terça-feira, 29 de junho de 2021

HOMÍLIA DA TERÇA-FEIRA 13ª SEMANA COMUM.

I. INTRODUÇÃO

 

Uma leitura simbólica do texto bíblico permite-nos tirar uma lição: entrar na barca com o Mestre, corresponde a "embarcar" na vida dele.

Deus quer ver seu povo amadurecer na fé e na escuta de sua Palavra, buscando sem cessar o caminho da verdade. Peçamos que o Senhor sempre nos liberte das trevas do erro.

 

II. COMENTÁRIO

 

Evangelho: Mateus 8,23-27

 

Há neste episódio um contraste que chama a atenção. Por um lado, a barca (figura da Igreja) é tomada por “violenta tempestade”, a ponto de quase afundar; por outro lado, Jesus dorme. 

A barca simboliza a Igreja, comunidade dos que aderiram a Jesus, dispostos a partilhar sua missão e seu destino. A tempestade aponta para as grandes crises a que a Igreja é submetida, ao longo de sua existência, de forma a provar a autenticidade da fé dos discípulos. 

O grito desesperado dos discípulos assemelha-se à súplica constante da Igreja, carente de proteção: "Senhor, tem piedade de nós!" A bonança do mar aponta para a paz que só ele pode dar à sua Igreja. 

Uma paz, porém, não isenta de toda sorte de provações, pois, seguir Jesus é escolher um caminho arriscado e tormentoso.

Sem uma fé sólida, o discípulo não tem como perseverar no seguimento do Mestre. E sentir-se-á como se estivesse sempre a ponto de perecer. Só na fé encontrará força para continuar.

 

 

 

 

 

 

III. ATUALIZAÇÃO

 

• A lição parece clara: precisamos fazer de Jesus nosso companheiro de caminhada (e missão). Cientes de que ele está conosco, não há por que temer os contratempos. Se a ele recorrermos com fé, ele fará reinar uma “grande calmaria” onde antes havia ameaçadora tempestade. Mensagem de esperança para a Igreja de todos os tempos e lugares.
• A cena da tempestade acalmada retrata a vida do discípulo às voltas com as dificuldades e os desafios que sua opção comporta. Engana-se quem imagina poder seguir o Mestre Jesus na mais perfeita tranquilidade, sem correr o risco de enfrentar perseguições e contrariedades. Nestas horas, é preciso recordar-se que ele está presente, sempre pronto a impedir que seus discípulos venham a sucumbir.
• Seria o sono de Jesus fruto de cansaço ou oportunidade para revelar-se aos discípulos como Messias, o Filho de Deus? Uma travessia em águas agitadas serviu para Jesus manifestar seu poder sobre as forças da natureza e revelar sua real identidade.



 

 

Pe. Edivânio José.

 

segunda-feira, 28 de junho de 2021

Homília da Segunda-feira da 13ª Semana do Tempo Comum.


SANTO IRINEU BISPO E MÁRTIR

(vermelho, pref. dos mártires, – ofício da memória)

Farei surgir um sacerdote fiel, que agirá segundo o meu coração e a minha vontade, diz o Senhor (1Sm 2,35).

Irineu nasceu em Esmirna, na atual Turquia, por volta do ano 130. Educado por São Policarpo, discípulo do apóstolo São João, é considerado por isso o último “homem apostólico”. Foi ordenado presbítero e depois bispo de Lião, na França. Grande teólogo da Igreja e escritor, empenhou-se na defesa da doutrina cristã contra as heresias. Sofreu o martírio no ano 202. A exemplo desse defensor do cristianismo, aprofundemos os conhecimentos sobre Jesus Cristo para lhe dedicar amor total.

 

I. INTRODUÇÃO

 

Hoje um escriba nos surpreende com seu desejo de seguir a Jesus. Os escribas costumam parecerem hostis ao Senhor, mas Ele não tem prejuízos e lhe apresenta a condição essencial do discípulo: a pobreza e desprendimento, dos quais Ele mesmo é modelo, pois não está atado a nada e a ninguém.

Jesus faz o convite: Segue-me! Tenha um coração desprendido de tudo. O gesto de se afastar da multidão para o outro lado da margem do rio, revela também a necessidade de nos afastarmos de tudo que nos rouba o olhar do que é essencial para colocar a cabeça e a vida em ordem. Seguir Jesus é exigente, mas a recompensa é eterna.

 

II. COMENTÁRIO

 

Evangelho: Mateus 8,18-22

 

Jesus Cristo, nesse Evangelho de hoje, usa de palavras que a princípio parecem duras. Mas, antes de serem duras, são palavras de vida eterna. Duas pessoas querem seguir Jesus e, para ambas, o Senhor pede uma só coisa: despojamento. Seguir a Cristo exige desapego. 

Ao responder que o Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça, Jesus mostra a necessidade do desapego aos bens materiais para segui-Lo. Ao exortar que os mortos devem sepultar seus mortos, Cristo mostra que devemos nos desapegar das pessoas e dos sentimentos afetivos que nos impedem de segui-Lo.

O anúncio do Evangelho é tarefa urgente e exigente. Jesus conhece a realidade e a revela a duas pessoas que esboçam a intenção de segui-lo. A primeira é um doutor da Lei. Jesus lhe mostra que, para segui-lo, é necessário viver despojado, sem apego a pessoas, lugares ou posses: “O Filho do Homem não tem onde repousar a cabeça”. 

A segunda pessoa é um de seus discípulos, que, talvez num momento de euforia, parece estar disposto a seguir Jesus, porém não imediatamente, só quando seus pais falecerem. Jesus lhe responde acentuando a urgência em relação ao Reino. Trata-se de entregar-se por inteiro, e de imediato, à causa de Jesus e do Evangelho. Seguir Jesus é estar disposto a abandonar algumas atividades que, mesmo sendo boas e nobres, tornam-se obstáculos para o seguimento.

Senhor. Disseste-nos que a Verdade nos faz livres. Dá-nos teu Espírito para que a vida possa nos arrebatar este tesouro e somente Tu nos possuas e nos te possuamos.

 

 

 

III. ATUALIZAÇÃO

 

• Evangelho apresenta-nos através de dois personagens uma qualidade do bom discípulo de Jesus: o desprendimento dos bens materiais. Mas antes, o texto de São Mateus dá-nos um detalhe que não posso passar por alto: Vendo uma grande multidão ao seu redor.” (Mt 8,18). As multidões se reúnem perto do Senhor para escutar a sua palavra, ser curados das suas doenças materiais e espirituais; buscam a salvação e um alento de Vida eterna no meio dos vai e vens deste mundo.

 

• Como então, algo parecido passa no nosso mundo de hoje em dia: todos mais ou menos conscientementetemos necessidade de Deus, de saciar o coração dos bens verdadeiros, como são o conhecimento e o amor de Jesus e uma vida de amizade com Ele. Se não, caímos na armadilha que quer encher o nosso coração de outros “deuses” que não podem dar sentido a nossa vida: o celular, Internet, as viagens, o trabalho sem medida para ganhar mais e mais dinheiro, o automóvel que seja melhor que o do vizinho, o ginásio para conseguir o corpo mais esbelto do país... É o que passa a muitos atualmente.

 

• Em contraste, ressoa o grito do Papa João Paulo II que com força e confiança disse à juventude: Se pode ser moderno e profundamente fiel a Jesus. Para isso é preciso, como o Senhor, o desprendimento de tudo o que nos ata a uma vida por demais materializada e que fecha as portas ao Espírito.

 


 

 

 

Pe. Edivânio José

 

 

 

 

 

domingo, 27 de junho de 2021

Homília do Domingo XIII do Tempo Comum (B)


 I. INTRODUÇÃO

As leituras deste domingo nos convidam a meditar que Deus é o autor da vida; ele criou o ser humano para a vida eterna. Na concepção bíblica, a morte física não significa o fim da vida, mas sua transformação para uma condição de imortalidade, pois viver é estar com Deus. A obra da criação é uma ação divina em favor da vida.

Primeiro, começa como dom de Deus e ação da graça que transforma à pessoa. O conhecimento dos mistérios não é suficiente se depois o coração autêntico sacrário da pessoa não está aberto pela graça.

Segundo a fé implica uma tarefa e um compromisso público (não é algo simplesmente privado). A fé é se decidir a estar com o Senhor para viver com Ele e, precisamente porque é um ato da liberdade, exige também a responsabilidade social do que se acredita.

 

II. COMENTARIOS

 

1. Leitura: Sabedoria 1,13-15; 2,23-24

 

Este livro pertence ao grupo dos livros “deuterocanônicos” (“da segunda lista”), que por terem sido escritos em grego não foram aceitos na Bíblia hebraica (e posteriormente excluídos pelos cristãos protestantes).

O autor bíblico deixa claro que a morte não tem origem divina, mas veio ao mundo por inveja do demônio. Tal ensinamento contradiz certas ideias espalhadas na época, segundo as quais aqueles que não agradavam a Deus deviam morrer. 

O ser humano foi criado à imagem e semelhança de Deus e foi chamado à comunhão eterna com o Criador, que restaura a vida em perigo de se apagar.A mensagem central do texto é que quem pertence a Deus, pela fé, experimenta sempre a vida; para o justo, morrer é entrar na imortalidade.

 

 2. Leitura: 2 Coríntios 8,7.9.13-15

 

O apóstolo Paulo tinha organizado um peditório junto das comunidades que tinha fundado na Ásia Menor, na Macedónia e na Grécia, em favor dos irmãos de Jerusalém que estavam em dificuldades. 

A sensibilidade para com os necessitados também fazia parte da vida das primeiras comunidades cristãs. Nesse texto, Paulo exorta a comunidade de Corinto a praticar a entreajuda e a partilha com as comunidades mais carentes.

Esta iniciativa correspondia às orientações da jovem Igreja, segundo At 4,32-35. Paulo justifica esta ação de partilha pela generosidade de Cristo: esta é modelo para os cristãos e eles próprios já beneficiaram dela.

 

3. Evangelho: Marcos 5,21-43 ou 21-24.35-43

 

Hoje, são Marco nos apresenta uma avalancha de necessitados que se aproxima a Jesus Salvador procurando consolo e saúde. Inclusive, aquele dia abriu-se passo entre a multidão um homem chamado Jairo; o chefe da sinagoga, para implorar pela saúde de sua filhinha: Minha filhinha está nas últimas. Vem, impõe as mãos sobre ela para que fique curada e viva! (Mc 5,23).

Uma mulher adulta sofre de hemorragia há doze anos. Com profunda fé toca nas vestes do Senhor, certa de que ficará livre de sua enfermidade. E assim acontece. Jesus é pai dos marginalizados: “Filha, a tua fé te salvou…”. Quanto à filha de Jairo, não resiste à doença e falece. Jesus não se abala, somente exige fé: “Não tenha medo. Apenas creia”. E, acompanhado de Pedro, Tiago e João, ordena que a menina se levante. Diante do assombro dos familiares e dos amigos, ela volta a viver. Sensível à condição da menina, Jesus manda que lhe deem alimento.

As duas mulheres agraciadas pela ação de Jesus tinham algo em comum: uma sofria fazia 12 anos e a outra morreu aos 12 anos de idade, antes de se tornar mulher. Na concepção judaica, ambos os casos constituíam um fracasso total, pois nenhuma delas tinha condição de gerar vida. 

Cristo cura as duas mulheres e permite-lhes, assim, desempenhar sua vocação materna. Em seu ministério, Jesus transforma a vida daqueles e daquelas que abraçam a fé. No contexto das primeiras comunidades cristãs, o relato ressaltava que a fé era condição essencial para receber o batismo, o sacramento da vida nova em Cristo.

 

 

III. ATUALIZAÇÃO

 

• As alusões aos santos mistérios da Igreja orientam a compreensão do relato: Jairo pede a Jesus para impor as mãos, para salvar e dar a vida à sua filha. Ora, toda a preparação para o Baptismo está sinalizada pela imposição das mãos. Jesus levanta a jovem, tomando-a pela mão, como o diácono fazia sair da água o batizado, tomando-o pela mão, para que fosse desperto para a vida em Deus. Jesus pede, emseguida, que se dê de comer a esta jovem ressuscitada da morte: é uma alusão à Eucaristia que se segue ao Batismo.
• Jesus venceu a morte, mas seria uma vitória muito pequena, se se resumisse a devolver alguns anos de vida à criança. O milagre é apenas um sinal, a antecipação da vitória final de Jesus na cruz, onde será elevado, vencendo a morte para sempre. As testemunhas do milagre ficarão em silêncio, porque Pedro, Tiago e João ainda irão presenciar a transfiguração do Senhor na montanha e depois sua vitória final em Jerusalém.
• Jesus, dando-se conta da situação, pediu a Jairo que não se deixara influir pelo ambiente pessimista, lhe dizendo: Não tenhas medo, somente crê (Mc 5,36). Jesus lhe pediu aquele pai uma fé maior, capaz de ir além das dúvidas e do medo. Ao chegar à casa de Jairo, o Messias retornou a vida à menina com as palavras: Talitá kum, que quer dizer: ‘Menina, eu te digo, levanta-te’ (Mc 5,41).
• Ninguém fica anónimo aos olhos de Jesus. Está habitado pelo amor de Deus para com os seus filhos. No Coração do Pai, Jesus é capaz de uma atenção extrema a cada angústia do ser humano. Não interessa quem possa vir junto d’Ele, não interessa qual é a situação: ele será sempre acolhido, Jesus dará sempre a sua atenção como se cada um estivesse sozinho no mundo com Ele.



 

 

 

Pe. Edivânio José.

 

sábado, 26 de junho de 2021

HOMÍLIA DO SÁBADO XII DO TEMPO COMUM.

 

I. INTRODUÇÃO

 

Hoje, no Evangelho, vemos o amor, a fé, a confiança e a humildade de um centurião, que estima profundamente o seu criado. Preocupa-se tanto por ele, que é capaz de humilhar-se ante Jesus e pedir-lhe: Senhor, o meu criado está de cama, lá em casa, paralisado e sofrendo demais (Mt 8,6). 

Esta solicitação pelos outros, especialmente por um criado, obtém de Jesus uma rápida resposta: Ele respondeu: Vou curá-lo. (Mt 8,7). E tudo desemboca numa série de atos de fé e de confiança. 

 

II. COMENTÁRIOS

 

Evangelho (Mt 8,5-17):

No Evangelho de hoje, o centurião não se considera digno e, ao lado deste sentimento, manifesta sua fé diante de Jesus e de todos os que estavam ali presentes, de tal maneira que Jesus diz: Ao ouvir isso, Jesus ficou admirado e disse aos que o estavam seguindo: Em verdade, vos digo: em ninguém em Israel encontrei tanta fé (Mt 8,10).

O centurião disse: Senhor, eu não sou digno de que entres em minha casa. Dize uma só palavra e o meu criado ficará curado. (Mt 8,8). É a resposta do centurião. São assim teus sentimentos? É assim tua fé? Só a fé pode captar este mistério, esta fé que é o fundamento e a base de quanto ultrapassa à experiência e ao conhecimento natural (São Máximo). 

Se é assim, também escutarás: ‘Vai! Conforme acreditaste te seja feito’. E naquela mesma hora, o criado ficou curado (Mt 8,13).

Podemos nos perguntar o que é que move a Jesus para realizar o milagre? Quantas vezes pedimos e parece que Deus não nos atende! E isso que sabemos que Deus sempre nos escuta. 

O que será que sucede, então? Achamos que pedimos bem, mas, será que o fazemos como o centurião? Sua oração não é egoísta, está cheia de amor, humildade e confiança. Diz São Pedro CrisólogoA força do amor não mede as possibilidades.

O amor não discerne, não reflete, não conhece razões. O amor não é resignação ante a impossibilidade, não se intimida ante nenhuma dificuldade. É assim minha oração?

 

 

III. ATUALIZAÇÃO

 

• Centurião, em cuja casa um judeu observante da Lei não podia entrar, era o chefe de cem soldados a serviço dos romanos. Um deles aproxima-se de Jesus e lhe pede a cura de seu empregado. 
• Jesus diz que irá à casa dele. Porém, constatando o alto grau de fé do centurião, Jesus o elogia. Destaca-o como figura exemplar para todos os povos: “Em Israel não encontrei ninguém que tivesse tanta fé”. 
• Jesus segue fazendo prodígios: cura a sogra de Pedro e, ao entardecer, cura todos os doentes que lhe são apresentados, além de expulsar muitos demônios. O Reino de Deus se manifesta concretamente em Jesus, que “assumiu nossas fraquezas e carregou nossas doenças”.
• Deus não é um “polícia do cosmos” que intervém para pôr ordem segundo os nossos esquemasem todos os cantos do universo. É o Pai e o seu governo é providencial. 
• Às vezes, podemos parecer ausentes e incapazes de impedir o mal; porém Deus Pai revelou a sua omnipotência da forma mais misteriosa de aniquilação voluntária e na Ressurreição do seu filho.

 


 

sexta-feira, 25 de junho de 2021

Homília da Sexta-feira da 12ª semana do Tempo Comum.


I. INTRODUÇÃO

Hoje, que significa crer? É necessária uma renovada educação para a fé, que inclua sem dúvida um conhecimento das suas verdades e dos acontecimentos da salvação, mas sobretudo que nasça de um encontro verdadeiro com Deus em Jesus Cristo, do amá-lo, do ter confiança nele, de modo que a vida inteira seja envolvida por Ele.

Hoje, juntamente com tantos sinais de bem, aumenta ao nosso redor um certo deserto espiritual. Às vezes, as próprias ideias de progresso e de bem-estar mostram também as suas sombras. 

Um certo tipo de cultura educou a mover-se só no horizonte das coisas, do realizável, a acreditar unicamente naquilo que se vê e se toca com as próprias mãos. Neste contexto sobressaem algumas interrogações fundamentais: que sentido tem viver? O que nos espera além do limiar da morte?

 

II. COMENTÁRIO

Evangelho (Mt 8,1-4):

Hoje, o Evangelho nos mostra um leproso, cheio de dor e consciente de sua enfermidade, que chega a Jesus pedindo-lhe: Senhor, se queres, tens o poder de purificar-me” (Mt 8,2). Também nos, ao ver tão próximo o Senhor e tão longe de nossa cabeça, nosso coração e nossas mãos de seu projeto de salvação, teríamos que sentir-nos ávidos e capazes de formular a mesma expressão do leproso: Senhor, se queres podes limpar-me.

Pois bem, se impõe uma pergunta: Uma sociedade que não tem consciência do pecado pode pedir perdão ao Senhor? Pode pedir alguma purificação? Todos conhecem muita gente que sofre e cujo coração está ferido, mas seu drama é que não sempre é consciente de sua situação pessoal. Apesar de tudo, Jesus continua passando para o nosso lado, a cada dia (Mt 28,20), e espera a mesma petição: Ensinai-lhes a observar tudo o que vos tenho ordenado. 

Eis que estou convosco todos os dias, até o fim dos tempos. No entanto, nos também devemos colaborar. Santo Agostinho nos lembra em sua clássica sentença: Aquele que te criou sem ti, não te salvará sem ti. É necessário, pois, que sejamos capazes de pedir ao Senhor que nos ajude, que queremos mudar com sua ajuda.

Por isso, quando chega o momento do arrependimento, o momento da confissão sacramental, é preciso desfazer-se do passado, das manchas que infectam nosso corpo e nossa alma. Não duvidemos: pedir perdão é um grande momento de iniciação cristã, porque é o momento em que nos cai a venda dos olhos. E se alguém nota a sua situação e não quer converter-se? Diz um ditado popular: Não há pior cego do que aquele que não quer ver”.

 

III. ATUALIZAÇÃO

 

• Jesus causa uma reviravolta na sociedade do seu tempo. Os leprosos carregavam o peso da marginalização religiosa e social. Por sua condição de impuros, e conforme o que se ensinava na sinagoga, eles pensavam estar excluídos do acesso ao Reino de Deus. 
• Hoje, vemos um exemplo de como se devem pedir as coisas a Deus: com fé firme. Não há melhor argumento do que este: Se quiseres, podes curar-me. E, como o Senhor nos ama infinitamente, não tem outro remédio senão responder: Quero, fica curado. Mas a Deus temos de pedir-Lhe “bem” e, além disso, o “bom”.
• Um desses infelizes percebe em Jesus a predileção pelos abandonados, a manifestação da bondade de Deus, o cumprimento da promessa de libertação dos oprimidos. Rompe a barreira e encurta a distância que o separa do Mestre, que lhe favorece a aproximação e lhe atende o pedido: “Estendeu a mão e, tocando nele, Jesus disse: ‘Eu quero. Fique purificado'”. Em torno de Jesus fervilha a vida, o mal se retrai, irrompe o mundo novo: é o encontro da misericórdia de Deus com a fé do ser humano.
• Alguém se perguntará: por que é tão importante notar, converter-se e desejar mudar? Simplesmente porque, do contrário, continuaríamos sem poder dar uma resposta afirmativa à pergunta anterior, na que dizíamos que una sociedade sem consciência do pecado dificilmente sentirá desejos ou necessidade de procurar o Senhor para formular sua petição de ajuda.



 

 

 

 

Pe. Edivânio José.