sexta-feira, 25 de junho de 2021

Homília da Sexta-feira da 12ª semana do Tempo Comum.


I. INTRODUÇÃO

Hoje, que significa crer? É necessária uma renovada educação para a fé, que inclua sem dúvida um conhecimento das suas verdades e dos acontecimentos da salvação, mas sobretudo que nasça de um encontro verdadeiro com Deus em Jesus Cristo, do amá-lo, do ter confiança nele, de modo que a vida inteira seja envolvida por Ele.

Hoje, juntamente com tantos sinais de bem, aumenta ao nosso redor um certo deserto espiritual. Às vezes, as próprias ideias de progresso e de bem-estar mostram também as suas sombras. 

Um certo tipo de cultura educou a mover-se só no horizonte das coisas, do realizável, a acreditar unicamente naquilo que se vê e se toca com as próprias mãos. Neste contexto sobressaem algumas interrogações fundamentais: que sentido tem viver? O que nos espera além do limiar da morte?

 

II. COMENTÁRIO

Evangelho (Mt 8,1-4):

Hoje, o Evangelho nos mostra um leproso, cheio de dor e consciente de sua enfermidade, que chega a Jesus pedindo-lhe: Senhor, se queres, tens o poder de purificar-me” (Mt 8,2). Também nos, ao ver tão próximo o Senhor e tão longe de nossa cabeça, nosso coração e nossas mãos de seu projeto de salvação, teríamos que sentir-nos ávidos e capazes de formular a mesma expressão do leproso: Senhor, se queres podes limpar-me.

Pois bem, se impõe uma pergunta: Uma sociedade que não tem consciência do pecado pode pedir perdão ao Senhor? Pode pedir alguma purificação? Todos conhecem muita gente que sofre e cujo coração está ferido, mas seu drama é que não sempre é consciente de sua situação pessoal. Apesar de tudo, Jesus continua passando para o nosso lado, a cada dia (Mt 28,20), e espera a mesma petição: Ensinai-lhes a observar tudo o que vos tenho ordenado. 

Eis que estou convosco todos os dias, até o fim dos tempos. No entanto, nos também devemos colaborar. Santo Agostinho nos lembra em sua clássica sentença: Aquele que te criou sem ti, não te salvará sem ti. É necessário, pois, que sejamos capazes de pedir ao Senhor que nos ajude, que queremos mudar com sua ajuda.

Por isso, quando chega o momento do arrependimento, o momento da confissão sacramental, é preciso desfazer-se do passado, das manchas que infectam nosso corpo e nossa alma. Não duvidemos: pedir perdão é um grande momento de iniciação cristã, porque é o momento em que nos cai a venda dos olhos. E se alguém nota a sua situação e não quer converter-se? Diz um ditado popular: Não há pior cego do que aquele que não quer ver”.

 

III. ATUALIZAÇÃO

 

• Jesus causa uma reviravolta na sociedade do seu tempo. Os leprosos carregavam o peso da marginalização religiosa e social. Por sua condição de impuros, e conforme o que se ensinava na sinagoga, eles pensavam estar excluídos do acesso ao Reino de Deus. 
• Hoje, vemos um exemplo de como se devem pedir as coisas a Deus: com fé firme. Não há melhor argumento do que este: Se quiseres, podes curar-me. E, como o Senhor nos ama infinitamente, não tem outro remédio senão responder: Quero, fica curado. Mas a Deus temos de pedir-Lhe “bem” e, além disso, o “bom”.
• Um desses infelizes percebe em Jesus a predileção pelos abandonados, a manifestação da bondade de Deus, o cumprimento da promessa de libertação dos oprimidos. Rompe a barreira e encurta a distância que o separa do Mestre, que lhe favorece a aproximação e lhe atende o pedido: “Estendeu a mão e, tocando nele, Jesus disse: ‘Eu quero. Fique purificado'”. Em torno de Jesus fervilha a vida, o mal se retrai, irrompe o mundo novo: é o encontro da misericórdia de Deus com a fé do ser humano.
• Alguém se perguntará: por que é tão importante notar, converter-se e desejar mudar? Simplesmente porque, do contrário, continuaríamos sem poder dar uma resposta afirmativa à pergunta anterior, na que dizíamos que una sociedade sem consciência do pecado dificilmente sentirá desejos ou necessidade de procurar o Senhor para formular sua petição de ajuda.



 

 

 

 

Pe. Edivânio José.

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