I. Introdução
Hoje, festa de são José, consideramos teologicamente a realidade do trabalho.
A “Bíblia" mostra como o trabalho pertence à condição originaria do homem. Quando
o Criador plasmou o homem a sua imagem e semelhança, o convidou para trabalhar
a terra... E o mesmo Filho de Deus, fazendo-se semelhante em todo a nós, dedicou
muitos anos as atividades manuais (era o “filho do carpinteiro”).
O trabalho é fundamental para o desenvolvimento do homem e da sociedade.
Deve se organizar “sempre" no pleno respeito da dignidade humana e ao serviço do
bem comum: o homem é sujeito e protagonista do trabalho. Ao mesmo tempo, é
indispensável que o homem não se deixe dominar pelo trabalho, que não o idolatre,
pretendendo achar nele o sentido último e definitivo da vida.
É necessário viver uma espiritualidade que ajude os crentes a se santificar
através do seu trabalho, imitando a são José, que cada dia abasteceu com suas mãos
as necessidades da Sagrada Família.
II. Comentário
Hoje, a igreja nos convida a contemplar a amável figura do santo Patriarca.
Escolhido por Deus e por Maria, José viveu como todos nós entre tristezas e alegrias.
Temos que olhar para qualquer uma de suas ações com interesse especial. Sempre
aprenderemos com ele. É conveniente que nos coloquemos no lugar dele para imitá-
lo, porque assim poderemos responder, como ele, à vontade divina.
Tudo em sua vida —modesta, humilde, simples— é luminoso. Por isso, místicos
famosos (Teresa de Ávila, Hildegarde de Bingen, Teresinha de Lisieux), grandes
Fundadores (Benito, Bruno, Francisco de Assis, Bernardo de Clairvaux, Josemaría
Escrivá) e tantos santos de todos os tempos nos encorajam a tratar e ame-o para
seguir os passos daquele que é o Padroeiro da Igreja. É o atalho para santificar a
privacidade do nosso lar, entrar no seio da Sagrada Família, para levar uma vida de
oração e também para santificar o nosso trabalho.
Graças à sua união constante com Jesus e Maria - essa é a chave! - José pode
simplesmente experimentar o extraordinário, quando Deus o pede, como na cena
evangélica da Missa de hoje, pois costuma realizar tarefas ordinárias sobretudo nunca
são irrelevantes porque garantem uma vida feliz e bem-sucedida, que leva à bem-
aventurança celestial.
Todos nós podemos, escreve o Papa Francisco, “encontrar em São José - o
homem que passa despercebido, o homem da presença quotidiana, discreto e
escondido - um intercessor, um apoio e um guia nos momentos de dificuldade (...).
José nos ensina que ter fé em Deus também inclui acreditar que Ele pode agir mesmo
em meio aos nossos medos, nossas fragilidades, nossas fraquezas. E nos ensina que,
em meio às tempestades da vida, não devemos ter medo de entregar o leme do nosso
barco a Deus.
III. Atualização
Hoje, a Igreja celebra a solenidade de São José, esposo de Maria. É como um
parêntesis alegre dentro da austeridade da Quaresma. Mas a alegria desta festa não
é um obstáculo para continuarmos a avançar no caminho de conversão, próprio do
tempo quaresmal.
Bom é aquele que, elevando o seu olhar, faz esforços para que a sua própria vida se
adapte ao plano de Deus. E bom é aquele que, olhando para os outros, procura
interpretar sempre no bom sentido todas as ações que realizam e defender o seu bom
nome. Nestes dois aspectos de bondade se nos apresenta São José no Evangelho de
hoje.
Deus tem um plano de amor para cada um de nós, já que «Deus é amor» (1Jo 4,8).
Porém, a dureza da vida leva a que algumas vezes não o saibamos descobrir.
Logicamente, queixamo-nos e resistimos a aceitar as cruzes.
Não deve ter sido fácil para São José ver que Maria «antes de passarem a conviver, se
encontrou grávida pela ação do Espírito Santo» (Mt 1,18). Tinha pensado desfazer o
acordo matrimonial, mas «secretamente» (Mt 1,19). Contudo, «quando o anjo do
Senhor lhe apareceu em sonho» (Mt 1,20) revelando-lhe que tinha de ser pai legal do
Menino, aceitou imediatamente «e acolheu sua esposa» (Mt 1,24).
A Quaresma é uma boa ocasião para descobrirmos o que é que Deus espera de nós, e
reforçar o nosso desejo de o pôr em prática. Peçamos ao bom Deus «por intercessão
do Esposo de Maria», como diremos na Oração Coleta da Missa, que avancemos no
nosso caminho de conversão, imitando São José na aceitação da vontade de Deus e
no exercício da caridade com o próximo. E, ao mesmo tempo, tenhamos presente que
«toda a Santa Igreja está em dívida com a Virgem Mãe, já que por ela recebeu Cristo,
assim também, depois dela, São José é o mais digno do nosso agradecimento e
reverência (S. Bernardino de Sena).
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