I. INTRODUÇÃO
As leituras deste domingo nos convidam a meditar que Deus é o autor da vida; ele criou o ser humano para a vida eterna. Na concepção bíblica, a morte física não significa o fim da vida, mas sua transformação para uma condição de imortalidade, pois viver é estar com Deus. A obra da criação é uma ação divina em favor da vida.
Primeiro, começa como dom de Deus e ação da graça que transforma à pessoa. O conhecimento dos mistérios não é suficiente se depois o coração autêntico sacrário da pessoa não está aberto pela graça.
Segundo a fé implica uma tarefa e um compromisso público (não é algo simplesmente privado). A fé é se decidir a estar com o Senhor para viver com Ele e, precisamente porque é um ato da liberdade, exige também a responsabilidade social do que se acredita.
Este livro pertence ao grupo dos livros “deuterocanônicos” (“da segunda lista”), que por terem sido escritos em grego não foram aceitos na Bíblia hebraica (e posteriormente excluídos pelos cristãos protestantes).
O autor bíblico deixa claro que a morte não tem origem divina, mas veio ao mundo por inveja do demônio. Tal ensinamento contradiz certas ideias espalhadas na época, segundo as quais aqueles que não agradavam a Deus deviam morrer.
O ser humano foi criado à imagem e semelhança de Deus e foi chamado à comunhão eterna com o Criador, que restaura a vida em perigo de se apagar.A mensagem central do texto é que quem pertence a Deus, pela fé, experimenta sempre a vida; para o justo, morrer é entrar na imortalidade.
2. Leitura: 2 Coríntios 8,7.9.13-15
O apóstolo Paulo tinha organizado um peditório junto das comunidades que tinha fundado na Ásia Menor, na Macedónia e na Grécia, em favor dos irmãos de Jerusalém que estavam em dificuldades.
A sensibilidade para com os necessitados também fazia parte da vida das primeiras comunidades cristãs. Nesse texto, Paulo exorta a comunidade de Corinto a praticar a entreajuda e a partilha com as comunidades mais carentes.
Esta iniciativa correspondia às orientações da jovem Igreja, segundo At 4,32-35. Paulo justifica esta ação de partilha pela generosidade de Cristo: esta é modelo para os cristãos e eles próprios já beneficiaram dela.
Hoje, são Marco nos apresenta uma avalancha de necessitados que se aproxima a Jesus Salvador procurando consolo e saúde. Inclusive, aquele dia abriu-se passo entre a multidão um homem chamado Jairo; o chefe da sinagoga, para implorar pela saúde de sua filhinha: “Minha filhinha está nas últimas. Vem, impõe as mãos sobre ela para que fique curada e viva!” (Mc 5,23).
Uma mulher adulta sofre de hemorragia há doze anos. Com profunda fé toca nas vestes do Senhor, certa de que ficará livre de sua enfermidade. E assim acontece. Jesus é pai dos marginalizados: “Filha, a tua fé te salvou…”. Quanto à filha de Jairo, não resiste à doença e falece. Jesus não se abala, somente exige fé: “Não tenha medo. Apenas creia”. E, acompanhado de Pedro, Tiago e João, ordena que a menina se levante. Diante do assombro dos familiares e dos amigos, ela volta a viver. Sensível à condição da menina, Jesus manda que lhe deem alimento.
As duas mulheres agraciadas pela ação de Jesus tinham algo em comum: uma sofria fazia 12 anos e a outra morreu aos 12 anos de idade, antes de se tornar mulher. Na concepção judaica, ambos os casos constituíam um fracasso total, pois nenhuma delas tinha condição de gerar vida.
Cristo cura as duas mulheres e permite-lhes, assim, desempenhar sua vocação materna. Em seu ministério, Jesus transforma a vida daqueles e daquelas que abraçam a fé. No contexto das primeiras comunidades cristãs, o relato ressaltava que a fé era condição essencial para receber o batismo, o sacramento da vida nova em Cristo.
Pe. Edivânio José.
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