quinta-feira, 15 de julho de 2021

Homília da Quinta-feira da 15ª semana do Tempo Comum.

I. Introdução

 

Jesus chamou a si todos os desprezados pelo sistema religioso de sua época. A marginalização decorria da severidade dos líderes que lhes impunham uma quantidade de exigências impossíveis de serem obedecidas. Por isso, acabavam sendo menosprezados.

O legalismo judaico era pesado também para Jesus. Ele, porém, não se submetia a este esquema desumanizante. Para os escribas e fariseus, esta atitude do Mestre revelava-se como rebeldia. Entretanto, decorria de sua fidelidade ao Pai celeste, cujas exigências, mais ricas em profundidade, eram também mais suaves e leves que as leis da religião judaica.

 

II. Comentário

Evangelho (Mt 11,28-30)

 

Hoje, para nos guiar em direção ao descanso, Jesus fala-nos do “seu jugo” e da “sua carga”. Cristo está a descrever-nos duas exigências do amor. Primeira: quem se enamora deseja submeter-se (“subjugar-se”) à vontade da pessoa amada. Segunda: por este caminho, aquele que ama avança até a identificação com o amado, tomando a seu “cargo” o bem do amado. Este “jugo” é precisamente a Lei de Deus, uma lei que liberta.

O jugo proposto por Jesus era ele próprio. Os pequeninos são convidados a aderir a ele e fazer-se discípulos dele, trilhando um caminho idêntico ao seu. Não se trata de substituir a Lei mosaica por uma nova Lei, talvez mais inspirada. E sim mostrar aos atribulados que eles são chamados a viver como Jesus, pautando suas vidas pelos mesmos valores. Especialmente inspirador foi Jesus ter-se submetido, diretamente, ao Pai.

Jesus vem mostrar outro caminho. Ele pessoalmente se dispõe a conduzir os que ouvem sua voz e decidem segui-lo. Ele é manso e humilde, é nosso ombro amigo e conforto para os momentos de angústia, saída certa quando estamos desorientados. Seu coração permanece generosamente aberto para todos: “Venham a mim todos vocês que andam cansados”.

 

 

 

III. Atualização

 

• Um olhar panorâmico sobre o mundo nos mostrará imensa multidão de gente sofredora. Boa parte do sofrimento é causada por governos opressores, dirigentes intolerantes com as religiões, má distribuição de renda, miséria. A prática do aborto, o tráfico de pessoas, o uso desenfreado e irresponsável do sexo, a não aceitação de Deus na própria vida, tudo isso concorre para sufocar a humanidade e envolvê-la na tristeza e na infelicidade.

 

• Ele é a sua Lei! Movido por misericórdia, o Pai jamais assume uma atitude opressiva. Pelo contrário, alegra-se com o menor sinal de progresso na vida do discípulo, em processo de conversão. Este será capaz de reconhecer a leveza do jugo e a suavidade do peso impostos por Jesus.

 

• Nosso fim, para começo de novidades no amor de Deus, é estar sempre com Cristo. Nossa meta é ir indefectivelmente ao amor de Cristo, “jugo” de uma lei que não se baseia na limitada capacidade dos voluntarismos humanos, senão na eterna vontade salvadora de Deus.

 

• Em nossos tempos modernos, vemos tantas almas que “fogem” de Deus. Parece-lhes um “aborrecimento” (algo cansativo) obedecer a Deus. E, contudo, é o oposto: Deus convida-nos a descansar n’Ele. Na verdade, o que cansa é fazer de “Deus”, pretendendo ocupar o seu papel. Esta é a causa de tantas guerras e miséria. Pensamos que podemos construir um mundo sem Deus, mas o único que conseguimos é construir um mundo contra o homem.

 


 

Pe. Edivânio José.

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