I. Introdução
Não é fácil compreender o que seja a humildade. Esta resulta duma
mudança que o próprio Espírito realiza em nós através da história que
vivemos, como acontece, por exemplo, ao sírio Naaman (cf. 2 Re 5).
Gozava de grande fama, no tempo do profeta Eliseu. Era um general
valoroso do exército arameu, que demonstrara o seu valor e coragem em
várias ocasiões. Mas por trás da fama, da força, da estima, das honras, da
glória, este homem vive um drama terrível: é leproso.
A sua armadura, a mesma que lhe proporciona fama, na realidade
cobre uma humanidade frágil, ferida, doente. Esta contradição, encontramo-
la frequentemente na nossa vida: às vezes, os grandes dons constituem a
armadura para encobrir grandes fragilidades.
II. Comentário
Hoje vemos o cepticismo dos conterrâneos de Jesus quando este lhes disse
que se cumpria sobre Ele a Escritura: “O Espírito do Senhor está sobre mim...” (Is 61,1).
Efetivamente a Lei e os Profetas falam do futuro Messias.
Relacionados com o mistério pascal, destacam Zacarias mencionando um
reino de “mar a mar” (presságio da universalidade da salvação); um rei de paz (que
rompe os arcos guerreiros e chega montado num burrico); o pastor ferido que com a
sua morte, traz a salvação; o trespassado...
III Atualização
Em Isaías encontramos a visão do servo de Deus que sofre e que servindo
oferece a vida pela multidão trazendo assim a salvação...
O que neles é ainda uma visão misteriosa, cuja configuração concreta não se
pode perceber, desvenda-se pouco a pouco no obrar de Jesus Cristo, até adquirir a
sua plena forma depois da ressurreição.
O próprio Jesus transforma-se mais tarde, depois da Páscoa, na chave para ler
de uma forma nova a Lei e os Profetas.
-- A afirmação de Jesus é o preâmbulo da lição que quer dar à gente reunida na
sinagoga e assim, abrir os seus olhos à evidencia de que pelo simples feito de serem
membros do “Povo escolhido” não têm nenhuma garantia de salvação, cura,
purificação (isso o confirmará com os dados da história da salvação).
-- Mas, dizia que a afirmação de Jesus, para muitas e muitos é, com excessiva
frequência, motivo de desculpa para não “comprometer-nos evangelicamente” no
nosso ambiente cotidiano. Sim, é uma daquelas frases que todos aprendemos de
memória e, que efeito faz!
-- Parece como gravada na nossa consciência de maneira particular e quando no
escritório, no trabalho, com a família, no circulo de amigos, no nosso meio social
quando devemos de tomar decisões compreensíveis à luz do Evangelho, esta “frase
mágica” tira-nos para trás como dizendo-nos: —Não vale a pena esforçar-te, nenhum
profeta é bem recebido na sua terra! Temos a desculpa prefeita, a melhor das
justificações para não ter que dar testemunho, para não apoiar a aquele companheiro
que é vitima da gestão da empresa, ou ignorar e não ajudar à reconciliação daquele
casal conhecido