quarta-feira, 18 de agosto de 2021

HOMÍLIA DA QUARTA-FEIRA 20ª SEMANA COMUM


I. INTRODUÇÃO

Ó Deus, nosso protetor, volvei para nós o vosso olhar e contemplai a face do vosso ungido, porque um dia em vosso templo vale mais que outros mil (Sl 83,10s).

Na construção do Reino há trabalho para todos, e Deus, em sua bondade, recompensa cada um segundo seu justo coração. Atendamos ao chamado do Senhor para trabalhar em sua vinha, certos de que não nos faltará o devido “salário”.

II. COMENTÁRIO

Qualquer administrador, em nossos dias, acha estranha a matemática que Jesus propõe nesta parábola. Acontece que a lógica do Reino dos céus não segue a lógica da administração terrena. 

Os judeus pensam que o Reino pertence somente a eles; não compreendem o zelo de Jesus pelos publicanos e pecadores nem a misericórdia divina. Por isso, arriscam a ser os últimos, enquanto os primeiros serão os que se abrem ao amor gratuito de Deus.

Para Jesus, de fato, as portas do Reino estão sempre abertas para todos, já que todos são objeto do amor e da salvação. Nesse campo não há privilegiados. Não importa a raça, a nação, a idade, os títulos, as posses, o tempo de pertença. O que conta é a intensidade do compromisso com Cristo e com o seu projeto de justiça.

III. ATUALIZAÇÃO
• E, no entanto, Jesus amou e chamou homens ricos, sem lhes exigir que abandonassem as suas responsabilidades. A riqueza em si mesma não é má, a não ser que a sua origem tenha sido adquirida de forma injusta, ou o seu destino, que se utilize de forma egoísta sem ter em conta os mais desfavorecidos, se fecha o coração aos verdadeiros valores espirituais (onde não há necessidade de Deus).
• Quem, pois, poderá salvar-se?». Jesus responde: «Para os homens isso é impossível, mas para Deus tudo é possível. (Mt 19,26). Senhor, tu conheces bem as habilidades dos homens para atenuar a tua Palavra. Tenho que o dizer, Senhor ajuda-me! Converte o meu coração.
• Depois do jovem rico ter ido embora, entristecido pelo seu apego às suas riquezas, Pedro tomou a palavra e disse: «Concede, Senhor, à tua Igreja, aos teus Apóstolos que sejam capazes de deixar tudo por Ti».

Oração

Senhor Jesus, nossa tendência é descartar os pobres, doentes, analfabetos, prostitutas, ao passo que tu, Senhor, os acolhes com misericórdia e solicitude. Já o disseste: eles nos precederão no Reino dos céus. Então, de fato, “os últimos serão os primeiros, e os primeiros serão os últimos”. Amém.




 

Pe. Edivânio José.

 

terça-feira, 17 de agosto de 2021

Homília da Terça-feira da 20ª semana do Tempo Comum


I. Introdução

Na escolha de seus emissários, Deus muitas vezes chama aqueles que são, perante os homens, os últimos. Fortaleçamo-nos em nosso seguimento do Senhor e no serviço a seu Reino, ainda que nos consideremos indignos da missão a nós confiada.

II. Comentário

Hoje, assombrados como os discípulos, voltamos a escutar que para o homem a salvação é impossível. Isto soa como uma afirmação muito rotunda! Mas assim tão radical é o dano com que a “perturbação da criação” nas suas origens nos “salpicou” a todos. As imagens do “Genesis” são eloquentes.

Hoje Jesus deixa assombrados os seus ouvintes: Então, quem poderá se salvar?. Outra equação a ser resolvida! As riquezas por si mesmas não são o problema, posto que Jesus mesmo é quem nos proporciona os recursos. O problema está no rico, o seja, o que “vai de rico” pela vida.

Hoje, contemplamos a reação que suscitou entre os ouvintes o diálogo do jovem rico com Jesus: Quem, pois, poderá salvar-se? (Mt 19,25). As palavras do Senhor dirigidas ao jovem rico são manifestamente duras, pretendem surpreender, despertar as nossas sonolências. Não se tratam de palavras isoladas, acidentais no Evangelho: repete vinte vezes este tipo de mensagem. Devemos recordá-lo: Jesus adverte contra os obstáculos que implicam as riquezas, para entrar na vida.

III. Atualização
• A riqueza em si mesma não é má, a não ser que a sua origem tenha sido adquirida de forma injusta, ou o seu destino, que se utilize de forma egoísta sem ter em conta os mais desfavorecidos, se fecha o coração aos verdadeiros valores espirituais (onde não há necessidade de Deus).
• Jesus Cristo diz-nos: Vós que deixastes tudo pelo Reino, vos sentareis com o Filho do Homem... Recebereis cem vezes mais do que tiveres deixado... E herdareis a vida eterna... (Mt 19,28-29).
• O futuro que Tu prometes aos teus, aos que te seguiram renunciando a todos os obstáculos... É um futuro feliz, é a abundância da vida, é a plenitude divina.

Oração:

Senhor, Tu és o Caminho, a Verdade e a Vida: concede-me que eu viva de ti, que és o Amor. Obrigado, Senhor. Conduz-me até esse dia!




 

Pe. Edivânio José.

segunda-feira, 16 de agosto de 2021

Homília da SEGUNDA-FEIRA 20ª SEMANA COMUM

I. Introdução

Ó Deus, nosso protetor, volvei para nós o vosso olhar e contemplai a face do vosso ungido, porque um dia em vosso templo vale mais que outros mil (Sl 83,10s).

O Senhor não nos abandona, apesar de nossas infidelidades, mas sempre busca reconduzir-nos ao seu caminho. Somos convidados a seguir unicamente nosso Deus e não deixar que nada ocupe seu lugar em nossa vida.

II. Comentários

Um jovem, dono de muitos bens, consulta Jesus sobre o que fazer com vista a “entrar para a vida”, expressão equivalente a herdar a vida eterna, ser salvo, entrar no Reino dos céus. “Pratique os mandamentos” é a resposta de Jesus. Isso o moço já faz, mas acredita que deve fazer algo mais: “O que me falta ainda?”.

Jesus o estimula a dar um passo de qualidade, propondo-lhe que vá, venda todos os seus bens e doe aos pobres; depois, venha para segui-lo. Radical mudança de mentalidade e de atitudes: estar totalmente disponível para o Reino dos céus. Esse passo o jovem não consegue dar. 

A riqueza domina seu coração, e ele não é capaz de se desfazer de seus bens, pois são sua segurança. Volta para sua condição social não saltitando de alegria, mas triste, “porque tinha muitos bens”.

III. Atualização
• A pergunta apresentada a Jesus pelo jovem reflete uma tendência do farisaísmo, a de praticar a virtude visando apenas obter a salvação. Esses fariseus eram calculistas, sempre preocupados em acumular méritos diante de Deus.
• Tendo feito tudo quanto estava a seu alcance, interessava ao jovem saber o que poderia ainda fazer de bom para alcançar a vida eterna. Na qualidade de Messias, talvez Jesus pudesse indicar-lhe obras que rendessem méritos de valor muito maior.
• O Mestre, porém, tentou corrigir este modo de pensar. Não se alcança a vida eterna pela prática de coisas boas ("O que devo fazer de bom?"), submetendo-se a um código de regras precisas de comportamento, e sim, pela relação com uma pessoa ("Um só é Bom!"), entendendo-se, com isso, tanto Jesus quanto o Pai. O que é bom deve ser praticado por corresponder à vontade daquele que é Bom. Sem esta obediência, os atos de virtude ficam desprovidos de valor.

OraçãoSenhor Jesus, desafias o homem rico a dar um salto de qualidade, isto é, passar da mera observância dos mandamentos ao “caminho de perfeição” em vista do Reino de Deus. Livra-nos, Senhor, do apego aos bens terrenos, a fim de buscarmos a Deus e solidarizarmo-nos com os pobres.            



                                               

Pe. Edivânio José.

domingo, 15 de agosto de 2021

Solenidade da Assunção da Virgem Santa Maria

I. Introdução

Bendita és tu, Maria! Hoje, Jesus ressuscitado acolhe a sua mãe na glória do céu... Hoje, Jesus vivo, glorificado à direita do Pai, põe sobre a cabeça da sua mãe a coroa de doze estrelas...!

II. Comentários

Primeira leitura: Ap 11,19a;12,1-6a.10ab

As visões do Apocalipse exprimem-se numa linguagem codificada. Elas revelam que Deus arranca os seus fiéis de todas as formas de morte. Por transposição, a visão o sinal grandioso pode ser aplicada a Maria.

Maria, imagem da Igreja. Como Maria, a Igreja gera na dor um mudo novo. E como Maria, participa na vitória de Cristo sobre o Mal.

Segunda leitura: 1 Cor 15,20-27

A Assunção é uma forma privilegiada de Ressurreição. Tem a sua origem na Páscoa de Jesus e manifesta a emergência de uma nova humanidade, em que Cristo é a cabeça, como novo Adão.

Maria, nova Eva. Novo Adão, Jesus faz da Virgem Maria uma nova Eva, sinal de esperança para todos os homens.

Evangelho: Lc 1,39-56

O cântico de Maria descreve o programa que Deus tinha começado a realizar desde o começo, que ele prosseguiu em Maria e que cumpre agora na Igreja, para todos os tempos.

Pela Visitação que teve lugar na Judeia, Maria levava Jesus pelos caminhos da terra. Pela Dormição e pela Assunção, é Jesus que leva a sua mãe pelos caminhos celestes, para o templo eterno, para uma Visitação definitiva. Nesta festa, com Maria, proclamamos a obra grandiosa de Deus, que chama a humanidade a se juntar a ele pelo caminho da ressurreição.

Maria, Mãe dos crentes. Cheia do Espírito Santo, Maria, a primeira, encontra as palavras da fé e da esperança: doravante todas as gerações a chamarão bem-aventurada!

Em Maria, Ele já realizou a sua obra na totalidade; com ela, nós proclamamos: "dispersou os soberbos, exaltou os humildes".

 

 

 

III. Atualização
• Cumprem-se novamente as palavras proféticas (e inspiradas) de Santa Maria: é bendita entre todas as mulheres. Pelo poder do Espírito Santo, Maria foi elevada, com a sua humanidade concreta, para o lado do Filho, na glória de Deus Pai.

 

• Em Deus, também há lugar para o corpo. O céu, para nós, já não é uma esfera longínqua e desconhecida. Temos aí uma mãe: a própria Mãe do Filho de Deus.

 

• O céu está aberto, o céu tem um coração. Maria é, em Deus, rainha do céu e da terra. Precisamente porque está “em” e “com” Deus, está muito perto de cada um de nós. Quando estava na terra, só podia estar assim tão perto de algumas pessoas; agora Maria participa da proximidade de Deus conosco.

 

• Jesus, a minha morada definitiva é o céu. Desde ali, Maria anima-nos com o seu exemplo a acolher a vontade do Pai e a não nos deixarmos seduzir pelo enganador fascínio das coisas passageiras.

 

Rezar com Maria.

Ela está ao nosso lado para nos levar na oração, como uma mãe sustenta a palavra balbuciante do seu filho. Na glória de Deus, na qual nós a honramos hoje, ela prossegue a missão que Jesus lhe confiou sobre a Cruz: "Eis o teu Filho!" Rezar com Maria, mais que nos ajoelharmos diante dela, é ajoelhar-se ao seu lado para nos juntarmos à sua oração. Ela acompanha-nos e guia-nos na nossa caminhada junto de Deus.

 


sábado, 14 de agosto de 2021

Homília da Sábado 19º do Tempo Comum.


I. Introdução

Hoje, Jesus mostra a sua predileção especial pelas crianças. Elas são “pobres” de idade, de experiência, de conhecimento… Portanto, é preciso atendê-las com especial amor. 

Na realidade, todos devemos fazer-nos como crianças na presença de Deus. Quando nós fazemos um pouco “mais velhos” já ninguém pode dizer-nos nada, porque não ouvimos ninguém.

II. Comentário 

Hoje, Cristo nos tira um sorriso quando lhe vemos contravir os discípulos por afastar as crianças. Mas, também hoje, Deus tem-nos que dizer: «Deixai as crianças, e não as impeçais de virem a mim». Em lugar nenhum da “Bíblia” encontraremos a menor concessão para a “anti-natalidade”. Não existem amores redobrados; o amor é expansivo porque a fecundidade é o caminho natural para transmitir a alegria do “amar e se saber amado”.

Na sexualidade a pessoa é conduzida ao Criador o mais perto possível, na sua suprema responsabilidade. Cada indivíduo é uma criatura de Deus, e ao mesmo tempo um filho de seus pais: há uma interrelação entre a criação divina e a fertilidade humana. A sexualidade é algo poderoso, e isso se vê em que coloca em jogo a responsabilidade por um novo ser humano que nos pertence e que não nos pertence, que provém de nós e, por sua vez, não vem de nós.

III. Atualização
• Mas não! Quando forem crescidos! É absurda esta maneira de proceder. E, se não, perguntemo-nos: Que comerá esta criança? O que a sua mãe lhe der, sem esperar que a criança especifique o que prefere. 
• Que língua falará esta criança? A que lhe falarem os seus pais (ou seja, a criança nunca poderá escolher nenhuma língua). Para que escola irá esta criança? Para a que os seus pais o levarem, sem esperarem que o menino defina os estudos que prefere.
• O que comeu Jesus? Aquilo que lhe deu sua Mãe, Maria. Que língua falou Jesus? A dos seus pais. Que religião aprendeu e praticou o Menino Jesus? A dos seus pais, a religião judia. 

Oração

Senhor e Mestre, quanto ao divórcio, esclareces que Deus criou homem e mulher para se unirem e serem “uma só carne”. E arrematas: “O que Deus uniu o homem não separe”. E admites que há pessoas que não se casam com vista a dedicar-se mais livre e intensamente ao Reino de Deus. Amém.




Pe. Edivânio José.

sexta-feira, 13 de agosto de 2021

Homília da SEXTA-FEIRA 19ª SEMANA COMUM


I Introdução

Considerai, Senhor, vossa Aliança e não abandoneis para sempre o vosso povo. Levantai-vos, Senhor, defendei vossa causa e não desprezeis o clamor de quem vos busca (Sl 73,20.19.22s).

Em todos os acontecimentos de nossa história, é possível perceber a mão divina a nos conduzir. Celebremos a Eucaristia como ação de graças e memorial da ação de Deus, que sempre nos guia ao amor e ao compromisso.

II. Comentário

Jesus contesta a sociedade permissiva de seu tempo e recorda aos discípulos o desígnio do Criador: Deus criou o homem e a mulher para um matrimônio indissolúvel.

O casamento baseia-se no amor forte que rompe os laços com os pais e deixa o casal totalmente livre para construir nova família. Se houve alguma concessão por parte de Moisés, era apenas um remendo no projeto original de Deus, e a separação era permitida por causa da insensibilidade humana ao amor. 

Mais que procurar motivos para se divorciar, o casal cristão deve encontrar motivos para unir-se ainda mais. O não casar, isto é, o celibato, se justifica quando for assumido em função do Reino de Deus. Em outras palavras, a pessoa acolhe o celibato como dom de Deus, a fim de entregar-se completamente à causa da justiça.

III Atualização

• O Criador, desde o início, os fez macho e fêmea(Mt 19,4). Jesus nos ensina que, no plano divino, a masculinidade e a feminilidade têm um grande significado. Ignorar, pois, é ignorar o que somos.
• Por isso, o homem deixará seu pai e sua mãe, e se unirá à sua mulher (Mt 19,5). No plano de Deus não é que o homem abandone os seus pais e vá embora com quem ele queira, mas sim com uma esposa.
• Pois o que Deus uniu, o homem não separe (Mt19,6). Deus mesmo uniu em matrimônio ao homem e à mulher e, sempre que tentamos separar o que Ele uniu, estaremos fazendo por nossa própria conta e por conta da sociedade.

Oração

Senhor e Mestre, quanto ao divórcio, esclareces que Deus criou homem e mulher para se unirem e serem “uma só carne”. E arrematas: “O que Deus uniu o homem não separe”. E admites que há pessoas que não se casam com vista a dedicar-se mais livre e intensamente ao Reino de Deus. Amém.




 

Pe. Edivânio José.

 

quinta-feira, 12 de agosto de 2021

Homília da Quinta-feira da 19ª semana do Tempo Comum

I. Introdução

Ao servo despiedado —um alto mandatário do rei— foi-lhe perdoado a incrível dívida de dez mil talentos; mas logo ele não estava disposto a perdoar a dívida, ridícula em comparação, de cem denários que lhe deviam.

Superar a culpa exige o preço de comprometer o coração; e ainda mais, entregar toda nossa existência. E nem sequer basta isto: só se pode conseguir mediante a comunhão com aquele que carregou todas nossas culpas.

II. Comentário

Hoje nos encontramos com os limites de nossa força para curar, para superar o mal. Encontramo-nos com a prepotência do mal, à que não conseguimos dominar só com nossas forças. Isto é: sem Deus não há perdão; e, sem perdão não há cura. Não é em vão que o tema do "perdão" aparece continuamente em todo o Evangelho.

Hoje, Jesus volta a insistir no perdão. É um tema básico! Daí nos vem a paz! Humanamente falando, não se pode viver sem perdoar. Negar o perdão a quem me pede desculpa é como obrigá-lo a continuar em dívida para comigo, é tanto como mantê-lo escravizado.

Hoje, perguntar quantas vezes devo perdoar, se meu irmão pecar contra mim? (Mt 18,21), é também perguntar: Estes a quem tanto amo, os vejo com tantas manias e caprichos que me chateiam, que me incomodam com frequência, não falam comigo... E isto se repete este dia e no outro dia. Senhor, até quando tenho que aguentar isso?

III. Atualização
• Jesus responde com a lição de paciência. Na realidade, os dois devedores coincidem quando dizem: Tem paciência comigo (Mt 18,26.29). 
• Enquanto o descontrole do malvado, que já ia sufocando o outro por pouca coisa, lhe ocasionaria a ruína moral e econômica, a paciência do rei, não só salva o devedor, sua família e os bens, como engrandece a personalidade do monarca e gera confiança na corte. 
• A reação do rei, nos lábios de Jesus, nos recorda o livro dos Salmos: Mas em ti se encontra o perdão, para seres venerado com respeito (Sal 130,4).

Oração

Senhor Jesus, realças um dos mais importantes temas do Reino, o perdão. Tua parábola sobre os dois devedores põe em destaque a imensa capacidade que tem o Pai Celeste para nos perdoar, ao passo que nós somos mesquinhos para perdoar a quem nos ofendeu. Senhor, ensina-nos a perdoar generosamente. Amém.




 

Pe. Edivânio José.