terça-feira, 15 de fevereiro de 2022

Homília da TERÇA-FEIRA do 6° semana do tempo comum

I. Introdução

Hoje, alguns discípulos embarcam com Jesus. Tinham-se esquecido de levar pão para a travessia. Quando Jesus os previne do “fermento” (do perigo) dos fariseus, pensam que o Senhor os está a repreender por se terem esquecido dos mantimentos para a viagem.

O Mestre convida-nos a preocupar-nos menos com os pães (telefone, sapatilhas...) e a dar mais atenção ao “pão da Verdade”, sem nos deixarmos enganar pelas atracções baratas da vida, que embotam o nosso coração.

II. Comentário

Hoje -uma vez mais- vemos a sagacidade do Senhor Jesus. Seu agir é surpreendente, já que se sai do comum da gente, é original. Ele vem de realizar uns milagres e está-se trasladando a outro setor onde a Graça de Deus também deve chegar.

Nesse contexto de milagres, ante um novo grupo de pessoas que o espera, é quando lhes adverte: «Atenção! Cuidado com o fermento dos fariseus e com o fermento de Herodes» (Mc 8,15), pois eles —os fariseus e os de Herodes— não querem que a Graça de Deus seja conhecida, e mais bem eles propagam no mundo o mau fermento, semeando discórdia.

A fé não depende das obras, pois «uma fé que nós mesmos podemos determinar, não é em absoluto uma fé» (Bento XVI). Pelo contrário, são as obras as que dependem da fé. Ter uma autêntica e verdadeira fé implica uma fé ativa e dinâmica; não uma fé condicionada e que só fica-se no externo, nas aparências, na teoria e não na pratica.

A nossa deve ser uma fé real. Temos que ver com os olhos de Deus e não com os do homem pecador: «Ainda não entendeis, nem compreendeis? Vosso coração continua incapaz de entender?» (Mc 8,17).

O Reino de Deus se estende no mundo como quando se coloca uma medida de fermento na massa, ela cresce sem que se saiba como. Assim deve ser a autêntica fé, que cresce no amor de Deus. Portanto que nada nem ninguém nos distraiam do verdadeiro encontro com o Senhor e de sua mensagem Salvadora.

O Senhor não perde ocasião para ensinar e isso segue fazendo hoje em dia: «Temos que nos liberar da falsa ideia de que a fé já não tem nada que dizer aos Homens de hoje» (Bento XVI).

III.

Atualização

Hoje Jesus Cristo, denunciando o “fermento” (= malícia) de Herodes, desmascara uma das faces da tentação pecaminosa: a aparência de realismo. Ao tomar decisões é quando surge a pergunta: O que é aquilo que tem valor verdadeiro na minha vida? Ai aparece o núcleo de toda tentação: afastar Deus, que, ante tudo aquilo que parece mais urgente na nossa vida, passa a ser algo secundário, ou incluso supérfluo e molesto.

Reconhecer como verdadeiras apenas as realidades políticas e materiais, e deixar a Deus de lado como algo ilusório, esta é a tentação que nos ameaça de muitas maneiras. O real é o que se constata: “poder” e “pão”. Ante isso as coisas de Deus aparecem irreais (um mundo secundário que realmente não se precisa. A questão é Deus: é verdade ou


não que Ele é a realidade mesma? É Ele mesmo o Bom, ou nós mesmos devemos inventar o que é bom?

• A questão de Deus é a interrogante fundamental que me coloca ante a encruzilhada da minha existência.




segunda-feira, 14 de fevereiro de 2022

Homília da SEGUNDA-FEIRA da 6° Semana Comum - SANTOS CIRILO, MONGE, E METÓDIO, BISPO.

 I. Introdução

Como são belos sobre os montes os passos do que anuncia a paz, trazendo a Boa-nova e proclamando a salvação (Is 52,7).

Cirilo, monge, e Metódio, bispo, são irmãos de sangue que nasceram na Grécia e viveram no século 9o. Realizaram imensa obra missionária junto aos povos eslavos, para os quais traduziram a Bíblia Sagrada e obtiveram do papa permissão para celebrar a missa na língua local. Por causa dessa missão, enfrentaram incontáveis obstáculos. A seu exemplo, busquemos manter a unidade da Igreja.

II. Comentário

O grupo dos fariseus, mais uma vez, procura arrumar encrenca com Jesus, solicitando um milagre vindo do céu.

O Mestre se recusa terminantemente a realizar tal pedido, para satisfazer a curiosidade de quem não quer nada com ele. Para os fariseus de ontem e de hoje, parece que não são suficientes os gestos já realizados por Jesus em favor de tantos necessitados.

Ainda em nossos dias, há pessoas que abandonam o Mestre depois de não ter conseguido o que desejavam. São tentativas de obrigar Deus a ceder às nossas vontades.

A própria pessoa de Jesus é o verdadeiro e autêntico sinal da presença de Deus e da salvação da humanidade.

Os sinais através dos quais Jesus se revela são um chamado à fé e ao compromisso; não são para satisfazer a curiosidade nem os caprichos de quem quer que seja. O Mestre respeita a liberdade de cada um de segui-lo ou não.

III. Atualização

• Hoje, aparecem mais discussões. Jesus não quer discutir; afinal nós é que discutimos

com Deus.

• Os fariseus colocam mais uma vez armadilhas a Jesus: pedem-lhe que faça um milagre.

Contudo, quando veem os milagres do jovem Mestre, dizem que estava possesso do

demónio... Não há quem entenda estes fariseus!

• Que estranhos! É assim que devemos tratar Deus? Quem é Deus: Ele ou nós? Porque,

às vezes, parece que tratamos Deus como um “pequeno mágico”




domingo, 13 de fevereiro de 2022

Homília do VI Domingo do Tempo Comum

I. Introdução

Hoje, Jesus chama muitas vezes “felizes” aos seus discípulos. As “Bem-aventuranças” são palavras de promessa, que servem ao mesmo tempo como orientação moral. Cada “bem- aventurança” descreve, por assim dizer, a situação fática dos discípulos de Cristo: São pobres, estão famintos, choram, são odiados, perseguidos... São “qualificações” práticas, mas, também indicações teológico-morais.

Apesar da situação de ameaça na que Jesus vê os seus, esta se converte em promessa quando a enxerga com a luz que vem do Pai. Para o discípulo, as “Bem-aventuranças” são um paradoxo: Invertem-se os critérios do mundo apenas se enxergam as coisas desde a escala de valores de Deus. As “Bem-aventuranças” são promessas nas que resplandece a nova imagem do mundo e do homem que Jesus inaugura e, nas que “se invertem os valores”.

Quando “enxergo” através de ti, Senhor, então vivo com novos critérios, começo a “tocar” algo do que está por vir (o Céu) e entra a alegria na tribulação.

II. Comentário

Hoje voltamos a viver as bem-aventuranças e as “mal-aventuranças”: «Bem- aventurados sóis vós...», sim agora sofres em meu nome; «Ai de vós...», se agora ris.

A fidelidade a Cristo e ao seu Evangelho faz com que sejamos rejeitados, escarnecidos nos medos de comunicação, odiados, como Cristo foi odiado e crucificado. Há quem pensa que isso se deve à falta de fé de alguns, mas talvez—bem visto— é devido à falta de razão.

O mundo não quer pensar nem ser livre; vive imerso desejando a riqueza, do consumo, do doutrinamento libertário que se enche de palavras vãs, vazias onde se escurece o valor da pessoa e se burla dos ensinamentos de Cristo e da Igreja, uma vez que —hoje por hoje— é o único pensamento que certamente vai contra a correnteza.

Apesar de tudo, o Senhor Jesus nos infunde coragem: «Felizes de vocês se os homens os odeiam, se os expulsam, os insultam e amaldiçoam o nome de vocês, por causa do Filho do Homem. ( )... Alegrem-se nesse dia, pulem de alegria, pois será grande a recompensa de vocês no céu, porque era assim que os antepassados deles tratavam os profetas» (Lc 6, 22.23).

João Paulo II, na encíclica Fides et Ratio, disse: «A fé move a razão ao sair de seu isolamento e ao apostar, de bom agrado, por aquilo que é belo, bom e verdadeiro». A experiência cristã em seus santos nos mostra a verdade do Evangelho e destas palavras do Santo Padre.

III. Atualização

• Ante um mundo que se satisfaz no vicio e no egoísmo como fonte de felicidade, Jesus

mostra outro caminho: a felicidade do Reino do Deus, que o mundo não pode entender,

e que odeia e rejeita.

• O cristão, entre as tentações que lhe oferece a “vida fácil”, sabe que o caminho é o do

amor que Cristo nos mostrou na cruz, o caminho da fidelidade ao Pai. Sabemos que

entre as dificuldades não podemos desanimar-nos.

• Se procuramos de verdade o Senhor, alegrem-se nesse dia, pulem de alegria, pois será

grande a recompensa de vocês no céu, porque era assim que os antepassados deles tratavam os profetas (cf. Lc 6,23).




sábado, 12 de fevereiro de 2022

Homília do Sábado da 5° Semana do Tempo Comum

 I. Introdução

Quantas vezes nos voltamos para o outro lado, para não ver os irmãos necessitados! E este olhar para o outro lado é um modo educado, com luvas brancas, de dizer: «Arranjai-vos sozinhos!». E isto não é de Jesus: isto é egoísmo.

Se Ele tivesse despedido as multidões, muitas pessoas ficariam sem comer. Ao contrário, aqueles poucos pães e peixes, compartilhados e abençoados por Deus, foram suficientes para todos.

Mas atenção! Não se trata de uma magia, mas de um «sinal»: um sinal que nos convida a ter fé em Deus, Pai providente, que não nos faz faltar o «pão nosso de cada dia», se nós soubermos compartilhá-lo como irmãos.

II. Comentário

Jesus teve compaixão da multidão que se aglomerou em sua volta e não quis despedi-la com fome. O Mestre promove uma ação conjunta, discípulos e multidão, para encontrar uma saída.

A solução foi recolher o que cada um trazia e repartir. O alimento partilhado é uma bênção que saciou a fome daquela gente e ainda sobrou. Não basta sentir compaixão pelos irmãos e irmãs mais pobres; é preciso manifestar-lhes, com gestos concretos, solidariedade. Quando a pessoa sente compaixão pelo sofrimento do outro, ela não fica indiferente. O grande problema hoje é a indiferença diante de tanta dor que vemos na nossa sociedade.

É fundamental superar o “círculo da indiferença” diante de tudo que vemos. Com seu gesto, o Mestre nos ensina que é necessário tomar consciência das necessidades humanas. Ao partilhar o pão e a amizade, é possível dar graças a Deus.

III. Atualização

• «”Partir o pão” para o Senhor significa a manifestação do mistério da Eucaristia. A sua

ação de graças significa a alegria que a salvação do género humano lhe dá. A entrega do pão aos seus discípulos para que o repartam significa que transmitiu aos Apóstolos a tarefa de distribuírem o sustento da vida, á Sua Igreja» (São Beda, o Venerável)

• «Este milagre não pretende satisfazer a fome apenas de um dia, mas é um sinal do que Cristo está disposto a fazer para a salvação de toda a humanidade, oferecendo a Sua carne e Seu sangue» (Francisco)

• «Fração do Pão, porque este rito, próprio da refeição dos judeus, foi utilizado por Jesus quando abençoava e distribuía o pão como chefe de família (...). É por este gesto que os discípulos O reconhecerão depois da sua ressurreição e é com esta expressão que os primeiros cristãos designarão as suas assembleias eucarísticas (...)» (Catecismo da Igreja Católica no 1.329)



sexta-feira, 11 de fevereiro de 2022

Homília da Sexta-feira da 5° Semana Comum

I. Introdução

Jesus “fazia bem todas as coisas”. Isto revela o empenho que colocava no exercício de sua missão.

Ele não fazia as coisas pela metade, não concedia benefícios parcelados e condicionados, nem se contentava com ações malfeitas.

Pelo contrário, seus gestos poderosos traziam a marca da plenitude. II. Comentário

No caso do surdo-mudo, a plenitude do gesto de Jesus deve ser entendida para além da cura física. O fato de abrir-lhe os ouvidos, possibilitando-lhe ouvir perfeitamente, e da libertação da mudez, de modo a poder falar sem dificuldade, já é, por si, formidável. Contudo, isto ainda seria insuficiente para que a ação de Jesus fosse declarada bem-feita.

Era necessário possibilitar ao surdo-mudo um “abrir-se” ainda mais radical: desfazer- lhe as outras prisões, e num nível tal de profundidade, de forma a colocá-lo em plena sintonia com Deus e com os seus semelhantes.

Sem esta passagem da cura física à cura espiritual, a primeira não teria muita importância. Vale a pena alguém ser curado da surdez e da mudez para levar uma vida egoísta, sem solidarizar-se com os necessitados? Tem sentido ser privilegiado com um gesto de misericórdia de Jesus, e recusar-se a ser misericordioso com o próximo?

Só uma cura radical possibilitaria àquele homem ser misericordioso com os demais. E que interessava a Jesus.

Atualização

Aquele homem não conseguia falar porque não podia ouvir. Com efeito, Jesus para curar a causa da sua doença, coloca primeiro os dedos nos ouvidos, depois na boca, mas primeiro nos ouvidos. Todos nós temos ouvidos, mas muitas vezes não conseguimos ouvir. Porquê? Irmãos e irmãs, existe de facto uma surdez interior, e hoje podemos pedir a Jesus para lhe tocar e curar.

E essa surdez interior é pior do que a física, pois é a surdez do coração. Na nossa pressa, com mil coisas para dizer e fazer, não encontramos tempo para parar e ouvir aqueles que falam conosco.

Corremos o risco de nos tornarmos impermeáveis a tudo e a não dar lugar àqueles que precisam de ser ouvidos: penso nas crianças, nos jovens, nos idosos, muitos que não precisam tanto de palavras e sermões, mas de ser ouvidos.

Perguntemo-nos: como vai a minha escuta? Será que me sensibilizo com a vida das pessoas, que sei como ter tempo para ouvir os que me rodeiam? Isto é para todos nós.

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Homília da Sexta-feira da 5° Semana Comum

I. Introdução

Jesus “fazia bem todas as coisas”. Isto revela o empenho que colocava no exercício de sua missão.

Ele não fazia as coisas pela metade, não concedia benefícios parcelados e condicionados, nem se contentava com ações malfeitas.

Pelo contrário, seus gestos poderosos traziam a marca da plenitude. II. Comentário

No caso do surdo-mudo, a plenitude do gesto de Jesus deve ser entendida para além da cura física. O fato de abrir-lhe os ouvidos, possibilitando-lhe ouvir perfeitamente, e da libertação da mudez, de modo a poder falar sem dificuldade, já é, por si, formidável. Contudo, isto ainda seria insuficiente para que a ação de Jesus fosse declarada bem-feita.

Era necessário possibilitar ao surdo-mudo um “abrir-se” ainda mais radical: desfazer- lhe as outras prisões, e num nível tal de profundidade, de forma a colocá-lo em plena sintonia com Deus e com os seus semelhantes.

Sem esta passagem da cura física à cura espiritual, a primeira não teria muita importância. Vale a pena alguém ser curado da surdez e da mudez para levar uma vida egoísta, sem solidarizar-se com os necessitados? Tem sentido ser privilegiado com um gesto de misericórdia de Jesus, e recusar-se a ser misericordioso com o próximo?




quinta-feira, 10 de fevereiro de 2022

Homília da QUINTA-FEIRA da Festa SANTA ESCOLÁSTICA VIRGEM

 I. Introdução

(branco, pref. Comum ou das virgens, – ofício da memória)

Exultemos de alegria, pois o Senhor do universo amou esta virgem santa e gloriosa.

Escolástica nasceu no ano 480, na Itália, e lá faleceu em 547. Irmã gêmea de São Bento e mulher de profunda intimidade com Deus, organizou um grupo de moças, propondo-lhes vida comunitária e dedicação prioritária à oração e à contemplação. A seu exemplo, vivamos em atitude de constante comunhão com o Senhor, a qual nos leve a gerar fecundas obras de caridade.

II. Comentário

Hoje nos mostra a fé de uma mulher que não pertencia ao povo escolhido, mas que tinha a confiança em que Jesus podia curar a sua filha. Aquela mãe «A mulher era pagã, nascida na Fenícia da Síria. Ela suplicou a Jesus que expulsasse de sua filha o demônio» (Mc 7,26). A dor e o amor a levam a pedir com insistência, sem levar em consideração nem desprezos, nem atrasos, nem indignação. E consegue o que pede, pois «Ela voltou para casa e encontrou sua filha deitada na cama, pois o demônio já tinha saído dela» (Mc 7,30).

São Agostinho dizia que muitos não conseguem o que pedem pois são «aut mali, aut male, aut mala». Ou são maus e a primeira coisa que teriam que pedir seria ser bons; ou pedem erroneamente, sem insistência, em vez de pedir com paciência, com humildade, com fé e por amor; ou pedem coisas ruins que se recebessem fariam dano à alma ou ao corpo ou aos outros. Devemos nos esforçar, pois, por pedir bem. A mulher siro-fenícia é boa mãe, pede algo bom («que expulsasse de sua filha o demônio») e pede bem («veio e jogou-se aos seus a pés»).

O Senhor nos faz usar perseverantemente a oração de petição. Certamente, existem outros tipos de pregaria —a adoração, a expiação, a oração de agradecimento—, mas Jesus insiste em que nós frequentemos muito a oração de petição.

Por que? Muitos poderiam ser os motivos: porque necessitamos da ajuda de Deus para alcançar nosso fim; porque expressa esperança e amor; porque é um clamor de fé. Mas existe um que talvez seja pouco considerando: Deus quer que as coisas sejam um pouco como nós queremos. Deste modo, nossa petição —que é um ato livre— unida à liberdade onipotente de Deus, faz com que o mundo seja como Deus quer e um pouco como nós queremos. É maravilhoso o poder da oração!

III. Atualização

• Mesmo que queira, Jesus não consegue ficar despercebido. Uma mulher pagã,

preocupada com sua filha possuída por um espírito impuro, atira-se aos pés do Mestre,

suplicando pela filha.

• Jesus tenta resistir, mas, diante da insistência da mulher, cede. Jesus entra “numa casa”

em território não israelita. A fala do Mestre é questão de precedência e não de exclusão,

isto é, ele veio para os judeus, antes de tudo, sem excluir os outros povos.

• A reação da mulher mostra bem isso, os cachorrinhos (pagãos) também têm necessidade do básico para a vida (as migalhas). A atitude do Mestre parece ser um teste para constatar a fé da mulher. Provavelmente o texto revela a dúvida da

comunidade de Marcos a respeito da admissão ou não dos pagãos ao Reino de Deus.


• A conclusão é clara: sim, também entre os pagãos havia pessoas preparadas para receber os benefícios do Reino.




quarta-feira, 9 de fevereiro de 2022

Homília da Quarta-feira da 5° Semana Comum

I. Introdução

Hoje, Jesus diz-nos onde nascem os males do mundo: nos nossos corações. Os discípulos não entendem e perguntam-Lhe...

Hoje, também não entendemos: sempre que acontece algum mal a culpa é do outro (quase nunca é minha!). E, se não é do “outro”, então a culpa é do “sistema”, do “clima”, “deste século”..., ou seja, de algo genérico e impessoal.

II. Comentário

Hoje, aparece — de forma controversa — a questão fundamental do “coração”: é aí — e não fora — onde se “tece” a trama da história humana. Em Marcos vemos a mudança radical que Jesus deu ao conceito de pureza perante Deus: não são as práticas rituais que purificam.

A pureza e a impureza encontram-se no coração do homem e dependem das condições do coração. E mais do que de um “rearmamento” (esforço) ético, o ponto decisivo é o encontro com Deus em Jesus Cristo: É Ele que nos purifica.

A palavra “coração” refere-se à inter relação interna das capacidades perceptivas do homem, em que também entra em jogo a correta união de corpo e alma, como corresponde à “totalidade” do homem.

Sem afastar a razão nem a vontade, o homem tem de aceitar de Deus o seu próprio “ser corpo” e “ser espírito”, vivendo a corporeidade da sua existência como riqueza para o espírito.

O coração há-de ser puro, profundamente aberto e livre para ver Deus.

III.

Atualização

«Não nos deixemos seduzir por nenhuma prosperidade lisonjeira, porque é um viajante teimoso quem pára no caminho para contemplar as paisagens agradáveis e se esquece para onde vai» (São Gregório Magno)

«É no coração humano que se desenvolve o enredo mais íntimo e, em certo sentido, o mais essencial da história» (São João Paulo II)

«O coração é a morada onde estou, onde habito (...). É a sede da verdade, onde escolhemos a vida ou a morte. É o lugar do encontro, já que, à imagem de Deus, vivemos em relação [com Éle]: é o lugar da Aliança» (Catecismo da Igreja Católica, no 2.563)

Homília da Quarta-feira da 5° Semana Comum

I. Introdução

Hoje, Jesus diz-nos onde nascem os males do mundo: nos nossos corações. Os discípulos não entendem e perguntam-Lhe...

Hoje, também não entendemos: sempre que acontece algum mal a culpa é do outro (quase nunca é minha!). E, se não é do “outro”, então a culpa é do “sistema”, do “clima”, “deste século”..., ou seja, de algo genérico e impessoal.

II. Comentário

Hoje, aparece — de forma controversa — a questão fundamental do “coração”: é aí — e não fora — onde se “tece” a trama da história humana. Em Marcos vemos a mudança radical que Jesus deu ao conceito de pureza perante Deus: não são as práticas rituais que purificam.

A pureza e a impureza encontram-se no coração do homem e dependem das condições do coração. E mais do que de um “rearmamento” (esforço) ético, o ponto decisivo é o encontro com Deus em Jesus Cristo: É Ele que nos purifica.

A palavra “coração” refere-se à inter relação interna das capacidades perceptivas do homem, em que também entra em jogo a correta união de corpo e alma, como corresponde à “totalidade” do homem.

Sem afastar a razão nem a vontade, o homem tem de aceitar de Deus o seu próprio “ser corpo” e “ser espírito”, vivendo a corporeidade da sua existência como riqueza para o espírito.

O coração há-de ser puro, profundamente aberto e livre para ver Deus.