terça-feira, 30 de novembro de 2021

Homilia da Terça-feira da 1° Semana do Advento: Santo André, apóstolo.


I. Introdução

Hoje, é a festa de Santo André, Apóstolo, uma festa celebrada de maneira solene entre os cristãos de Oriente. Ele foi um dos primeiros jovens a conhecer Jesus à beira do rio Jordão e a ter longas conversas com Ele. Em seguida procurou seu irmão Pedro, dizendo-lhe «Encontramos o Cristo!» e o levou onde estava Jesus (Jo 2,41).

II. Comentário

Logo depois, Jesus chamou a esses dois irmãos pescadores seus amigos como lemos no Evangelho de hoje: «Segui-me, e eu farei de vós pescadores de homens» (Mt 4,19). No mesmo povoado, havia outros dois irmãos, Tiago e João, colegas e amigos daqueles primeiros e pescadores como eles.

Jesus também os chamou para que O seguissem. É maravilhoso ler que eles deixaram tudo e O seguiram “imediatamente”, palavras que se repetem em ambos os casos. Não podemos dizer a Jesus: “depois”, “logo”, “agora tenho muito trabalho...”

Também a cada um de nós — a todos os cristãos — Jesus nos pede cada dia que ponhamos todo o que temos e somos ao seu serviço —isso quer dizer, deixar tudo, não ter nada como próprio— para que, vivendo com Ele as tarefas de nosso trabalho profissional e de nossa família, sejamos “pescadores de homens”.

O que quer dizer “pescadores de homens”? Uma bonita resposta pode ser um comentário de São João Crisóstomo. Este Padre e Doutor da Igreja, diz que André não sabia explicar bem a seu irmão Pedro quem era Jesus, e por isso, «o levou à fonte da própria luz», que é Jesus Cristo. “Pescar homens” quer dizer ajudar os que estão ao nosso redor na família e no trabalho para encontrarem a Cristo que é a única luz para nosso caminho.

III. Atualização

• «Pedro e André não tinham visto que Jesus Cristo tivesse feito algum milagre. Nada

tinham ouvido do prêmio eterno e, porém ao ouvir a voz do Salvador se olvidaram de

tudo o que acreditavam ter» (São Gregório Magno)

• «Que o apóstolo André nos ensine a seguir a Jesus com prontidão, a falar com

entusiasmo de Ele, e sobretudo a cultivar com Ele uma relação de autêntica familiaridade, consentes de que só em Ele podemos encontrar o sentido último de nossa vida e de nossa morte» (Bento XVI)

• «Cristo Senhor (...) ordenou aos Apóstolos, que anunciassem a todos o Evangelho, o qual, antes prometido pelos profetas, ele próprio cumpriu e promulgou por sua palavra, como fonte de toda verdade salvífica e toda regra moral» (Catecismo da Igreja Católica, n°75)

segunda-feira, 29 de novembro de 2021

Homilia da Segunda-feira da 1a semana do Advento.

I. Introdução

Hoje, Cafarnaum é a nossa cidade e a nossa aldeia, onde há pessoas doentes, umas conhecidas, outras anônimas, frequentemente esquecidas por causa do ritmo frenético que caracteriza a vida atual: carregados de trabalho, vamos correndo sem parar e sem pensar naqueles que, por causa da sua doença ou de outra circunstância, ficam à margem e não podem seguir esse ritmo. Porém, Jesus nos dirá um dia: «todas as vezes que fizestes isso a um destes mais pequenos, que são meus irmãos, foi a mim que o fizestes!» (Mt 25,40). O grande pensador Blaise Pascal recolhe esta ideia quando afirma que «Jesus Cristo, nos seus fieis, encontra-se na agonia de Getsemani até ao final dos tempos».

II. Comentário

O centurião de Cafarnaum não se esquece do seu criado prostrado no leito, porque o ama. Apesar de ser mais poderoso e de ter mais autoridade que o seu servo, o centurião agradece todos os seus anos de serviço e tem por ele grande admiração. Por isso, movido pelo amor, dirige-se a Jesus e na presença do Salvador faz uma extraordinária confissão de fé, recolhida pela liturgia Eucarística: «Senhor, eu não sou digno de que entres em minha casa. Diz uma só palavra e o meu criado ficará curado» (Mt 8,8).

Esta confissão fundamenta-se na esperança; brota da confiança posta em Jesus Cristo, e ao mesmo tempo, também do seu sentimento de indignidade pessoal que o ajuda a reconhecer a sua própria pobreza.

Só nos podemos [a] aproximar de Jesus Cristo com uma atitude humilde, como a do centurião. Assim poderemos viver a esperança do Advento: esperança de salvação e de vida, de reconciliação e de paz. Apenas pode esperar aquele que reconhece a sua pobreza e é capaz de perceber que o sentido da sua vida não está nele próprio mas em Deus, pondo-se nas mãos do Senhor. Aproximemo-nos com confiança de Cristo e, ao mesmo tempo, façamos nossa a oração do centurião.

III. Atualização

• «Que pensamos que Jesus alabou na fé do centurião? A humildade. A humildade do

centurião foi a porta por onde o Senhor entrou» (Santo Agostinho)

• «O Senhor maravilhou-se deste centurião. Maravilhou-se da fé que ele tinha. Por isso não somente encontrou ao Senhor, se não que sentiu a alegria de ter sido encontrado

pelo Senhor. É muito importante!» (Francisco)

• Perante a grandeza deste sacramento [a eucaristia], o fiel só pode retomar

humildemente e com ardente fé a palavra do centurião: « Senhor, eu não sou digno de que entreis em minha morada, mas dizei uma [só] palavra e serei salvo» (Catecismo da Igreja Católica, n° 1386)



domingo, 28 de novembro de 2021

Homilia do I Domingo do Advento

 I. Introdução

Hoje, justamente ao começar um novo ano litúrgico, fazemos o propósito de renovar nossa ilusão e nossa luta pessoal visando à santidade, própria e de todos.

A própria Igreja nos convida, recordando-nos no Evangelho de hoje, a necessidade de estar sempre atentos, sempre “enamorados” do Senhor: «Cuidado para que vossos corações não fiquem pesados por causa dos excessos, da embriaguez e das preocupações da vida» (Lc 21,34).

II. Comentário

Reparemos num detalhe que é importante entre namorados: essa atitude de alerta — de preparação— não pode ser intermitente, mas deve ser permanente. Por isso, nos diz o Senhor: «ficai atentos e orai a todo momento» (Lc 21,36). A todo momento!: essa é a justa medida do amor.

A fidelidade não se faz na base de “agora sim, agora não”. É, portanto, muito conveniente que nosso ritmo de piedade e de preparação espiritual seja um ritmo habitual (dia a dia e semana a semana). Tomara que cada jornada da nossa vida vivamo-la com a mentalidade de estrearmos; tomara que cada manhã —ao acordarmos— logremos dizer: Hoje volto a nascer (obrigado, meu Deus!); hoje volto a receber o Batismo; hoje volto a fazer a Primeira Comunhão; hoje me caso novamente... Para perseverar com ar alegre, há de se “re- estrear” e se renovar.

Nesta vida não temos cidade permanente. Chegará o dia que incluso «as potências celestes serão abaladas» (Lc 25,26). Bom motivo para permanecer em estado de alerta! Mas, neste Advento, a Igreja acrescenta um motivo muito bonito para nossa gozosa preparação: certamente, um dia os homens «verão o Filho do Homem, vindo numa nuvem, com grande poder e glória» (Lc 25,27), mas agora Deus chega à terra com mansidão e discrição; em forma de recém-nascido, até o ponto que «Cristo viu-se envolto em fraldas dentro de um presépio» (São Cirilo de Jerusalém).

Somente um espírito atento descobre neste Menino a magnitude do amor de Deus e sua salvação (cf. Sajustamente ao começar um novo ano litúrgico, fazemos o propósito de renovar nossa ilusão e nossa luta pessoal visando à santidade, própria e de todos. A própria Igreja nos convida, recordando-nos no Evangelho de hoje, a necessidade de estar sempre atentos, sempre “enamorados” do Senhor: «Cuidado para que vossos corações não fiquem pesados por causa dos excessos, da embriaguez e das preocupações da vida» (Lc 21,34).

III. Atualização

• Jesus pede-nos um espírito desperto e vigilante. Acontece algo? Sim, Cristo veio à

terra há vinte séculos e muitos ainda não sabem ou não fazem caso: os seus corações

estão muito ocupados com coisas e mais coisas.

• A liberdade serve sobretudo para amar, não para se entreter.

• Quando rezamos somos capazes de honrar Deus no meio deste mundo tão

apaixonante, gozando das coisas sem deixar-nos roubar o coração pelas coisas.

• Só há um amor que tem o direito de “roubar” o meu coração!



sábado, 27 de novembro de 2021

Homília do Sábado da 34° semana do tempo comum Comentário

 Hoje, Jesus pede-nos um espírito desperto e vigilante. Acontece algo? Sim,

 Cristo veio à terra há vinte séculos e muitos ainda não sabem ou não fazem caso: os

 seus corações estão muito ocupados com coisas e mais coisas. A liberdade serve

 sobretudo para amar, não para se entreter.

 Quando rezamos somos capazes de honrar Deus no meio deste mundo tão

 apaixonante, gozando das coisas sem deixar-nos roubar o coração pelas coisas. Só

  há um amor que tem o direito de “roubar” o meu coração!




sexta-feira, 26 de novembro de 2021

Homília da Sexta-feira da 34° semana do tempo comum

I. Introdução

II. Comentário

  Hoje admiramos aos primeiros cristãos discernindo os sinais do seu tempo:

 deviam-se reunir e ler juntos os fragmentos —misteriosos— da palavra de Jesus

 Cristo. Tarefa nada fácil, que enfrentaram a partir de Pentecostes e, antes do fim

 material do Templo, todos os elementos essenciais desta nova síntese

 encontravam-se já na teologia paulina.

  Para predicar e orar, a Igreja nascente reunia-se em o Templo, mas o “partir o

pão” (o novo centro “cultual”, relacionado com a “Ultima Ceia”, morte e

 ressurreição do Senhor) acontecia em casa. Nesse momento já se perfilava, pois,

 uma distinção essencial: os sacrifícios substituíram-se por o “partir o pão”.

 Na nova síntese teológica destacam-se dois nomes. Para Estevão começou um

 tempo novo que o leva a cumprir aquilo realmente originário: com Jesus passou

 o período do sacrifício no Templo. Mas a vida e a mensagem deste “Protomártir”

 —declarando ante o Senedrim— ficaram interrompidos com a sua lapidação.

 Correspondeu a outro, Saulo —depois São Paulo!— completar esta visão

 teológica.




quinta-feira, 25 de novembro de 2021

Homília da Quinta-feira da 34° semana do tempo comum.

I. Introdução

II. Comentário

  Hoje, ao ler este santo Evangelho, como não ver o reflexo do momento

 presente, cada vez mais cheio de ameaças e mais tingido de sangue? «Na terra, as

 nações ficarão angustiadas, apavoradas com o bramido do mar e das ondas.

  As pessoas vão desmaiar de medo, só em pensar no que vai acontecer ao

  mundo» (Lc 21,25b-26a). A segunda vinda do Senhor tem sido representada,

inúmeras vezes, pelas mais aterrorizadoras imagens, como parece ser neste

 Evangelho; sempre sob o signo do medo.

 Porém, será esta a mensagem que hoje nos dirige o Evangelho? Fiquemos

 atentos às últimas palavras: «Quando estas coisas começarem a acontecer, levantai-

 vos e erguei a cabeça, porque a vossa libertação está próxima» (Lc 21,28). O núcleo

 da mensagem destes últimos dias do ano litúrgico não é o medo; mas sim, a

 esperança da futura libertação, ou seja, a esperança completamente cristã de

 alcançar a plenitude da vida com o Senhor, na qual participarão, também, nosso

 corpo e o mundo que nos rodeia.

 Os acontecimentos narrados tão dramaticamente indicam, de modo

 simbólico, a participação de toda a criação na segunda vinda do Senhor, como já

 participou na primeira, especialmente no momento de sua paixão, quando o céu

 escureceu e a terra tremeu. A dimensão cósmica não será abandonada no final dos

 tempos, já que é uma dimensão que acompanha o homem desde que entrou no

 Paraíso.

  III. Atualização

A esperança do cristão não é enganadora, porque quando essas coisas

 começarem a acontecer —nos diz o próprio Senhor— «Então, verão o

 Filho do Homem, vindo numa nuvem, com grande poder e glória» (Lc

 21,27). Não vivamos angustiados perante a segunda vinda do Senhor, a

 sua Parúsia: meditemos, antes, nas profundas palavras de Santo

 Agostinho que, já no seu tempo, ao ver os cristãos temerosos frente ao

 regresso do Senhor, se pergunta: «Como pode a Esposa ter medo do seu

 Esposo?».



quarta-feira, 24 de novembro de 2021

Homília da Quarta-feira da 34° Semana do Tempo Comum Comentário.

 Hoje, o profeta de Jesus nos prepara para o caminho. Não foi a primeira vez

 que Ele nos advertiu sobre as tribulações (mal-entendidos, persecuções...) que virá

 —e têm vindo— vindo o tempo. Ninguém é tão perseguido como Jesus Cristo e seus

 discípulos! Ou mesmo são Paulo nos perseguiu até a morte. Mas, «confiai, eu venci o

 mundo».

 Porque Deus permite tanta perseguição? Só Ele sabe, mas nós nos

  entrevemos nele um grande Amor: quanta Paciência!; quanta Misericórdia! E assim é

como como Deus vence ao mundo. Nós também: «Com sua perseverança salvará

 suas almas». Sangue de mártires, semente de cristãos.



terça-feira, 23 de novembro de 2021

Homilia da Terça-feira do 34° semana do tempo comum.

I. Introdução

II. Comentário

  Hoje, começando o “Discurso Escatológico” reencontramos o anúncio do

 dramático final do Templo de Jerusalém.

  O “Senhor da História” nem errou nem exagerou... Efetivamente, em 5 de

 agosto do 70 (uns 40 anos depois de sua Ascensão) houve um acontecimento de

  grandes consequências para a história das religiões: por causa da carestia dos

elementos necessários, tiveram que suspender o sacrifício quotidiano no Templo.

 Pouco tempo depois, foi demolido pelos romanos.

 Para o judaísmo, o cesse do sacrifício e a destruição do Templo foi uma

 comoção terrível. Templo e sacrifício estavam no centro da Torá. E ainda mais: Deus,

 que tinha colocado seu nome neste Templo e que misteriosamente habitava nele, o

 abandonou; já não era sua moradia sob a Terra. O Antigo Testamento devia ler-se de

 um novo modo!

 É o Sangue do Cordeiro de Deus (Jesus) o que quita os pecados do mundo; o

 dos animais sacrificados era só uma figura dessa realidade suprema.



segunda-feira, 22 de novembro de 2021

Homília da Segunda-feira da 34° Semana do Tempo Comum.

 I. Introdução

  Hoje, como quase sempre, as coisas pequenas passam ignoradas, pequenas

 esmolas, sacrifícios pequenos, pequenas orações (jaculatórias), mas o que parece

 pequeno e sem importância constitui muitas vezes a trama e também o remate das

 obras-primas: tanto das grandes obras de arte como da obra máxima da santidade

 pessoal.

 Pelo fato de essas coisas pequenas passarem desconhecidas, a sua retidão

  de intenção está garantida: com elas não procuramos o reconhecimento dos outros,

nem a glória humana.

 II. Comentário

 Só Deus as descobrirá no nosso coração, como só Jesus se apercebeu da

 generosidade da viúva. É mais do que garantido que a pobre mulher não anunciou o

 seu gesto com um toque de trompete e até é possível que se envergonhasse bastante

 e se sentisse ridícula perante o olhar dos ricos, que deitavam grandes donativos no

 cofre do templo e disso faziam alarde. Porém, a sua generosidade, que a levou a tirar

 forças da fraqueza no meio da sua indigência, mereceu o elogio do Senhor, que vê o

 coração das pessoas: «Em verdade, vos digo: esta viúva pobre deu mais do que todos

 os outros. Pois todos eles depositaram como oferta parte do que tinham de sobra,

 mas ela, da sua pobreza, ofereceu tudo que tinha para viver» (Lc 21,3-4).

 A generosidade da viúva pobre é uma boa lição para nós, discípulos de Cristo.

 Podemos dar muitas coisas, como os ricos que «depositavam as suas ofertas no

 cofre» (Lc 21,1), mas nada disso terá valor se só dermos “daquilo que nos sobra”, sem

 amor e sem espírito de generosidade, sem nos oferecermos a nós próprios. Diz Sto.

 Agostinho: «Eles punham os olhos nas grandes oferendas dos ricos, louvando-os por

 isso. Porém, embora tivessem logo visto a viúva, quantos viram aquelas duas

 moedas?... Ela deu tudo o que possuía. Tinha muito, porque tinha Deus no seu

 coração. É muito mais ter Deus na alma do que ouro na arca». É bem certo: se somos

 generosos com Deus, muito mais o será Ele conosco.



domingo, 21 de novembro de 2021

Homília da Solenidade de Jesus Cristo, Rei do Universo (B)


I. Introdução, 

Jesus Cristo nos é apresentado como Rei do Universo. Sempre me chamou a atenção o ênfase que a Bíblia dá ao nome de Rei quando o aplica ao Senhor. «O Senhor reina, vestido de majestade”, cantamos no Salmo 92. «Perguntou-lhe então Pilatos: És, portanto, rei? Respondeu Jesus: Sim, eu sou rei. É para dar testemunho da verdade que nasci e vim ao mundo. Todo o que é da verdade ouve a minha voz.» (Jo 18,37), ouvimos pela própria boca de Jesus mesmo. «Bendito o rei que vem em nome do Senhor» (Lc 19,14), diziam as pessoas quando ele entrava em Jerusalém.

II. Comentário

Certamente, a palavra Rei, aplicada a Deus e a Jesus Cristo, não tem as conotações da monarquia política tal como a conhecemos. Mas, sim que há alguma relação entre a linguagem popular e a linguagem bíblica com respeito à palavra rei. Por exemplo, quando uma mãe cuida ao seu bebê de poucos meses e lhe diz: - Tu és o rei da casa. Que está dizendo? Algo muito simples: que para ela este menino ocupa o primeiro lugar, que é tudo para ela.

Quando os jovens dizem que fulano é o rei do Rock querem dizer que não há ninguém igual, o mesmo quando falam do rei do basquete. Entre no quarto de um adolescente e verá na parede quem são seus reis. Penso que essas expressões populares se parecem mais ao que queremos dizer quando clamamos a Deus como nosso Rei e nos ajudam a entender a afirmação de Jesus sobre sua realeza: «O meu Reino não é deste mundo. Se o meu Reino fosse deste mundo, os meus súditos certamente teriam pelejado para que eu não fosse entregue aos judeus. Mas o meu Reino não é deste mundo» (Jo 18,36).

Para os cristãos nosso Rei é o Senhor, quer dizer, o centro onde se dirige o sentido mais profundo de nossa vida. Ao pedir no Pai Nosso que venha a nós seu reino, expressamos nosso desejo de que cresça o número de pessoas que encontrem em Deus a fonte da felicidade e se esforcem por seguir o caminho que Ele nos ensinou, o caminho das bem-aventuranças. Peçamos de todo coração, que «onde queira que esteja Jesus Cristo, ali estará nossa vida e nosso reino» (Santo Ambrosio).



Pe. Edivanio José.

sábado, 20 de novembro de 2021

Homília do Sábado do 33° Semana do Tempo Comum I.

 I. Introdução

Hoje, a Palavra de Deus nos fala do tema capital da ressurreição dos mortos. Curiosamente, como os saduceus, também nós não nos cansamos de formular perguntas inúteis e fora do lugar.

II. Comentário

Queremos solucionar as coisas do além com os critérios daqui de baixo, quando no mundo que está por vir tudo será diferente: «mas os que serão julgados dignos do século futuro e da ressurreição dos mortos não terão mulher nem marido». (Lc 20,35). Partindo de critérios errados chegamos a conclusões errôneas.

Se nos amassemos mais e melhor, não estranharíamos que no céu não houvesse a exclusividade do amor que vivemos na terra, totalmente compreensível devido à nossa limitação, que nos dificulta o poder sair de nossos círculos mais próximos. Mas no céu nos amaremos todos e com um coração puro, sem invejas, nem receios e, não somente ao esposo ou à esposa, aos filhos ou aos do nosso sangue, mas sim a todo o mundo, sem exceções, nem discriminações de língua, nação, raça ou cultura, uma vez que o «amor verdadeiro alcança uma grande força» (São Paulino de Nola).

Faz-nos muito bem escutar essas palavras da Escritura que saem dos lábios de Jesus. Faz-nos bem, porque nos poderia suceder que, agitados por tantas coisas que não nos deixam nem tempo para pensar e influenciados por uma cultura ambiental que parece negar a vida eterna, chegássemos a estar tocados pela dúvida com respeito a ressurreição dos mortos. Sim, nos faz um grande bem que o Senhor mesmo seja quem nos diga que existe um futuro além da destruição do nosso corpo e deste mundo que passa: «Por outra parte, que os mortos hão de ressuscitar é o que Moisés revelou na passagem da sarça ardente (Ex 3,6), chamando ao Senhor: Deus de Abraão, Deus de Isaac, Deus de Jacó» (Lc 20,37-38).



Pe. Edivanio José.

sexta-feira, 19 de novembro de 2021

Homília da Sexta-feira do 33° da Semana do Tempo Comum.

I. Introdução

Hoje, o gesto de Jesus é profético. À maneira dos antigos profetas, realiza uma ação simbólica, cheia de significado face ao futuro. Ao expulsar do templo os mercadeiros, que faziam negócio com as vítimas destinadas a servir de oferenda, e ao indicar que «a casa de Deus será casa de oração» (Is 56,7), Jesus anunciava a nova situação, que Ele vinha inaugurar, em que os sacrifícios de animais já não tinham lugar.

II. Comentário

São João definirá a nova relação de culto como uma «adoração ao Pai em espírito e verdade» (Jn 4,24). A figura deve dar lugar à realidade. Santo Tomás de Aquino dizia poeticamente «Et antiquum documentum / novo cedat ritui (Que o Antigo Testamento ceda o lugar ao Novo Rito)».

O Novo Rito é a palavra de Jesus. Por isso, São Lucas associou à cena da purificação do templo a apresentação de Jesus, nele pregando cada dia. O novo culto centra-se na oração e na escuta da Palavra de Deus. Mas, na realidade, o centro do centro da instituição cristã é a própria pessoa viva de Jesus, com a sua carne entregue e o seu sangue derramado na cruz e oferecidos na Eucaristia. Também Santo Tomás o destaca de modo muito belo: «Recumbens com fratribus (...) se dat suis manibus» («Sentado à mesa com os irmãos (...) dá-se a si mesmo com as suas próprias mãos»).

No Novo Testamento, inaugurado por Jesus, já não são necessários nem bois nem vendedores de cordeiros. Tal como «todo o povo ficava fascinado ao ouvi-lo falar» (Lc 19,48), também nós não temos de ir ao templo para imolar vítimas, mas para receber Jesus, o autêntico cordeiro imolado por nós, de uma vez para sempre (cf. He 7,27), e para unir a nossa vida à de Jesus.



Pe. Edivanio José.

quinta-feira, 18 de novembro de 2021

Homilia da Quinta-feira da 33° Semana do Tempo Comum I.

Introdução

Hoje, a imagem que nos apresenta o Evangelho é a de um Jesus que «chorou» (Lc 19,41) pela sorte da cidade escolhida, que não reconheceu a presença do seu Salvador. Conhecendo as notícias que se deram nos últimos tempos, seria fácil para nós aplicar essa lamentação à cidade que é —à vez— santa e fonte de divisões.

II. Comentário

Olhando mais para a frente, podemos identificar esta Jerusalém com o povo escolhido, que é a Igreja, e —por extensão— com o mundo em que esta levará a termo a sua missão. Se assim o fazemos, encontraremos uma comunidade que, ainda que tenha alcançado o topo no campo da tecnologia e da ciência, geme e chora, porque vive rodeada pelo egoísmo dos seus membros, porque levantou ao seu redor os muros da violência e do desordem moral, porque atira no chão os seus filhos, arrastando-os com as cadeias de um individualismo desumanizador. Definitivamente, o que encontraremos é um povo que não soube reconhecer o Deus que o visitava (cf. Lc 19,44).

Porém, nós os cristãos, não podemos ficar na pura lamentação, não devemos ser profetas de desventuras, mas homens de esperança. Conhecemos o final da história, sabemos que Cristo fez cair os muros e rompeu as cadeias: as lágrimas que derrama neste Evangelho prefiguram o sangue com o qual nos salvou.

De fato, Jesus está presente na sua Igreja, especialmente através daqueles mais necessitados. Temos de advertir esta presença para entender a ternura que Cristo tem por nós: é tão excelso o seu amor, diz-nos Santo Ambrósio, que Ele se fez pequeno e humilde para que cheguemos a ser grandes; Ele deixou-se amarrar entre as fraldas como um menino para que nós sejamos liberados dos laços do pecado; Ele deixou-se cravar na cruz para que nós sejamos contados entre as estrelas do céu... Por isso, temos de dar graças a Deus, e descobrir presente no meio de nós aquele que nos visita e nos redime.




Pe. Edivanio José

quarta-feira, 17 de novembro de 2021

Homília da Quarta-feira da 33° Semana do Tempo Comum I.

Hoje, o Evangelho propõe-nos a parábola das minas: uma quantidade de dinheiro que aquele nobre repartiu entre seus servos, antes de partir de viagem. Primeiro fixemo-nos na ocasião que provoca a parábola de Jesus.

II. Comentário

Ele ia subindo para Jerusalém, onde o esperava a paixão e a consequente ressurreição. Os discípulos «pensavam que o Reino de Deus ia se manifestar logo» (Lc 19,11). É nessas circunstâncias que Jesus propõe esta parábola.

Com ela, Jesus ensina-nos que temos que fazer render os dons e qualidades que Ele nos deu, isto é, que nos deixou a cada um. Não são nossos de maneira que possamos fazer com eles o que queiramos. Ele deixou-nos esses dons para que os façamos render.

Os que fizeram render as minas – mais ou menos – são louvados e premiados pelo seu Senhor. É o servo preguiçoso, que guardou o dinheiro num lenço sem o fazer render, é o que é repreendido e condenado.

O cristão, pois, tem que esperar, claro está, o regresso do seu Senhor, Jesus. Mas com duas condições, se quer que o encontro seja amigável. A primeira condição é que afaste a curiosidade doentia de querer saber a hora da solene e vitoriosa volta do Senhor. Virá, diz em outro lugar, quando menos o pensemos. Fora, por tanto, as especulações sobre isto! Esperamos com esperança, mas numa espera confiada sem doentia curiosidade.

III. Atualização

• condição, é que não percamos o tempo. A esperança do encontro e do final gozoso não

pode ser desculpa para não tomarmos a sério o momento presente.

• Precisamente, porque a alegria e o gozo do encontro final será tanto melhor quanto

maior for a colaboração que cada um tiver dado pela causa do reino na vida presente.

• Não falta, também aqui, a grave advertência de Jesus aos que se revelam contra Ele: «E quanto a esses meus inimigos, que não queriam que eu reinasse sobre eles, trazei-os

aqui e matai-os na minha frente» (Lc 19,27).




Pe. Edivanio José.

terça-feira, 16 de novembro de 2021

Homília da terça-feira da 33° Semana do Tempo Comum

 

  • I. Introdução 
Hoje, Zaqueu sou eu. Esse personagem era rico e chefe dos publicanos; eu tenho mais do que necessito e também muitas vezes atuo como um publicano e esqueço-me de Cristo. Jesus, entre a multidão, procura Zaqueu; hoje, no meio deste mundo, precisamente procura-me a mim: «Desce depressa! Hoje eu devo ficar na tua casa»(Lc 19,5). 
  • II. Comentário 
Zaqueu deseja ver a Jesus; não o conseguirá sem esforçar-se e sobe a árvore. Quisera eu ver tantas vezes a ação de Deus! Mas não sei se estou verdadeiramente disposto a fazer o ridículo obrando como Zaqueu. 
A disposição do chefe de publicanos de Jericó é necessária para que Jesus possa agir; se não se apressa, pode perder a única oportunidade de ser tocado por Deus e assim, ser salvado. Possivelmente, eu tive muitas ocasiões de encontrar-me com Jesus, e talvez vendo que já era hora de ser corajoso, de sair de casa, de encontrar-me com Ele e de convidá-lo a entrar no meu interior, para que Ele possa dizer também de mim: «Hoje aconteceu a salvação para esta casa, porque também este é um filho de Abraão. Com efeito, o Filho do Homem veio procurar e salvar o que estava perdido» (Lc 19,9-10).

Zaqueu deixa entrar a Jesus na sua casa e no seu coração, ainda que não se sente digno dessa visita. Nele a conversão é total: começa pela renúncia à ambição de riquezas, continua com o propósito de partilhar os seus bens e termina com uma vontade firme de fazer justiça, corrigir os pecados que cometeu. Pode que Jesus me este pedindo algo parecido desde faz tempo, mas eu não quero escutar e faço ouvidos surdos; necessito converter-me. 
Dizia São Máximo: «Nada há mais querido e agradável a Deus como a conversão dos homens a Ele com um arrependimento sincero». Que Ele me ajude hoje a fazê-lo realidade 



Pe  Edivanio José. 




segunda-feira, 15 de novembro de 2021

Homília da Segunda-feira da 33° Semana do Tempo Comum

  • I. Introdução 
Hoje o cego Bartimeu (cf. Mc 10,46) dá-nos toda uma lição de fé, manifestada com franca simplicidade perante Cristo. 

  • II. Comentário 
Quantas vezes nos seria útil repetir a mesma exclamação de Bartimeu!: «Jesus, Filho de Davi, tem compaixão de mim!» (Lc 18,37). É tão proveitoso para a nossa alma sentir-nos indigentes! O fato é que o somos, mas, infelizmente, poucas vezes o reconhecemos de verdade. E..., claro está: fazemos o ridículo. São Paulo adverte-nos: «Que tens que não tenhas recebido? Mas, se recebeste tudo que tens, por que, então, te glorias, como se não o tivesses recebido?» (1Cor 4,7). 

Bartimeu não tem vergonha de se sentir assim. Em não poucas ocasiões, a sociedade, a cultura do politicamente correto querem fazer-nos calar: com Bartimeu não o conseguiram. Ele não se encolheu. Apesar de o «mandarem ficar calado, (...) ele gritava mais ainda: Filho de Davi, tem compaixão de mim!» (Lc 18,39). Que maravilha! Apetece dizer: —Obrigado, Bartimeu, por esse exemplo. 

E vale a pena fazê-lo como ele, porque Jesus ouve. E 

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ouve sempre!, Por mais confusão que alguns organizem à nossa roda. A confiança simples -sem preconceitos- de Bartimeu desarma Jesus e rouba-lhe o coração: «Mandou que lhe trouxessem o cego e (...) perguntou-lhe: «Que queres que eu te faça?» (Lc 18,40-41). Perante tanta fé, Jesus não anda com rodeios! E Bartimeu também não: «Senhor, que eu veja!». (Lc 18,41). Dito e feito: «Vê! A tua fé te salvou» (Lc 18,42). Assim, pois, —a fé, se é forte, defende toda a casa— (Santo Ambrósio), quer dizer, tudo pode. 

Ele é tudo; Ele dá-nos tudo. Então, que outra coisa podemos fazer perante Ele, se não lhe dar uma resposta de fé? E esta resposta de fé equivale a deixar-se encontrar por este Deus que —movido pelo afeto de Pai— nos procura sempre. Deus não se impõe, mas passa frequentemente muito perto de nós: aprendamos a lição de Bartimeu e ... Não o deixemos passar ao largo! 



Pe. Edivanio José. 

domingo, 14 de novembro de 2021

HOMÍLIA DO 33º Domingo do Tempo Comum - Ano B


I. 
INTRODUÇÃO

A liturgia do 33º Domingo do Tempo Comum apresenta-nos, fundamentalmente, um convite à esperança. 

Convida-nos a confiar nesse Deus libertador, Senhor da história, que tem um projeto de vida definitiva para os homens. Ele vai - dizem os nossos textos - mudar a noite do mundo numa aurora de vida sem fim.

II. COMENTÁRIOS

Primeira leitura:

Anuncia aos crentes perseguidos e desanimados a chegada iminente do tempo da intervenção libertadora de Deus para salvar o Povo fiel.  

É esta a esperança que deve sustentar os justos, chamados a permanecerem fiéis a Deus, apesar da perseguição e da prova. A sua constância e fidelidade serão recompensadas com a vida eterna.

Segunda leitura: 

Lembra que Jesus veio ao mundo para concretizar o projeto de Deus no sentido de libertar o homem do pecado e de o inserir numa dinâmica de vida eterna. 

Com a sua vida e com o seu testemunho, Ele ensinou-nos a vencer o egoísmo e o pecado e a fazer da vida um dom de amor a Deus e aos irmãos. É esse o caminho do mundo novo e da vida definitiva.

EVANGELHO:

No Evangelho, Jesus garante-nos que, num futuro sem data marcada, o mundo velho do egoísmo e do pecado vai cair e que, em seu lugar, Deus vai fazer aparecer um mundo novo, de vida e de felicidade sem fim. 

Aos seus discípulos, Jesus pede que estejam atentos aos sinais que anunciam essa nova realidade e disponíveis para acolher os projetos, os apelos e os desafios de Deus.

III. ATUALIZAÇÃO
• Estamos diante de um gênero literário bíblico denominado apocalíptico, bastante comum nos escritos do Antigo Testamento. 
• Tem linguagem própria, que não deve ser levada ao pé da letra. Pois bem, a linguagem simbólica aqui usada está a serviço de uma ideia-base: este mundo não é eterno, terá fim, do mesmo modo que a humanidade redimida por Cristo, o qual voltará com poder e glória no fim dos tempos, para reunir o povo que Deus lhe deu (cf. Hb 2,13). 
• A imagem da figueira é um convite à vigilância e à esperança, que nos tiram da inércia e da indiferença espiritual e nos projetam para o futuro glorioso. Nosso tempo de vida na terra é ocasião para praticarmos obras de justiça e fraternidade. Mantenhamos, pois, uma esperança libertadora, enquanto seguimos construindo e expandindo o Reino de Deus.

 

Oração

Senhor Jesus, com linguagem figurada nos mostras que a injustiça não triunfará, nem os poderes opressores terão a última palavra. Virás “com poder e glória” para reunires “dos confins de toda a terra” os teus eleitos. Não importa saber o dia, o que conta é que tua palavra se realizará. Amém.




 

 

sexta-feira, 12 de novembro de 2021

HOMÍLIA DA SEXTA-FEIRA DA 32ª SEMANA DO TEMPO COMUM


 

I. INTRODUÇÃO

SÃO JOSAFÁ, BISPO E MÁRTIR

Este santo lutou até a morte pela lei de seu Deus e não temeu as ameaças dos ímpios, pois se apoiava numa rocha inabalável.

Josafá nasceu na Ucrânia em 1580 e foi morto na Bielorrússia em 1623. Monge e bispo, dedicou-se ativamente à reforma da vida monástica, lutou pela unidade da Igreja e trabalhou para a promoção social do povo. Tendo enfrentado a hostilidade dos poderosos, foi martirizado por cristãos sectários. Seu exemplo nos convida a sermos fortes e perseverantes no empenho pela unidade dos cristãos.

 

II. COMENTÁRIO

Mediante duas comparações, Jesus convida os discípulos a estarem sempre preparados para o encontro com Deus. Quem vive ocupado apenas com seus projetos pessoais, sem se preocupar com a prática da justiça e da fraternidade, será surpreendido como os contemporâneos de Noé e de Ló. 

A chegada do Filho do Homem será improvisa como o relâmpago. Não haverá tempo para mudanças de última hora; quem praticou a justiça se salvará. A separação entre justos e injustos atingirá as relações mais íntimas, como a do matrimônio (cama) e do trabalho (mulheres moendo juntas). 

Onde será o julgamento? Onde a pessoa estiver. Cada um verá a verdade de si mesmo diante do espelho que é Jesus, porque nele se manifestou todo o projeto de Deus para a humanidade. A salvação se constrói no dia a dia.

 

Oração

Senhor Jesus, tuas palavras são sérias advertências que nos ajudam a refletir sobre a nossa vida. O que, de fato, é importante para nós, peregrinos neste mundo? Em que ocupamos o tempo? Qual é o nosso empenho para melhorar as relações entre as pessoas? Vem em nosso socorro, Senhor. Amém.

 


 

quinta-feira, 11 de novembro de 2021

HOMÍLIA DA QUINTA-FEIRA DA 32ª SEMANA DO TEMPO COMUM.


I. INTRODUÇÃO

SÃO MARTINHO DE TOURS

Farei surgir um sacerdote fiel, que agirá segundo o meu coração e a minha vontade, diz o Senhor (1Sm 2,35).

Martinho nasceu na Hungria, em 316, e faleceu na França, em 397. Seguiu a carreira militar, a qual abandonou para dedicar-se unicamente ao serviço de Deus. Construiu o primeiro mosteiro do Ocidente, na França, e consolidou os demais mosteiros como centros espirituais e bases para os missionários. Soldado, monge e bispo. A seu exemplo, aprendamos a pôr nossos talentos a serviço da Igreja.

I. COMENTÁRIO

Hoje, os fariseus perguntam a Jesus uma coisa que interessou sempre como uma mistura de interesse, curiosidade, medo. Quando virá o Reino de Deus? Quando será o dia definitivo, o fim do mundo, o retorno de Cristo para julgar aos vivos e aos mortos no juízo final?

Jesus disse que isso é imprevisível. O único que sabemos é que virá subitamente, sem avisar: «como o relâmpago»(Lc 17,24), um acontecimento repentino e ao mesmo tempo, cheio de luz e de glória. Em quanto às circunstâncias, a segunda chegada de Jesus permanece no mistério. Mas Jesus dá-nos uma pista autêntica e segura: desde agora, «o Reino de Deus está no meio de vós» (Lc17,21). Ou: «dentro de nós».

O grande sucesso do último dia será um fato universal, mas também acontece no pequeno microcosmo de cada coração. É aí onde se tem que buscar o Reino. É no nosso interior onde está o Céu, onde temos de encontrar a Jesus.

Este Reino, que começará imprevisivelmente fora, pode começar já agora dentro de nós. O último dia configura-se já agora no interior de cada um. Se queremos entrar no Reino no dia final, temos de fazer entrar agora o Reino dentro de nós. Se queremos que Jesus naquele momento definitivo seja nosso juiz misericordioso, temos que fazer que Ele desde agora seja nosso amigo e hospede interior.

São Bernardo, no sermão de Advento, fala de três vindas de Jesus. A primeira vinda, quando se fez homem; a última, quando virá como juiz. Há uma vinda intermédia, que é a que tem lugar agora no coração de cada um de nós. É aí donde se fazem presentes, em relação pessoal e de experiência, a primeira e a última vinda. A sentencia que pronunciará Jesus no dia do Juízo, será a que agora ressoe no nosso coração. Aquilo que ainda não chegou, agora já é uma realidade.

Oração

Ó Jesus, Filho do Homem, teus discípulos esperavam grandiosa intervenção divina no mundo. Esclareces que o Reino de Deus é construído discretamente, à medida que as pessoas aceitam tua mensagem e te seguem. Dá-nos, Senhor, coração sensível e amoroso, a fi m de favorecermos a expansão do teu Reino. Amém.



 

 

quarta-feira, 10 de novembro de 2021

HOMÍLIA DA QUARTA-FEIRA DA 32ª SEMANA DO TEMPO COMUM.

I. INTRODUÇÃO

O reconhecimento e a gratidão são sentimentos nobres de quem sabe acolher como dom os benefícios recebidos de Deus. Apesar de serem tantas as pessoas beneficiadas por seus milagres, Jesus estava atento para este aspecto. Não lhe passava despercebida a reação de quem se via curado por obra de seu amor misericordioso.

 

II. COMENTÁRIO

Por ocasião da cura de dez leprosos, só um teve a gentileza de voltar para agradecer a Jesus. E era um samaritano, portanto, um estrangeiro, na mentalidade dos judeus. A gratidão brotou de um excluído e desprezado como pagão. 

Só ele foi capaz de glorificar a Deus, cujo Reino se fez presente em sua vida pela ação de Jesus. O gesto de adoração do samaritano, prostrado com o rosto em terra, aos pés do Mestre, demonstrou a consolidação de sua fé naquele, a quem recorrera com tanta confiança. E foi salvo pela fé.

O que se passou com os outros nove curados? Por que não voltaram para agradecer o dom da cura, que lhes permitiu reconquistar o direito de cidadania? Talvez, se tivessem esquecido de que haviam recebido um dom totalmente gratuito, ou pensassem que Jesus havia feito simplesmente sua obrigação. Logo, não era necessário voltar para agradecer-lhe.

É a ingratidão de quem, sendo agraciado com os benefícios divinos, permanece fechado aos apelos do Reino de Deus.

 

Oração

Ó Deus, que jamais permitis que as potências do mal prevaleçam contra a vossa Igreja, fundada sobre a rocha inabalável dos apóstolos, dai-lhe, pelos méritos do papa são Leão, permanecer firme na verdade e gozar paz para sempre. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.




 

Pe. Edivânio José.

terça-feira, 9 de novembro de 2021

HOMÍLIA DA TERÇA-FEIRA -DEDICAÇÃO DA BASÍLICA DO LATRÃO

I. INTRODUÇÃO

Eu vi a cidade santa, a nova Jerusalém, descendo do céu, de junto de Deus, ornada como a noiva que se preparou para o seu noivo (Ap 21,2).

Considerada “mãe e cabeça de todas as igrejas”, a basílica de São João do Latrão foi a primeira igreja construída em Roma por Constantino. É a catedral do bispo de Roma, o papa. Os templos de pedra são um sinal da presença de Cristo. Celebremos em comunhão com as comunidades cristãs do mundo inteiro.

 

II. COMENTÁRIO

Laterano (Latrão) era o sobrenome de uma das antigas famílias romanas cujas propriedades foram confiscadas por Nero. No século IV, o imperador Constantino doou parte dessas terras ao bispo de Roma (papa) para edificar aí a primeira catedral cristã. 

É considerada a Igreja-mãe de Roma. Por suas atitudes e palavras, o Mestre esclarecia a seus discípulos que ele, Jesus, é o novo templo de Deus, a morada do Altíssimo entre nós (cf. Jo 1,14). É por Cristo, com Cristo e em Cristo que os louvores da humanidade se elevam a Deus.

Naturalmente, o povo, para se congregar, necessita de igrejas físicas. Mas estas só têm sentido porque remetem à Igreja, Corpo de Cristo (cabeça e membros), animada pelo Espírito Santo. As igrejas de pedra ou tijolos são, portanto, um sinal da presença de Cristo.

 

Oração

Divino Mestre, Jesus Cristo, não toleraste a exploração que se praticava na “casa” de teu Pai. Por isso, indignado, expulsaste do templo os vendilhões inescrupulosos. Ensina-nos, Senhor, a devolver à Igreja seu verdadeiro sentido, a saber, ocasião e lugar de comunhão com Deus e com os irmãos e irmãs. Amém.

 

 


Pe. Edivânio Jodé.

segunda-feira, 8 de novembro de 2021

Homília da Segunda-Feira da 32ª semana do Tempo Comum


I. INTRODUÇÃO

Hoje consideramos um dos textos mais enigmáticos do Novo Testamento. Na realidade, as "montanhas" e "árvores" que removem a fé são as que obstaculizam nossa vida. Estas são quase sempre, muito mais importantes que os que figuram nos mapas.

II. COMENTÁRIO

O ato de fé não é convencer-se de uma ideia ou atribuir um poder à fé, mas que consiste em confiar em que Deus está  e posso pôr-me em suas mãos. Então desaparecerá a "montanha".

O Senhor emprega também o símbolo do "grão de mostarda", que sendo o menor de todos os grãozinhos, acaba convertendo-se em uma árvore onde os pássaros fazem seus ninhos.

Este grão de mostarda é um profundo símbolo da fé: alberga, por um lado, a insignificância (que me empobrece), mas também a potencialidade do crescimento. A fé é, sobretudo, uma semente de vida.

Só serei um verdadeiro crente quando a fé seja uma semente viva que cresce em meu interior, e só então transformará realmente meu mundo trazendo algo novo.

III. ATUALIZAÇÃO
• Hoje, os apóstolos pedem o melhor que se pode pedir a Deus: - Aumenta-nos a fé. A história do cristianismo demonstra que a resposta de Jesus não foi exagerada: a fé dos cristãos removeu impérios e levantou catedrais. 
• A atitude de fé - quer dizer, de confiança - é algo muito humano. Ou, se não é, em que base assentam as amizades, se celebram matrimónios, se criam empresas…? Nada funciona sem confiança.
• Que tem de estranho confiar em Deus? É certo que não O vemos: maior razão para viver de fé. Deus é Deus, não é um árbitro de futebol!

 

Oração

Senhor Jesus, em breve mensagem, preciosos ensinamentos. Não escandalizar os pequeninos significa não atrapalhar o progresso que fazem os que assumiram os valores do Reino. Além disso, tu nos recomendas perdoar, sem medida, aos que nos ofenderam; enfim, tu nos ensinas a fazer bom uso de nossa fé. Amém.

 




Pe. Edivânio José.

domingo, 7 de novembro de 2021

HOMÍLIA DO DOMINGO DE TODOS OS SANTOS E SANTAS.

 HOMÍLIA DO DOMINGO DE TODOS OS SANTOS E SANTAS.

 

I. INTRODUÇÃO

Alegremo-nos todos no Senhor, celebrando a festa de Todos os Santos. Conosco alegram-se os anjos e glorificam o Filho de Deus.

Alegremo-nos no Senhor nesta solenidade de Todos os Santos e Santas. A liturgia nos convida a buscar a face de Deus em meio às tribulações do mundo e celebrar com a multidão dos que já vivem em plenitude as bem-aventuranças. Vocacionados à santidade, invocamos aqueles que nos deixaram exemplos de amor e compromisso com o projeto do Pai.

 

II. COMENTÁRIO

 

1ª LEITURA

As primeiras perseguições tinham feito cruéis destruições nas comunidades cristãs, ainda tão jovens. Iriam estas comunidades desaparecer, acabadas de fundar? As visões do profeta cristão trazem uma mensagem de esperança nesta provação. 

É uma linguagem codificada, que evoca Roma, perseguidora dos cristãos, sem a nomear diretamente, aplicando-lhe o qualificativo de Babilónia. A revelação proclamada é a da vitória do Cordeiro. Que paradoxo! O próprio Cordeiro foi imolado. Mas é o Cordeiro da Páscoa definitiva, o Ressuscitado. 

Ele transformou o caminho de morte em caminho de vida para todos aqueles que O seguem, em particular pelo martírio, e eles são numerosos; participam doravante ao seu triunfo, numa festa eterna.

 

2ª LEITURA

Segunda mensagem de esperança. Ela responde às nossas interrogações sobre o destino dos defuntos. Que vieram a ser? Como sabê-lo, pois, desapareceram dos nossos olhos? E nós próprios, que viremos a ser?

A resposta é uma dedução absolutamente lógica: se Deus, no seu imenso amor, faz de nós seus filhos, não nos pode abandonar. Ora, em Jesus, vemos já a que futuro nos conduz a pertença à família divina: seremos semelhantes a Ele.

 

EVANGELHO

Desde a origem da Igreja, não faltaram cristãos e cristãs que encerraram, com o martírio por Cristo, o curso de sua vida terrena. Ao lado dos mártires, milhares de seguidores de Cristo deram testemunho de virtudes heroicas e também foram canonizados. 

Igualmente, outros tantos fiéis, cujos nomes não estão inscritos no rol dos santos, cumpriram fielmente a vontade de Deus e viveram o amor fraterno de modo exemplar. Pois bem, a Solenidade de Todos os Santos, além de venerar esses modelos de santidade, nos ensina que tornar-se santo, ou santa, é possível para todos. 

Papa Francisco nos adverte: “O que quero recordar com esta Exortação [GE] é sobretudo o chamado à santidade que o Senhor faz a cada um de nós, o chamado que dirige também a ti: ‘Sejam santos, porque eu sou santo’ (Lv 11,45; cf. 1Pd 1,16)”.

 

III. ATUALIZAÇÃO
• Primeira leitura: Como descrever a felicidade dos mártires e dos santos na sua condição celeste, invisível? Para isso, o profeta recorre a uma visão.
• Salmo responsorial: O salmo de hoje proclama as condições de entrada no Templo de Deus. Ele anuncia também a bem-aventurança dos corações puros. Nós somos este povo imenso que marcha ao encontro do Deus santo.
• Segunda leitura: Desde o nosso baptismo, somos chamados filhos de Deus e o nosso futuro tem a marcada da eternidade.
• Evangelho: Que futuro reserva Deus aos seus amigos, no seu Reino celeste? Ele próprio é fonte de alegria e de felicidade para eles.

 

Oração

Ó Jesus Mestre, és o Caminho que conduz ao Pai; és a Verdade que revela os planos divinos; és a Vida que renova o mundo. Confiantes, te pedimos, Senhor: dá-nos perseverança na constante busca da santidade nesta vida, a fim de vivermos eternamente em comunhão contigo e com todos os santos. Amém.

 



 

Pe. Edivânio José.