sábado, 2 de abril de 2022

HOMÍLIA do Sábado da 4° SEMANA DA QUARESMA

I. Introdução

As ondas da morte me cercavam, tragavam-me as torrentes infernais; na minha

II. Comentário

há mais consenso sobre quem é Jesus, e o motivo aí apresentado é sua origem: a

   angústia chamei pelo Senhor, de seu templo ouviu a minha voz (Sl 17,5ss).

Quem confia em Deus, mesmo que tenha de enfrentar ondas de violência e

 adversidades, sabe se colocar confiante em suas mãos. Renovemos nossa total confiança no Senhor.

  A presença, a palavra e os gestos de Jesus são provocadores e

 desconcertantes. Em pouco tempo, entre aqueles que compunham a multidão, não

  Galileia.

Os chefes dos sacerdotes e fariseus, entendidos da Lei, sabem muito bem de onde o messias virá, portanto, Jesus está desqualificado.

De outra sorte, a discussão estabelecida nos aponta uma clara postura de preconceito, pois subjaz a essa linha de raciocínio a questão: qual messias

 esperamos? Veremos que Jesus não corresponde ao messias triunfalista esperado, sua forma peculiar de agir frustrará muitos, pois não se adéqua às expectativas daqueles que esperam e acreditam num messias que se tornará Rei e tomará o poder

 político. Quem é Jesus para mim? O que espero dele.

III. Atualização

• «O Verbo de Deus se fez homem e o Filho de Deus se fez Filho do homem para que o homem, intimamente unido à Palavra de Deus, pudesse se tornar filho de Deus por adoção» (Santo Irineu de Lyon)

  • «Na raiz do mistério da salvação está, de fato, a vontade de um Deus misericordioso, que não quer se entregar à incompreensão, à culpa e à miséria do homem» (Francisco)

 • «Entre as autoridades religiosas de Jerusalém, não somente se encontravam o fariseu Nicodemos e o notável José de Arimateia, discípulos ocultos de Jesus, mas também, durante muito tempo, houve


dissensões a respeito d'Ele ao ponto de, na própria véspera da paixão, João poder dizer deles que ‘um bom número acreditou n' Ele’, embora de modo assaz imperfeito (Jo 12, 42); o que não é nada de admirar, tendo-se presente que, no dia seguinte ao de Pentecostes, ‘um grande número de sacerdotes se submetia à fé’ (Act 6, 7) e ‘alguns homens do partido dos fariseus tinham abraçado a fé’ (...)» (Catecismo da Igreja Católica, no 595)



 

sexta-feira, 1 de abril de 2022

Homília da Sexta-feira da 4° Semana da Quaresma

 I. Introdução

Hoje, ambientados na “festa judia das Tendas”, comprovamos que o Evangelho de João toma seu ritmo do calendário de festas de Israel. Ao começo da atividade de Jesus encontramos a "Páscoa dos judeus", da qual se deriva o

     tema o verdadeiro templo (em conexão com cruz e a ressurreição) (cf. 2,13-25).

A cura do paralítico —marco da primeira grande predicação pública de Jesus em Jerusalém—aparece relacionada com "uma festa dos judeus" (5,1), provavelmente a “festa das Semanas” (Pentecostes). A multiplicação dos pães (e a predicação eucarística do Evangelho de João) conecta com a festa da Páscoa (cf. 6,4). Finalmente, encontramos novamente a Jesus em Jerusalém na festa da Dedicação do Templo (cf. 10,22).

 O caminho de Jesus culmina na sua última festa da Páscoa (cf. 12,1): ai, como verdadeiro cordeiro pascoal, derramará seu sangue na cruz. Sua oração sacerdotal desenvolve-se, justamente, a partir do conteúdo teológico da festa da Expiação

 II. Comentário

A vida de Jesus estava toda colocada nas mãos do Pai. Com esta consciência, ele enfrentava os desafios do ministério, sem se deixar abater pelos mal-entendidos, pelas hostilidades evidentes ou veladas ou mesmo pela ameaça de morte que pairava sobre a sua cabeça. Sua coragem manifestava-se na maneira aberta com que proclamava sua doutrina, em plena

      

 Jerusalém – no Templo –, mesmo sabendo que os judeus

 buscavam matá-lo.

Importava-lhe unicamente manter-se fiel a quem o enviou, pois não tinha vindo por si mesmo, nem proclamava uma doutrina de sua autoria e propriedade. As hostilidades contra ele

 provinham do desconhecimento do Pai. Logo, fruto da ignorância! Bastava que se abrissem para o Pai, para estarem em condições de compreender a veracidade do testemunho de Jesus.

A vida do Filho estava nas mãos do Pai. Isto impedia que os adversários assumissem o controle do destino de Jesus. Por isso, em vão, procuravam detê-lo e infligir-lhe a pena capital. "Sua hora ainda não chegara".

 A coragem do Mestre serviu de exemplo para os discípulos, sobretudo nos momentos difíceis de seu ministério apostólico. Também a vida deles estava nas mãos do Pai. Sendo assim, nenhum inimigo, por pior que fosse, haveria de se transformar em senhor de seus destinos. Somente o Pai pode determinar a hora de cada um!

 III. Atualização

• Jesus ainda está às voltas com os judeus que tentam matá-lo. Ao mesmo tempo que é cauteloso, Jesus mostra-se provocativo. Mais uma vez, Jesus diz quem é e em nome de quem realiza sua missão.


 • Ao falar da sua identidade, Jesus mostra-se sem reservas; entretanto, os judeus não são capazes de reconhecê-lo, pois não conhecem aquele que o enviou, o Pai.

• Parte da atitude de Jesus é provocativa, pois, ao revelar-se, ele instiga seus opositores a mostrarem-se, ou seja, a apresentarem suas credenciais. Estamos

 diante de um jogo de forças e interesses. Ao final, contudo, deve prevalecer a palavra que gera e promove a vida.




quinta-feira, 31 de março de 2022

Homília da QUINTA-FEIRA da 4 ° semana da Quaresma

 I. Introdução

  sinais da sua divindade! Mas, se não rezamos, o coração endurece e aí já não entra

 ninguém: nem sequer Deus!

 Quantas testemunhas de Cristo! João Baptista, repetidamente; a Sagrada

 Escritura, ativa e passivamente (em Jesus cumprem-se todas as promessas e

 profecias); o Pai fala d’Ele desde o céu várias vezes (por exemplo, durante o

  Baptismo); milagres de toda a espécie (desde converter água em vinho e acalmar

ventos, até levantar paralíticos e dar vida a mortos...).

 Contudo, a última palavra é do meu coração. II. Comentário

  Hoje, o Evangelho ensina-nos como Jesus enfrenta a seguinte objeção:

 segundo a lei em Dt 19,15, para que um testemunho tivesse valor, era necessário que

 fosse corroborado por duas ou três testemunhas. Jesus alega a seu favor o

 testemunho de São João Batista, o testemunho do Pai —que se manifesta nos milagres

 operados por Ele— e, finalmente, o testemunho das Escrituras.

 Jesus Cristo repreende os que O escutam, denunciando três impedimentos ao

 Seu reconhecimento como o Messias Filho de Deus: a falta de amor a Deus; a ausência

 de reta intenção —buscam só a gloria humana— e a interpretação interesseira das

 Escrituras.

 O Santo Padre João Paulo II escreveu-nos: «À contemplação do rosto de Cristo,

 só se pode chegar escutando no Espírito a voz do Pai, ninguém conhece o Filho, senão

 o Pai, e ninguém conhece o Pai, senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar.

 (cf. Mt 11,27). Assim, portanto, é necessária a revelação do Altíssimo. Mas, para acolhê-

 la, é indispensável colocar-se em atitude de escuta».

 Portanto há que ter em conta que, para confessar Jesus Cristo como verdadeiro

 Filho de Deus, não bastam as provas externas que nos sejam propostas; é muito

 importante a retidão da vontade, ou seja, as boas disposições.

 Neste tempo de Quaresma, intensificando as obras de penitência que facilitam

 a renovação interior, melhoremos as nossas disposições para contemplar o

 verdadeiro rosto de Cristo. Por isso, São Josemaria diz-nos: «Esse Cristo, que tu vês,

 não é Jesus. —Será, contudo, a triste imagem que os teus olhos turvos podem

 formar...—Purifica-te.

 III.

Hoje, o Senhor diz-nos que não temos “desculpa”: há tantas testemunhas e

 Torna claro o teu olhar, com a humildade e com a penitência. Então... não te

 faltarão as luzes limpas do Amor. E terás uma visão perfeita. A tua imagem será então,

 realmente, a Sua: Ele!».

 Atualização

  Hoje, na autodefesa de Jesus ante os judeus, aparece uma das singularidades

do quarto Evangelho: João baseia-se totalmente no Antigo Testamento.

 “[Moisés], pois foi a meu respeito que ele escreveu” (Jo 5,46), disse Jesus aos

 seus adversários; Filipe disse a Natanael: “Encontramos Jesus, o filho de José,

 

de Nazaré, aquele sobre quem escreveram Moisés, na Lei, bem como os

 Profetas” (Jo 1,45).

  A relação entre Jesus e Moisés aparece de um modo pragmático

particularmente ao final do Prólogo: “Pois a Lei foi dada por meio de Moisés,

 a graça e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo” (Jo 1,16-18). A profecia —

 a grande promessa— de Moisés (“Deus suscitará um profeta como eu; a ele o

 escutareis”) cumpriu-se com acréscimos, na maneira desbordante em que

 Deus costuma presentear.

  Quem veiou é mais que Moises, é mais que um profeta. É o Filho, e agora é o

próprio Filho quem será “levantado”. E por isso manifestam-se a graça e a

 verdade, não como destruição, senão como cumprimento da Lei.

 



quarta-feira, 30 de março de 2022

Homília da Quarta-feira da 4° Semana da Quaresma

I. Introdução

A liberdade e a familiaridade com que Jesus se referia a

   Deus, incomodava seus inimigos.

 Era-lhes insuportável ouvir Jesus chamá-lo de Pai e afirmar sua unidade profunda com o ele, e perceber em sua ação indicações de que, realmente, ele possuía algo próprio de Deus. Caso contrário, seu agir seria inexplicável. Os inimigos decidiram, então, eliminar o Mestre por não suportarem sua presença.

 II. Comentário

Jesus não minimizou o problema. Sem titubear, proclamou sua radical dependência do Pai, de quem procedia e sob cuja

   orientação agia.

O Pai outorgou-lhe o direito de comunicar vida e confiou- lhe todo o julgamento. Portanto, todas as pessoas, inclusive os adversários de Jesus, estavam na dependência de seu

 julgamento.

Ele haveria de julgar concedendo vida a quem praticou o

 bem e castigando a quem praticou o mal.


 Os que se opunham ao Mestre, que ficassem atentos. Indispor-se contra ele, significava indispor-se contra o próprio Deus. Opção terrivelmente perigosa!

O alerta de Jesus não surtiu efeito. Antes, só fez aumentar a ira de seus opositores e torná-los cada vez mais determinados

 a levar a cabo o seu intento.

A cegueira tirou-lhes a capacidade de discernir. Por isso, quanto mais Jesus tentava alertá-los para a insanidade de seu projeto, tanto mais insistiam em colocá-lo em prática. O tempo daria razão a Jesus.

 III. Atualização

• A presença de Jesus é incômoda para muitos e por diferentes motivos. No

 Evangelho de hoje, os judeus não aceitavam a liberdade de Jesus, que fazia o que não era permitido aos sábados e chamava a Deus de Pai.

• Jesus vem romper com o esquema estabelecido e, obviamente, haverá questionamento e hostilidade por parte daqueles que têm certeza de que o errado é o outro, nesse caso, Jesus. Em sua resposta aos judeus, Jesus tenta

 clarificar quem ele é e qual é a sua missão.

• Jesus e o Pai formam uma unidade que pode ser traduzida e entendida como perfeita sintonia. Não há aqui relação de dependência e anulação de um ou de

 outro; mas profunda cumplicidade e complementariedade.


 • Jesus não vive por si, mas segundo o projeto que o Pai tem para ele. O que move o nosso coração e firma nossos pés na caminhada




terça-feira, 29 de março de 2022

Homília da terça-feira do 4° semana da Quaresma


I. Introdução

Hoje, São João nos fala da cena da piscina de Betsaida.
Comentário
   deitados: eram cegos, coxos e paralíticos, esperando que a água se movesse» (Jo 5,3).
 Jesus se deixou cair por ali.
   pensavam em se era sábado. Sua má fé matava o espírito.
 A má baba do pecado gotejava de seus olhos. No há pior surdo que o que
 aquele não quer entender.
 O protagonista do milagre levava trinta e oito anos de invalidez. «Jesus viu
 o homem deitado e ficou sabendo que estava doente havia muito tempo. Então
 lhe perguntou: «Você quer ficar curado?» (Jo 5,6), disse-lhe Jesus. Fazia tempo que
 lutava em vão porque não havia encontrado a Jesus.
 Finalmente, havia encontrado ao Homem. Os cinco pórticos da piscina de
 Betsaida retumbaram quando se ouviu a voz do Mestre: «Jesus disse: ‘Levante-se,
 pegue sua cama e ande’» (Jo 5,8). Foi questão de um instante.
 A voz de Cristo é a voz de Deus. Tudo era novo naquele velho paralítico,
 gastado pelo desânimo. Mais tarde, São João Crisóstomo dirá que na piscina de
 Betsaida se curavam os enfermos do corpo, e no Batismo se restabeleciam os da
 alma; lá, era de quando em quando e para um só enfermo.
 No Batismo é sempre e para todos. Em ambos os casos se manifesta o
 poder de Deus através da água.
 O paralítico impotente na beira da água, não te faz pensar na experiência
 da própria impotência para fazer o bem? Como pretendemos resolver, sozinhos,
 aquilo que tem um alcance sobrenatural? Não vês cada dia, ao teu redor, uma
 constelação de paralíticos que se “movem” muito, mas que são incapazes de
 separar-se de sua falta de liberdade? O pecado paralisa, envelhece, mata.
 III.
Parecia, mais uma sala de espera de um hospital: «Muitos doentes ficavam aí
É curioso! Jesus sempre está no meio dos problemas. Ali onde há algo para
“libertar”, para fazer feliz às pessoas, ali está Ele. Os fariseus, ao contrário, só
 Devemos pôr os olhos em Jesus. É necessário que Ele —sua graça— nos
 submerja nas águas da oração, da confissão, da abertura de espírito. Eu e você
 podemos ser paralíticos eternos, ou portadores e instrumentos de luz.
  Atualização
 Hoje, meditando esta cena, analisamos a origem do quarto Evangelho, cuja
peculiaridade levou a pesquisa crítica moderna a duvidar do seu caráter
 “histórico”, considerando-o uma “reconstrução teológica” tardia (posterior
 aos Apóstolos). Mas, alguns papiros do século II encontrados em Egito,
 demonstraram que se escreveu já no século I...
  Alguns autores (Bultman...) afirmaram que as linhas principais do quarto
Evangelho procederiam do “gnosticismo”. Mas, a “gnose”, historicamente,
 
apareceu como movimento espiritual não antes de finais do século I.
 Finalmente, a pesquisa sobre João confirmou que este Evangelho: 1o baseia-
 se num conhecimento extraordinariamente preciso de lugares e tempos
 (próprio de alguém perfeitamente familiarizado com a Palestina do tempo de
 Jesus); 2o sua argumentação parte do Antigo Testamento e, está
 profundamente enraizada no judaísmo da época.
  O Evangelho de João nos diz, expressamente, que se remonta a uma
testemunha ocular do Crucificado: “Aquele que viu dá testemunho (...) ele sabe
 que fala a verdade, para que vós, também, acrediteis” (Jo 19,35).



 •


segunda-feira, 28 de março de 2022

Homília da segunda-feira da 4° semana da Quaresma

I. Introdução

  fez o homem do Evangelho que tinha o filho doente. ‘Senhor, desça, antes

 que meu filho morra'. ‘Vá, teu filho vive!’.

 Aquele homem acreditou na palavra que Jesus lhe havia dito e partiu.

 A fé é abrir espaço para este amor de Deus, é abrir espaço para o poder, ao

 poder de Deus, mas não ao poder de quem é muito poderoso, ao poder de

 quem me ama, de quem está apaixonado por mim e que quer a alegria

 comigo.

  mude".

 II. Comentário

 Em vez de “milagres”, o evangelista João adota o termo “sinais” para designar os

 feitos extraordinários que Jesus realizou. Ao todo, ao longo de seu Evangelho, João apresenta

 sete sinais; recordemos que o número sete na Bíblia significa plenitude.

 aconteceu.

Inicialmente, Jesus afirma que sem sinais e prodígios o povo não é capaz de acreditar;

 e, ao ser interpelado por um pai aflito, Jesus, de forma simples, diz que a cura esperada já

  O pai da criança constata o que Jesus realizou e, por causa desse sinal, passa a

 acreditar. Os sinais realizados por Jesus têm, sim, caráter extraordinário, mas, sobretudo,

 pedagógico; não tem valor em si o “fora do normal”, mas o que esse sinal pode provocar de

 adesão ao projeto proposto por Jesus.

 III.

• •

Crer. Crer que o Senhor pode me mudar, que Ele é poderoso: como

 Isto é a fé. Isto é crer: é abrir espaço para que o Senhor venha e me

O dia a dia, sim, deve se tornar extraordinário e nos motivar a construir um mundo

 mais justo e fraterno onde a vida de todos transborde.

 Atualização

 Hoje o saber da ciência sozinho não é suficiente. Temos necessidade não só

do pão material, mas precisamos de amor, de significado e de esperança, de

 um fundamento seguro.

  A fé oferece-nos precisamente isto: é um entregar-se confiante a um "Tu", que

é Deus, o qual me confere uma certeza diversa, mas não menos sólida do que

 aquela que me deriva do cálculo exato ou da ciência. A fé não é simples

 assentimento intelectual do homem a verdades particulares sobre Deus; é um

 gesto mediante o qual me confio livremente a um Deus que é Pai e que me

 ama; é adesão a um "Tu" que me dá esperança e confiança.

  Deus revelou que o seu amor pelo homem, por cada um de nós, é

incomensurável: na Cruz, Jesus de Nazaré, o Filho de Deus que se fez homem,

 mostra-nos do modo mais luminoso até que ponto chega este amor, até ao

 dom de si mesmo, até ao sacrifício total.



 

domingo, 27 de março de 2022

Homília do Domingo da IV Semana da Quaresma

 I. Introdução

Hoje já sabemos aonde vai a parar esse “filho pródigo”... Desapareceu a seu pai dilapidando a herança! E quando já não lhe fica nada, ninguém preta atenção...todos desaparecem! É a consequência de “entreter-se” com a liberdade em lugar de “entregar-se”.

 O irmão mais velho: ficou em casa, mas também não ama o pai. Valoriza mais o dinheiro perdido que o irmão encontrado... O bom pai abraça o filho mais novo e eleva a olhada do mais velho: «Tudo que é meu é seu». Assim é Deus!

II. Comentário

 Hoje, domingo Laetare (“Exultai”), quarto da Quaresma, escutamos este fragmento intimo do Evangelho segundo São Lucas, no que Jesus justifica a sua pratica inaudita de perdoar os pecados e recuperar os homens para Deus.

Sempre me perguntei se a maioria das pessoas entendia bem a expressão “o filho pródigo” com a qual se designa esta parábola. Penso que devíamos rebatizá-la com o nome da parábola do “Pai prodigioso”.

Efetivamente, o Pai da parábola — que se comove ao ver que volta aquele filho perdido pelo pecado— é um ícone do Pai do Céu refletido no rosto

de Cristo: «Quando ainda estava longe, seu pai o avistou e foi tomado de compaixão. Correu-lhe ao encontro, abraçou-o e o cobriu de beijos» (Lc 15, 20).

Jesus dá-nos a entender claramente que todo o homem, inclusive o mais pecador, é para Deus uma realidade muito importante que não quer perder de nenhuma maneira; e que Ele está sempre disposto a conceder-nos com gozo inefável o seu perdão (até ao ponto de não poupar a vida de seu Filho).

Este domingo tem um matiz de serena alegria e, por isso, é designado como o domingo “exultai”, palavra presente na antífona de entrada da Missa de hoje: «Alegra-te, Jerusalém; rejubilai, todos os seus amigos. Exultai de alegria». Deus compadeceu-se do homem perdido e extraviado, e manifestou-

  lhe em Jesus Cristo – morto e ressuscitado – a sua misericórdia.

João Paulo II dizia na sua encíclica Dives in misericórdia que o amor de Deus, numa história ferida pelo pecado, converteu-se em misericórdia, compaixão. A Paixão de Jesus é a medida desta misericórdia. Assim entendemos que a alegria maior que damos a Deus é deixar-nos perdoar apresentando à sua misericórdia a nossa miséria, o nosso pecado.


 Às portas da Páscoa acudimos de bom grado ao sacramento da penitência, a sua fonte da divina misericórdia: daremos a Deus uma grande alegria, ficaremos cheios de paz e seremos mais misericordiosos com os outros. Nunca é tarde para nos levantarmos e voltar para o Pai que nos ama!

III. Atualização

 • «O Pai Eterno pôs com inefável benignidade os olhos do seu amor naquela alma e começou a falar-lhe assim: ‘Minha querida filha! Estou firmemente

 decidido a usar de misericórdia para com todo o mundo e atender a todas as necessidades dos homens'» (Santa Catalina de Siena)

• «João Paulo II dizia na sua encíclica “Dives in misericordia” que o amor de Deus, numa história ferida pelo pecado, se tornou misericórdia, compaixão. A Paixão de Jesus é a medida desta misericórdia» (Bento XVI)

• «O símbolo dos céus remete-nos para o mistério da Aliança que nós vivemos, quando rezamos ao Pai. Ele está nos céus: é a sua morada. A casa do Pai é, pois, a nossa “patria”. Foi da terra da Aliança que o pecado nos exilou, e é para o Pai, para o céu, que a conversão do coração nos faz voltar. Ora, foi em Cristo que o céu e a terra se reconciliaram, porque o Filho ‘desceu do céu’, sozinho, e para lá nos faz subir juntamente consigo, pela sua cruz, ressurreição e ascensão» (Catecismo da Igreja Católica, no 2.795