sábado, 26 de março de 2022

Que saudades do fogão a lenha que fica por trás das casas de taipas.

Que saudades da Jara, do pote e da quartinha, lá em num sabe, tinha sempre água friinha, agente não tinha geladeira, mas não fartava um goipe de água fria, era arretado demais sou.

Eita, que saudades do tempo de não fazer nada, só ficar com a cara pra cima... Ali eu pensava em tudo... Tudo que vinha na cabeça, me sentia livre... Sem preconceitos, sem preocupações com o que os outros iam achar, olhar ou falar, num sabe? Coisas que essa sociedade vive perdendo tempo!?!

Ah, tenho saudades também do tempo das boas traquinagens, que as crianças de hoje não sabem fazer, era tão bom... Aperriar a nossa mãe... Quando ouvia ela gritar pelo nosso nome, sabia, que apesar dos afazeres, ela estava com o sentido na gente... Quem ama pensa... Quem ama não perde o sentindo!

Que saudades do tempo que apanhava (pisa), era muito engraçado chorando por causa da dor passageira, mas querendo rir, quando ouvia da minha mãe, agora chore com gosto, eu que era mau criado interrompia o choro e dizia: ora lá, quem já via chorar com gosto? 

Ela dizia: pera aí, ainda e tá esmugando? 

Kkkkkkk Eu não?!! Era bom demais!


O tempo passa!

Mas, que saudades!

Padre Edivânio José 




Homília do Sábado da 3° semana da Quaresma

I. Introdução

II. Comentário

   parecer quase idênticos, já que se encontram no mesmo lugar, realizando a mesma

 atividade: ambos «subiram ao templo para orar» (Lc 18,10).

 Porém, para além das aparências, no mais profundo das suas consciências, os

 dois homens são radicalmente diferentes: um, o fariseu, tem a consciência tranquila,

 enquanto que o outro, o publicano—cobrador de impostos — está inquieto devido a

  sentimentos de culpa.

  Ratzinger (“Consciência e verdade”), afasta a falsa tranquilidade de consciência e

 podemos chamar-lhe “protesto da consciência” contra a minha existência auto-

 satisfeita.

 III.

Hoje, Cristo apresenta-nos dois homens que, a um observador casual, podiam

Hoje em dia tendemos a considerar os sentimentos de culpa – os remorsos —

 como algo próximo de uma aberração psicológica.

 Contudo, o sentimento de culpa permite ao publicano sair reconfortado do

 Templo, uma vez que «este voltou para casa justificado, mas o outro não» (Lc 18,14).

 «O sentimento de culpa», escreveu Bento XVI, quando ainda era Cardeal

É tão necessário para o homem como a dor física, que significa uma alteração

 corporal do funcionamento normal».

 Jesus não nos induz a pensar que o fariseu não esteja a dizer a verdade quando

 afirma que não é ladrão, nem desonesto, nem adúltero e paga o dízimo no Templo

 (cf. Lc 18,11); nem que o cobrador de impostos esteja a delirar ao considerar-se a si

 próprio como um pecador.

 A questão não é essa. O que realmente acontece é que «o fariseu não sabe que

 também tem culpas. Ele tem uma consciência plenamente clara.

 Mas o “silêncio da consciência” fá-lo impenetrável perante Deus e perante os

 homens, enquanto que o “grito de consciência”, que inquieta o publicano, o torna

 capaz da verdade e do amor. Jesus pode remover os pecadores!» (Bento XVI).

  Atualização

 Hoje, Jesus Cristo ilustra graficamente a relação entre “ethos” (personalidade

ou natureza humana) e “graça”. O fariseu se vangloria de suas muitas virtudes;

 o publicano conhece seus pecados, sabe que não pode se vangloriar ante Deus

 e, consciente de sua culpa, pede graça. Isto significa que um representa o

 “ethos” e o outro a graça sem “ethos” ou contra o "ethos"?

  Na realidade trata-se de duas maneiras de se situar ante Deus e ante si

mesmo. Um nem olha a Deus, mas só a si mesmo; o outro se vê em relação

 com Deus e, com isso, abre-se lhe o olhar para si mesmo (sabe que tem

 necessidade de Deus e que tem de viver de sua bondade). Não se nega o

 “ethos” só se lhe libera da estreiteza do moralismo e se lhe coloca no contexto

 da relação de amor com Deus.

 

 A graça que imploro não me isenta do “ethos”: preciso de Deus e, graças a sua

bondade, eu posso me encaminhar à Bondade.


 

sexta-feira, 25 de março de 2022

Homília da da ANUNCIAÇÃO DO SENHOR

 


(branco, glória, creio [com genuflexão às palavras “e se encarnou”], prefácio próprio – ofício da solenidade)

I. Introdução

Ao entrar no mundo, Cristo disse: Eis-me aqui, ó Pai, para fazer a tua vontade

      (Hb 10,5.7).

Conforme a exortação apostólica Marialis Cultus, de São Paulo 6o, a solenidade da Anunciação do Senhor “era e continua a ser festa conjuntamente de Cristo e da Virgem Maria: do Verbo que se torna filho de Maria e da Virgem que se torna Mãe de Deus”.

Celebremos repletos de gratidão a Deus pelo sim de Jesus e pelo sim de Maria.

 II. Comentário

Este dia – 25 de março e nove meses antes do Natal – marca a concepção de

  Maria, dia em que ela disse sim a Deus e se comprometeu a colaborar com seus planos. Maria, em sua vida cotidiana em Nazaré, é visitada pelo anjo do Senhor. O

 primeiro anúncio do anjo é de alegria e otimismo: “alegre-se, [...] o Senhor está com você!” A presença do Senhor alegra e dá esperança a qualquer ser humano. Diante disso, Maria fica se interrogando o que seria essa saudação. O anjo a tranquiliza, o Espírito Santo se encarregará de solucionar as dúvidas.

Ao receber a proposta do plano de Deus, ela aceita o desafio e se deixa envolver pelo Espírito de Deus. Submetendo-se à vontade divina, Maria colabora com a humanidade, trazendo ao mundo aquele que será chamado Filho de Deus, o Emanuel, o Deus-conosco. Com isso, ela concretiza a esperança que Israel há muito tempo

 esperava.

Maria é a humanidade que ama, crê e aceita Deus e se converte em instrumento de sua obra. Todo o relato – a intervenção do anjo, a aceitação de Maria e o Espírito criador – conduz para um único objetivo: a salvação da humanidade.


 É importante abrir-se à ação de Deus, a exemplo de Maria, e buscar realizar, dia a dia, o que ele espera de cada um. Ele aguarda nosso sim para que continue agindo entre nós.

 III. Atualização

Bento XVI disse em uma entrevista; «Ousai decisões definitivas, porque

 na verdade são as únicas que não destroem a liberdade, mas lhe criam

 a justa direção, possibilitando seguir em frente e alcançar algo de grande na vida.

• Sem dúvida, a vida só pode valer se tiverdes a coragem da aventura, a confiança de que o Senhor nunca vos deixará sozinhos.

• Eu digo-vos: Coragem! Tomar o risco—o salto ao decisivo— e com isso aceitar a vida por inteira, isso desejo transmitir». Maria: Eis aqui um exemplo.



quinta-feira, 24 de março de 2022

Homília da quinta-feira 3a SEMANA DA QUARESMA

 I. Introdução

Eu sou a salvação do povo, diz o Senhor: quando, em qualquer aflição, clamarem por mim, eu os ouvirei e serei seu Deus para sempre.

Por meio de seus profetas, Deus nunca deixa de orientar seu povo; este é que muitas vezes se torna surdo à voz do Senhor e se afasta de seus ensinamentos. Evitando ter o coração dividido, acolhamos a vontade divina.

 II . Comentário

As curas promovidas por Jesus, para além do bem-estar recaído sobre os curados, também reintegravam tais pessoas ao convívio social, pois lhes restituíam a dignidade e a plenitude da vida.

Jesus é acusado de realizar suas ações por meio do príncipe dos demônios, e não por meio de Deus; contudo, ele devolve a pergunta e afirma que um reino dividido é facilmente destruído.

Precisamos discernir e escolher com quem estamos e ao lado de quem nos posicionamos. Não é possível estarmos com os pés em duas canoas, obviamente não haverá estabilidade e em pouco tempo estaríamos dentro d’água.

Recolher, por mais difícil que seja, implica renunciar, pois optamos seguir por determinada via assumindo as consequências dessa opção. Quem não se decide vive na superficialidade e de forma inconsistente.

 III Atualização

 •

 Mas este episódio contém uma admoestação que serve a todos nós.

 Com efeito, pode acontecer que uma grande inveja pela bondade e

 pelas boas obras de uma pessoa possa levar a acusá-la falsamente.

 Há nisto um grande veneno mortal: a maldade com que, de maneira

 intencional se pretende destruir a boa fama do outro.

 Deus nos livre desta terrível tentação! E se, examinando a nossa

 consciência, nos apercebemos que esta erva daninha está a germinar

 dentro de nós, vamos imediatamente confessá-lo no sacramento da

 Penitência, antes que se desenvolva e produza os seus efeitos

 malvados, que são incuráveis.

 Estai atentos, pois esta atitude destrói as famílias, as amizades, as

 comunidades e até a sociedade.



   

quarta-feira, 23 de março de 2022

Homília da Quarta-feira da 3° Semana da Quaresma


I. Introdução

II. Comentário

  Hoje em dia há muito respeito pelas distintas religiões. Todas elas expressam

 a busca da transcendência por parte do homem, a busca do além, das realidades

 eternas.

 No entanto, no cristianismo, que afunda suas raízes no judaísmo, esse

 fenômeno é inverso: é Deus quem procura o homem.

  Como lembrou João Paulo II, Deus deseja se aproximar do homem, Deus quer

 dirigir-lhe suas palavras, mostrar-lhe o seu rosto porque procura a intimidade com

 ele. Isto se faz realidade no povo de Israel, povo escolhido por Deus para receber suas

 palavras.

 Essa é a experiência que tem Moisés quando diz: «Pois qual é a grande nação

 que tem deuses tão próximos como o SENHOR nosso Deus, sempre que o

 invocamos?»(Dt 4,7). E, ainda, o salmista canta que Deus «Anuncia a Jacó a sua

 palavra, seus estatutos e suas normas a Israel.

 Não fez assim com nenhum outro povo, aos outros não revelou seus preceitos.

 Aleluia!» (Sal 147,19-20).

 Jesus, pois, com sua presença leva a cumprimento o desejo de Deus de

 aproximar-se do homem. Por isto diz que: «Não penseis que vim abolir a Lei e os

 Profetas.

 Não vim para abolir, mas para cumprir» (Mt 5,17). Vem a enriquecê-los, a

 iluminá-los para que os homens conheçam o verdadeiro rosto de Deus e possam

 entrar na intimidade com Ele.

 Neste sentido, menosprezar as indicações de Deus, por insignificantes que

 sejam, comporta um conhecimento raquítico de Deus e, por isso, um será tido por

 pequeno no Reino dos Ceús.

 empanados».

E é que, como dizia São Teófilo de Antioquia, «Deus é visto pelos que podem

 ver-lhe, só precisam ter abertos os olhos do espírito (...), mas alguns homens os têm

  Aspiremos, pois, na oração seguir com grande fidelidade todas as indicações

 do Senhor. Assim, chegaremos a uma grande intimidade com Ele e, portanto, seremos

 tidos por grandes no Reino dos Céus.

 III. Atualização

 • «A fim de preparar o homem para uma vida de amizade com Deus, o Senhor deu as palavras do Decálogo: por isso, estas palavras também continuam a valer para nós, e a vinda em carne de Nosso Senhor não

  as revogou, pelo contrário deu plenitude e universalidade» (Santo Irineu)


 • «Todos os mandamentos revelam todo o seu sentido como exigência do amor e todos se unem no grande mandamento: amar a Deus de todo o coração e ao próximo como a si mesmo» (Francisco)

• «A Lei evangélica dá cumprimento aos mandamentos da Lei. O sermão do Senhor, longe de abolir ou desvalorizar as prescrições morais da Lei antiga, tira deles as virtualidades ocultas, fazendo surgir novas

 exigências: revela toda a verdade divina e humana (...)» (Catecismo da Igreja Católica, no 1.968



 

terça-feira, 22 de março de 2022

Homília da Terça-feira da 3° Semana da Quaresma

I. Introdução

II. Comentário

  Hoje, o Evangelho de Mateus convida-nos a uma reflexão sobre o mistério do perdão,

 propondo um paralelismo entre o estilo de Deus e o nosso na hora de perdoar.

  O homem atreve-se a medir e a levar em conta a sua magnanimidade

 perdoadora: «Senhor, quantas vezes devo perdoar, se meu irmão pecar contra mim?

  Até sete vezes?» (Mt 18,21).

A Pedro parece-lhe que sete vezes já é muito e que é, talvez, o máximo que

 podemos suportar. Bem visto, Pedro continua esplêndido, se o compararmos com o

 homem da parábola que, quando encontrou um companheiro seu que lhe devia cem

 denários, «Ele o agarrou e começou a sufocá-lo, dizendo: ‘Paga o que me deves’» (Mt

 18,28), negando-se a escutar a sua súplica e a promessa de pagamento.

 Fechadas as contas, o homem, ou se nega a perdoar, ou mede estritamente a

 medida do seu perdão. Verdadeiramente ninguém diria que receberíamos da parte

 de Deus um perdão infinitamente reiterado e sem limites. A parábola diz: «o senhor

 teve compaixão, soltou o servo e perdoou-lhe a dívida» (Mt 18,27). E a divida era muito

 grande.

 Mas a parábola que comentamos põe acento no estilo de Deus na hora de

 outorgar o perdão. Depois de chamar à ordem o seu devedor em atraso e de o fazer

 ver a gravidade da situação, deixou-se enternecer repentinamente pelo seu pedido

 contrito e humilde: «‘Tem paciência comigo, e eu te pagarei tudo’. Diante disso, o

 senhor teve compaixão...» (Mt 18, 26-27).

 Este episódio põe à vista aquilo que cada um de nós conhece por experiência

 própria e com profundo agradecimento: que Deus perdoa sem limites ao arrependido

 e convertido. O final negativo e triste da parábola, contudo, faz honras de justiça e

 manifesta a veracidade daquela outra sentença de Jesus em Lc 6,38: «Com a medida

 com que medirdes sereis medidos.

  III. Atualização

• «Aquele que perdoa e aquele que é perdoado, encontram-se num ponto essencial, na dignidade» (São João Paulo II)

  • «O perdão é o instrumento, posto nas nossas frágeis mãos, para alcançarmos a serenidade de coração» (Francisco)

• «Não há nenhuma falta, por mais grave que seja, que a santa Igreja não possa perdoar. «Nem há pessoa, por muito má e culpável que seja, a quem não deva ser proposta a esperança certa do perdão, desde que se

 arrependa verdadeiramente dos seus erros». Cristo, que morreu por todos os homens, quer que na sua Igreja as portas do perdão estejam


sempre abertas a todo aquele que se afastar do pecado (cf. Mt 18,21-22)» (Catecismo da Igreja Católica, no 982)



 

segunda-feira, 21 de março de 2022

Homília da III semana da Quaresma.

 I. Introdução

  Não é fácil compreender o que seja a humildade. Esta resulta duma

 mudança que o próprio Espírito realiza em nós através da história que

 vivemos, como acontece, por exemplo, ao sírio Naaman (cf. 2 Re 5).

 Gozava de grande fama, no tempo do profeta Eliseu. Era um general

 valoroso do exército arameu, que demonstrara o seu valor e coragem em

 várias ocasiões. Mas por trás da fama, da força, da estima, das honras, da

 glória, este homem vive um drama terrível: é leproso.

 A sua armadura, a mesma que lhe proporciona fama, na realidade

 cobre uma humanidade frágil, ferida, doente. Esta contradição, encontramo-

 la frequentemente na nossa vida: às vezes, os grandes dons constituem a

 armadura para encobrir grandes fragilidades.

 II. Comentário

Hoje vemos o cepticismo dos conterrâneos de Jesus quando este lhes disse

 que se cumpria sobre Ele a Escritura: “O Espírito do Senhor está sobre mim...” (Is 61,1).

 Efetivamente a Lei e os Profetas falam do futuro Messias.

 Relacionados com o mistério pascal, destacam Zacarias mencionando um

 reino de “mar a mar” (presságio da universalidade da salvação); um rei de paz (que

 rompe os arcos guerreiros e chega montado num burrico); o pastor ferido que com a

 sua morte, traz a salvação; o trespassado...

 III Atualização

Em Isaías encontramos a visão do servo de Deus que sofre e que servindo

 oferece a vida pela multidão trazendo assim a salvação...

 O que neles é ainda uma visão misteriosa, cuja configuração concreta não se

 pode perceber, desvenda-se pouco a pouco no obrar de Jesus Cristo, até adquirir a

 sua plena forma depois da ressurreição.

 O próprio Jesus transforma-se mais tarde, depois da Páscoa, na chave para ler

 de uma forma nova a Lei e os Profetas.

  -- A afirmação de Jesus é o preâmbulo da lição que quer dar à gente reunida na

 sinagoga e assim, abrir os seus olhos à evidencia de que pelo simples feito de serem

 membros do “Povo escolhido” não têm nenhuma garantia de salvação, cura,

 purificação (isso o confirmará com os dados da história da salvação).

 -- Mas, dizia que a afirmação de Jesus, para muitas e muitos é, com excessiva

 frequência, motivo de desculpa para não “comprometer-nos evangelicamente” no

 nosso ambiente cotidiano. Sim, é uma daquelas frases que todos aprendemos de

 memória e, que efeito faz!

 -- Parece como gravada na nossa consciência de maneira particular e quando no

 escritório, no trabalho, com a família, no circulo de amigos, no nosso meio social

 

quando devemos de tomar decisões compreensíveis à luz do Evangelho, esta “frase

 mágica” tira-nos para trás como dizendo-nos: —Não vale a pena esforçar-te, nenhum

 profeta é bem recebido na sua terra! Temos a desculpa prefeita, a melhor das

 justificações para não ter que dar testemunho, para não apoiar a aquele companheiro

 que é vitima da gestão da empresa, ou ignorar e não ajudar à reconciliação daquele

 casal conhecido