terça-feira, 29 de março de 2022

Homília da terça-feira do 4° semana da Quaresma


I. Introdução

Hoje, São João nos fala da cena da piscina de Betsaida.
Comentário
   deitados: eram cegos, coxos e paralíticos, esperando que a água se movesse» (Jo 5,3).
 Jesus se deixou cair por ali.
   pensavam em se era sábado. Sua má fé matava o espírito.
 A má baba do pecado gotejava de seus olhos. No há pior surdo que o que
 aquele não quer entender.
 O protagonista do milagre levava trinta e oito anos de invalidez. «Jesus viu
 o homem deitado e ficou sabendo que estava doente havia muito tempo. Então
 lhe perguntou: «Você quer ficar curado?» (Jo 5,6), disse-lhe Jesus. Fazia tempo que
 lutava em vão porque não havia encontrado a Jesus.
 Finalmente, havia encontrado ao Homem. Os cinco pórticos da piscina de
 Betsaida retumbaram quando se ouviu a voz do Mestre: «Jesus disse: ‘Levante-se,
 pegue sua cama e ande’» (Jo 5,8). Foi questão de um instante.
 A voz de Cristo é a voz de Deus. Tudo era novo naquele velho paralítico,
 gastado pelo desânimo. Mais tarde, São João Crisóstomo dirá que na piscina de
 Betsaida se curavam os enfermos do corpo, e no Batismo se restabeleciam os da
 alma; lá, era de quando em quando e para um só enfermo.
 No Batismo é sempre e para todos. Em ambos os casos se manifesta o
 poder de Deus através da água.
 O paralítico impotente na beira da água, não te faz pensar na experiência
 da própria impotência para fazer o bem? Como pretendemos resolver, sozinhos,
 aquilo que tem um alcance sobrenatural? Não vês cada dia, ao teu redor, uma
 constelação de paralíticos que se “movem” muito, mas que são incapazes de
 separar-se de sua falta de liberdade? O pecado paralisa, envelhece, mata.
 III.
Parecia, mais uma sala de espera de um hospital: «Muitos doentes ficavam aí
É curioso! Jesus sempre está no meio dos problemas. Ali onde há algo para
“libertar”, para fazer feliz às pessoas, ali está Ele. Os fariseus, ao contrário, só
 Devemos pôr os olhos em Jesus. É necessário que Ele —sua graça— nos
 submerja nas águas da oração, da confissão, da abertura de espírito. Eu e você
 podemos ser paralíticos eternos, ou portadores e instrumentos de luz.
  Atualização
 Hoje, meditando esta cena, analisamos a origem do quarto Evangelho, cuja
peculiaridade levou a pesquisa crítica moderna a duvidar do seu caráter
 “histórico”, considerando-o uma “reconstrução teológica” tardia (posterior
 aos Apóstolos). Mas, alguns papiros do século II encontrados em Egito,
 demonstraram que se escreveu já no século I...
  Alguns autores (Bultman...) afirmaram que as linhas principais do quarto
Evangelho procederiam do “gnosticismo”. Mas, a “gnose”, historicamente,
 
apareceu como movimento espiritual não antes de finais do século I.
 Finalmente, a pesquisa sobre João confirmou que este Evangelho: 1o baseia-
 se num conhecimento extraordinariamente preciso de lugares e tempos
 (próprio de alguém perfeitamente familiarizado com a Palestina do tempo de
 Jesus); 2o sua argumentação parte do Antigo Testamento e, está
 profundamente enraizada no judaísmo da época.
  O Evangelho de João nos diz, expressamente, que se remonta a uma
testemunha ocular do Crucificado: “Aquele que viu dá testemunho (...) ele sabe
 que fala a verdade, para que vós, também, acrediteis” (Jo 19,35).



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