quinta-feira, 25 de novembro de 2021

Homília da Quinta-feira da 34° semana do tempo comum.

I. Introdução

II. Comentário

  Hoje, ao ler este santo Evangelho, como não ver o reflexo do momento

 presente, cada vez mais cheio de ameaças e mais tingido de sangue? «Na terra, as

 nações ficarão angustiadas, apavoradas com o bramido do mar e das ondas.

  As pessoas vão desmaiar de medo, só em pensar no que vai acontecer ao

  mundo» (Lc 21,25b-26a). A segunda vinda do Senhor tem sido representada,

inúmeras vezes, pelas mais aterrorizadoras imagens, como parece ser neste

 Evangelho; sempre sob o signo do medo.

 Porém, será esta a mensagem que hoje nos dirige o Evangelho? Fiquemos

 atentos às últimas palavras: «Quando estas coisas começarem a acontecer, levantai-

 vos e erguei a cabeça, porque a vossa libertação está próxima» (Lc 21,28). O núcleo

 da mensagem destes últimos dias do ano litúrgico não é o medo; mas sim, a

 esperança da futura libertação, ou seja, a esperança completamente cristã de

 alcançar a plenitude da vida com o Senhor, na qual participarão, também, nosso

 corpo e o mundo que nos rodeia.

 Os acontecimentos narrados tão dramaticamente indicam, de modo

 simbólico, a participação de toda a criação na segunda vinda do Senhor, como já

 participou na primeira, especialmente no momento de sua paixão, quando o céu

 escureceu e a terra tremeu. A dimensão cósmica não será abandonada no final dos

 tempos, já que é uma dimensão que acompanha o homem desde que entrou no

 Paraíso.

  III. Atualização

A esperança do cristão não é enganadora, porque quando essas coisas

 começarem a acontecer —nos diz o próprio Senhor— «Então, verão o

 Filho do Homem, vindo numa nuvem, com grande poder e glória» (Lc

 21,27). Não vivamos angustiados perante a segunda vinda do Senhor, a

 sua Parúsia: meditemos, antes, nas profundas palavras de Santo

 Agostinho que, já no seu tempo, ao ver os cristãos temerosos frente ao

 regresso do Senhor, se pergunta: «Como pode a Esposa ter medo do seu

 Esposo?».



quarta-feira, 24 de novembro de 2021

Homília da Quarta-feira da 34° Semana do Tempo Comum Comentário.

 Hoje, o profeta de Jesus nos prepara para o caminho. Não foi a primeira vez

 que Ele nos advertiu sobre as tribulações (mal-entendidos, persecuções...) que virá

 —e têm vindo— vindo o tempo. Ninguém é tão perseguido como Jesus Cristo e seus

 discípulos! Ou mesmo são Paulo nos perseguiu até a morte. Mas, «confiai, eu venci o

 mundo».

 Porque Deus permite tanta perseguição? Só Ele sabe, mas nós nos

  entrevemos nele um grande Amor: quanta Paciência!; quanta Misericórdia! E assim é

como como Deus vence ao mundo. Nós também: «Com sua perseverança salvará

 suas almas». Sangue de mártires, semente de cristãos.



terça-feira, 23 de novembro de 2021

Homilia da Terça-feira do 34° semana do tempo comum.

I. Introdução

II. Comentário

  Hoje, começando o “Discurso Escatológico” reencontramos o anúncio do

 dramático final do Templo de Jerusalém.

  O “Senhor da História” nem errou nem exagerou... Efetivamente, em 5 de

 agosto do 70 (uns 40 anos depois de sua Ascensão) houve um acontecimento de

  grandes consequências para a história das religiões: por causa da carestia dos

elementos necessários, tiveram que suspender o sacrifício quotidiano no Templo.

 Pouco tempo depois, foi demolido pelos romanos.

 Para o judaísmo, o cesse do sacrifício e a destruição do Templo foi uma

 comoção terrível. Templo e sacrifício estavam no centro da Torá. E ainda mais: Deus,

 que tinha colocado seu nome neste Templo e que misteriosamente habitava nele, o

 abandonou; já não era sua moradia sob a Terra. O Antigo Testamento devia ler-se de

 um novo modo!

 É o Sangue do Cordeiro de Deus (Jesus) o que quita os pecados do mundo; o

 dos animais sacrificados era só uma figura dessa realidade suprema.



segunda-feira, 22 de novembro de 2021

Homília da Segunda-feira da 34° Semana do Tempo Comum.

 I. Introdução

  Hoje, como quase sempre, as coisas pequenas passam ignoradas, pequenas

 esmolas, sacrifícios pequenos, pequenas orações (jaculatórias), mas o que parece

 pequeno e sem importância constitui muitas vezes a trama e também o remate das

 obras-primas: tanto das grandes obras de arte como da obra máxima da santidade

 pessoal.

 Pelo fato de essas coisas pequenas passarem desconhecidas, a sua retidão

  de intenção está garantida: com elas não procuramos o reconhecimento dos outros,

nem a glória humana.

 II. Comentário

 Só Deus as descobrirá no nosso coração, como só Jesus se apercebeu da

 generosidade da viúva. É mais do que garantido que a pobre mulher não anunciou o

 seu gesto com um toque de trompete e até é possível que se envergonhasse bastante

 e se sentisse ridícula perante o olhar dos ricos, que deitavam grandes donativos no

 cofre do templo e disso faziam alarde. Porém, a sua generosidade, que a levou a tirar

 forças da fraqueza no meio da sua indigência, mereceu o elogio do Senhor, que vê o

 coração das pessoas: «Em verdade, vos digo: esta viúva pobre deu mais do que todos

 os outros. Pois todos eles depositaram como oferta parte do que tinham de sobra,

 mas ela, da sua pobreza, ofereceu tudo que tinha para viver» (Lc 21,3-4).

 A generosidade da viúva pobre é uma boa lição para nós, discípulos de Cristo.

 Podemos dar muitas coisas, como os ricos que «depositavam as suas ofertas no

 cofre» (Lc 21,1), mas nada disso terá valor se só dermos “daquilo que nos sobra”, sem

 amor e sem espírito de generosidade, sem nos oferecermos a nós próprios. Diz Sto.

 Agostinho: «Eles punham os olhos nas grandes oferendas dos ricos, louvando-os por

 isso. Porém, embora tivessem logo visto a viúva, quantos viram aquelas duas

 moedas?... Ela deu tudo o que possuía. Tinha muito, porque tinha Deus no seu

 coração. É muito mais ter Deus na alma do que ouro na arca». É bem certo: se somos

 generosos com Deus, muito mais o será Ele conosco.



domingo, 21 de novembro de 2021

Homília da Solenidade de Jesus Cristo, Rei do Universo (B)


I. Introdução, 

Jesus Cristo nos é apresentado como Rei do Universo. Sempre me chamou a atenção o ênfase que a Bíblia dá ao nome de Rei quando o aplica ao Senhor. «O Senhor reina, vestido de majestade”, cantamos no Salmo 92. «Perguntou-lhe então Pilatos: És, portanto, rei? Respondeu Jesus: Sim, eu sou rei. É para dar testemunho da verdade que nasci e vim ao mundo. Todo o que é da verdade ouve a minha voz.» (Jo 18,37), ouvimos pela própria boca de Jesus mesmo. «Bendito o rei que vem em nome do Senhor» (Lc 19,14), diziam as pessoas quando ele entrava em Jerusalém.

II. Comentário

Certamente, a palavra Rei, aplicada a Deus e a Jesus Cristo, não tem as conotações da monarquia política tal como a conhecemos. Mas, sim que há alguma relação entre a linguagem popular e a linguagem bíblica com respeito à palavra rei. Por exemplo, quando uma mãe cuida ao seu bebê de poucos meses e lhe diz: - Tu és o rei da casa. Que está dizendo? Algo muito simples: que para ela este menino ocupa o primeiro lugar, que é tudo para ela.

Quando os jovens dizem que fulano é o rei do Rock querem dizer que não há ninguém igual, o mesmo quando falam do rei do basquete. Entre no quarto de um adolescente e verá na parede quem são seus reis. Penso que essas expressões populares se parecem mais ao que queremos dizer quando clamamos a Deus como nosso Rei e nos ajudam a entender a afirmação de Jesus sobre sua realeza: «O meu Reino não é deste mundo. Se o meu Reino fosse deste mundo, os meus súditos certamente teriam pelejado para que eu não fosse entregue aos judeus. Mas o meu Reino não é deste mundo» (Jo 18,36).

Para os cristãos nosso Rei é o Senhor, quer dizer, o centro onde se dirige o sentido mais profundo de nossa vida. Ao pedir no Pai Nosso que venha a nós seu reino, expressamos nosso desejo de que cresça o número de pessoas que encontrem em Deus a fonte da felicidade e se esforcem por seguir o caminho que Ele nos ensinou, o caminho das bem-aventuranças. Peçamos de todo coração, que «onde queira que esteja Jesus Cristo, ali estará nossa vida e nosso reino» (Santo Ambrosio).



Pe. Edivanio José.

sábado, 20 de novembro de 2021

Homília do Sábado do 33° Semana do Tempo Comum I.

 I. Introdução

Hoje, a Palavra de Deus nos fala do tema capital da ressurreição dos mortos. Curiosamente, como os saduceus, também nós não nos cansamos de formular perguntas inúteis e fora do lugar.

II. Comentário

Queremos solucionar as coisas do além com os critérios daqui de baixo, quando no mundo que está por vir tudo será diferente: «mas os que serão julgados dignos do século futuro e da ressurreição dos mortos não terão mulher nem marido». (Lc 20,35). Partindo de critérios errados chegamos a conclusões errôneas.

Se nos amassemos mais e melhor, não estranharíamos que no céu não houvesse a exclusividade do amor que vivemos na terra, totalmente compreensível devido à nossa limitação, que nos dificulta o poder sair de nossos círculos mais próximos. Mas no céu nos amaremos todos e com um coração puro, sem invejas, nem receios e, não somente ao esposo ou à esposa, aos filhos ou aos do nosso sangue, mas sim a todo o mundo, sem exceções, nem discriminações de língua, nação, raça ou cultura, uma vez que o «amor verdadeiro alcança uma grande força» (São Paulino de Nola).

Faz-nos muito bem escutar essas palavras da Escritura que saem dos lábios de Jesus. Faz-nos bem, porque nos poderia suceder que, agitados por tantas coisas que não nos deixam nem tempo para pensar e influenciados por uma cultura ambiental que parece negar a vida eterna, chegássemos a estar tocados pela dúvida com respeito a ressurreição dos mortos. Sim, nos faz um grande bem que o Senhor mesmo seja quem nos diga que existe um futuro além da destruição do nosso corpo e deste mundo que passa: «Por outra parte, que os mortos hão de ressuscitar é o que Moisés revelou na passagem da sarça ardente (Ex 3,6), chamando ao Senhor: Deus de Abraão, Deus de Isaac, Deus de Jacó» (Lc 20,37-38).



Pe. Edivanio José.

sexta-feira, 19 de novembro de 2021

Homília da Sexta-feira do 33° da Semana do Tempo Comum.

I. Introdução

Hoje, o gesto de Jesus é profético. À maneira dos antigos profetas, realiza uma ação simbólica, cheia de significado face ao futuro. Ao expulsar do templo os mercadeiros, que faziam negócio com as vítimas destinadas a servir de oferenda, e ao indicar que «a casa de Deus será casa de oração» (Is 56,7), Jesus anunciava a nova situação, que Ele vinha inaugurar, em que os sacrifícios de animais já não tinham lugar.

II. Comentário

São João definirá a nova relação de culto como uma «adoração ao Pai em espírito e verdade» (Jn 4,24). A figura deve dar lugar à realidade. Santo Tomás de Aquino dizia poeticamente «Et antiquum documentum / novo cedat ritui (Que o Antigo Testamento ceda o lugar ao Novo Rito)».

O Novo Rito é a palavra de Jesus. Por isso, São Lucas associou à cena da purificação do templo a apresentação de Jesus, nele pregando cada dia. O novo culto centra-se na oração e na escuta da Palavra de Deus. Mas, na realidade, o centro do centro da instituição cristã é a própria pessoa viva de Jesus, com a sua carne entregue e o seu sangue derramado na cruz e oferecidos na Eucaristia. Também Santo Tomás o destaca de modo muito belo: «Recumbens com fratribus (...) se dat suis manibus» («Sentado à mesa com os irmãos (...) dá-se a si mesmo com as suas próprias mãos»).

No Novo Testamento, inaugurado por Jesus, já não são necessários nem bois nem vendedores de cordeiros. Tal como «todo o povo ficava fascinado ao ouvi-lo falar» (Lc 19,48), também nós não temos de ir ao templo para imolar vítimas, mas para receber Jesus, o autêntico cordeiro imolado por nós, de uma vez para sempre (cf. He 7,27), e para unir a nossa vida à de Jesus.



Pe. Edivanio José.