I. Introdução
II. Comentário
Hoje, ao ler este santo Evangelho, como não ver o reflexo do momento
presente, cada vez mais cheio de ameaças e mais tingido de sangue? «Na terra, as
nações ficarão angustiadas, apavoradas com o bramido do mar e das ondas.
As pessoas vão desmaiar de medo, só em pensar no que vai acontecer ao
mundo» (Lc 21,25b-26a). A segunda vinda do Senhor tem sido representada,
inúmeras vezes, pelas mais aterrorizadoras imagens, como parece ser neste
Evangelho; sempre sob o signo do medo.
Porém, será esta a mensagem que hoje nos dirige o Evangelho? Fiquemos
atentos às últimas palavras: «Quando estas coisas começarem a acontecer, levantai-
vos e erguei a cabeça, porque a vossa libertação está próxima» (Lc 21,28). O núcleo
da mensagem destes últimos dias do ano litúrgico não é o medo; mas sim, a
esperança da futura libertação, ou seja, a esperança completamente cristã de
alcançar a plenitude da vida com o Senhor, na qual participarão, também, nosso
corpo e o mundo que nos rodeia.
Os acontecimentos narrados tão dramaticamente indicam, de modo
simbólico, a participação de toda a criação na segunda vinda do Senhor, como já
participou na primeira, especialmente no momento de sua paixão, quando o céu
escureceu e a terra tremeu. A dimensão cósmica não será abandonada no final dos
tempos, já que é uma dimensão que acompanha o homem desde que entrou no
Paraíso.
III. Atualização
A esperança do cristão não é enganadora, porque quando essas coisas
começarem a acontecer —nos diz o próprio Senhor— «Então, verão o
Filho do Homem, vindo numa nuvem, com grande poder e glória» (Lc
21,27). Não vivamos angustiados perante a segunda vinda do Senhor, a
sua Parúsia: meditemos, antes, nas profundas palavras de Santo
Agostinho que, já no seu tempo, ao ver os cristãos temerosos frente ao
regresso do Senhor, se pergunta: «Como pode a Esposa ter medo do seu
Esposo?».
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