sábado, 16 de abril de 2022

Sábado Santo

 I. Introdução

II. Comentário

 Hoje, propriamente, não há “evangelho” para meditar ou —melhor—

 deveríamos meditar todo o Evangelho em maiúscula (a Boa Nova), porque todo ele

 desemboca no que hoje recordamos: a entrega de Jesus à Morte para ressuscitar e

 dar-nos uma Vida Nova.

   Hoje, a Igreja não se separa do sepulcro do Senhor, meditando sua Paixão

e sua Morte. Não celebramos a Eucaristia até que haja terminado o dia, até

 amanhã, que começará com a Solene Vigília da ressurreição. Hoje é dia de silêncio,

 de dor, de tristeza, de reflexão e de espera. Hoje não encontramos a Reserva

 Eucarística no sacrário. Há só a lembrança e o símbolo de seu “amor até o

 extremo”, a Santa Cruz que adoramos devotamente.

 Hoje é o dia para acompanhar Maria, a mãe. Devemos acompanhá-la para

 poder entender um pouco o significado deste sepulcro o qual velamos. Ela, que

 com ternura e amor guardava em seu coração de mãe os mistérios que não

 acabava de entender daquele Filho que era o Salvador dos homens, está triste e

 sofrendo: «Ela veio para a sua casa, mas os seus não a receberam» (Jo 1,11). É

 também a tristeza da outra mãe, a Santa Igreja, que sofre pela rejeição de tantos

 homens e mulheres que não acolheram Aquele que para eles era a Luz e a Vida.

 Hoje, rezando com estas duas mães, o seguidor de Cristo reflete e vai

 repetindo a antífona da pregaria das Laudes: «Cristo humilhou-se a si mesmo

 tornando-se obediente até a morte e morte de cruz! «Por isso o exaltou

 grandemente e lhe deu o Nome que está acima de qualquer outro nome» (cf. Flp

 2,8-9).

 Hoje, o fiel cristão escuta a Homilia Antiga sobre o Sábado Santo que a

 Igreja lê na liturgia do Oficio de Leitura: «Hoje há um grande silêncio na terra. Um

 grande silêncio e solidão. Um grande silêncio porque o Rei dorme. A terra se

 estremeceu e se ficou imóvel porque Deus está dormindo em carne e ressuscitou

 aos que dormiam há séculos. “Deus morreu na carne e despertou os do abismo».

 Preparemo-nos com Nossa Senhora da Soledade para viver a explosão da

 Ressurreição e para celebrar e proclamar —quando se acabe este dia triste— com

 a outra mãe, a Santa Igreja: Jesus ressuscitou tal como o havia anunciado! (cf. Mt

 28,6).

III. Atualização

 • «Que ideia de Deus tivesse podido ante se formar o homem, que não fosse um ídolo fabricado por seu coração? Era incompreensível e inaccessível, invisível e superior a tudo pensamento humano; mas agora tem querido ser compreendido. De qual jeito? Você se pergunta.

  Pois estando numa manjedoura, predicando na montanha, passando a noite em oração, o bem colgando da cruz... » (São Bernardo)


 • «A treva divina desse dia, deste século, que se converte cada vez mais num sábado santo, fala a nossas consciências. Tem em si algo consolador porque a morte de Deus em Jesus Cristo é, ao mesmo tempo, expressão de sua solidariedade radical conosco. O mistério mais obscuro da fé é, simultaneamente, a sinal mais brilhante duma esperança sem fronteiras» (Bento XVI)

• «A morte de Cristo foi uma verdadeira morte, na medida em que pôs fim a sua existência humana terrena. Mas por causa da união que a Pessoa do Filho manteve com o seu corpo, este não se torneou um

despojo mortal como os outros, porque “não era possível que Ele ficasse sob o domínio” da morte (Act 2,24) (...). A ressurreição de Jesus “ao terceiro dia” (1 Cor 15, 4) era disso sinal, até porque se julgava que a corrupção começava a manifestar-se a partir do quarto dia» (Catecismo da Igreja Católica, n° 627)



 

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