terça-feira, 9 de agosto de 2022

Homília da TERÇA-FEIRA do 19° COMUM

I. Introdução

II. Comentário

 Hoje, o Evangelho volta a nos revelar o coração de Deus que nos faz entender com que sentimentos atua o Pai do céu em relação a seus filhos.

A solicitude mais fervorosa é para com os pequenos, aqueles com os quais não se presta atenção, aqueles que não chegam aonde todo mundo

  chega.

  Sabíamos que o Pai, como bom Pai que é, tem predileção pelos filhos pequenos, mas hoje, nos damos conta de outro desejo do Pai, que se converte em obrigação para nós: «Se não vos converterdes e não vos tornardes como crianças, não entrareis no Reino dos Céus» (Mt 18,3).

Portanto, entendemos que o Pai não valoriza tanto o “ser pequeno”, mas o “fazer-se pequeno”. «Quem se faz pequeno (...), esse é o maior no Reino dos Céus» (Mt 18,4). Por isso, devemos entender nossa responsabilidade nesta ação de nos diminuirmos.

Não se trata tanto de ter sido criado pequeno ou simples, limitado ou com mais ou menos capacidade, mas de saber prescindir da possível grandeza

 de cada um, para nos mantermos no nível dos mais humildes e simples.

A verdadeira importância de cada um está em nos assemelharmos a um destes pequenos que Jesus mesmo nos apresenta com cara e olhos.

Para terminar, o Evangelho ainda nos amplia a lição de hoje. Há, e muito perto de nós!, uns “pequenos” que estão mais abandonados do que os outros: aqueles que são como ovelhas que se desgarraram; e o Pai as busca e, quando as encontra, se alegra porque as faz voltar para casa e já não se perdem.

Talvez, se contemplássemos a quem nos rodeia como ovelhas procuradas pelo Pai e devolvidas, mais do que desgarradas, seriam capazes de ver, mais frequentemente, e mais de perto, o rosto de Deus. Como diz Santo

 Asterio de Amasea: «A parábola da ovelha perdida e do pastor nos ensina que não devemos desconfiar precipitadamente dos homens, nem desistir de ajudar aos que se encontram em risco».

 III. Atualização

 • «Sou uma alma muito pequenina que apenas pode oferecer a Deus pequenas coisas» (Santa Teresinha de Lisieux)


 • «Em que consiste exatamente, ser-se criança? No sentido de Jesus Cristo, significa aprender a dizer “Pai”. Só se conservar a existência filial vivida por Jesus, o homem poderá entrar com o Filho na divindade» (Bento XVI)

• «Jesus lembrou-o ao terminar a parábola da ovelha perdida: «Assim, não é da vontade do meu Pai, que está nos céus, que se perca um só destes pequeninos» (Mt 18, 14) (...)» (Catecismo da Igreja Católica, no 605)




segunda-feira, 8 de agosto de 2022

Homilia da Segunda-feira da 19• do tempo comum.

 Meu irmão e minha irmã, o Evangelho de hoje apresenta um questionamento que foi levantado a respeito de Jesus: se Ele paga ou não paga o imposto. E Jesus apresentou então este questionamento a Pedro, porque Ele ouviu a conversa, não é?

“Os reis da terra cobram impostos e taxas de quem: dos filhos ou dos estranhos?”, e Pedro respondeu: “Olha, deve ser dos estranhos, não é? Porque não fica bem cobrar dos filhos”. Pois é, Jesus não era um estranho, Ele era um filho da Terra, e, mesmo assim, Ele quis se submeteu a pagar o imposto. Com isso, meus irmãos, Nosso Senhor está dizendo, sim, que nós entramos nas regras da nossa sociedade, que é também um dever nosso como cidadãos pagar os impostos. Nem o Filho do Homem passou pelo abono por ser Filho de Deus, e por ser Filho daquela terra, Ele precisou também pagar.

Meus irmãos, hoje, é claro: a nossa sociedade, muitas vezes, se revolta, e com razão, diante de tanta incredulidade que há, por conta dos impostos que não são revertidos de maneira correta e tudo mais.

Jesus não quis se esquivar de pagar o imposto – Ele poderia ter feito isso –, mas Ele quis também participar, também crendo que aquele dinheiro, aquilo que foi arrecadado, seria revertido para o que é correto, para o que é certo.

Que o mundo, ao ver o nosso testemunho, também possa realizar aquilo que é correto

Hoje, peçamos a Deus que também os nossos governantes possam investir e realizar os trabalhos que precisam realizar de maneira coerente, de maneira honesta. A nossa parte, enquanto cristãos, enquanto religiosos, façamos como Jesus. Vamos, sim, devolver. Vamos, sim, pagar as taxas, os impostos, não é?

É claro que é possível recorrer a certas taxas abusivas e tudo mais, mas façamos isso com o intuito de fazer a sociedade melhorar, de dar a nossa contribuição, de dar o nosso testemunho para este mundo. E que o mundo, ao ver o nosso testemunho, também possa realizar aquilo que é correto.

Que a nossa vida honesta seja um testemunho para que haja também honestidade na vida do outro. Se, por acaso, você está vivendo a corrupção ou está na corrupção, vamos dar um bom testemunho para aqueles que acreditam, para aqueles que não acreditam. Que eles se sintam contagiados também a viver o bem, a fazer o bem e, com a graça d’Ele, chegar ao Céu pelo meu, pelo seu testemunho.

Abençoe-vos o Deus Todo-poderoso. Pai, Filho e Espírito Santo. Amém!





sábado, 6 de agosto de 2022

Homília da transfiguração do Senhor.

I. Introdução

II. Comentário

   que mais nos interessa é contemplar a reação espontânea dos “interlocutores

 terrestres” dessa cena.

 Uma vez mais, é Simão Pedro que toma a palavra: «Mestre, é bom ficarmos

 aqui» (Lc 9,33). É maravilhoso comprovar que, só por ver o Corpo de Cristo em estado

 glorioso, Pedro se sente plenamente feliz: não sente falta de mais nada.

  «Vamos fazer três tendas, uma para ti, outra para Moisés e outra para Elias».

 A reação de Pedro mostra o dinamismo mais autêntico do amor: já não pensa na sua

 comodidade; ele quer manter aquela situação de profunda felicidade, procurando o

 bem dos outros (neste caso, interpretado de uma maneira muito humana: umas

 tendas!). É a manifestação mais clara do verdadeiro amor: sou feliz porque te faço

 feliz; sou feliz entregando-me à tua felicidade.

 Além disso, é muito revelador o facto de Simão reconhecer intuitivamente

 Moisés e Elias. Pedro, logicamente, tinha conhecimento da sua existência, mas nunca

 os tinha visto (tinham vivido séculos antes!) E, apesar disso, reconhece-os

 imediatamente (como se os tivesse conhecido desde sempre).

 Eis aí uma amostra do elevado grau de conhecimento do homem no Céu: ao

 contemplar Deus “face a face”, experimentará um incremento inimaginável do seu

 saber (uma participação muito mais profunda na Verdade). Finalmente, «a

 “divinização” no outro mundo trará ao espírito humano uma tal “gama de

 experiências” da verdade e do amor, que o homem nunca teria podido alcançar na

 vida terrena» (S. João Paulo II).

 III.

• •

Hoje, meditando na Transfiguração, intuímos a situação do homem no Céu. O

Atualização

  Finalmente, Simão, só por ver Moisés e Elias, não somente os conhece de

repente, como também os ama imediatamente (pensa em fazer uma tenda

 para cada um deles).

  São Pedro, Papa (o primeiro da Igreja), mas pescador, expressa este amor de

uma maneira simples; Sta. Teresa, freira, mas Doutora (da Igreja) expressou a

 lógica do amor de maneira profunda: «O contentamento de contentar o outro

 excede o meu contentamento.



quinta-feira, 4 de agosto de 2022

HOMÍLIA DA QUINTA-FEIRA DO 18° COMUM

I. INTRODUÇÃO

II. COMENTÁRIO

 Hoje Jesus proclama afortunado a Pedro pela sua acertada declaração de fé: «Simão Pedro respondeu: ‘Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo’. L

Jesus então declarou: ‘Feliz és tu, Simão, filho de Jonas, porque não foi carne e sangue quem te revelou isso, mas o meu Pai que está no céu’» (Mt

  16,16-17).

  Nesta saudação Jesus promete a Pedro o primado da sua Igreja; mas pouco depois faz-lhe uma reconvenção por lhe ter manifestado uma ideia demasiado humana e errada do Messias: «Então Pedro o chamou de lado e começou a censurá-lo: «Deus não permita tal coisa, Senhor! Que isto nunca te aconteça!». Jesus, porém, voltou-se para Pedro e disse: «Vai para trás de mim, satanás! Tu estás sendo para mim uma pedra de tropeço, pois não tens em mente as coisas de Deus, e sim, as dos homens!» (Mt 16,22-23).

Devemos agradecer aos evangelistas o fato de nos terem apresentado os primeiros discípulos de Jesus tal como eram: não como personagens idealizados, mas como gente de carne e osso, como nós, com as suas virtudes e os seus defeitos; esta circunstância aproxima-os de nós e ajuda-nos a ver que o aperfeiçoamento na vida cristã é um caminho que todos devemos fazer,

 pois ninguém nasce ensinado.

Dado que já sabemos como foi a história, aceitamos que Jesus Cristo tenha sido o Messias sofredor, profetizado por Isaías e tenha entregue a sua vida na cruz. O que mais nos custa aceitar é que tenhamos de manter presente a sua obra a través do mesmo caminho de entrega, renuncia e sacrifício.

Imbuídos como estamos numa sociedade que pugna pelo êxito rápido, por aprender sem esforço e de modo divertido, e por conseguir o máximo aproveitamento com o mínimo de trabalho, é fácil acabarmos vendo as coisas mais como os homens do que como Deus. Uma vez recebido o Espírito Santo, Pedro aprendeu por onde passava o caminho que devia seguir e viveu na

 esperança. «As tribulações do mundo estão cheias de penas e vazias de prémio; mas as que se padecem por Deus ficam suavizadas com a esperança de um prémio eterno» (Santo Efrén).

 III. ATUALIZAÇÃO

 • «Ninguém pode ter a Deus como Pai, se não tiver a Igreja como sua Mãe» (São Cipriano)


 • «Fé e seguir a Cristo estão intimamente relacionados. E uma vez que implica seguir o Mestre, a fé deve ser consolidada e crescer. Pedro e os outros apóstolos tiveram de percorrer esse caminho, até que o encontro com o Senhor Ressuscitado lhes abriu os olhos para uma fé plena» (Bento XVI)

• «Movidos pela graça do Espírito Santo e atraídos pelo Pai, nós cremos e confessamos a respeito de Jesus: `Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo ́ (Mt 16, 16). Foi sobre o rochedo desta fé, confessada por Pedro, que Cristo edificou a sua Igreja» (Catecismo da Igreja Católica, no 424



quarta-feira, 3 de agosto de 2022

Homília da QUARTA-FEIRA da 18° COMUM

I. Introdução

Na primitiva comunidade cristã, havia uma classe de cristãos, provenientes do judaísmo, cuja tendência era não se abrir para os pagãos. Acreditavam ser os destinatários

II. Comentário

Foi preciso combater esta rigidez, apelando para a sensibilidade do Mestre em relação à fé dos pagãos. O episódio

     exclusivos da Boa Nova cristã.

Por conseguinte, os pagãos estariam excluídos do Reino anunciado por Jesus.

    da mulher cananeia prestou-se bem para esta finalidade.

A mulher pagã foi persistente no seu objetivo: a cura da filha atormentada por um demônio. Por isto, não se intimidou diante dos discípulos, nem de Jesus, até ver realizado o seu desejo.

Nem a má-vontade daqueles, nem a dureza das palavras do

 Mestre foram suficientemente fortes para fazê-la esmorecer. Os discípulos queriam ver-se livres daquela mulher

 importuna. Sua gritaria deixava-os irritados, a ponto de pedirem


 a Jesus que a mandasse embora. Não convinha que o pedido de uma mulher pagã fosse atendido por ele.

 III. Atualização

• Jesus, por sua vez, também deu mostras de relutar em atendê-la, até o ponto de usar o termo - cães -, com que os

 judeus costumavam chamar os pagãos.

• Mas, afinal, dobrou-se diante de uma fé evidente, tendo realizado o desejo da mulher pagã.

• Como Jesus, a comunidade cristã deveria deixar de ser inflexível em relação aos pagãos convertidos à fé, abrindo para eles as portas da comunidade.




terça-feira, 2 de agosto de 2022

HOMÍLIA DA TERÇA-FEIRA da 18ª SEMANA DO TEMPO COMUM

I. Introdução 

Meu Deus, vinde libertar-me, apressai-vos, Senhor, em socorrer-me. Vós sois o meu socorro e o meu libertador; Senhor, não tardeis mais (Sl 69,2.6).

Enquanto os seres humanos odeiam e destroem, Deus constrói e renova, agindo por amor. Para colaborar com a obra divina, temos de amar como Jesus Cristo, confiantes em seu auxílio sempre presente em nossa vida.

II. Comentário

São muitas as tormentas, que agitam o mar da vida dos seguidores de Jesus, lhes trazendo medo e pavor.

Porém, diante de todas elas, o Mestre se faz presença constante, aplacando todas as tempestades que querem levar seus discípulos ao desânimo e inconstância. 

Depois de se fazer profunda experiência de fé com o Mestre, é preciso passar para outra margem, ir ao encontro de quem mais precisa e mostrar que a força de Jesus é bem maior que as ventanias das injustiças e calamidades. 

A comunidade unida é sinal visível da vivência autêntica do Evangelho.

III. Atualização
• Este episódio é uma imagem maravilhosa da realidade da Igreja de todos os tempos: uma barca que, ao longo da travessia, deve enfrentar até ventos contrários e tempestades, que ameaçam virá-la. 
• O que a salva não são a coragem nem as qualidades dos seus homens: a garantia contra o naufrágio é a fé em Cristo e na sua palavra. 
• Esta é a garantia: a fé em Jesus e na sua palavra


segunda-feira, 1 de agosto de 2022

HOMÍLIA DA Segunda-feira da 18°comum

I. Introdução

II. Comentário

  Hoje, o Evangelho toca nossos "esquemas mentais"... Por isso, hoje, como nos

 tempos de Jesus, podem surgir as vozes dos prudentes para sopesar se vale a pena

 determinado assunto.

 Os discípulos, ao ver que se fazia tarde e, como não sabiam como atender

 àquelas pessoas reunidas em torno de Jesus, encontraram uma saída honrosa: «Que

 possam ir aos povoados comprar comida!» (Mt 14,15).

  Não podiam esperar que seu Mestre e Senhor contrariasse esse raciocínio,

 aparentemente tão prudente, dizendo-lhes: «Vós mesmos dai-lhes de comer!» (Mt

 14,16).

 Um ditado popular diz: «Aquele que deixa Deus fora de suas contas, não sabe

 contar». E é verdade, os discípulos —e nós também— não sabemos contar, porque nos

 esquecemos frequentemente, de acrescentar o elemento de maior importância na

 soma: Deus mesmo entre nós.

 Os discípulos fizeram bem as contas; contaram com exatidão o número de

 pães e peixes, mas ao dividi-los mentalmente entre tanta gente, eles obtinham

 sempre um zero periódico; por isso optaram pelo realismo prudente: «Só temos aqui

 cinco pães e dois peixes» (Mt 14,17). Não percebem que eles têm a Jesus —verdadeiro

 Deus e verdadeiro homem— entre eles!

 Parafraseando a São Josemaria, não nos seria mal recordar aqui que: «os

 empreendimentos de apostolado, está certo —é um dever— que consideres os teus

 meios terrenos (2 + 2 = 4). Mas não esqueças nunca! Que tens de contar, felizmente,

 com outra parcela: Deus + 2 + 2...». O otimismo cristão não é baseado na ausência de

 dificuldades, de resistências e de erros pessoais, mas em Deus que nos diz: «Eis que

 estou convosco todos os dias, até o fim dos tempos» (Mt 28,20).

 III.

• •

Atualização

  Seria bom se você e eu, quando confrontados com as dificuldades, antes de

darmos uma sentença de morte à ousadia e ao otimismo do espírito cristão,

 contássemos com Deus.

  Tomara que possamos dizer como São Francisco, naquela oração genial:

«Onde houver ódio que eu leve o amor», isto é, onde as contas não baterem,

 que contemos com Deus.