domingo, 6 de junho de 2021

Homilia do 10o Domingo do Tempo Comum - Ano B


I. INTRODUÇÃO:

As leituras deste domingo nos põem no caminho do discernimento para identificar as obras que vêm de Deus e as obras que são do maligno:

1) O evangelho relata a volta de Jesus para casa, em meio à sua missão. Seus familiares se deixam influenciar por opiniões negativas acerca de seu ministério e concluem que Ele estava ficando louco.

2) A primeira leitura traz-nos o diálogo de Deus com as figuras poéticas do primeiro homem e da primeira mulher, depois da queda. Este texto procura chamar-nos ao sentido da existência, deixando claro que todos somos chamados a não pactuar com o mal e a estar de sobreaviso diante das tentações do Maligno.

3) Na segunda leitura, o apóstolo diz, com convicção, que as alegrias da vida futura em Cristo em nada se comparam com os sofrimentos presentes. Sua fé é dom do Espírito Santo; por isso, as tribulações não apagam seu ardor missionário.

II. COMENTÁRIOS:

1. Ileitura(Gn3,9-15)

Esta primeira leitura faz parte do segundo relato da criação (cf. Gn 2,4b– 3,24), o único a narrar a transgressão, não como um facto histórico, mas como um modo de perceber as origens do mal - que, como veremos, não se encontra em Deus nem no ser humano, mas é externa - e da luta intrínseca dos homens e mulheres contra o autor do mal.

A desobediência faz com que homem e mulher percam o rumo enquanto pessoas. A transgressão leva-os ao sofrimento, ao medo, a ter dificuldades de se relacionar com Deus na serenidade. Os questionamentos que o Senhor faz é para ajudá-los a retomar o caminho do bem. As respostas deles consistem em se desculpabilizar, desresponsabilizar e autojustificar, dizendo que foram


enganados. Por meio do diálogo, Deus os faz tomar consciência de que usaram mal de sua liberdade e realizaram escolhas erradas.

2. IIleitura(2Cor4,13-5,1)

Este trecho da Segunda Carta aos Coríntios, sendo parte da apologia de Paulo, mostra a disposição com que Paulo encara o seu ministério que fica marcado, basicamente, por duas grandes atitudes: a fé-confiança que lhe dá força apesar das tribulações; a comunhão a dois níveis, ou seja, com Cristo e com os destinatários da sua pregação apostólica, entre os quais os destinatários desta carta.

O apóstolo fala daquilo que acredita e se deixa mover em sua missão pela fé; ele estabelece um contraste nítido entre este mundo, marcado pelas tribulações e sofrimentos, de coisas passageiras e fugazes, e as alegrias futuras, na habitação eterna ao lado de Deus.

3. Evangelho(Mc3,20-35)

Marcos completa a apresentação das categorias de pessoas que estão ao redor de Jesus. Faltavam apenas seus parentes e os escribas vindos de Jerusalém. Aqueles dois grupos de pessoas fazem dois julgamentos sobre Jesus: Parece que a intenção do evangelista é mostrar quem são os verdadeiros irmãos de Jesus e quem são seus inimigos. os parentes diziam que ele havia enlouquecido, e os escribas, que estava possuído por Belzebu.

Jesus demonstrará, por meio da parábola do reino dividido (vv. 23-25), que não pode pertencer ao reino de Belzebu-Satanás, que não pode ter com ele qualquer familiaridade, porque um reino dividido não pode levar a melhor contra o inimigo (vv. 26-27).

Diante de quem diz que Ele «está possesso de um espírito impuro» (v. 30), Jesus declara que todos «os pecados e blasfémias» serão perdoados (v. 28), mas «quem blasfemar contra o Espírito» não obterá perdão (v. 29); dá assim a entender que a blasfémia contra o Espírito Santo seria negar a verdadeira identidade divina de Jesus, ficando associada aos demónios.

Jesus não está irmanado por laços de sangue, mas pela atitude diante da “vontade de Deus”: “Eis minha Mãe e meus irmãos. Quem fizer a vontade de Deus esse é meu irmão, minha irmã e minha Mãe» (v. 35). A atitude fundamental de Jesus é a obediência à vontade de Deus, seu Pai; é isso que define a sua identidade. Para fazer parte da família de Jesus, é essencial ter a mesma atitude que Ele tem diante da vontade de Deus.


III. ATUALIZAÇÃO:

 O tema principal do texto do Evangelho deste domingo - sobre a identidade de Jesus - mostra que desde os inícios do cristianismo os cristãos sentiram necessidade de responder à pergunta: "Quem é Jesus?". Ainda hoje, na ação pastoral da Igreja, sobretudo nas catequeses, é importante que todos os cristãos conheçam a identidade de Jesus, até mesmo para poderem estabelecer com ele uma relação personalizada.

 A origem última de toda a complicação remonta ao facto de se ter dado ouvidos à serpente: “A serpente enganou-me e eu comi” (v. 13). Se vemos na serpente uma imagem do diabo e do poder do mal, é importante estar de sobreaviso diante da tentação do maligno. Como várias vezes tem ensinado o Papa Francisco: “Não se dialoga com o demónio”. Ainda o Papa Francisco: “A vida cristã é uma luta permanente. Requer-se força e coragem para resistir às tentações do demónio e anunciar o Evangelho”.

 A comunhão eclesial é certamente uma das marcas distintivas do que significa ser cristãos. Jesus chama a essa comunhão o mandamento novo do amor e reza para que a comunhão eclesial se mantenha e seja imagem da sua comunhão com o Pai. Paulo dá mostras de a viver, porque espera continuar unido aos cristãos, a quem se dirige, também na vida eterna. Além disso, todo o seu ministério apostólico se destina a gerar novos cristãos. Paulo é exemplo do desempenho do ministério como serviço à Igreja, não para a sua glória pessoal, não para se servir, mas verdadeiramente para servir.

 Assim como Jesus estabelece clara distinção entre o serviço a Deus e o poder de satanás, somos chamados, desde o primeiro momento de nossa vida cristã, a renunciar às obras do mal, não caindo em suas ciladas, como fizeram o primeiro homem e a primeira mulher. Somos chamados a continuamente fazer nossa profissão de fé.




Pe. Edivânio José.

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