segunda-feira, 31 de janeiro de 2022

HOMILIA da SEGUNDA-FEIRA do tempo comum

SÃO JOÃO BOSCOPRESBÍTERO

(branco, pref. Comum, ou dos pastores, – ofício da memória) I. Introdução

Deixai vir a mim os pequeninos e não os impeçais, diz o Senhor. O Reino do céu pertence aos que se parecem com eles (Mc 10,14).

João Bosco nasceu em 1815 na Itália e lá faleceu em 1888. Sua inteligência brilhante e o gosto pelos estudos o favoreceram com sólida cultura. Ordenado padre, cercou-se de numerosos jovens humildes e desempregados, os quais motivaram a fundação da “Família Salesiana”: padres, religiosos, religiosas – as Filhas de Maria Auxiliadora – e cooperadores leigos. Enfrentou pesados obstáculos, mas superou-os com o auxílio do Espírito Santo. Aprendamos deste santo educador a manter, em nossa vida diária, a alegria que nasce da oração.

II. Comentário

Hoje encontramos um fragmento do Evangelho que pode provocar o sorriso a mais de um. Imaginar-se uns dos mil porcos precipitando-se pelo monte abaixo, não deixa de ser uma imagem um pouco cômica. Mas a verdade é que a eles não lhes fez nenhuma graça, se enfadaram muito e lhe pediram a Jesus que se fora de seu território.

A atitude deles, mesmo que humanamente poderia parecer lógica, não deixa de ser francamente recriminável: prefeririam ter salvado seus porcos antes que a cura do endemoninhado. Isto é, antes os bens materiais, que nos proporcionam dinheiro e bem estar, que a vida em dignidade de um homem que não é dos “nossos”. Porque o que estava possuído por um espírito maligno só era uma pessoa que «Sempre, dia e noite, andava pelos sepulcros e nos montes, gritando e ferindo-se com pedras» (Mc 5,5).

Nos temos muitas vezes este perigo de apegar-nos ao que é nosso, e desesperar-nos quando perdemos aquilo que só é material. Assim, por exemplo, o camponês se desespera quando perde uma colheita mesmo tendo-a assegurada, ou o jogador de bolsa faz o mesmo quando suas ações perdem parte de seu valor. Em compensação, muitos poucos se desesperam vendo a fome ou a precariedade de tantos seres humanos, alguns dos quais vivem ao nosso lado.

III.

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Atualização

Jesus sempre pôs em primeiro lugar as pessoas, mesmo antes que as leis e os poderosos de seu tempo.

Muitas vezes, pensamos só em nós mesmos e naquilo que acreditamos que nos traz felicidade, mesmo o egoísmo nunca traz felicidade.

Como diria o bispo brasileiro Helder Câmara: «O egoísmo é a fonte mais infalível de infelicidade para si mesmo e para os que o rodeiam»



domingo, 30 de janeiro de 2022

Homília do 4° Domingo do Tempo Comum

I. Introdução

Neste domingo, a reflexão recai sobre a vocação de profeta com seus percalços. Quem está em sintonia com Deus e lembra ao povo e às autoridades a fidelidade a Deus, dificilmente encontra compreensão e aplausos. Sofre perseguições, mas em Deus encontra forças para continuar a missão. Foi assim com Jeremias e com Jesus.

II. Comentários 1° Leitura

O profeta Jeremias recebe sua vocação, revelada em Jr 1,4-5.17-19, por volta do ano 620 a.C., um pouco antes do Exílio da Babilônia.

A situação não está fácil. As infidelidades por parte das autoridades e do povo são muitas. Ele, assim como Moisés (Ex 3,1ss), Isaías (6,1ss), João Batista (Lc 1,15) e Paulo (Gl 1,15), é chamado por Deus e encorajado para a árdua missão de ser profeta.

2° Leitura

Em 1Cor 12,31–13,12, Paulo lembra que o mais importante de todos os carismas é o amor. Tudo passa, só o amor permanece.

O amor dá sentido aos demais carismas. O amor até supera a fé e a esperança. No céu não haverá mais esperança nem fé, pois lá se vê Deus face a face; não se precisa mais de fé nem de esperança. Mas o amor ainda estará em pleno vigor.

Evangelho

Lucas relata em seu evangelho (Lc 4,21-30) a reação à leitura de Is 61,1-3 que Jesus fez na sinagoga de Nazaré (Lc 4,14-20). Em Jesus, Deus oferece a graça plena (ano da graça), mas isso provoca reações nos conterrâneos, embora muitos ficassem admirados. Como pode um simples conterrâneo, filho de José, ser tão importante? Até querem ver show (como ocorreu em Cafarnaum, cf. Mc 1,2ss), mas ficam irados com suas palavras.

Jesus, como outrora Elias (1Rs 17,8ss) e Eliseu (2Rs 5,1ss), não fará milagres em sua pátria, mas somente fora dali. Os seus se fecham justamente por ele ser um simples filho da terra: profeta da própria pátria.

O texto reflete a situação dos cristãos de primeira hora. Muitos aderem a Jesus, mas, quando sentem as novidades do seguimento, o abandonam e voltam à vida anterior (Jo 6,60ss).

III. Atualização

• A Igreja, hoje, encontra incompreensões e dificuldades. Contudo, ela jamais, em sua

missão, deve se preocupar em agradar a quem quer que seja.

• Profecia não é sinônimo de estrelismo midiático. Sua preocupação deve sempre ser a

fidelidade ao evangelho, sem nada temer.

• Em meio a críticas e perseguições, ela poderá ter uma certeza: como Deus protegeu

Jeremias, como protegeu Jesus que escapou das mãos dos que queriam precipitá-lo, assim também, hoje, a Igreja receberá a proteção de Deus.


• Práticas religiosas que fogem ao conflito não são fiéis ao Reino.




sábado, 29 de janeiro de 2022

Homília do Sábado da 3° semana comum

 Introdução

Eis uma imagem eficaz da Igreja: um barco que deve enfrentar as tempestades e às vezes parece que está prestes a sucumbir. Aquilo que a salva não são as qualidades nem a coragem dos seus homens, mas a fé, que permite caminhar até no meio da escuridão, entre as dificuldades.

II. Comentário

A fé confere-nos a segurança da presença de Jesus sempre ao nosso lado, da sua mão que nos segura para nos proteger do perigo.

Todos nós estamos neste barco, e aqui sentimo-nos seguros, não obstante os nossos limites e as nossas debilidades. Estamos seguros sobretudo quando sabemos ajoelhar-nos e adorar Jesus, o único Senhor da nossa vida.

Passar para a outra margem indica nova etapa na missão de Jesus e dos discípulos: a missão com os gentios, na época conhecidos como pagãos. É o grande desafio das comunidades cristãs dos inícios: passar de uma mentalidade nacionalista para uma mentalidade universalista.

São desafios que vão surgindo na história da Igreja. Nesses últimos anos, o papa Francisco, com base no Concílio Vaticano II, convida a Igreja a sair de seu comodismo para ir às periferias existenciais e sociais. Sair de uma Igreja “poderosa” para uma Igreja pobre, para os pobres e acolhedora.

Proposta que não agrada a muitos e que é rejeitada por outros. Jesus censura seus discípulos por causa do medo em assumir a nova proposta do Mestre. A Igreja precisa estar sempre atenta e aberta aos sinais dos tempos, e não se acomodar no status quo.

III. Atualização

• A vida do discípulo de Jesus é tecida de tribulações e dificuldades. Quem quiser viver a fidelidade radical ao Reino, ver-se-á às voltas com perseguições. Na comunidade cristã, desde o início, esta situação era comum. Nos momentos de prova, a primeira tentação foi a de desesperar-se.

• O sentimento de abandono transformou-se em sentimento de impotência. E os discípulos acabaram entregando os pontos.

• Este desespero denuncia a carência de uma fé sólida no Senhor. Esta comporta a certeza da presença do Mestre, junto a seus discípulos, mormente na provação. Quando se pensa que ele está ausente, então é que está mais próximo de nós. É preciso não duvidar desta sua presença.




sexta-feira, 28 de janeiro de 2022

Homilia da sexta-feira da 3° Semana Comum

SANTO TOMÁS DE AQUINO PRESBÍTERO E DOUTOR DA IGREJA

(branco, pref. Comum, ou dos pastores, – ofício da memória)

I. Introdução

Os sábios refulgirão como o esplendor do firmamento; e os que ensinaram a muitos a justiça brilharão como estrelas para sempre (Dn 12,3).

Tomás nasceu em 1225 na Itália e lá faleceu em 1274. De família nobre, entrou na Ordem dos Dominicanos. Foi professor de teologia nas melhores universidades da época. Escreveu a Suma teológica, um compêndio com as mais belas expressões do seu ensinamento. Homem silencioso, humilde e de profunda vida espiritual, fez da ciência e do estudo o caminho de sua santificação. Recomendemos ao Senhor todos os estudantes e professores.

II. Comentário

Nos seus ensinamentos, Jesus gostava de comparar o “Reino (e a Palavra) de Deus” com uma semente. É o caso também no texto de hoje.

A semente não é apenas o que aparenta ser, é algo que traz, em si, vida. Isso se percebe quando a semente é posta na terra, ela germina e se desenvolve. Para isso, porém, necessita de tempo e condições.

A primeira parábola evidencia a fecundidade da semente e da terra, a planta cresce independentemente da vontade das pessoas. Assim é o Reino de Deus, em si mesmo contém vida, dinamismo, esperança. A segunda parábola acentua o contraste entre a semente (pequena) e a planta (grande).

A mostarda era uma espécie de praga, brotava em lugares não desejáveis, assim como o Reino de Deus floresce de maneira incômoda aos sistemas que se opõem a ele. O reino de Deus é visto como árvore que fornece sombra (acolhida e proteção) a todos os povos.

III. Atualização

Hoje, a mensagem de Jesus sobre o “Reino” ensina-nos a escassa importância que esta tem em relação ao poder temporal, a pesar de exercer uma “soberania” real e profunda nas almas. É como um grão de mostarda, a mais pequena de todas as sementes; é como a levadura, uma parte muito pequena em comparação com toda a massa mas determinante no resultado final.

É como a semente que se lança à terra e ali passa por diferentes sortes: é bicada pelos pássaros, afogada pelas silvas ou amadurece e dá muito fruto. Noutra parábola, a semente do reino cresce, mas um inimigo semeou, no meio dela, cizânia que cresceu junto com trigo e só no fim é apartada.

Está misteriosa “soberania de Deus” aparece também quando Jesus a compara a um tesouro enterrado no campo: quem o encontra vende tudo o que tem para poder comprar o campo e assim poder ficar com o tesouro.



quinta-feira, 27 de janeiro de 2022

Homília da QUINTA-FEIRA da 3° semana comum

 I. Introdução

Hoje, Jesus nos explica o segredo do Reino do Céu. Inclusive utiliza uma certa ironia para mostrar-nos que a “energia” interna que tem a Palavra de Deus —a própria Dele—, a força expansiva que se deve estender por todo o mundo, é como uma luz, e que esta luz não pode ficar embaixo do alqueire «Dizia-lhes ainda: Traz-se porventura a candeia para ser colocada debaixo do alqueire ou debaixo da cama? Não é para ser posta no candeeiro?» (Mc 4,21).

II. Comentário

Por acaso podemos imaginar a estupidez humana que seria colocar a vela acesa embaixo da cama? Cristãos com a luz apagada ou com a luz acesa com a proibição de iluminar! Isto sucede quando não pomos ao serviço da fé a plenitude de nossos conhecimentos e de nosso amor.

Quão antinatural resulta o egoísmo sobre nós mesmos, reduzindo nossa vida ao limite de nossos interesses pessoais! Viver sob a cama! Ridícula e tragicamente imóveis: “ausentes” do espírito.

O Evangelho —pelo contrário— é um santo arrebato de Amor apaixonado que quer comunicar-se, que necessita “dizer”, que leva em si uma exigência de crescimento pessoal, de maturidade interior, e de serviço aos outros. «Se dizes: Basta! “Estás morto», diz Santo Agostinho. E São Josémaria: «Senhor: que tenha peso e medida em tudo..., menos no Amor».

III.

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Atualização

«‘Se alguém tem ouvidos para ouvir, que ouça.’ Lhes dizia também: ‘Ele prosseguiu: Atendei ao que ouvis: com a medida com que medirdes, vos medirão a vós, e ainda se vos acrescentará.’» (Mc 4,23-24). Mas, que queres dizer com escutar?; Que devemos escutar? É a grande pergunta que devemos fazer.

É o ato de sinceridade para com Deus que nos exige saber realmente que queremos fazer. E para saber o que devemos escutar: é necessário estar atento às insinuações de Deus.

Devemos nos introduzir no diálogo com Ele. E a conversa põe fim às “matemáticas da medida”: «Ele prosseguiu: Atendei ao que ouvis: com a medida com que medirdes, vos medirão a vós, e ainda se vos acrescentará. Pois, ao que tem, se lhe dará; e ao que não tem, se lhe tirará até o que tem» (Mc 4,24-25).

• Os interesses acumulados de Deus nosso Senhor são imprevisíveis e extraordinários. Esta é uma maneira de excitar nossa generosidade.



quarta-feira, 26 de janeiro de 2022

Homília da Quarta-feira da 3° Semana do Tempo Comum

 I. Introdução

Hoje, escutamos a parábola do semeador. Deus põe a semente do amor no coração de cada homem; Deus ama todos, sem excepção. Mas a nossa resposta ao seu amor é diferente: uns nem escutam; outros entusiasmam-se no princípio, mas “saltam fora” à primeira dificuldade; outros afogam-se com as coisas...

II. Comentário

Hoje Jesus dirige-se à multidão com a célebre parábola do semeador. Trata-se de uma página “autobiográfica”, porque reflete a própria experiência de Jesus, da sua pregação: Ele identifica-se com o semeador, que difunde a boa semente da Palavra de Deus, e dá-se conta dos vários efeitos que ela alcança, segundo o tipo de acolhimento reservado ao anúncio.

Para falar da salvação, evoca-se aqui a experiência que cada ano se renova no mundo agrícola: uma sementeira que é acompanhada pelas lágrimas, porque se lança o que ainda poderia tornar-se pão, expondo-se a uma expectativa cheia de incertezas: o camponês trabalha, prepara o terreno, lança a semente, mas não sabe onde esta semente cai, se os pássaros a comerão, se brotará, se lançará raízes, se chegará a tornar-se espiga.

Semear é um gesto de confiança e esperança: ano após ano, o camponês repete o seu gesto e lança a sua semente. Jesus conhecia bem esta experiência, e falava dela com os seus.

III. Atualização

• Em todo caso, a uns e outros, Deus nos pede frutos de santidade. O Espírito Santo nos

ajuda a isso, mas não prescinde de nossa colaboração. Em primeiro lugar, é necessária a diligência. Se nós respondemos a meias, quer dizer, se nós mantemos na “fronteira” do caminho sem entrar plenamente nele, seremos vítima fácil de Satanás.

• Segundo, a constância na oração — o diálogo—, para aprofundar no conhecimento e amor a Jesus Cristo: «Santo sem oração...? — “Não acredito nessa santidade» (São Josémaria).

• Finalmente, o espírito de pobreza e desprendimento evitará que nos “afoguemos” pelo caminho. As coisas esclarecidas: «Ninguém pode servir a dois senhores... » (Mt 6,24).




terça-feira, 25 de janeiro de 2022

Homília da TERÇA-FEIRA da 3° Comum

 CONVERSÃO DE SÃO PAULO (branco, glória, prefácio dos apóstolos I, – ofício da festa)

I. Introdução

Sei em quem acreditei; e estou certo de que o justo juiz conservará a minha fé até o dia de sua vinda (2Tm 1,12; 4,8).

Paulo nasceu em Tarso, na Turquia, por volta do ano 10. De perseguidor dos cristãos, tornou-se incansável comunicador do Evangelho. Percorreu o mundo, conquistando povos para Cristo. Escreveu algumas cartas com vistas a revigorar a fé das comunidades por ele fundadas. Sua intensa vida apostólica foi coroada com o martírio, em Roma, em torno do ano 67. A seu exemplo, sejamos audazes anunciadores da Boa-nova de Cristo com todos os meios de comunicação.

II. Comentário

Saulo foi conduzido a Ananias: o lobo devastador é conduzido às ovelhas. Mas o Pastor, que tudo conduz do alto do céu, garante-lhe: “Não temas.” Que maravilha! O lobo cativo é conduzido às ovelhas. O Cordeiro, que morre pelas ovelhas, lhe ensina a não temer (Santo Agostinho).

«A conversão de São Paulo aconteceu no encontro com Cristo ressuscitado; foi este encontro que mudou radicalmente a sua existência. É nisso que consiste a conversão deles e a nossa: crer em Jesus, morto e ressuscitado ”(Bento XVI).

«Nosso Senhor ligou o perdão dos pecados à fé e ao Batismo: ‘Ide por todo o mundo e proclamai a Boa Nova a toda a criação. Quem crer e for batizado será salvo ”(Mc 16,15- 16). O Batismo é o primeiro e principal sacramento da remissão dos pecados porque nos une a Cristo, que morreu pelos nossos pecados e ressuscitou para a nossa justificação, para que «também nós possamos viver uma nova vida» (Rm 6,4) »(Catecismo do a Igreja Católica, no 977

III.

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Atualização

Antes de sua ascensão ao céu, Jesus envia seus discípulos com uma ordem bem precisa: proclamar o Evangelho. Os destinatários são todos os povos do mundo todo.

Jesus confere aos discípulos o poder de curar doentes e expulsar demônios, isto é, libertar as pessoas de tudo o que as oprime e devolver-lhes a dignidade de filhos e filhas de Deus. Muitos sinais prodigiosos haveriam de acompanhar e confirmar a obra dos seguidores de Jesus.

A Igreja primitiva testemunhou a verdade dessa promessa: “O Senhor confirmava o que eles diziam sobre a graça de Deus, permitindo que através deles se realizassem sinais e prodígios” (At 14,3). Faz parte dessa corrente de pregadores o apóstolo Paulo, através do qual Deus realizava milagres extraordinários (cf. At 19,11).