I. Introdução
sinais da sua divindade! Mas, se não rezamos, o coração endurece e aí já não entra
ninguém: nem sequer Deus!
Quantas testemunhas de Cristo! João Baptista, repetidamente; a Sagrada
Escritura, ativa e passivamente (em Jesus cumprem-se todas as promessas e
profecias); o Pai fala d’Ele desde o céu várias vezes (por exemplo, durante o
Baptismo); milagres de toda a espécie (desde converter água em vinho e acalmar
ventos, até levantar paralíticos e dar vida a mortos...).
Contudo, a última palavra é do meu coração. II. Comentário
Hoje, o Evangelho ensina-nos como Jesus enfrenta a seguinte objeção:
segundo a lei em Dt 19,15, para que um testemunho tivesse valor, era necessário que
fosse corroborado por duas ou três testemunhas. Jesus alega a seu favor o
testemunho de São João Batista, o testemunho do Pai —que se manifesta nos milagres
operados por Ele— e, finalmente, o testemunho das Escrituras.
Jesus Cristo repreende os que O escutam, denunciando três impedimentos ao
Seu reconhecimento como o Messias Filho de Deus: a falta de amor a Deus; a ausência
de reta intenção —buscam só a gloria humana— e a interpretação interesseira das
Escrituras.
O Santo Padre João Paulo II escreveu-nos: «À contemplação do rosto de Cristo,
só se pode chegar escutando no Espírito a voz do Pai, ninguém conhece o Filho, senão
o Pai, e ninguém conhece o Pai, senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar.
(cf. Mt 11,27). Assim, portanto, é necessária a revelação do Altíssimo. Mas, para acolhê-
la, é indispensável colocar-se em atitude de escuta».
Portanto há que ter em conta que, para confessar Jesus Cristo como verdadeiro
Filho de Deus, não bastam as provas externas que nos sejam propostas; é muito
importante a retidão da vontade, ou seja, as boas disposições.
Neste tempo de Quaresma, intensificando as obras de penitência que facilitam
a renovação interior, melhoremos as nossas disposições para contemplar o
verdadeiro rosto de Cristo. Por isso, São Josemaria diz-nos: «Esse Cristo, que tu vês,
não é Jesus. —Será, contudo, a triste imagem que os teus olhos turvos podem
formar...—Purifica-te.
III.
•
Hoje, o Senhor diz-nos que não temos “desculpa”: há tantas testemunhas e
Torna claro o teu olhar, com a humildade e com a penitência. Então... não te
faltarão as luzes limpas do Amor. E terás uma visão perfeita. A tua imagem será então,
realmente, a Sua: Ele!».
Atualização
Hoje, na autodefesa de Jesus ante os judeus, aparece uma das singularidades
do quarto Evangelho: João baseia-se totalmente no Antigo Testamento.
“[Moisés], pois foi a meu respeito que ele escreveu” (Jo 5,46), disse Jesus aos
seus adversários; Filipe disse a Natanael: “Encontramos Jesus, o filho de José,
de Nazaré, aquele sobre quem escreveram Moisés, na Lei, bem como os
Profetas” (Jo 1,45).
A relação entre Jesus e Moisés aparece de um modo pragmático
particularmente ao final do Prólogo: “Pois a Lei foi dada por meio de Moisés,
a graça e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo” (Jo 1,16-18). A profecia —
a grande promessa— de Moisés (“Deus suscitará um profeta como eu; a ele o
escutareis”) cumpriu-se com acréscimos, na maneira desbordante em que
Deus costuma presentear.
Quem veiou é mais que Moises, é mais que um profeta. É o Filho, e agora é o
próprio Filho quem será “levantado”. E por isso manifestam-se a graça e a
verdade, não como destruição, senão como cumprimento da Lei.
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