domingo, 20 de março de 2022

–Homíliado3• DAQUARESMA


(roxo, creio – 3a semana do saltério) I. Introdução

Tenho os olhos sempre fitos no Senhor, porque livra os meus pés da

     armadilha. Olhai para mim, tende piedade, pois vivo sozinho e infeliz (Sl 24,15s).

 Aproximando-nos do Deus da vida nesta santa liturgia, vamos nos abrir ao apelo que ele nos dirige neste tempo quaresmal. Somos convidados a assumir uma caminhada de conversão, apresentando ao Senhor os frutos que ele de nós espera. Jesus, na Eucaristia, é o divino vinhateiro que fecunda nosso coração e o rochedo que sustenta nosso viver.

 II. Comentário

A partir de duas tragédias – as atrocidades provocadas por Pilatos e o acidente da torre de Siloé, matando dezoito pessoas -, Jesus aproveita para nos dar alguma lição.

Não podemos ver as desgraças como castigo divino para os que foram

 atingidos. Podem, porém, ser vistas como apelo de conversão. Todos temos necessidade de mudança de vida para o melhor.

Deus pode nos falar também por meio dos fatos, mesmo não muito agradáveis. As pessoas que ficaram chocadas com as mortes das tragédias recebem de Jesus uma resposta talvez mais chocante ainda: se vocês não se converterem, morrerão do mesmo modo.

O Senhor que diz palavras de ânimo, de consolo, é o mesmo que profere expressões de advertência. Não faz isso, porém, para escandalizar ou para

 deprimir os seguidores. Adverte por amor, misericórdia, compaixão.

O amor de Deus por nós se apresenta às vezes como remédio que cura, mas que, para ser eficiente, pode ser amargo.


 A parábola a seguir parece nos dizer que a conversão que Jesus pede não é apenas algo que demonstramos com bonitas palavras, mas consiste em produzir frutos.

Podemos nos questionar sobre nosso envolvimento diante de tanta violência, mortes, tragédias que diariamente presenciamos ou recebemos pelos meios de comunicação.

III. Atualização

 -Hoje, Jesus é interpelado sobre alguns factos dolorosos. Diante da fácil conclusão de considerar o mal como efeito da punição divina, Jesus restitui a verdadeira imagem de Deus, que é bom e não pode desejar o mal.

--Jesus convida a fazer uma leitura diversa daqueles factos, colocando-os na perspectiva da conversão: as desventuras, os acontecimentos dolorosos, não devem suscitar em nós curiosidade ou busca de presumíveis culpados, mas devem representar ocasiões para reflectir, para vencer a ilusão de poder viver sem Deus, e para fortalecer, com a ajuda do Senhor, o compromisso de mudar de vida.

 —A possibilidade de conversão exige que aprendamos a ler os acontecimentos da vida na perspectiva da fé, isto é, animados pelo santo temor de Deus. Na presença de sofrimentos e lutos, verdadeira sabedoria é deixar-se interpelar pela precariedade da existência e ler a história humana com o olhar de Deus.



 

sábado, 19 de março de 2022

Homília da Solenidade de São José.

 I. Introdução

  Hoje, festa de são José, consideramos teologicamente a realidade do trabalho.

 A “Bíblia" mostra como o trabalho pertence à condição originaria do homem. Quando

 o Criador plasmou o homem a sua imagem e semelhança, o convidou para trabalhar

 a terra... E o mesmo Filho de Deus, fazendo-se semelhante em todo a nós, dedicou

 muitos anos as atividades manuais (era o “filho do carpinteiro”).

 O trabalho é fundamental para o desenvolvimento do homem e da sociedade.

  Deve se organizar “sempre" no pleno respeito da dignidade humana e ao serviço do

bem comum: o homem é sujeito e protagonista do trabalho. Ao mesmo tempo, é

 indispensável que o homem não se deixe dominar pelo trabalho, que não o idolatre,

 pretendendo achar nele o sentido último e definitivo da vida.

 É necessário viver uma espiritualidade que ajude os crentes a se santificar

 através do seu trabalho, imitando a são José, que cada dia abasteceu com suas mãos

 as necessidades da Sagrada Família.

  II. Comentário

Hoje, a igreja nos convida a contemplar a amável figura do santo Patriarca.

 Escolhido por Deus e por Maria, José viveu como todos nós entre tristezas e alegrias.

 Temos que olhar para qualquer uma de suas ações com interesse especial. Sempre

 aprenderemos com ele. É conveniente que nos coloquemos no lugar dele para imitá-

 lo, porque assim poderemos responder, como ele, à vontade divina.

 Tudo em sua vida —modesta, humilde, simples— é luminoso. Por isso, místicos

 famosos (Teresa de Ávila, Hildegarde de Bingen, Teresinha de Lisieux), grandes

 Fundadores (Benito, Bruno, Francisco de Assis, Bernardo de Clairvaux, Josemaría

 Escrivá) e tantos santos de todos os tempos nos encorajam a tratar e ame-o para

 seguir os passos daquele que é o Padroeiro da Igreja. É o atalho para santificar a

 privacidade do nosso lar, entrar no seio da Sagrada Família, para levar uma vida de

 oração e também para santificar o nosso trabalho.

 Graças à sua união constante com Jesus e Maria - essa é a chave! - José pode

 simplesmente experimentar o extraordinário, quando Deus o pede, como na cena

 evangélica da Missa de hoje, pois costuma realizar tarefas ordinárias sobretudo nunca

 são irrelevantes porque garantem uma vida feliz e bem-sucedida, que leva à bem-

 aventurança celestial.

 Todos nós podemos, escreve o Papa Francisco, “encontrar em São José - o

 homem que passa despercebido, o homem da presença quotidiana, discreto e

 escondido - um intercessor, um apoio e um guia nos momentos de dificuldade (...).

 José nos ensina que ter fé em Deus também inclui acreditar que Ele pode agir mesmo

 em meio aos nossos medos, nossas fragilidades, nossas fraquezas. E nos ensina que,

 em meio às tempestades da vida, não devemos ter medo de entregar o leme do nosso

 barco a Deus.

  III. Atualização

Hoje, a Igreja celebra a solenidade de São José, esposo de Maria. É como um

 parêntesis alegre dentro da austeridade da Quaresma. Mas a alegria desta festa não

 

é um obstáculo para continuarmos a avançar no caminho de conversão, próprio do

 tempo   quaresmal.

Bom é aquele que, elevando o seu olhar, faz esforços para que a sua própria vida se

 adapte ao plano de Deus. E bom é aquele que, olhando para os outros, procura

 interpretar sempre no bom sentido todas as ações que realizam e defender o seu bom

 nome. Nestes dois aspectos de bondade se nos apresenta São José no Evangelho de

 hoje.

Deus tem um plano de amor para cada um de nós, já que «Deus é amor» (1Jo 4,8).

 Porém, a dureza da vida leva a que algumas vezes não o saibamos descobrir.

 Logicamente, queixamo-nos e resistimos a aceitar as cruzes.

 Não deve ter sido fácil para São José ver que Maria «antes de passarem a conviver, se

 encontrou grávida pela ação do Espírito Santo» (Mt 1,18). Tinha pensado desfazer o

 acordo matrimonial, mas «secretamente» (Mt 1,19). Contudo, «quando o anjo do

 Senhor lhe apareceu em sonho» (Mt 1,20) revelando-lhe que tinha de ser pai legal do

 Menino, aceitou imediatamente «e acolheu sua esposa» (Mt 1,24).

 A Quaresma é uma boa ocasião para descobrirmos o que é que Deus espera de nós, e

 reforçar o nosso desejo de o pôr em prática. Peçamos ao bom Deus «por intercessão

 do Esposo de Maria», como diremos na Oração Coleta da Missa, que avancemos no

 nosso caminho de conversão, imitando São José na aceitação da vontade de Deus e

 no exercício da caridade com o próximo. E, ao mesmo tempo, tenhamos presente que

 «toda a Santa Igreja está em dívida com a Virgem Mãe, já que por ela recebeu Cristo,

 assim também, depois dela, São José é o mais digno do nosso agradecimento e

 reverência (S. Bernardino de Sena).



quinta-feira, 17 de março de 2022

Homília da Sexta-feira da II semana da Quaresma

 I. Introdução

A essência da parábola é contar algo considerado verdadeiro, mas de maneira simples, sutil e elegante.

Jesus sabe utilizar muito bem esse recurso que tem como alvo, hoje, os chefes dos sacerdotes e anciãos.

II. Comentário

Jesus critica os líderes do povo porque estes não administram a obra de Deus como deveriam.

As lideranças, de modo particular, bem como todas as pessoas envolvidas com a obra de Deus, são meros administradores que prestarão conta de seus atos.

A missão desses líderes é produzir boas uvas, ou seja, proporcionar vida plena a todos que estão, de algum modo, sob seus cuidados.

Quando, ao contrário, tais lideranças são geradoras de morte – e morte aqui entendida de diversas formas -, precisam ser afastadas e substituídas.

A turbulenta história de José – rejeitado pelos irmãos – exemplifica o tema da cruz que conduz à vida. Nas tribulações do cotidiano, somos convidados a confiar no Senhor, que é nosso protetor.

Este é o grande pecado. É o pecado de esquecer que Deus se fez Ele mesmo dom para nós, que Deus nos ofereceu isto como dom e, esquecendo isto, tornar-nos proprietários.

Aí, nessa atitude, talvez eu veja no Evangelho o início do clericalismo, que é uma perversão, que renega sempre a eleição gratuita de Deus, a aliança gratuita de Deus, a promessa de Deus.

Esquece a gratuidade da revelação, esquece que Deus se manifestou como dom, se fez dom para nós e nós devemos dá-lo, mostrá-lo aos outros como dom, não como nossa posse.

III.

Atualização

No início do Evangelho segundo São Mateus, a Boa Nova parece ser dirigida unicamente a Israel. O povo escolhido, já na Antiga Aliança, tem a missão de anunciar e de levar a salvação a todas as nações. Mas Israel não foi fiel à sua missão. Jesus, o mediador da Nova Aliança, congregará à sua volta os doze Apóstolos, símbolo do “novo” Israel, chamado a dar frutos de vida eterna e a anunciar a todos os povos a salvação.

Este novo Israel é a Igreja, todos os batizados. Nós temos recebido, na pessoa de Jesus e na Sua mensagem, uma graça única que temos que fazer frutificar. Não podemos conformar–nos com uma vivência individualista e fechada à nossa fé; há que comunicá- la e oferecê-la a cada pessoa que está próxima de nós. Daqui decorre que o primeiro fruto é viver a nossa fé no calor da nossa família, bem como no da comunidade cristã. Tal será simples pois «onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, Eu estou no meio deles» (Mt 18,20).


• Mas trata-se de uma comunidade cristã aberta, o que quer dizer que é eminentemente missionária (segundo fruto). Pela força e pela beleza do Ressuscitado “no meio de nós”, a comunidade atrai através todos os seus gestos e atos, e cada um dos seus membros goza da capacidade de envolver homens e mulheres na nova vida do Ressuscitado. E um terceiro fruto consiste em que vivamos na convicção e na certeza de que no Evangelho encontramos a solução para todos os problemas.




quarta-feira, 16 de março de 2022

Homília da Quarta-feira da 2° Semana da Quaresma

I. Introdução

Jesus sabe que Tiago e João estão animados pelo grande entusiasmo por Ele e pela causa do Reino, mas sabe também que as suas expectativas e o seu zelo são contaminados, pelo espírito do mundo.

Como se quisesse dizer: agora, segui-me e aprendei o caminho do amor “em perda”, e o Pai celeste pensará no premio. O caminho do amor está sempre «em perda», pois amar significa pôr de lado o egoísmo, a autorreferencialidade, para servir os outros.

II. Comentário

A lógica do Reino de Deus subverte a lógica do mundo. Entre os seguidores de Jesus, como ele mesmo diz, se espera uma postura diferenciada, pois seus seguidores não são regidos pelas leis do mundo, mas pela lei do amor que reúne irmãos.

Assumir esse caminho requer dos cristãos uma postura consciente e decidida. Não cabem aqui sentimentalismos, mas a certeza de que está sendo percorrido um caminho que, de fato, se decidiu percorrer.

Escolher o serviço, do ponto de vista somente humano, não é aspiração de ninguém; desejamos, sim, privilégios e que sejamos servidos.

Romper com essa forma de pensar significa nadar contra a correnteza e acreditar que as energias empenhadas nessa escolha estão sendo bem empregadas.

No mínimo, seremos vistos como bobos; contudo, neste caso, ser bobo é estabelecer o novo para que o mundo seja melhor.

III. Atualização

• «Oh exuberante amor para com os homens! Cristo foi quem recebeu os cravos nas Suas

imaculadas mãos e pés, sofrendo grandes dores, e a mim, sem sequer experimentar nenhuma dessas dores ou angustia, deu-se-me a salvação pela comunhão das Suas dores» (São Cirilo de Jerusalém)

• «Ao que arrisca o Senhor não o defrauda» (Francisco)

• «Jesus aceitou a profissão de fé de Pedro, que O reconhecia como o Messias, anunciando a paixão próxima do Filho do Homem. Revelou o conteúdo autêntico da sua realeza messiânica, ao mesmo tempo na identidade transcendente do Filho do Homem «que desceu do céu» (Jo 3, 13) e na sua missão redentora como Servo sofredor: «O Filho do Homem [...] não veio para ser servido, veio para servir e dar a vida como resgate pela multidão» (Mt 20, 28). Foi por isso que o verdadeiro sentido da sua realeza só se manifestou do cimo da Cruz» (Catecismo da Igreja Católica, no 440)




terça-feira, 15 de março de 2022

Homília da terça-feira da minha 2 ° Semana da Quaresma

I INTRODUÇÃO

Hoje os escribas e fariseus voltam a ser denunciados por Jesus. Eles se fazem de mestres, mas não são porque despistam às pessoas: «dizem e não fazem».

O que ensinam com palavras o destroçam com sua conduta. Jesus Cristo não quer inimigos, mas não tem mais remédio que falar claro e forte para defender-nos.

São Lucas escreve que Jesus Cristo «começou a fazer e a ensinar». E eu? II. Comentário

Hoje, mais do que nunca, devemos trabalhar pela nossa salvação pessoal e comunitária, como diz São Paulo, com respeito e seriedade, já que «É agora o momento favorável, é agora o dia da salvação» (2Cor 6,2). O tempo quaresmal é uma oportunidade sagrada dada pelo nosso Pai para que, numa atitude de profunda conversão, revitalizemos nossos valores pessoais, reconheçamos nossos erros e nos arrependamos de nossos pecados, de maneira que nossa vida se transforme —pela ação do Espírito Santo— numa vida mais plena e madura.

Para adequar nossa conduta à do Senhor Jesus é fundamental um gesto de humildade, como diz o Papa Bento XVI: «Reconheço-me por aquilo que sou, uma criatura frágil, feita de terra e destinada à terra, mas também feita à imagem de Deus e destinada a Ele».

Na época de Jesus, havia muitos “modelos” que oravam e agiam para serem vistos, para serem reverenciados: pura fantasia, personagens de papelão, que não podiam estimular o crescimento e a madurez dos seus vizinhos. Suas atitudes e condutas não mostravam o caminho que conduz a Deus; «Portanto, tudo o que eles vos disserem, fazei e observai, mas não imiteis suas ações! Pois eles falam e não praticam» (Mt 23,3).

A sociedade atual também nos apresenta uma infinidade de modelos de conduta que abocam a uma existência vertiginosa, aloucada, debilitando o sentido de transcendência. Não deixemos que esses falsos referentes nos façam perder de vista o verdadeiro Mestre: «Um só é vosso Mestre; (...) um só é vosso Pai; (...) um só é o vosso Guia: Cristo» (Mt 23,8.9.10).

Aproveitemos a quaresma para fortalecer nossas convicções como discípulo de Jesus Cristo. Procuremos ter momentos sagrados de “deserto”, onde nos reencontremos com nós mesmos e, com o verdadeiro modelo e mestre. E diante às situações concretas nas que muitas vezes não sabemos como reagir poderíamos nos perguntar: Que diria Jesus? Como agiria Jesus?

III. Atualização

• Hoje, o Mestre adverte-nos contra a hipocrisia e a duplicidade dos escrivas e fariseus. Estes últimos —um grupo religioso contemporâneo de Jesus Cristo— são o “branco” da dita denúncia.

• Numa ocasião Jesus apelidou-os de “sepulcros caiados”. E é o que é próprio da tentação de adotar uma aparência moral: não nos convida diretamente a fazer o mal, isso seria demasiado bruto.


• A tentação finge mostrar-nos o melhor: abandonar, por fim, o ilusório e usar eficazmente as nossas forças para melhorar o mundo. Além de mais apresenta-se com a pretensão do verdadeiro realismo: o real é o que se constata (menosprezando a fé).

• E, de fato, um vício do chamado “farisaísmo” consistia em radicar o bem no cumprimento formal (sem coração) de preceitos, que não eram tanto de Deus mas duma retorcida casuística humana.

• Aí aparece claro o núcleo de toda a tentação: por ordem no nosso mundo somente por nós, sem Deus, contando unicamente com as nossas capacidades.

• Jesus, quero fazer a tua vontade; só me importa o teu juízo.




segunda-feira, 14 de março de 2022

HOMÍLIA DA 2a SEMANA DA QUARESMA

SEGUNDA-FEIRA

I. Introdução

Tende compaixão de mim, ó Deus, e libertai-me! Meus pés estão firmes no caminho reto, nas assembleias bendirei ao Senhor (Sl 25,11s).

De bom grado, Deus acolhe a pessoa que, após reconhecer as próprias falhas, se dispõe a retomar caminhos de vida. Reconheçamos nossa necessidade de conversão e nos abramos ao perdão do Senhor.

II. Comentário

A reconciliação foi um tema fundamental do ministério de Jesus. Tudo quanto fazia visava restaurar os laços de amizade dos seres humanos entre si e com Deus. Ele foi, por excelência, um construtor de reconciliação. Portanto, um bem-aventurado!

No seu ensinamento, o Mestre mostrou a transcendência do perdão que rompe os limites do puro relacionamento humano para levar ao relacionamento das pessoas com Deus. No ato de perdoar, o discípulo do Reino decide seu destino eterno.

A ordem de Jesus – “Perdoai, e sereis perdoados!” – não expressa a reciprocidade do perdão no nível puramente humano, como se ele dissesse: na medida em quem vocês perdoarem o próximo, serão perdoados por ele. Pelo contrário, o perdão oferecido ao próximo tem, como contrapartida, o perdão recebido de Deus. Quem abre o coração e oferece o perdão a seu semelhante, restabelecendo o relacionamento fraterno encontrará no Pai um coração aberto para perdoá-lo e acolhê-lo.

Conclui-se da ordem de Jesus que, quem não perdoa, não receberá o perdão do Pai, pois a falta de comunhão com o semelhante é indício de ruptura com o Pai. Assim, o discípulo do Reino busca construir um relacionamento sólido com o Pai, por meio da comunhão com o seu semelhante. É ilusório querer trilhar um caminho diferente

III.

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Atualização

Aquilo que Jesus ensinou a seus discípulos atravessou séculos e é válido para nós ainda hoje.

Jesus é desconcertantemente prático; contudo, engana-se quem considera que assumir na própria vida suas palavras seja fácil.

Jesus pede de seus seguidores, de nós, a conversão do coração e da mente; que rompamos os esquemas que separam e tornam irmãos rivais e nos abramos à fraternidade plena e verdadeira.

Não se trata aqui de um “jogo de conveniência”, mas de novo estilo de vida, em que a palavra de ordem é “amor”.

Na dinâmica proposta por Jesus, não há maiores ou menores; grandes ou pequenos; superiores e inferiores.

Jesus, com suas palavras, seus ensinamentos e sua vida, quer instaurar o Reino de Deus onde todos tenham lugar garantido e sua dignidade assegurada.

Não somos juízes de ninguém; somos irmãos uns dos outros.



domingo, 13 de março de 2022

Homília do II Domingo da Quaresma I

. Introdução

Hoje, o rosto de Jesus muda e a sua veste que se torna cândida e resplandecente, na presença de Moisés e Elias, símbolo da Lei e dos Profetas.

Os três discípulos que assistem ao acontecimento estão oprimidos pelo sono. Só a luta contra o torpor que se apodera deles permite que Pedro, Tiago e João “vejam” a glória de Jesus. Então o ritmo torna-se premente... Pedro fala e, enquanto está a falar, uma nuvem cobre a ele e aos outros discípulos. Os olhos já não podem ver, mas os ouvidos podem ouvir a voz que sai da nuvem: “Este é o Meu Filho dileto, escutai-O”.

Os discípulos já não estão diante de um rosto transfigurado, nem de uma veste cândida, nem de uma nuvem que revela a presença divina. Diante dos seus olhos está “Jesus sozinho”: é quanto é dado aos discípulos e à Igreja em cada época; é quanto deve ser suficiente para o caminho. É ele a única voz que deve ser ouvida.

II. Comentário

Hoje, segundo Domingo da Quaresma, a liturgia da palavra traz-nos invariavelmente o episódio evangélico da Transfiguração do Senhor. Este ano, com os matizes próprios de São Lucas.

O terceiro evangelista é quem mais salienta o Jesus orante, o Filho que está permanentemente unido ao Pai através da oração pessoal, às vezes íntima, escondida, outras vezes na presença dos Seus discípulos, cheia da alegria do Espírito Santo.

Consideremos, então, que Lucas é o único dos sinópticos que começa a narração deste relato assim: «Jesus (...) subiu à montanha para orar» (Lc 9,28), e que, portanto, também é o que especifica que a transfiguração do Mestre se produziu «Enquanto orava» (Lc 9,29). Este não é um fato de importância secundária.

A oração é apresentada como o contexto, natural, para a visão da glória de Cristo: quando Pedro, João e Tiago acordaram, «viram a glória de Jesus» (Lc 9,32). Não só a glória dele, mas também a glória que Deus já manifestara na Lei e nos Profetas; estes —diz o evangelista— «Apareceram revestidos de glória» (Lc 9,31). Efetivamente, também eles encontram o próprio esplendor quando o Filho fala ao Pai no amor do Espírito. Assim, no coração da Trindade, a Páscoa de Jesus, «a saída deste mundo que Jesus iria consumar em Jerusalém» (Lc 9,31) é o sinal que manifesta o desígnio de Deus desde sempre, levado a cabo no seio da história de Israel, até ao seu cumprimento definitivo na plenitude dos tempos, na morte e ressurreição de Jesus, o Filho encarnado.

Convém-nos recordar, nesta Quaresma e sempre, que só deixando aflorar o Espírito de piedade na nossa vida, estabelecendo com o Senhor uma relação familiar, inseparável, poderemos gozar a contemplação da sua glória. É urgente deixarmo-nos impressionar pela visão do rosto do Transfigurado. À nossa vivência cristã, talvez sobrem palavras e falte espanto, aquele que fez de Pedro e dos seus companheiros testemunhas autênticas do Cristo vivo.

III. Atualização

• Hoje, em uma cena espetacular, encontramos Jesus —transfigurado— falando com

Moisés e Elias.


• Sobre o que falam? Da morte do Senhor, para o qual apenas faltavam uns dias.

• Pedro, Santiago e João sofrerão com q prisão do Senhor. Por isso Jesus lhes mostra o

prêmio..., o que é prêmio ao amor.