terça-feira, 12 de abril de 2022

HOMÍLIA da Terça-feira da semana Santa

I. Introdução

A vida de Jesus foi pontilhada de experiências humanas

   dramáticas.

 A infidelidade de seus amigos mais íntimos foi, sem dúvida, uma das que mais o fizeram sofrer.

Afinal, o chamado, a missão que lhe confiara e os ensinamentos partilhados eram sinais da sua benevolência e amizade.

 II. Comentário

A denúncia da futura traição de Judas e da negação de Pedro revelam a consciência de Jesus em relação ao grupo de

   discípulos.

Ele deve ter intuído que estes não estavam preparados para enfrentar a provação que se avizinhava.

Judas tinha ideais não totalmente compatíveis com os do

 Mestre. Os evangelhos frisam seu mau caráter e falta de escrúpulos com os donativos oferecidos para o sustento do grupo.


 Pedro tinha uma personalidade impulsiva, com arroubos de entusiasmo, mas reticente na hora de defrontar-se com o perigo.

A situação de Judas e a de Pedro não eram isoladas. Os demais discípulos padeciam da mesma insegurança. Assim, na medida em que se aproximava a hora de Jesus, foram também

 entrando em pânico e acabaram fugindo, deixando o Mestre no mais total abandono.

 III. Atualização

• A vida de Jesus parecia estar fadada a concluir-se com

uma enorme frustração.

• Traído, negado e abandonado pelos amigos, viu ruir um projeto acalentado com muita esperança.



segunda-feira, 11 de abril de 2022

SEMANA SANTA

SEGUNDA A QUARTA-FEIRA SANTA

--Na segunda-feira, é costume ter a Procissão do Depósito.

 – Nestes dias, a liturgia apresenta textos bíblicos que enfocam a missão redentora de

 Cristo. Não há nenhuma celebração litúrgica especial, mas nas comunidades

 paroquiais, é costume realizarem atos devocionais como procissões, vias-sacras,

 celebrações penitenciais e outras, procurando realçar o sentido da Semana Santa.

  --Na terça-feira, a Procissão do Encontro de Nossa Senhora com o Senhor dos Passos,

 carregando a cruz rumo ao calvário.

 -- Na quarta-feira, iremos contemplar as Dores da Virgem Santíssima, com a procissão

 e o Sermão de Nossa Senhora das Dores. Além disso há espaço para o Ofício das

 Trevas, Sermão das 7 palavras e outros atos




Semana Santa

SEMANA SANTA DOMINGO DE RAMOS E A PAIXÃO.

  – A celebração desse dia lembra a entrada de Jesus em Jerusalém, aonde vai para

 completar sua missão, que culminará com a morte na cruz.

 -- Evangelhos relatam que muitas pessoas homenagearam Jesus, estendendo mantos

 pelo chão e aclamando-o com ramos de árvores. Por isso, hoje os fiéis carregam ramos,

 recordando o acontecimento. Imitando o gesto do povo em Jerusalém, querem exprimir

 que Jesus é o único mestre e Senhor.

 -- Depois de termos recebido as cinzas dos ramos do ano passado ao iniciar a

 quaresma, agora recebemos novos ramos para aclamar neste ano Cristo como Senhor

 de nossas vidas. Depois é o domingo da Paixão, pois lemos também o texto da Paixão

 de Cristo segundo São Lucas.



HOMÍLIA da SEGUNDA-FEIRA da SEMANA SANTA

 I. Introdução

Acusai, Senhor, meus acusadores; combatei aqueles que me combatem! Tomai escudo e armadura, levantai-vos, vinde em meu socorro! Senhor, meu Deus,

II. Comentário

Segundo a proposta do evangelista João, o tempo de Jesus está chegando ao fim. Jesus volta à casa de Lázaro, seu amigo a quem ressuscitou, e aí experimenta o

      força que me salva! (Sl 34,1s; Sl 139,8)

Jesus, o Servo de Deus que doa a vida em favor da humanidade, é ungido para a missão. Pelo batismo, fomos também ungidos para participar da missão profética, sacerdotal e régia de Cristo. O gesto profético da irmã de Lázaro alastre entre nós o perfume do amor e da fidelidade a Jesus.

    consolo de ter os pés ungidos e enxugados por Maria.

Esse gesto de Maria antecipa o que acontecerá com o corpo de Jesus após a

 sua morte; Judas, por sua vez, com sua praticidade e desonestidade, usando os pobres como justificativa, considera um desperdício o gesto de Maria e pensa no quanto lucraria com a venda do perfume.

Diante de um mesmo fato ou de uma situação que se mostra iminente, a reação pode ser totalmente distinta. Maria e Judas são esses opostos diante do Mestre que está prestes a ser preso e morto.

Estar com Jesus requer de nós decidir-se por ele verdadeiramente; contudo, nem sempre isso acontece, e Judas é um exemplo gritante. Qual é nossa escolha

  verdadeira, íntima, aquela que nos compromete?

 III. Atualização •

 Tudo o que temos no mundo não sacia a nossa fome de infinito.

  Precisamos de Jesus, de estar com Ele, de alimentarmo-nos à

 sua mesa, com as suas palavras de vida eterna!


  •

caminho.

Acreditar em Jesus significa torná-lo centro, o sentido da nossa

 vida. Cristo não é um elemento acessório: é o “pão vivo”, o

 alimento indispensável.

 Unir-se a Ele, numa verdadeira relação de fé e de amor, não

 significa estar acorrentado, mas profundamente livre, sempre a

  Cada um de nós pode questionar-se: quem é Jesus para mim? É

  um nome, uma ideia, só um personagem histórico? Ou é

 verdadeiramente aquela pessoa que me ama, que deu a sua vida

 por mim e caminha comigo?




domingo, 10 de abril de 2022

Homília do Domingo de Ramos

I. Introdução

II. Comentário

  Hoje começamos a Semana Santa escutando a entrada de Jesus em Jerusalém

 aclamado pelas pessoas como Rei. Mas nosso Rei entra aí para entregar sua vida por

 nossa salvação. Durante a missa escutaremos o relato de sua Paixão: termina com sua

 morte na Cruz e depositado no sepulcro (Sexta e Sábado Santo).

 Onde está a salvação? Os homens pedimos «crucifica-o, crucifica-o! ». Jesus,

 desde o alto de sua Cruz, respondeu: «Pai, perdoa-os, porque não sabem o que

  fazem». Este é o Amor Misericordioso que “salva” (perdoa) nossas faltas.

 Hoje, lemos o relato da Paixão segundo São Lucas. Neste evangelista, os ramos

 gozosos da entrada em Jerusalém e o relato da Paixão estão relacionados entre si,

 embora a primeira situação seja de triunfo e a segunda de humilhação.

 Jesus chega a Jerusalém como rei messiânico, humilde e pacífico, em atitude

 de serviço, e não como um rei temporal que usa e abusa do seu poder. A cruz é o

 trono desde onde reina (não lhe falta a coroa real), amando e perdoando. Com efeito,

 o Evangelho de Lucas pode resumir-se dizendo que revela o amor de Jesus

 manifestado na misericórdia e no perdão.

 Perdão e misericórdia que se revelam durante toda a vida de Jesus, mas que

 se fazem sentir de modo evidente quando Jesus é pregado na cruz. Quão significativas

 são as três palavras, pronunciadas na cruz, que ouvimos hoje dos lábios de Jesus!:

 -- ama e perdoa até aos seus verdugos: «Pai, perdoa-lhes! Eles não sabem o que fazem

 (Lc   23,34).

—Ao ladrão que está à sua direita e Lhe pede que se recorde dele no Reino, também

 lhe perdoa e o salva: «Hoje estarás comigo no Paraíso» (Lc 23,43).

 —Jesus perdoa e ama principalmente no momento da Sua entrega, quando exclama:

 «Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito» (Lc 23,46).

 É esta a última lição do Mestre desde a cruz: a misericórdia e o perdão, frutos do amor.

 A nós custa-nos tanto perdoar! Mas se fizermos a experiência do amor de Jesus que

 nos desculpa, nos perdoa e nos salva, não nos custará tanto olhar todos com uma

 ternura que perdoa com amor, e absolve sem mesquinhez.

 São Francisco assim o exprime no seu Cântico das Criaturas: «Louvado sejas, Senhor,

 por aqueles que perdoam pelo Teu amor».

 III. Atualização

  Hoje, no início da liturgia, a Igreja diz-nos: "Sigamos o Senhor". O seguimento

de Cristo exige como primeiro passo o despertar da nostalgia pelo autêntico

 ser homens e assim despertar para Deus. Exige depois que se entre no grupo

 de quantos sobem, na comunhão da Igreja. No "nós" da Igreja entramos em

 comunhão com o "Tu" de Jesus Cristo e assim alcancemos o caminho para

 

Deus. Além disso, é exigido que se ouça a Palavra de Jesus Cristo e que a

 vivamos.

  A Cruz faz parte da subida para a altura de Jesus Cristo, da subida até à altura

de Deus. Como nas vicissitudes deste mundo não se podem alcançar grandes

 resultados sem renúncia e exercitação árdua, assim também o caminho para

 a própria vida, rumo à realização da própria humanidade está ligada à

 comunhão com Aquele que subiu à altura de Deus através da Cruz.

  A Cruz é expressão daquilo que o amor significa: só quem se perde a si mesmo,

se encontra.

 




sábado, 9 de abril de 2022

Homília do Sábado da 5° da Quaresma

I. Introdução

II. Comentário

  Às portas da Grande Semana, vemos que os sinais realizados por Jesus são vistos,

 mais uma vez, de duas maneiras: muitos, por causa dos sinais, passam a crer em Jesus; outros,

 por sua vez, em geral as autoridades, veem nesses mesmos sinais uma ameaça à posição que

 ocupam e aos privilégios que lhes são assegurados.

  Diante da possibilidade de Jesus se tornar “mais importante”, decidem matá-lo como

 sendo algo querido por Deus.

 Por mais que devamos reprovar essa atitude dos judeus em relação a Jesus, podemos

 enxergá-la também de dois modos em nossos dias e em nossa caminhada de conversão.

 Buscamos, através dos sinais que hoje Jesus realiza em nossa vida e em nossa

 comunidade, aderir ao seu projeto de vida, que visa à construção de uma nova sociedade

 baseada no amor, ou vemos com desconfiança os sinais do Reino e buscamos eliminar seus

 promotores em vista da manutenção da Lei? De que lado estamos.

 Deus se volta para seu povo, com o qual renova constantemente sua aliança eterna: “Eu

 serei o seu Deus e eles serão o meu povo”. Abramos nosso espírito para acolhermos a salvação

 de Deus e caminharmos na unidade querida por ele.

 III. Atualização

• «Só um morreu por todos; e este mesmo é aquele que agora por todas

 as igrejas, no mistério do pão e do vinho, morto, nos alimenta; acreditado, nos vivifica; consagrado, santifica quem os consagra» (São Gaudêncio de Brescia)

• «Para os cristãos sempre haverá perseguições, incompreensões. Mas devem de ser encaradas com a certeza de que Jesus é o Senhor, e este é o desafio e a cruz da nossa fé» (Francisco)

• «(...) A Bíblia venera algumas grandes figuras das "nações", como "o justo Abel", o rei e sacerdote Melquisedec (...), ou os justos "Noé, Danel e Job". Deste modo, a Escritura exprime o alto grau de santidade que podem atingir os que vivem segundo a aliança de Noé, na

  expectativa de que Cristo ‘reúna, na unidade, todos os filhos de Deus dispersos’ (Jo 11, 52)» (Catecismo da Igreja Católica, no 58




sexta-feira, 8 de abril de 2022

Homília da sexta-feira da 5° da Quaresma

I. Introdução

II. Comentário

  Hoje já estamos "tocando" Páscoa. Hoje querem apedrejar Jesus; nos próximos

 dias o levarão a Cruz. «Tu, sendo apenas um homem, pretendes ser Deus». Cristo é

 Homem e Deus. Na verdade, os críticos foram movidos pela inveja.

 Mas as pessoas normais reagem de forma diferente: «Diziam: «João não fez

 nenhum sinal, mas tudo o que ele falou a respeito deste homem é verdade». E muitos,

 ali, passaram a crer nele.

  Hoje sexta-feira, quando falta só uma semana para comemorar a morte do

 Senhor, o Evangelho nos apresenta os motivos de sua condena. Jesus tenta mostrar a

 verdade, mas os judeus o têm por blasfemo e réu de lapidação. Jesus fala das obras

 que realiza.

 Obras de Deus que o acreditam, de como pode dar-se a si mesmo o título de

 “Filho de Deus”... No entanto, fala desde umas categorias difíceis de entender para

 seus adversários: “estar com a verdade”, “escutar sua voz”...; fala-lhes desde o

 seguimento e o compromisso com sua pessoa que fazem com que Jesus seja

 conhecido e amado —«Jesus virou-se para trás, e vendo que o seguiam, perguntou:

 «O que é que vocês estão procurando?» Eles disseram: «Rabi (que quer dizer Mestre),

 onde moras?» (Jn 1,38)—. Mas tudo parece inútil: é tão grande o que Jesus tenta dizer

 que eles não podem entender, somente poderão compreender os pequenos e

 simples, porque o Reino está escondido aos sábios e entendidos.

 Jesus luta por apresentar argumentos que possam ser aceitos, mas a tentativa

 é em vão. No fundo, morrerá por dizer a verdade sobre si mesmo, por ser fiel a si

 mesmo, à sua identidade e à sua missão. Como profeta, apresentará um chamado à

 conversão e será rejeitado, um novo rosto de Deus e será esculpido, uma nova

 fraternidade e será abandonado.

 Novamente se levanta a Cruz do Senhor com toda sua força como estandarte

 verdadeiro, como única razão indiscutível: «Oh admirável virtude da santa cruz! Oh

 inefável gloria do Pai! Nela podemos considerar o tribunal do Senhor, o juízo do

 mundo e o poder do crucificado.

 Oh, sim, Senhor: atraíste a ti todas as coisas quando, A cada dia eu estendia a

 mão para um povo desobediente (cf. Is 65,2), o universo inteiro compreendeu que

 devia render homenagem a tua majestade!» (São Leão Magno). Jesus fugirá ao outro

 lado do Jordão e quem realmente acredita Nele o buscará ali dispostos a segui-lo e a

 escutá-lo.

 III.

Atualização

  Hoje, ás portas da Semana Santa, João submerge-nos no ambiente pré-pascal.

Num primeiro momento, a aparição de Jesus e do movimento que estava

 formando-se em torno Dele não havia despertado interesse nas autoridades

 do Templo.

  A situação mudou com o Domingo de Ramos: a homenagem messiânica a Jesus

Cristo em sua entrada a Jerusalém; a purificação do Templo com as palavras

 

que interpretavam este gesto, que pareciam anunciar o fim do Templo como

 tal e uma mudança radical do culto; as intervenções de Jesus no Templo, nas

 quais se podia perceber uma reivindicação de plena autoridade; os milagres

 que realizava e a crescente afluência do povo a Ele... eram fatos que não

 podiam-se ignorar.

  João fala com minúcia de uma reunião no Sanedrim —antes do Domingo de

Ramos— para deliberar sobre o “caso” de Jesus (cf. 11,47-53). O motivo imediato

 foi o movimento popular que surgiu depois da ressurreição de Lázaro. Jesus,

 eu confesso que eres Deus!.