quinta-feira, 17 de março de 2022

Homília da Sexta-feira da II semana da Quaresma

 I. Introdução

A essência da parábola é contar algo considerado verdadeiro, mas de maneira simples, sutil e elegante.

Jesus sabe utilizar muito bem esse recurso que tem como alvo, hoje, os chefes dos sacerdotes e anciãos.

II. Comentário

Jesus critica os líderes do povo porque estes não administram a obra de Deus como deveriam.

As lideranças, de modo particular, bem como todas as pessoas envolvidas com a obra de Deus, são meros administradores que prestarão conta de seus atos.

A missão desses líderes é produzir boas uvas, ou seja, proporcionar vida plena a todos que estão, de algum modo, sob seus cuidados.

Quando, ao contrário, tais lideranças são geradoras de morte – e morte aqui entendida de diversas formas -, precisam ser afastadas e substituídas.

A turbulenta história de José – rejeitado pelos irmãos – exemplifica o tema da cruz que conduz à vida. Nas tribulações do cotidiano, somos convidados a confiar no Senhor, que é nosso protetor.

Este é o grande pecado. É o pecado de esquecer que Deus se fez Ele mesmo dom para nós, que Deus nos ofereceu isto como dom e, esquecendo isto, tornar-nos proprietários.

Aí, nessa atitude, talvez eu veja no Evangelho o início do clericalismo, que é uma perversão, que renega sempre a eleição gratuita de Deus, a aliança gratuita de Deus, a promessa de Deus.

Esquece a gratuidade da revelação, esquece que Deus se manifestou como dom, se fez dom para nós e nós devemos dá-lo, mostrá-lo aos outros como dom, não como nossa posse.

III.

Atualização

No início do Evangelho segundo São Mateus, a Boa Nova parece ser dirigida unicamente a Israel. O povo escolhido, já na Antiga Aliança, tem a missão de anunciar e de levar a salvação a todas as nações. Mas Israel não foi fiel à sua missão. Jesus, o mediador da Nova Aliança, congregará à sua volta os doze Apóstolos, símbolo do “novo” Israel, chamado a dar frutos de vida eterna e a anunciar a todos os povos a salvação.

Este novo Israel é a Igreja, todos os batizados. Nós temos recebido, na pessoa de Jesus e na Sua mensagem, uma graça única que temos que fazer frutificar. Não podemos conformar–nos com uma vivência individualista e fechada à nossa fé; há que comunicá- la e oferecê-la a cada pessoa que está próxima de nós. Daqui decorre que o primeiro fruto é viver a nossa fé no calor da nossa família, bem como no da comunidade cristã. Tal será simples pois «onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, Eu estou no meio deles» (Mt 18,20).


• Mas trata-se de uma comunidade cristã aberta, o que quer dizer que é eminentemente missionária (segundo fruto). Pela força e pela beleza do Ressuscitado “no meio de nós”, a comunidade atrai através todos os seus gestos e atos, e cada um dos seus membros goza da capacidade de envolver homens e mulheres na nova vida do Ressuscitado. E um terceiro fruto consiste em que vivamos na convicção e na certeza de que no Evangelho encontramos a solução para todos os problemas.




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