I. Introdução
Hoje, como quase sempre, as coisas pequenas passam ignoradas, pequenas
esmolas, sacrifícios pequenos, pequenas orações (jaculatórias), mas o que parece
pequeno e sem importância constitui muitas vezes a trama e também o remate das
obras-primas: tanto das grandes obras de arte como da obra máxima da santidade
pessoal.
Pelo fato de essas coisas pequenas passarem desconhecidas, a sua retidão
de intenção está garantida: com elas não procuramos o reconhecimento dos outros,
nem a glória humana.
II. Comentário
Só Deus as descobrirá no nosso coração, como só Jesus se apercebeu da
generosidade da viúva. É mais do que garantido que a pobre mulher não anunciou o
seu gesto com um toque de trompete e até é possível que se envergonhasse bastante
e se sentisse ridícula perante o olhar dos ricos, que deitavam grandes donativos no
cofre do templo e disso faziam alarde. Porém, a sua generosidade, que a levou a tirar
forças da fraqueza no meio da sua indigência, mereceu o elogio do Senhor, que vê o
coração das pessoas: «Em verdade, vos digo: esta viúva pobre deu mais do que todos
os outros. Pois todos eles depositaram como oferta parte do que tinham de sobra,
mas ela, da sua pobreza, ofereceu tudo que tinha para viver» (Lc 21,3-4).
A generosidade da viúva pobre é uma boa lição para nós, discípulos de Cristo.
Podemos dar muitas coisas, como os ricos que «depositavam as suas ofertas no
cofre» (Lc 21,1), mas nada disso terá valor se só dermos “daquilo que nos sobra”, sem
amor e sem espírito de generosidade, sem nos oferecermos a nós próprios. Diz Sto.
Agostinho: «Eles punham os olhos nas grandes oferendas dos ricos, louvando-os por
isso. Porém, embora tivessem logo visto a viúva, quantos viram aquelas duas
moedas?... Ela deu tudo o que possuía. Tinha muito, porque tinha Deus no seu
coração. É muito mais ter Deus na alma do que ouro na arca». É bem certo: se somos
generosos com Deus, muito mais o será Ele conosco.
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