terça-feira, 19 de abril de 2022

Homília da Terça-feira da oitava de Páscoa

I. Introdução

  Maria sofre duplamente: antes de tudo pela morte de Jesus, e depois

 pelo inexplicável desaparecimento do seu corpo. Enquanto está inclinada

 perto do túmulo, com os olhos rasos de água, Deus surpreende-a da maneira

 mais inesperada.

 O evangelista João sublinha como a sua cegueira é persistente: não se

 dá conta da presença de dois anjos que a interrogam, e nem sequer desconfia

 vendo o homem atrás de si, que ela julga ser o guardião do jardim.

 E, ao contrário, descobre o acontecimento mais surpreendente da

 história humana, quando finalmente é chamada por nome: «Maria!»

 II. Comentário

A cena comovente do encontro de Maria de Magdala com Jesus evidencia a mudança de relacionamento entre o discípulo e o Mestre, operada a partir da ressurreição. A nova condição de

    Jesus exigia um novo tipo de relacionamento.

Maria expressou o carinho que nutria por Jesus nos vários detalhes de seu comportamento. A notícia do desaparecimento

 do corpo do Senhor deixou-a perplexa. Com isso, perdia um sinal seguro da presença do amigo querido, mesmo reduzido a um cadáver.

Sem ele, não teria um lugar preciso ao qual se dirigir quando quisesse prantear a perda irreparável do amigo. Por isso, mesmo que todos tivessem se afastado, ela permaneceu

 sozinha, à entrada do túmulo, chorando.

Seu diálogo com os anjos ocorreu de maneira espontânea,

 sem ela se dar conta de estar falando com seres celestes. Só lhe importava saber onde puseram "o meu Senhor". Da mesma


 forma aconteceu o diálogo com o Ressuscitado. Num primeiro momento, Maria pensou tratar-se de um jardineiro. Demonstrando uma admirável fortaleza de ânimo mostrou-se disposta a ir, sozinha, buscar o cadáver do Mestre para recolocá- lo no sepulcro.

 Tão logo reconheceu a voz do Mestre, tentou agarrar-se a ele. Ele, porém, exortou-a a mudar de comportamento. Doravante, o sinal de amizade que o Senhor queria dela era que se tornasse missionária da ressurreição. Já se fora o tempo em que podia tocá-lo fisicamente.

 III. Atualização

• Porque somos humanos, diante de alguns eventos, é natural que nos entristeçamos profundamente. A morte de Jesus para aqueles que o

 acompanharam de perto foi um golpe muito duro. Contudo, após o momento do luto, é preciso levantar a cabeça e seguir adiante. Maria experimenta este pesar, mas, ao mesmo tempo, tem o privilégio de encontrar-se com o Mestre ressuscitado.

• Como a ovelha que reconhece a voz do pastor, Maria reconhece que aquele homem é Jesus quando pronuncia seu nome. A voz que lhe chega aos ouvidos

 atinge imediatamente o coração. Ao constatar que o Senhor vive, ela recebe imediatamente a missão – do próprio mestre – de anunciá-lo.


 • Esse relato apresentado por João pode ser tomado como inspirador para nós hoje. Precisamos estar atentos às vozes que nos rodeiam. O ressuscitado nos convoca a anunciar a vitória da vida sobre a morte.



segunda-feira, 18 de abril de 2022

OITAVA DA PÁSCOA I

O período da Oitava da Páscoa engloba do Domingo de Páscoa ao Domingo seguinte da Páscoa, o domingo da misericórdia, antigamente o domingo in albis. São oito dias em que podemos desejar uns ao outros uma Feliz Páscoa. É que a festa da Páscoa é tão importante que não pode ser celebrada em um dia só. O tempo da Páscoa dura 50 dias e vai até a festa de Pentecostes, que é a vinda do Espírito Santo. É um tempo de grande alegria, em que a Igreja se reveste de branco e celebra as alegrias da ressurreição. Mas durante oito dias, tem a Oitava da Páscoa em que cada dia dessa semana é como se fosse

 um novo Domingo de Páscoa, até chegarmos no domingo seguinte, que é o segundo Domingo da Páscoa.

A Oitava Pascal é, portanto, os primeiros oito dias do tempo Pascal, que tem seu início no domingo, após a Vigília Pascal, e termina no segundo Domingo da Páscoa. Durante o tempo pascal, os domingos têm uma sequência solene, ou seja, não se diz “2o Domingo depois da Páscoa”, mas sim, 2o Domingo da Páscoa. Após a Oitava da Páscoa, todo domingo é Páscoa.

Por isso, durante a Oitava Pascal, a Igreja, comunidade de ressuscitados, proclama solenemente: “Este é o dia que o Senhor fez para nós, alegremo-nos e nele exultemos” (Sl 118,24). Ou seja, a Páscoa tem esse significado, a vida venceu a morte. Para nós, cristãos, a Páscoa tem um novo sentido, que é a passagem da morte para a vida. O Senhor não podia ficar no sepulcro, não podia haver morte, onde a vida era a missa fundamental.




HOMÍLIA DA SEGUNDA-FEIRA DA OITAVA DA PÁSCOA.

 I. INTRODUÇÃO

Hoje, mas que nunca, se faz necessário a adoração. Adorar é prostar-se, é

 reconhecer desde a humildade, a grandeza infinita de Deus. Só más que nunca, se Só

 a verdadeira humildade pode reconhecer a verdadeira grandeza, e reconhecer

 também o pequeno que pretende apresentar-se como grande.

 Uma das maiores perversões de nosso tempo é que nos propõem adorar o

 humano deixando de lado o divino. “Só ao senhor adorarás” é o grande desafio ante

  tantas propostas de nada e de vazio. Não adorar os ídolos contemporâneos com seus

cantos de sereias, é o grande desafio de nosso presente. Ídolos que causam morte

 não merecem adoração alguma, só o Deus da vida merece adoração e gloria.

 Adorar é dizer “Deus” e dizer “vida”. Adorar é ser testemunha alegres de sua

 vitória, é não deixarmos vencer pela a grande tribulação e gostar antecipadamente

 da festa do encontro com o cordeiro, o único digno de adoração e em quem

 celebramos o triunfo da vida e do amor sobre a morte e o desamparo.

  II. Comentário

  o dia da ressurreição do Senhor. Somos convidados a experimentar, como as mulheres

 presentes no relato de Mateus, medo e alegria. A ressurreição de Jesus é um evento

 inédito e de difícil compreensão.

 Ao reconhecer e constatar que Jesus venceu a morte, além do medo e da alegria,

 veremos ao longo dos próximos dias desconfiança, espanto, incredulidade,

 incompreensões; afinal, a ressurreição é novidade para todos, e eles, os discípulos do

 Senhor, precisam, a seu tempo, assimilar o que está acontecendo depois da experiência

 devastadora que foi a prisão, paixão e morte de Jesus no madeiro.

 III.

Esta semana é, do ponto de vista da nossa fé e da liturgia, um grande e alegre dia:

A ressurreição de Jesus, ao contrário do que alguns quiseram fazer parecer, não

 se trata de boato ou mentira. A ressurreição de Jesus é verdade que ressignifica a história

 da humanidade e inaugura novo tempo. Aleluia. Alegria!

 Atualização

 Hoje as mulheres que foram ao túmulo sentem uma grande alegria em seus

corações por causa do anuncio do anjo sobre a ressurreição do Mestre. E saem

 "correndo": seus corações explodiriam se não o comunicam a todos os

 discípulos. Jesus se faz o "encontrado": o faz com Maria Madalena e a outra

 Maria... E com todos os homens.

  Pela sua encarnação, Deus uniu-se, de algum jeito, a todo homem. As reações

das mulheres ante a presença do Senhor expressam as atitudes mais

 profundas do ser humano ante nosso Criador e Redentor: a submissão— pois

 se "seguraram" a seus pés— e a adoração. A adoração é a submissão terna que,

 em sua totalidade, só devemos dar a Deus.

  "Não tenhais medo", nos diz Jesus. Medo do Senhor? Nunca, Ele é o Amor dos

amores! Medo de perdê-lo? Sim, porque conhecemos a própria debilidade. Por

 isto, seguramos bem forte seus pés: Senhor não nos deixe



domingo, 17 de abril de 2022

HOMÍLIA DO DOMINGO DA RESSURREIÇÃO

I. INTRODUÇÃO

II. Comentário

  Hoje, Jesus não voltou a uma vida humana normal deste mundo, como Lázaro

 e os outros mortos que Jesus ressuscitou. Ele entrou em uma vida diferente, nova; na

 imensidade de Deus e, desde lá, Ele se manifesta aos seus.

 Isto era algo totalmente inesperado também para os discípulos, diante o qual

 necessitaram de certo tempo para orientar-se.

  tempos.

É verdade que a fé do judeu conhecia a ressurreição dos mortos ao final dos

  Mas a ressurreição a uma condição definitiva e diferente em pleno "mundo

 velho" que ainda continua existindo era algo não previsto e, por tanto, também não

 era evidente ao inicio. Por isso, a promessa da ressurreição resultava incompreensível

 para os discípulos em um primeiro momento.

 O processo pelo qual se chega a ser crente se desenvolve de modo análogo ao

 ocorrido com a cruz: ninguém havia pensado em um Messias crucificado; agora o

 "fato" estava ali, e este fato requereria ler a Escritura de um modo novo.

 Hoje, nesta manhã de Páscoa, vemos muito movimento: uma mulher que vai

 da sua casa ao túmulo e do túmulo onde estão os Apóstolos. Pedro e João correm à

 tumba, verificam, vêem. E depois de uns momentos entre a dúvida e a esperança,

 vêem com os olhos do seu espírito, e crêem na ressurreição de Jesus.

 Entre tanto movimento, o maior, o mais decisivo foi o de Jesus. Depois da

 sexta-feira da paixão e morte na cruz, e do sábado de “repouso” e silêncio, saiu do

 túmulo vivo e ressuscitado, deixando mortalhas e sudário bem ordenados no seu

 lugar, dando-nos com a sua ressurreição a prova mais clara da sua divindade.

 Senhor Jesus, cremos que a tua ressurreição é a garantia da nossa, por que tu

 disseste que eras a Ressurreição e a Vida e quem crê em Ti, ainda que morra viverá e

 tu o ressuscitarás no último dia.

  III. Atualização

• «O que deve ser considerado nestes acontecimentos é a intensidade do amor que ardia no coração daquela mulher que nunca se afastou do túmulo. Ela foi a única a vê-lo, pois tinha permanecido à sua

  procura, o que dá força às boas obras é a perseverança nelas» (São Gregório Magno)

• «Jesus não regressou a uma vida humana normal deste mundo, como Lázaro e os outros mortos que Jesus ressuscitou. Ele entrou numa vida

 diferente, nova; na imensidão de Deus» (Benedito XVI)


 • «O mistério da ressurreição de Cristo é um acontecimento real, com manifestações historicamente verificadas, como atesta o Novo Testamento. Já São Paulo, por volta do ano 56, pôde escrever aos Coríntios: «Transmiti-vos, em primeiro lugar, o mesmo que havia recebido: Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras, e foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras: a seguir, apareceu a Pedro, depois aos Doze». O Apóstolo fala aqui da tradição viva da Ressurreição, de que tinha tomado conhecimento após a sua conversão, às portas de Damasco» (Catecismo da Igreja Católica, no 639



sábado, 16 de abril de 2022

Sábado Santo

 I. Introdução

II. Comentário

 Hoje, propriamente, não há “evangelho” para meditar ou —melhor—

 deveríamos meditar todo o Evangelho em maiúscula (a Boa Nova), porque todo ele

 desemboca no que hoje recordamos: a entrega de Jesus à Morte para ressuscitar e

 dar-nos uma Vida Nova.

   Hoje, a Igreja não se separa do sepulcro do Senhor, meditando sua Paixão

e sua Morte. Não celebramos a Eucaristia até que haja terminado o dia, até

 amanhã, que começará com a Solene Vigília da ressurreição. Hoje é dia de silêncio,

 de dor, de tristeza, de reflexão e de espera. Hoje não encontramos a Reserva

 Eucarística no sacrário. Há só a lembrança e o símbolo de seu “amor até o

 extremo”, a Santa Cruz que adoramos devotamente.

 Hoje é o dia para acompanhar Maria, a mãe. Devemos acompanhá-la para

 poder entender um pouco o significado deste sepulcro o qual velamos. Ela, que

 com ternura e amor guardava em seu coração de mãe os mistérios que não

 acabava de entender daquele Filho que era o Salvador dos homens, está triste e

 sofrendo: «Ela veio para a sua casa, mas os seus não a receberam» (Jo 1,11). É

 também a tristeza da outra mãe, a Santa Igreja, que sofre pela rejeição de tantos

 homens e mulheres que não acolheram Aquele que para eles era a Luz e a Vida.

 Hoje, rezando com estas duas mães, o seguidor de Cristo reflete e vai

 repetindo a antífona da pregaria das Laudes: «Cristo humilhou-se a si mesmo

 tornando-se obediente até a morte e morte de cruz! «Por isso o exaltou

 grandemente e lhe deu o Nome que está acima de qualquer outro nome» (cf. Flp

 2,8-9).

 Hoje, o fiel cristão escuta a Homilia Antiga sobre o Sábado Santo que a

 Igreja lê na liturgia do Oficio de Leitura: «Hoje há um grande silêncio na terra. Um

 grande silêncio e solidão. Um grande silêncio porque o Rei dorme. A terra se

 estremeceu e se ficou imóvel porque Deus está dormindo em carne e ressuscitou

 aos que dormiam há séculos. “Deus morreu na carne e despertou os do abismo».

 Preparemo-nos com Nossa Senhora da Soledade para viver a explosão da

 Ressurreição e para celebrar e proclamar —quando se acabe este dia triste— com

 a outra mãe, a Santa Igreja: Jesus ressuscitou tal como o havia anunciado! (cf. Mt

 28,6).

III. Atualização

 • «Que ideia de Deus tivesse podido ante se formar o homem, que não fosse um ídolo fabricado por seu coração? Era incompreensível e inaccessível, invisível e superior a tudo pensamento humano; mas agora tem querido ser compreendido. De qual jeito? Você se pergunta.

  Pois estando numa manjedoura, predicando na montanha, passando a noite em oração, o bem colgando da cruz... » (São Bernardo)


 • «A treva divina desse dia, deste século, que se converte cada vez mais num sábado santo, fala a nossas consciências. Tem em si algo consolador porque a morte de Deus em Jesus Cristo é, ao mesmo tempo, expressão de sua solidariedade radical conosco. O mistério mais obscuro da fé é, simultaneamente, a sinal mais brilhante duma esperança sem fronteiras» (Bento XVI)

• «A morte de Cristo foi uma verdadeira morte, na medida em que pôs fim a sua existência humana terrena. Mas por causa da união que a Pessoa do Filho manteve com o seu corpo, este não se torneou um

despojo mortal como os outros, porque “não era possível que Ele ficasse sob o domínio” da morte (Act 2,24) (...). A ressurreição de Jesus “ao terceiro dia” (1 Cor 15, 4) era disso sinal, até porque se julgava que a corrupção começava a manifestar-se a partir do quarto dia» (Catecismo da Igreja Católica, n° 627)



 

sexta-feira, 15 de abril de 2022

HOMÍLIA da Sexta-feira da Paixão

I. Introdução

II. Comentário

  É ali que se cumpre o seu dom de amor e que brota para sempre a

 nossa salvação. Morrendo na cruz, inocente entre dois criminosos, Ele

 testemunha que a salvação de Deus pode alcançar qualquer homem, em

 todas as condições, até na mais negativa e dolorosa.

 A salvação de Deus é para todos, sem excluir ninguém. É oferecida a

 todos. Jesus é verdadeiramente o semblante da misericórdia do Pai.

 Hoje nosso olhar se volta para Jesus crucificado. Essa cena nos leva a refletir sobre a

 violência e a dor causadas contra um justo. Sim, Jesus foi um justo por excelência. Por causa

 de sua luta pela justiça e pela fraternidade, foi condenado como criminoso.

 Os crucificados eram considerados pessoas perigosas. O texto nos leva a tirar algumas

 lições para o nosso cotidiano: o gesto de amor de Jesus pela humanidade, doou sua vida para

 que as pessoas fossem mais valorizadas e amadas, principalmente os mais desprezados.

 Assim como Jesus, justo e inocente, muitos justos e inocentes são perseguidos e,

 muitas vezes, condenados por defenderem a causa dos mais pobres. Não há melhor modo de

 explicar o que é o amor para o cristão do que mostrar a imagem de Jesus crucificado.

 Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida por seus amigos. Com seu

 sangue derramado, Jesus nos purifica e abre o caminho para a eternidade.

 Do Evangelho aprendemos que devemos imitar a Jesus, fazer como ele. Ao olhar para

 a cruz, que é o maior sinal de amor, devemos também oferecer nosso tempo, nossa

 inteligência, nossos esforços pelo bem das pessoas.

 Não há necessidade de nosso povo buscar sofrimento e cruzes, pois já sofre o

 suficiente e carrega cruzes pesadas demais.

 III. Atualização

• «A cruz é a inclinação mais profunda da Divindade para com o homem. A cruz é como um toque de amor eterno nas feridas mais dolorosas da existência terrena do homem» (São João Paulo II)

  • «O perdão custa algo, sobretudo a quem perdoa (...). Deus só pode vencer a culpa e o sofrimento dos homens intervindo pessoalmente, sofrendo Ele proprio no seu Filho, que carregou este fardo e o superou dando-se a si mesmo» (Bento XVI)

• «Este desejo de fazer seu o plano do amor de redenção do seu Pai,

 anima toda a vida de Jesus. A sua paixão redentora é a razão de ser da Encarnação: ‘Pai, salva-Me desta hora! Mas por causa disto, é que Eu cheguei a esta hora’ (Jo 12, 27). ‘O cálice que o Pai Me deu, não havia


de bebê-lo?’ (Jo 18, 11). E ainda na cruz, antes de ‘tudo estar consumado’ (Jo 19, 30), diz: ‘Tenho sede’» (Catecismo da Igreja Católica, no 607.



 

quinta-feira, 14 de abril de 2022

Missa da Santa Ceia do Senhor

pés de seus discípulos.

Missa da Santa Ceia do Senhor

  Gesto revolucionário, onde se viu um Mestre e Senhor lavar os pés de seus

 seguidores! Pedro é o primeiro a se opor a essa atitude de Jesus.

  Pedro tinha grande respeito pelo Mestre, mas nem sempre entendia os gestos de

 Jesus. Se nos pusermos no lugar de Pedro, talvez entenderíamos seu modo de raciocinar.

 Pedro vivia num mundo em que tarefas mais pesadas ou consideradas

 degradantes eram relegadas aos servos. Toda autoridade – seja ela política, religiosa ou

 civil -, se deseja ser digna da função e ser acolhida e valorizada, precisa estar atenta aos

 outros, principalmente aos mais vulneráveis.

 III.

O último gesto concreto de Jesus antes de ser julgado e condenado foi lavar os

 Jesus quer que seus discípulos de todos os tempos entendam que ele veio ensinar

 uma forma nova de relacionamento entre as pessoas.

 O que conta não é o poder, o domínio egoísta, mas o serviço. Mesmo em funções

 diferentes, o que deve prevalecer é o cuidado de uns pelos outros. Com seu gesto, Jesus

 nos ensina que não podemos nos fechar em nós mesmos, mas devemos nos preocupar

 com o bem-estar de todos.

 Jesus lavou os pés dos discípulos durante uma ceia. Isso lembra que a missa, a

 celebração eucarística, é a ocasião privilegiada de aprendermos com ele a servir uns aos

 outros.

 Atualização

 Hoje, com a Última Ceia, chegou "a hora" de Jesus, para a que foi encaminhada

desde o principio com todas suas obras. O essencial desta hora fica dito por

 João com duas palavras fundamentais: é a hora do "passo"; é a hora da "ágape"

 (amor hasta el extremo).

  Os dois termos se explicam reciprocamente, são inseparáveis. O amor mesmo

é o processo do passo, da transformação, do sair dos limites da condição

 humana, na qual todos estão "separados" uns de outros, em uma alteridade

 que não podemos sobrepassar. É o amor até o extremo o que produz a

 "transformação" aparentemente impossível: sair das barreiras da

 individualidade fechada; isto é exatamente a “ágape”, a irrupção na esfera

 divina.

  A "hora" de Jesus é a hora do grande "passo adiante", a transformação do ser

através do "ágape". "Tudo está cumprido", dirá o Crucificado: é uma ágape "até

 o extremo", a totalidade do entregar-se a si mesmo até a morte.