quarta-feira, 14 de julho de 2021

Homília da Quarta-feira do 15º do Tempo Comum.

 I. Introdução

Uma explícita oração de louvor sai do coração e dos lábios do Mestre. Qual o motivo da alegria? É o reconhecimento ao Pai pelo modo como conduz a história da salvação. Os intelectuais da época, entendidos em leis e conhecedores das Escrituras, são, em geral, avessos aos ensinamentos de Jesus. Embora tenham condições para interpretar a Lei e os Profetas, não aceitam Jesus como o Messias prometido. 

Pior: dificultam sua missão, opondo-lhe aberta resistência, tachando- o com apelidos ofensivos e procurando fazer a cabeça do povo simples para não o seguir. Os pobres e marginalizados, ao invés, com mais facilidade acolhem Jesus e abrem espaço para sua mensagem. São os “pequeninos” que vão compor a comunidade de Jesus e, ao longo dos séculos, difundir em toda a parte a sua mensagem de salvação.

 

II. Comentário

Evangelho: Mateus 11,25-27

Hoje perguntamo-nos: Por que Jesus não opôs com poder os seus detratores? Por que não lhes demonstrou com vigor irrefutável que Ele é o Ressuscitado? Por que se revelou somente a um pequeno grupo de discípulos, cujo testemunho nós temos agora que confiar?

Hoje, Jesus transmite-nos um grande “segredo”: se queres ter fé, faz-te pequeno. Para crer em Deus, temos de começar por nos situarmos: quem sou eu? Só Deus é Deus! e reconheço que eu sou limitado. Na verdade, somos inteligentes, mas também… muito limitados. Quando o homem não acredita em Deus, inventa um “Deus”, ou autoproclama-se “Deus”.

Hoje, o Evangelho nos oferece a oportunidade de aprofundar, na estrutura da mesma divina sabedoria. Há entre nós quem não deseje conhecer os mistérios revelados desta vida? Mas há enigmas que nem a melhor equipe de procuradores do mundo jamais chegará nem sequer a decifrar. No entanto, há Um ante o qual De fato, nada há de escondido que não venha a ser descoberto; e nada acontece em segredo que não venha a se tornar público (Mc 4,22). 

É aquele a quem se dá assim mesmo o nome de Filho do Homem, pois diz de si mesmo: Todas as coisas me foram dadas por meu Pai (Mt 11,27). Sua natureza humana por meio da união hipostática tem sido assumida pela Pessoa do Verbo de Deus: é, numa palavra, a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade, diante da qual não há trevas e pela qual a noite é mais luminosa que o pleno dia.

 

III. Atualização

 

 

• Um provérbio árabe diz assim: «Se numa noite preta uma formiga preta sobe por uma parede preta, Deus a estará vendo». Para Deus não há segredos nem mistérios. Há mistérios para nós, mas não para Deus, ante o qual o passado, o presente e futuro estarão abertos e esquadrinhados até a última vírgula.

 

• Diz, satisfeito, o Senhor: Eu te bendigo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e entendidos e as revelaste aos pequenos (Mt 11,25). Sim, porque ninguém pode pretender conhecer estes ou segredos parecidos escondidos nem os tirando da escuridão com o estudo mais intenso, nem como devido por parte da sabedoria. 

 

• Dos segredos profundos da vida saberá sempre mais a velhinha sem experiência escolar do que o pretensioso cientista que tem gastado anos em prestigiosas universidades. Tem ciência que se ganha com fé, simplicidade e pobreza interiores. 

 

• Tem dito muito bem Clemente Alexandrino: A noite é propícia para os mistérios; é quando a alma atenta e humilde olha para si mesma refletindo sobre a sua condição; é quando encontra a Deus.

 

 


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