segunda-feira, 21 de março de 2022

Homília da III semana da Quaresma.

 I. Introdução

  Não é fácil compreender o que seja a humildade. Esta resulta duma

 mudança que o próprio Espírito realiza em nós através da história que

 vivemos, como acontece, por exemplo, ao sírio Naaman (cf. 2 Re 5).

 Gozava de grande fama, no tempo do profeta Eliseu. Era um general

 valoroso do exército arameu, que demonstrara o seu valor e coragem em

 várias ocasiões. Mas por trás da fama, da força, da estima, das honras, da

 glória, este homem vive um drama terrível: é leproso.

 A sua armadura, a mesma que lhe proporciona fama, na realidade

 cobre uma humanidade frágil, ferida, doente. Esta contradição, encontramo-

 la frequentemente na nossa vida: às vezes, os grandes dons constituem a

 armadura para encobrir grandes fragilidades.

 II. Comentário

Hoje vemos o cepticismo dos conterrâneos de Jesus quando este lhes disse

 que se cumpria sobre Ele a Escritura: “O Espírito do Senhor está sobre mim...” (Is 61,1).

 Efetivamente a Lei e os Profetas falam do futuro Messias.

 Relacionados com o mistério pascal, destacam Zacarias mencionando um

 reino de “mar a mar” (presságio da universalidade da salvação); um rei de paz (que

 rompe os arcos guerreiros e chega montado num burrico); o pastor ferido que com a

 sua morte, traz a salvação; o trespassado...

 III Atualização

Em Isaías encontramos a visão do servo de Deus que sofre e que servindo

 oferece a vida pela multidão trazendo assim a salvação...

 O que neles é ainda uma visão misteriosa, cuja configuração concreta não se

 pode perceber, desvenda-se pouco a pouco no obrar de Jesus Cristo, até adquirir a

 sua plena forma depois da ressurreição.

 O próprio Jesus transforma-se mais tarde, depois da Páscoa, na chave para ler

 de uma forma nova a Lei e os Profetas.

  -- A afirmação de Jesus é o preâmbulo da lição que quer dar à gente reunida na

 sinagoga e assim, abrir os seus olhos à evidencia de que pelo simples feito de serem

 membros do “Povo escolhido” não têm nenhuma garantia de salvação, cura,

 purificação (isso o confirmará com os dados da história da salvação).

 -- Mas, dizia que a afirmação de Jesus, para muitas e muitos é, com excessiva

 frequência, motivo de desculpa para não “comprometer-nos evangelicamente” no

 nosso ambiente cotidiano. Sim, é uma daquelas frases que todos aprendemos de

 memória e, que efeito faz!

 -- Parece como gravada na nossa consciência de maneira particular e quando no

 escritório, no trabalho, com a família, no circulo de amigos, no nosso meio social

 

quando devemos de tomar decisões compreensíveis à luz do Evangelho, esta “frase

 mágica” tira-nos para trás como dizendo-nos: —Não vale a pena esforçar-te, nenhum

 profeta é bem recebido na sua terra! Temos a desculpa prefeita, a melhor das

 justificações para não ter que dar testemunho, para não apoiar a aquele companheiro

 que é vitima da gestão da empresa, ou ignorar e não ajudar à reconciliação daquele

 casal conhecido



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