — Eusébio de Nicomédia. Em "longas deliberações, muitas lutas e ponderadas deliberações", prevaleceu o partido ortodoxo sob a liderança do bispo Marcelo de Ancira (Ancara), de Eustácio, bispo de Antioquia e do diácono Atanásio.

    E' bem possível que Constantino tivesse atendendo a uma fração política quando entregou a presidência do concílio ao bispo Marcelo... O símbolo batismal da Igreja de Antioquia, por proposta feita por seu titular Eusébio, converteu-se no símbolo de fé niceno. Por expressões uníssonas foi excluída qualquer subordinação do Logos ao Pai: "ele é da substância do Pai, Deus de Deus, Luz de Luz, verdadeiro Deus, nato, não feito, consubstancial como o Pai". As teses apresentadas por Ário caíram por terra, mais ainda, foram expressamente condenadas.

   O credo, o símbolo da fé cristã foi endossado pelo Concílio a 19 de junho de 325; somente dois bispos recusaram a assiná-lo. Esses dois e Ário foram expulsos da comunidade eclesiástica e o símbolo foi promulgado pelo Imperador como lei vigente por todo o Império. Concílio fixou, e está válida ainda hoje, a data da Páscoa, no primeiro domingo após a primeira lua cheia da primavera, ficando encarregado da comunicação, anualmente, o Bispo de Alexandria. 

   Tal resolução foi também elevada à lei imperial. Posteriormente outro Concílio, celebrado em Jerusalém por ocasião da reunião os bispos empenhados na edificação da nova Igreja de Santo Sepulcro, acolheu favoravelmente a justificativa de Ário e o reintegrou em suas funções sacerdotais, ordenando a todas as igrejas do Império que o recebessem em sua comunhão. Depois foi solicitado ao Imperador Constantino que desterrasse Treveris, bispo de Alexandria, Atanásio, sucessor de Alexandre e o mais formidável rival da heresia. Ao mesmo tempo foi formalmente ordenado ao bispo de Constantinopla que recebesse Ário em sua comunidade e o admitisse em sua igreja. 

   O herético reabilitado, seguido de numerosa e brilhante comitiva, atravessou a cidade em triunfo, porém, foi acometido de uma forte dor, que o obrigou a entrar em uma casa no trajeto. Como tardasse a sair, acudiram seus amigos e encontraram-no morto. Contudo, o arianismo se manteve em pregação até que o II Concílio Ecumênico, reunido em 381 em Constantinopla, reafirmou a doutrina do de Nicéia e a heresia caiu sem vida dentro do limite do Império. Continuou, entretanto, contando entre seus adeptos, os povos bárbaros. Clovis ou Clodoveo, rei dos francos, só abjurou o arianismo em 496 e Recaredo, rei dos visigodos da Espanha, em 587.