terça-feira, 8 de junho de 2021

Homília da Terça-feira da 10ª semana do Tempo Comum.

 

Vós sois o sal da Terra. Vós sois a luz do mundo.”


Dado que a Igreja é toda ela missionária, e que a obra da evangelização é um dever fundamental do povo de Deus, o sagrado Concílio exorta todos a uma profunda renovação interior, para que tomem viva consciência das próprias responsabilidades na difusão do Evangelho e assumam a parte que lhes compete na obra missionária junto dos gentios. 

Como membros de Cristo vivo e a Ele incorporados, e configurados não só pelo batismo, mas também pela confirmação e pela eucaristia, todos os fiéis estão obrigados, por dever, a colaborar no crescimento e na expansão do seu corpo para o levar a atingir, quanto antes, a sua plenitude (Ef 4,13). 

Por isso, todos os filhos da Igreja tenham consciência viva das suas responsabilidades para com o mundo, fomentem em si um espírito verdadeiramente católico, e ponham as suas forças ao serviço da obra da evangelização. Saibam todos, porém, que o primeiro e mais irrecusável contributo para a difusão da fé é viver profundamente a vida cristã. Pois o seu fervor no serviço de Deus e a sua caridade para com os outros é que hão de trazer a toda a Igreja o sopro de espírito novo que a fará aparecer como um sinal levantado entre as nações (Is 11,12), como luz do mundo e sal da Terra.

Vós sois o sal da terra. Ora, se o sal perde seu sabor, com que se salgará? Não servirá para mais nada, senão para ser jogado fora e pisado pelas pessoas (Mt5,13). O cristão deve dar o sabor: mostrar com a alegria e o otimismo sereno de quem sabe que é filho de Deus, que tudo nesta vida é caminho de santidade; que dificuldades, sofrimentos e dores nos ajudam a purificar-nos; e que ao final nos espera a vida de Gloria, a felicidade eterna.

Unidos a Ele, os cristãos podem difundir em meio das trevas da indiferença e do egoísmo a luz do amor de Deus, verdadeira sabedoria que dá significado à existência e à atuação dos homens.

 


Pe. Edivânio José.

 

 

 

segunda-feira, 7 de junho de 2021

Homília da Segunda-feira da 10ª semana do Tempo Comum

Hoje começamos a comtemplar Jesus como o “Mestre”, cujos ensinamentos em grande medida foram reunidos por Mateus no chamado “Sermão da Montanha”. Previamente, o evangelista tinha narrado as tentações de Jesus e a sua primeira aparição na vida pública (a proclamação do Reino e a chamada dos primeiros Apóstolos).

As bem-aventuranças estão inseridas no Sermão da Montanha, resumo do ensinamento de Jesus a respeito do Reino e da transformação que esse Reino produz. Aos discípulos Jesus promete a felicidade, não apenas no céu, mas também a que se pode experimentar ao longo desta vida. A felicidade brota de uma série de valores sobre os quais se assenta o Reino de Deus: pobreza, humildade, justiça, misericórdia, pureza de coração, sofrimento por causa da justiça.

Se Deus é bem-aventurado, como afirma o apóstolo Paulo (1Tim 1,11. 6,15), e se os homens participam dessa bem-aventurança pela sua semelhança com Ele, mas lhes é impossível imitarem-no, a bem-aventurança é irrealizável para a condição humana. Mas o homem pode imitar a Deus de certa maneira. Como? A meu ver, a pobreza em espírito designa a humildade. O apóstolo Paulo dá-nos como exemplo a pobreza de Deus, que, sendo rico, Se fez pobre por nós, para nos fazer participantes da sua riqueza (2Cor 8,9). 

Tudo aquilo que podemos entrever acerca da natureza divina ultrapassa os limites da nossa condição, tudo menos a humildade, que partilhamos com os que vivem neste mundo, que foram moldados do barro ao qual regressam (Gn 2,7.3,19). Assim, pois, se imitares a Deus naquilo que é conforme à tua natureza e não ultrapassa as tuas capacidades, revestes-te da forma bem-aventurada de Deus como de uma veste.

Jesus nunca nos prometeu um caminho sem problemas. Mas garante-nos a sua ajuda e o prémio pelo esforço para seguir o seu caminho. Nunca desanimes!

 




Pe. Edivânio José.

 

 

 

domingo, 6 de junho de 2021

Homilia do 10o Domingo do Tempo Comum - Ano B


I. INTRODUÇÃO:

As leituras deste domingo nos põem no caminho do discernimento para identificar as obras que vêm de Deus e as obras que são do maligno:

1) O evangelho relata a volta de Jesus para casa, em meio à sua missão. Seus familiares se deixam influenciar por opiniões negativas acerca de seu ministério e concluem que Ele estava ficando louco.

2) A primeira leitura traz-nos o diálogo de Deus com as figuras poéticas do primeiro homem e da primeira mulher, depois da queda. Este texto procura chamar-nos ao sentido da existência, deixando claro que todos somos chamados a não pactuar com o mal e a estar de sobreaviso diante das tentações do Maligno.

3) Na segunda leitura, o apóstolo diz, com convicção, que as alegrias da vida futura em Cristo em nada se comparam com os sofrimentos presentes. Sua fé é dom do Espírito Santo; por isso, as tribulações não apagam seu ardor missionário.

II. COMENTÁRIOS:

1. Ileitura(Gn3,9-15)

Esta primeira leitura faz parte do segundo relato da criação (cf. Gn 2,4b– 3,24), o único a narrar a transgressão, não como um facto histórico, mas como um modo de perceber as origens do mal - que, como veremos, não se encontra em Deus nem no ser humano, mas é externa - e da luta intrínseca dos homens e mulheres contra o autor do mal.

A desobediência faz com que homem e mulher percam o rumo enquanto pessoas. A transgressão leva-os ao sofrimento, ao medo, a ter dificuldades de se relacionar com Deus na serenidade. Os questionamentos que o Senhor faz é para ajudá-los a retomar o caminho do bem. As respostas deles consistem em se desculpabilizar, desresponsabilizar e autojustificar, dizendo que foram


enganados. Por meio do diálogo, Deus os faz tomar consciência de que usaram mal de sua liberdade e realizaram escolhas erradas.

2. IIleitura(2Cor4,13-5,1)

Este trecho da Segunda Carta aos Coríntios, sendo parte da apologia de Paulo, mostra a disposição com que Paulo encara o seu ministério que fica marcado, basicamente, por duas grandes atitudes: a fé-confiança que lhe dá força apesar das tribulações; a comunhão a dois níveis, ou seja, com Cristo e com os destinatários da sua pregação apostólica, entre os quais os destinatários desta carta.

O apóstolo fala daquilo que acredita e se deixa mover em sua missão pela fé; ele estabelece um contraste nítido entre este mundo, marcado pelas tribulações e sofrimentos, de coisas passageiras e fugazes, e as alegrias futuras, na habitação eterna ao lado de Deus.

3. Evangelho(Mc3,20-35)

Marcos completa a apresentação das categorias de pessoas que estão ao redor de Jesus. Faltavam apenas seus parentes e os escribas vindos de Jerusalém. Aqueles dois grupos de pessoas fazem dois julgamentos sobre Jesus: Parece que a intenção do evangelista é mostrar quem são os verdadeiros irmãos de Jesus e quem são seus inimigos. os parentes diziam que ele havia enlouquecido, e os escribas, que estava possuído por Belzebu.

Jesus demonstrará, por meio da parábola do reino dividido (vv. 23-25), que não pode pertencer ao reino de Belzebu-Satanás, que não pode ter com ele qualquer familiaridade, porque um reino dividido não pode levar a melhor contra o inimigo (vv. 26-27).

Diante de quem diz que Ele «está possesso de um espírito impuro» (v. 30), Jesus declara que todos «os pecados e blasfémias» serão perdoados (v. 28), mas «quem blasfemar contra o Espírito» não obterá perdão (v. 29); dá assim a entender que a blasfémia contra o Espírito Santo seria negar a verdadeira identidade divina de Jesus, ficando associada aos demónios.

Jesus não está irmanado por laços de sangue, mas pela atitude diante da “vontade de Deus”: “Eis minha Mãe e meus irmãos. Quem fizer a vontade de Deus esse é meu irmão, minha irmã e minha Mãe» (v. 35). A atitude fundamental de Jesus é a obediência à vontade de Deus, seu Pai; é isso que define a sua identidade. Para fazer parte da família de Jesus, é essencial ter a mesma atitude que Ele tem diante da vontade de Deus.


III. ATUALIZAÇÃO:

 O tema principal do texto do Evangelho deste domingo - sobre a identidade de Jesus - mostra que desde os inícios do cristianismo os cristãos sentiram necessidade de responder à pergunta: "Quem é Jesus?". Ainda hoje, na ação pastoral da Igreja, sobretudo nas catequeses, é importante que todos os cristãos conheçam a identidade de Jesus, até mesmo para poderem estabelecer com ele uma relação personalizada.

 A origem última de toda a complicação remonta ao facto de se ter dado ouvidos à serpente: “A serpente enganou-me e eu comi” (v. 13). Se vemos na serpente uma imagem do diabo e do poder do mal, é importante estar de sobreaviso diante da tentação do maligno. Como várias vezes tem ensinado o Papa Francisco: “Não se dialoga com o demónio”. Ainda o Papa Francisco: “A vida cristã é uma luta permanente. Requer-se força e coragem para resistir às tentações do demónio e anunciar o Evangelho”.

 A comunhão eclesial é certamente uma das marcas distintivas do que significa ser cristãos. Jesus chama a essa comunhão o mandamento novo do amor e reza para que a comunhão eclesial se mantenha e seja imagem da sua comunhão com o Pai. Paulo dá mostras de a viver, porque espera continuar unido aos cristãos, a quem se dirige, também na vida eterna. Além disso, todo o seu ministério apostólico se destina a gerar novos cristãos. Paulo é exemplo do desempenho do ministério como serviço à Igreja, não para a sua glória pessoal, não para se servir, mas verdadeiramente para servir.

 Assim como Jesus estabelece clara distinção entre o serviço a Deus e o poder de satanás, somos chamados, desde o primeiro momento de nossa vida cristã, a renunciar às obras do mal, não caindo em suas ciladas, como fizeram o primeiro homem e a primeira mulher. Somos chamados a continuamente fazer nossa profissão de fé.




Pe. Edivânio José.

sábado, 5 de junho de 2021

Homília do Sábado IX do Tempo Comum Evangelho (Mc 12,38-44)


 

Hoje “vemos” que Deus “vê” tudo. Deus, sendo tão grande como é (infinito), tem especial interesse pelo que é pequeno. Curioso! Várias vezes disse que o Reino dos Céus é como o grão de mostarda: uma semente pequeníssima! Como aquela pobre viúva. Aos olhos dos homens não contava para nada, a sua contribuição era insignificante.

Duas imagens contrastantes. De um lado, a exploração e a vaidade: homens letrados, os doutores da Lei. Do outro lado, a pobreza extrema e a generosidade: a mulher marginalizada, a viúva pobre. Jesus pede nossa atenção para os dois quadros. 

• Primeiro, pede para observarmos os doutores da Lei, para não imitarmos suas atitudes, pois fazem tudo para se colocarem em evidência pelas roupas e lugares de honra e buscam aplausos da sociedade. Pior que isso é o fato de explorarem pessoas que, pela própria condição, já vivem na pobreza extrema. 
• Segundo, Jesus nos convida a imitar o comportamento da viúva: sem recursos, mas desapegada, a ponto de depositar no cofre do templo tudo o que tinha para sua sobrevivência. 

Na comunidade cristã, não são os títulos e honrarias que contam, mas a generosidade discreta.A Deus não lhe importa a quantidade, mas a qualidade. Aquela mulher ao deitar “todo o pouco” que tinha, na realidade “deitou” amor. E isto despertou o olhar de Jesus-Deus!

A opção fundamental e de salvação tem lugar no núcleo da própria consciência, quando decidimos nos abrir a Deus e viver a disposição do próximo; o valor da eleição não é dado pela qualidade ou quantidade da obra feita, senão pela pureza da intenção e a generosidade do amor.

 


 

Pe. Edivânio José.

sexta-feira, 4 de junho de 2021

Sexta-feira da 9ª semana do Tempo Comum.


Hoje, na disputa com os fariseus, Jesus mesmo dá ao Salmo 110 uma nova interpretação. Efetivamente, à ideia do Messias como novo Davi com um novo reino davídico, Jesus Cristo contrapõe uma visão maior sobre Aquele que  de vir: o verdadeiro Messias não é o filho de Davi, senão o “Senhor de Davi”; não se senta sobre o trono de Davi, senão sobre o trono de Deus.

Tradicionalmente, considera-se a Davi como o autor principal dos Salmos: Aparece, assim, como quem guia e inspira a oração de Israel, quem reúne todos seus sofrimentos e esperanças. 

Na Igreja nascente, Jesus foi considerado logo como o novo e autentico Davi. Por isso, sem rupturas, mas de nova maneira, os Salmos podiam ser recitados como uma oração em comunhão com Jesus Cristo.

O título “Filho de Davi” aplicado a Jesus Cristo forma parte da medula do Evangelho. Na Anunciação, a Virgem recebeu esta mensagem: Ele será grande e chamar-se-á Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi; e reinará eternamente na casa de Jacó (Lc 1,32-33). 

Os pobres que pediam a sanação a Jesus clamavamFilho de Davi, tem compaixão de mim! (Mc 10,48). Na sua entrada solene em Jerusalém, Jesus foi aclamado: O Bendito o Rei? que vai começar, o reino de Davi, nosso pai! (Mc 11,10). O antiquíssimo livro da Didakéagradece a Deus a vinha santa de Davi, teu servo, que nos tem dado a conhecer por meio de Jesus, teu servo.

 


 

 

Pe. Edivânio José.

quinta-feira, 3 de junho de 2021

Solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo - Ano B


I. INTRODUÇÃO 

 

A festa do Corpo de Cristo tem uma longa história. No final do século XIII em Liège, na Bélgica, havia um grande movimento eucarístico. S. Juliana teve a inspiração de fazer uma festa para o Santíssimo Sacramento. O Papa Urbano IV, quando era padre, era seu orientador. Ele instituiu a festa para toda a Igreja.

Não podemos dizer que perdemos o fervor antigo, só porque não fazemos como antigamente. Atualmente, estamos mais voltados para a Eucaristia como um todo, no qual o Sacrifício e o Sacramento estão unidos. O Santíssimo Sacramento não é um santo a mais.

Por outro lado, perdeu-se muito do sentido da presença de Jesus na Eucaristia. Há muito a se recuperar. Se Ele está ali sob as espécies de pão e vinho, deve ser reconhecido e adorado. É o mesmo Cristo que recebemos na Eucaristia e trazemos em nós depois da comunhão. Somos sacrários vivos da Eucaristia. Estamos, assim, unidos à Páscoa de Jesus.

 

 

II. COMENTÁRIO DOS TEXTOS BÍBLICOS

 

1. I leitura (Ex 24,3-8)

No Sinai, Deus apareceu para concluir a aliança com seu povo: Ele oferece aliança, o povo se dispõe a observar suas instituições. Antes da leitura do documento da Aliança, Moisés asperge, com o sangue da Aliança, o altar, sinal da presença divina; depois da leitura, asperge o povo. 

Esse gesto significa a comunhão do povo escolhido com o Senhor. O povo escolhido se compromete com palavras a manter a Aliança: “Faremos tudo quanto nos disse o Senhor” (v. 7). 

Assim, essa aliança, celebrada com sangue de animais, selava o compromisso de obediência por parte de Israel, que reconhecia todos os benefícios recebidos no deserto, rumo à Terra Prometida.

No sacrifício da Aliança, somente animais podem ser vítimas, porque a intervenção poderosa do Deus da Aliança retirou Israel de uma situação de morte para levá-lo a uma vida digna, de proximidade com ele.

 

2. II leitura (Hb 9,11-15)

 

A mensagem dessa carta apostólica é que o culto da Antiga Aliança foi substituído pelo sacrifício de Jesus e, portanto, os cristãos não devem abandonar a vida cristã.

Assim como o sumo sacerdote, no Antigo Testamento, tinha direito de acesso ao Santo dos Santos por carregar o sangue dos animais, a vida de Jesus, oferecida em sacrifício, dá-lhe o direito de acesso ao santuário celestial.

A ênfase está no sacerdócio eterno de Jesus, em contraposição ao sacerdócio transitório do AT; ressalta-se a eternidade do sacrifício único de Jesus, em contraposição aos sacrifícios de animais repetidos pelos sacerdotes no dia da expiação. Jesus, como vítima sem mancha, redimiu toda a humanidade por sua oferta na cruz. Para os cristãos, ele é o sacrifício e o sacerdote ao mesmo tempo.

 

 

3. Evangelho (Mc 14,12-16.22-26)

 

Hoje, é o sacerdote ordenado que pronuncia as palavras de Jesus, mas não é ele que lhes dá sentido e realidade. É sempre Jesus ressuscitado que se compromete, exatamente como na noite de quinta-feira santa. O sacerdote e toda a comunidade com ele são convidados a aderir na fé a esta ação de Jesus. Mas não têm o poder de retirar a eficácia das palavras que não lhes pertencem. A Igreja tem razão em celebrar esta permanência da presença de Jesus. Que esta seja para nós fonte de maravilhamento e de ação de graças!

O sentido dessa refeição está nas próprias palavras de Cristo: seu corpo e seu sangue doados por todos como sacrifício da Nova e Eterna Aliança. Na perspectiva teológica do evangelista Marcos, Jesus celebra a última ceia pascal no primeiro dia dos Pães Ázimos, quando se imolava o cordeiro. O relato põe em evidência que é o próprio Jesus quem orienta os discípulos e prepara sua páscoa, na qual se realiza a plena libertação, a Nova Aliança no seu sangue.

Uma interpretação unilateral do Concílio Vaticano II tinha penalizado esta dimensão, limitando praticamente a Eucaristia ao momento celebrativo. Com efeito, foi muito importante reconhecer a centralidade da celebração, no qual o Senhor convoca o seu povo, o reúne ao redor da dúplice mesa da Palavra e do Pão de vida, o alimenta e o une a Si no ofertório do Sacrifício. Esta valorização da assembleia litúrgica, em que o Senhor age e realiza o seu mistério de comunhão, permanece obviamente válida, mas ela deve ser recolocada no equilíbrio justo. Com efeito - como acontece com frequência - para ressaltar um aspeto termina-se por sacrificar outro.

O gesto levado a cabo por Jesus na Última Ceia é a extrema ação de graças ao Pai pelo seu amor, pela sua misericórdia. Em grego, «ação de graças» diz-se «eucaristia». É por isso que o Sacramento se chama Eucaristia: é a suprema ação de graças ao Pai, o qual nos amou a tal ponto que nos ofereceu o seu Filho por amor. Eis por que motivo o termo Eucaristia resume todo aquele gesto, que é de Deus e ao mesmo tempo do homem, gesto de Jesus Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem.Celebrar a festa de Corpus Christi é reconhecer sua presença na Eucaristia e mostrar exteriormente que cremos em sua presença.

 

 

III. ATUALIZAÇÃO

 

• Hoje, celebramos solenemente a presença eucarística de Cristo entre nós, o “dom por excelência”: Durante a refeição, Jesus tomou o pão e, depois de o benzer, partiu-o e deu-lho, dizendo: Tomai, isto é o meu corpo. (Mc 14,22.24). Disponhamo-nos a suscitar na nossa alma o “assombro eucarístico” (S. João Paulo II).
• O povo judeu na sua ceia pascal comemorava a história da salvação, as maravilhas de Deus para com o seu povo, especialmente a libertação da escravidão do Egito. Nesta comemoração, cada família comia o cordeiro pascal. Jesus Cristo converte-se no novo e definitivo cordeiro pascal sacrificado na cruz e comido em Pão Eucarístico.
• A Eucaristia é sacrifício: é o sacrifício do corpo imolado de Cristo e do seu sangue derramado por todos nós, antecipado na Última Ceia. Ao longo da história irá sendo atualizado em cada Eucaristia. Nela temos o alimento: é o novo alimento que dá vida e força ao cristão enquanto caminha em direção ao Pai.
• A Eucaristia é presença de Cristo entre nós. Cristo ressuscitado e glorioso permanece entre nós de maneira misteriosa, mas real na Eucaristia. Esta presença provoca uma atitude de adoração por nossa parte e uma atitude de comunhão pessoal com Ele. A presença eucarística garante-nos que Ele permanece entre nós e opera a obra da salvação.
• A Eucaristia é mistério de fé. É o centro e a chave da vida da Igreja. É a fonte e raiz da existência cristã. Sem vivência eucarística a fé cristã ficaria reduzida a uma filosofia.
• Jesus dá-nos o mandamento do amor de caridade na instituição da Eucaristia. Não se trata da última recomendação do amigo que parte para longe ou do pai que vê a morte aproximar-se. É a afirmação do dinamismo que Ele nos oferece. Pelo Baptismo começamos uma vida nova, que é alimentada pela Eucaristia. O dinamismo desta vida leva a amar os outros, e é um dinamismo em crescimento até dar a vida: nisto se verá que somos cristãos.

 

Cristo ama-nos porque recebe a vida do Pai. Nós amaremos recebendo do Pai a vida, especialmente através do alimento eucarístico.



quarta-feira, 2 de junho de 2021

Homília da Quarta-feira da 9ª semana do Tempo Comum.


Santa Igreja nos põe em nossa consideração pela palavra de Cristo a realidade da ressurreição e as propriedades dos corpos ressuscitados. Por conseguinte, os Evangelhos narra-nos ao encontro de Jesus com os saduceus, os que por meio de um caso hipotético distorcido apresentam-lhe uma dificuldade a respeito da ressurreição dos mortos, verdade na qual eles não acreditavam.

Os saduceus, muito voltados para as realidades presentes, rejeitam o ensinamento dos fariseus sobre a ressurreição. 

Apresentam a Jesus uma questão: na vida eterna, de quem será esposa uma mulher que ficou viúva sete vezes, e sete vezes casou novamente? Jesus esclarece que essa objeção se funda sobre uma visão errônea a respeito da vida futura. 

Primeiro, a vida após a morte dispensará a matéria: todos serão seres espirituais, como anjos de Deus, em outras palavras, participantes da vida imortal, que não necessita de reprodução.

Segundo, contrariando a crença dos saduceus, Jesus reforça o que a Bíblia ensina: Deus é Deus dos vivos, e não dos mortos. Sendo o Deus da vida, não criou ninguém para a morte, mas para a vida definitiva com ele. Aqueles que o amam não morrerão jamais.

Dizem-lhe que, se uma mulher enviuvar sete vezes, ela será a esposa de qual deles? [dos sete esposos] (Mc 12, 23). Procuram, desse jeito, ridicularizar a doutrina de Jesus. Mas, o Senhor desfaz a dificuldade expondo que, «quando ressuscitarem dos mortos, os homens e as mulheres não se casarão; serão como anjos no céu» (Mc 12,25).

Santo Agostinho descrevia a vida como eterna e amorosa comunhão: não padeceras aí limites nem estreiteza ao possuir tudo; terás tudo e teu irmão terá tudo também, porque vós, tu e ele, os convertereis em um só, e este único todo também terá a Aquele que os possua a ambos.



 

 

Pe. Edivânio José.