quarta-feira, 21 de julho de 2021

Homília da Quarta-feira do 16º do Tempo Comum.

I. Introdução

Contar parábolas era um recurso pedagógico de que Jesus se servia com frequência para falar do Reino de Deus. Em todos os tempos e lugares, as histórias, os testemunhos edificantes sempre penetraram mais facilmente na alma do povo. 

A parábola do semeador descreve o dinamismo da Palavra proclamada, as dificuldades que encontra em seu desenvolvimento, o êxito final. É possível que as multidões logo tenham entendido que Jesus fazia referência à Palavra de Deus espalhada abundantemente por toda parte. 

 

II. Comentário

A Palavra (semente) era de boa qualidade, mas os resultados dependeriam do modo como seria ouvida e acolhida. “Quem tiver ouvidos, ouça!”, concluía Jesus. Ouça a Palavra de Deus e deixe-se penetrar e transformar por ela, para dar frutos na sociedade. Nada de ser um ouvinte superficial.

Dispostos a se tornarem servidores do Reino, os discípulos não deveriam pensar que só encontrariam sucesso pela frente. Era preciso ser realista e, de antemão, dar-se conta da dinâmica do Reino. O sucesso, sem dúvida, viria, porém em meio a perdas e fracassos.

O processo de semeadura serviu para ilustrar este aspecto do Reino. O semeador, segundo o costume da época, lançava a semente ao deus-dará. Umas caíam à beira do caminho, outras, em terreno pedregoso, outras, no meio de espinhos.

 

III. Atualização
• Nem por isso o semeador deixava de semear. Embora soubesse que boa parte da semente haveria de se perder, valia a pena continuar semeando.
• O discípulo do Reino, como o semeador, não pode deixar de semear a semente da Palavra de Deus, mesmo sabendo que seu trabalho não frutificará cem por cento. Ele deve contar com a perda inevitável e se contentar com o que for produzido de bom, embora seja pouco.
• A condição precária do terreno impedia que a semente desses frutos. Talvez chegasse a germinar e tentar crescer. Sua sorte, porém, era murchar e morrer. Só uma pequena porção de semente caía em terreno fértil e chegava a frutificar. Mesmo assim, a colheita variava na base de cem, sessenta e trinta por um.

 




Pe. Edivânio José.

 

 

terça-feira, 20 de julho de 2021

Homília da Terça-feira da 16ª semana do Tempo Comum

I. Introdução

Maria quer ver o seu Filho… e não consegue porque a casa está casa repleta de gente escutando a seu Filho. À primeira vista, a reação de Jesus soa como um desprezo a sua Mãe. Mas é todo o contrário!

Cristo alaba a sua Mãe no mais importante de um bom filho de Deus: a obediência à vontade divina. Você lembra das palavras com que a Virgem respondeu ao Arcanjo São Gabriel

 

II. Comentário

Hoje Jesus Cristo indica como “seus” aqueles que cumprem com a vontade do Pai Celestial. Mas, não pareceria isso como uma exageração, inclusive “antinatural”? Surge na nossa memória o drama de Getsêmani, onde a vontade humana de Jesus parece “pugnar” contra a sua própria vontade divina (é Deus Filho!), que devia se identificar com a do Pai.

Na realidade, o misterioso não é tanto aquela “pugna” de vontades em Cristo, mas bem nossa “esquizofrenia” ao esquecer o querer do Pai. Desde que foi criada, a vontade humana está orientada à divina. Ao assumir a vontade divina, nossa vontade atinge seu cumprimento, não a sua destruição. Mas o homem, pela “estreiteza original”, tende a sentir ameaçada a sua liberdade pela vontade do Pai. Este distanciamento é, justamente, o que mais faz sofrer Jesus no Monte das Oliveiras.

Jesus, nossa obstinação contra Deus esteve presente na tua oração. Com a tua sangrenta “pugna” interior em Getsêmani, arrastas a nossa natureza “obstinada” para a sua verdadeira razão de ser: o Pai.

III. Atualização
• Hoje, o Evangelho apresenta-se-nos, de início, algo surpreendente: Quem é minha mãe (Mt 12,48), pergunta-se Jesus. Parece que o Senhor tem uma atitude depreciativa para com Maria. Não é isso. O que Jesus quer deixar claro aqui é que aos seus olhos - os olhos de Deus! - o valor decisivo da pessoa não reside no aspecto da carne ou do sangue, mas na disposição espiritual de aceitação da vontade de Deus: E, estendendo a mão para os discípulos», acrescentou: Eis minha mãe e meus irmãos. 
• Pois todo aquele que faz a vontade do meu Pai, que está nos céus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe» (Mt 12,49-50). Naquele momento, a vontade de Deus era que Ele evangelizasse aqueles que O ouviam e que eles O escutassem. Isso estava acima de qualquer outro valor, por mais entranhável que fosse. Para fazer a vontade do Pai, Jesus Cristo tinha deixado Maria e agora estava a pregar longe de casa.



 

 

segunda-feira, 19 de julho de 2021

Homília da Segunda-feira da 16ª semana do Tempo Comum

I. Introdução

Hoje, também nos colocamos perante a questão de como “chegar” a Deus: temos algum “sinal” da sua existência? Jesus não foge à pergunta. 

Mas a sua resposta parte da Escritura e ilumina-se com uma referência velada à sua ressurreição. Resposta que, certamente, não satisfaz as expectativas nem de aqueles nem de alguns modernos interlocutores. 

 

II. Comentário

Hoje escutamos de Jesus uma resposta que nos cai como “uma luva”. Quando rezamos pouco nos transformamos em materialistas e, então, só aceitamos como verdadeiro o que se pode palpar. Além disso pretendemos que Deus se adapte a este estúpido modo de pensar. E o “sinal de Jonas” (a ressurreição de Cristo) não podemos tocá-laPodemos aceitar!

O materialista estaria disposto a aceitar um Deus que demonstre que é Deus, mas um Deus assim já não é Deus, senão um palhaço. Você onde gostaria de ir: ao céu ou ao circo?

Há um erro de base: reduzimos Deus a um objeto e impomos-lhe as nossas condições laboratoriais, assumindo como real somente o que é experimentável e palpável. Mas Deus não se deixa submeter a experiências! Por esse caminho não o encontraremos, porque isso pressupõe negar Deus como Deus, situando-nos acima dele. Quem discorrer deste modo “auto endeusa-se”, desagradando não só a Deus, mas também ao mundo e a si próprio.

Jesus, obrigado porque não vieste impor-te com evidências palpáveis, antes nos conquistas discretamente, através do amor amavelmente manifestado na Cruz e da escuta interior na oração.

 

III. Atualização
• Jesus é o sinal maior. Neste dia a Palavra é um convite para que cada um de nós compreenda, com humildade, que só um coração convertido, voltado para Deus, pode acolher, interpretar e viver este sinal que é Jesus. A humildade é a realidade que nos aproxima não só de Deus, mas também da humanidade. Pela humildade reconhecemos as nossas limitações e virtudes, mas sobretudo vemos os outros como irmãos e Deus como Pai.
• A resposta de Jesus é clara: «Nenhum sinal lhe será dado» (cf. Mt 12,39), não por ter medo, mas para centrar e recordar que os “sinais” são relação de comunhão e amor entre Deus e a humanidade e não de interesses e poderes individuais. Jesus recorda que há muitos sinais dados por Deus, não é provocando ou chantageando Deus, que se consegue chegar a Ele.



Pe. Edivânio José.

 

 

domingo, 18 de julho de 2021

Homília da 16º Domingo do Tempo Comum - Ano B

 

I. Introdução

A liturgia do 16º Domingo do Tempo Comum dá-nos conta do amor e da solicitude de Deus pelas "ovelhas sem pastor". Esse amor e essa solicitude traduzem-se, naturalmente, na oferta de vida nova e plena que Deus faz a todos os homens.

Na primeira leitura, pela voz do profeta Jeremias, Jahwéh condena os pastores indignos que usam o "rebanho" para satisfazer os seus próprios projetos pessoais; e, paralelamente, Deus anuncia que vai, Ele próprio, tomar conta do seu "rebanho", assegurando-lhe a fecundidade e a vida em abundância, a paz, a tranquilidade e a salvação.

 

II. Comentários

LEITURA - Jr 23,1-6

A primeira fase da pregação de Jeremias abrange parte do reinado de Josias. A mensagem de Jeremias, neste período, traduz-se num constante apelo à conversão, à fidelidade a Jahwéh e à aliança.

Os líderes de Judá não procuraram servir o Povo, mas serviram-se do Povo para concretizar os seus objetivos pessoais. Ora, o "rebanho" não é propriedade dos "pastores", mas do Senhor. Deus chamou-os a uma missão concreta, encarregou-os de cuidar do seu "rebanho" e eles, depois de terem aceite o compromisso, falharam totalmente.

O texto recorda-nos que os irmãos que caminham conosco não estão ao serviço dos nossos interesses pessoais e que a nossa função é ajudar todos a encontrar a vida e a felicidade.

 

II LEITURA - Ef 2,13-18

O texto que nos é aqui proposto integra a parte dogmática da carta. Depois de refletir sobre o papel de Cristo no projeto de salvação que Deus tem para os homens (Ef 2,1-10), Paulo refere-se à reconciliação operada por Cristo, que com a sua doação uniu judeus e pagãos num mesmo Povo (Ef2,11-22).

A Lei de Moisés, com as suas prescrições e exigências (que, na prática, vedavam aos pagãos a possibilidade de integrar o Povo de Deus), fica anulada. Na nova economia da salvação, o que conta é a disponibilidade para acolher a vida que Deus oferece e ser Homem Novo.

 

EVANGELHO - Mc 6,30-34

O Evangelho deste domingo apresenta-nos o regresso dos enviados de Jesus. Marcos chama-lhes, agora, "apóstolos" (enviados): é a única vez que a palavra aparece no Evangelho segundo Marcos. O nosso texto começa com a narração do regresso dos discípulos que, entusiasmados, contam a Jesus a forma como se tinha desenrolado a missão que lhes fora confiada (v. 30). Na sequência, Jesus convida-os a irem com Ele para um lugar isolado e a descansarem um pouco (v. 31).

Entretanto, as multidões tinham seguido Jesus e os discípulos a pé - quer dizer, deslocando-se à volta do Lago de Tiberíades, com o barco sempre à vista. Esta busca incansável e impaciente espelha, com algum dramatismo, a ânsia de vida que as pessoas sentem. Jesus, cheio de compaixão, compara a multidão a um rebanho sem pastor.

A comoção de Jesus diante das "ovelhas sem pastor" é sinal da sua preocupação e do seu amor. Revela a sua sensibilidade e manifesta a sua solidariedade para com todos os sofredores. A comoção de Jesus convida-nos a sermos sensíveis às dores e necessidades dos nossos irmãos. Todo o homem é nosso irmão e tem direito a esperar de nós um gesto de bondade e de acolhimento.

 

III. Atualização

 

• Evangelho nos convida a descobrir a importância de descansar no Senhor. Os apóstolos voltavam da missão que Jesus lhes havia dado. Haviam expulsado demônios, curado doentes e pregado o Evangelho. Estavam cansados e Jesus lhes disse: vinde, a sós, para um lugar deserto, e descansai um pouco! (Mc 6, 31).
• Uma das tentações a que pode sucumbir qualquer cristão é a de querer fazer muitas coisas descuidando do trato com o Senhor. O Catecismo recorda que, na hora de fazer oração, um dos maiores perigos é pensar que há outras coisas mais urgentes e, dessa forma, se acaba descuidando do trato com Deus. Por isso Jesus, a seus Apóstolos, que trabalharam muito, que estavam esgotados e eufóricos porque tudo lhes correu bem, manda que descansem. E, acrescenta o Evangelho «foram, então, de barco, para um lugar deserto, a sós» (Mc 6,32). Para poder rezar bem são necessárias, ao menos duas coisas: a primeira é estar com Jesus, porque é a pessoa com que vamos falar. 
• Temos que ter certeza de que estamos com Ele. Por isso todo tempo de oração começa, geralmente, e é o mais difícil, com um ato de presença de Deus. Tomar consciência de que estamos com Ele. E a segunda é a necessidade de solidão. Se queremos falar com alguém, ter uma conversa íntima e profunda, escolhemos um lugar isolado.



Pe. Edivânio José.

 

 

sábado, 17 de julho de 2021

Homília da Sábado XV do Tempo Comum.

 I. Introdução

Hoje o evangelista atrai nossa atenção sob outro título que descreve o agir de Jesus. O “Servo de Deus”, Junto à esperança de salvação, no Antigo Testamento sobressai profeticamente a perspectiva do “Servo de Deus” que sofre por todos, dum Messias que salva a través do desprezo e do sofrimento.

 

II. Comentário

Hoje, encontramos uma dupla mensagem. Por um lado, Jesus convida-nos a segui-Lo: Muitos O seguiram e todos foram curados (Mt 12,15). Se O seguirmos, encontraremos solução para as dificuldades do caminho, como se nos lembrava há pouco tempo. Venham a mim os cansados e abatidos, e eu lhes darei o descanso (Mt 11,28). Por outro lado, mostra-nos o valor do amor ameno: Não disputará, nem gritará (Mt 12,19).

Hoje, vemos como Jesus “triunfa” «seguiram-no muitos» no meio de um ambiente de rejeição. A atitude do Senhor é admirável: apesar da dor e das contrariedades, «curou-os a todos». Paradoxo? Transformar o mal em bem: aí está a Redenção. O profeta Isaías, uns 700 anos antes, profetizou que «Não clamará, não se exaltará, nem fará ouvir a sua voz nas praças, não quebrará a cana rachada».

Na hora suprema - na Cruz - encontramos a mesma reação: enquanto uns O insultavam sem parar, Jesus pedia perdão para todos e “curou” aquele que Lhe pediu ajuda (sabes quem era?).

Jesus, em teu abaixamento, na tua humildade até a Cruz, eu descubro a glória (a grandeza) de Deus.

 

III. Atualização

 

• O servir de Jesus é sua verdadeira forma de reinar e, nos deixa pressentir algo de como Deus é Senhor: Na sua paixão e morte, a vida de Jesus Cristo mostra-se como um “existir para ou outros”. 

 

• Cristo lavou os pés aos Apóstolos: Neste gesto de humildade que sintetiza a totalidade de seu serviço o Senhor está ante nós como Aquele que se fez Servo por nós, que carrega com nosso peso, nos dando assim a verdadeira pureza e capacidade para acercar-nos a Deus.


 

Pe. Edivânio José.

 

sexta-feira, 16 de julho de 2021

Homília da Sexta-feira da 15ª semana do Tempo Comum


 

I. Introdução

Temos de aguentar outra vez a raiva de alguns fariseus. Jesus e os seus discípulos estavam a atravessar uma seara. Talvez já fosse meio-dia e tinham fome. Começaram a apanhar espigas para comerem. Normal, não é? Pois alguns começaram a criticá-los.

O problema não era comer o grão das espigas, mas é que era sábado… e ao sábado - segundo eles - não era lícito arrancar espigas. Se não rezarmos pomo-nos no lugar de Deus, inventamos leis e, em lugar de usarmos de misericórdia, começamos a perseguir os “inocentes que não pensam como eu”.

 

II. Comentário

 

Olha, os teus discípulos fazem o que não é permitido fazer em dia de sábado! (Mt 12,2). Disseram-Lhe isto convencido, isso é o que é incrível. Como proibir alguém de fazer o bem sempre? Alguma coisa deve-lhe lembrar que nada o desculpa de não ajudar aos demais. A caridade verdadeira respeita as exigências da justiça, evitando a arbitrariedade ou o capricho, mas impede o rigorismo, que mata o espírito da lei de Deus, que é um convite contínuo a amar, a dar-se aos demais.

Misericórdia eu quero, não sacrifícios (Mt 12,7). Repete-o muitas vezes, para gravá-lo em teu coração: Deus, rico em misericórdia, nos quer misericordiosos. Que próximo Deus está de quem confessa sua misericórdia! Sim, Deus não anda longe dos contritos de coração (Santo Agostinho). E quão longe estamos de Deus.

Senhor corrige a meticulosa casuística dos rabinos, que tornava insuportável a lei do descanso sabático. “Os teus discípulos fazem o que não é permitido fazer ao sábado”, disseram convencidos: isso é incrível!

Nenhum motivo dispensa de ajudar os outros. A verdadeira caridade respeita as exigências da justiça, evitando a arbitrariedade ou o capricho, mas impede o rigorismo, que mata o espírito da lei de Deus, que é um convite contínuo a amar, a dar-se aos outros. Deus, rico em misericórdia, quer-nos misericordiosos. E que longe está Deus quando o coração endurece como uma pedra! Jesus acusou os fariseus de condenar os inocentes. Grave acusação! Interessemo-nos de verdade pelas coisas dos outros e julguemos com carinho, com simpatia, como quem julga um amigo ou um irmão. quando permitimos que o nosso coração se endureça como uma pedra!

 

III. Atualização

 

• Jesus Cristo acusou os fariseus de condenar os inocentes. Grave acusação. E você? Você se interessa de verdade pelas coisas dos demais? Os julga com carinho, com simpatia, como quem julga a um amigo ou a um irmão? Procure não perder o norte da sua vida.

 

• Peça à Virgem que o faça misericordioso, que saiba perdoar. Seja benévolo. E se descobre na sua vida algum detalhe que destoe dessa disposição de fundo, agora é um bom momento para retificar, formulando algum propósito eficaz.

 

• Senhor se aproxima do campo cultivado da sua vida, para recolher frutos de sua santidade. Encontrará caridade, amor a Deus e aos demais? Jesus, que corrige a casuística meticulosa dos rabinos que tornava insuportável a lei do descanso sabático, por acaso terá que lhe lembrar que a ele só interessa o seu coração, a sua capacidade de amar?

 


 

 

Pe. Edivânio Jos


 

quinta-feira, 15 de julho de 2021

Homília da Quinta-feira da 15ª semana do Tempo Comum.

I. Introdução

 

Jesus chamou a si todos os desprezados pelo sistema religioso de sua época. A marginalização decorria da severidade dos líderes que lhes impunham uma quantidade de exigências impossíveis de serem obedecidas. Por isso, acabavam sendo menosprezados.

O legalismo judaico era pesado também para Jesus. Ele, porém, não se submetia a este esquema desumanizante. Para os escribas e fariseus, esta atitude do Mestre revelava-se como rebeldia. Entretanto, decorria de sua fidelidade ao Pai celeste, cujas exigências, mais ricas em profundidade, eram também mais suaves e leves que as leis da religião judaica.

 

II. Comentário

Evangelho (Mt 11,28-30)

 

Hoje, para nos guiar em direção ao descanso, Jesus fala-nos do “seu jugo” e da “sua carga”. Cristo está a descrever-nos duas exigências do amor. Primeira: quem se enamora deseja submeter-se (“subjugar-se”) à vontade da pessoa amada. Segunda: por este caminho, aquele que ama avança até a identificação com o amado, tomando a seu “cargo” o bem do amado. Este “jugo” é precisamente a Lei de Deus, uma lei que liberta.

O jugo proposto por Jesus era ele próprio. Os pequeninos são convidados a aderir a ele e fazer-se discípulos dele, trilhando um caminho idêntico ao seu. Não se trata de substituir a Lei mosaica por uma nova Lei, talvez mais inspirada. E sim mostrar aos atribulados que eles são chamados a viver como Jesus, pautando suas vidas pelos mesmos valores. Especialmente inspirador foi Jesus ter-se submetido, diretamente, ao Pai.

Jesus vem mostrar outro caminho. Ele pessoalmente se dispõe a conduzir os que ouvem sua voz e decidem segui-lo. Ele é manso e humilde, é nosso ombro amigo e conforto para os momentos de angústia, saída certa quando estamos desorientados. Seu coração permanece generosamente aberto para todos: “Venham a mim todos vocês que andam cansados”.

 

 

 

III. Atualização

 

• Um olhar panorâmico sobre o mundo nos mostrará imensa multidão de gente sofredora. Boa parte do sofrimento é causada por governos opressores, dirigentes intolerantes com as religiões, má distribuição de renda, miséria. A prática do aborto, o tráfico de pessoas, o uso desenfreado e irresponsável do sexo, a não aceitação de Deus na própria vida, tudo isso concorre para sufocar a humanidade e envolvê-la na tristeza e na infelicidade.

 

• Ele é a sua Lei! Movido por misericórdia, o Pai jamais assume uma atitude opressiva. Pelo contrário, alegra-se com o menor sinal de progresso na vida do discípulo, em processo de conversão. Este será capaz de reconhecer a leveza do jugo e a suavidade do peso impostos por Jesus.

 

• Nosso fim, para começo de novidades no amor de Deus, é estar sempre com Cristo. Nossa meta é ir indefectivelmente ao amor de Cristo, “jugo” de uma lei que não se baseia na limitada capacidade dos voluntarismos humanos, senão na eterna vontade salvadora de Deus.

 

• Em nossos tempos modernos, vemos tantas almas que “fogem” de Deus. Parece-lhes um “aborrecimento” (algo cansativo) obedecer a Deus. E, contudo, é o oposto: Deus convida-nos a descansar n’Ele. Na verdade, o que cansa é fazer de “Deus”, pretendendo ocupar o seu papel. Esta é a causa de tantas guerras e miséria. Pensamos que podemos construir um mundo sem Deus, mas o único que conseguimos é construir um mundo contra o homem.

 


 

Pe. Edivânio José.