sábado, 22 de maio de 2021

Solenidade do Pentecostes - Ano B - 23 de Maio.

I. INTRODUÇÃO 

 

A solenidade de Pentecostes é a celebração da plenitude do mistério pascal; a comunhão com Jesus ressuscitado se completa com o dom do Espírito Santo. Em sua origem, a festa de Pentecostes, em Israel, marcava a colheita das primícias. 

O Evangelho apresenta-nos a comunidade cristã, reunida à volta de Jesus ressuscitado. Para João, esta comunidade passa a ser uma comunidade viva, recriada, nova, a partir do dom do Espírito. 

É o Espírito que permite aos crentes superar o medo e as limitações e dar testemunho no mundo desse amor que Jesus viveu até às últimas consequências.

 

II. COMENTÁRIOS

 

1. I leitura (At 2,1-11)

 

No que diz respeito ao texto que nos é proposto e que descreve os acontecimentos do dia do Pentecostes, não existem dúvidas de que é uma construção artificial, criada por Lucas com uma clara intenção teológica.

A descida do Espírito Santo sobre os apóstolos, em forma de línguas de fogo, é descrita como o grande evento que lhes deu força e coragem para proclamar o Evangelho a todos os povos, representados em Jerusalém pelos romeiros da festa, que ouvem a proclamação cada qual em sua própria língua. Assim o Espírito vem continuar a obra de Jesus. Ele guia e impulsiona os discípulos a pregar o Evangelho do Mestre.

É neste enquadramento que devemos entender os efeitos da manifestação do Espírito (At 2,5-13): todos "os ouviam proclamar na sua própria língua as maravilhas de Deus". O elenco dos povos convocados e unidos pelo Espírito atinge representantes de todo o mundo antigo, desde a Mesopotâmia, passando por Canaã, pela Ásia Menor, pelo norte de África, até Roma: a todos deve chegar a proposta libertadora de Jesus, que faz de todos os povos uma comunidade de amor e de partilha.

 

2. II leitura (1Cor 12,3b-7.12-13)

 

A leitura mostra que os ministérios, dentro da comunidade cristã, são obra do Espírito Santo. É o mesmo Espírito que move as pessoas a colaborar na missão evangelizadora, segundo o carisma de cada um. 

É preciso ter consciência da presença do Espírito: é Ele que alimenta, que dá vida, que anima, que distribui os dons conforme as necessidades; é Ele que conduz as comunidades na sua marcha pela história. 

Ele foi distribuído a todos os crentes e reside na totalidade da comunidade. Temos consciência da presença do Espírito e procuramos ouvir a sua voz e perceber as suas indicações? Temos consciência de que, pelo fato de desempenharmos esta ou aquela função, não somos as únicas vozes autorizadas a falar em nome do Espírito?

 

 

2. Evangelho (Jo 20,19-23)

 

Hoje, no dia de Pentecostes se realiza o cumprimento da promessa que Cristo fez aos Apóstolos. Na tarde do dia de Páscoa soprou sobre eles e lhes disse: Recebei o Espírito Santo (Jo20,22). A vinda do Espírito Santo o dia de Pentecostes renova e leva à plenitude esse dom de um modo solene e com manifestações externas. Assim culmina o mistério pascal.

O texto se inicia destacando a situação da comunidade dos discípulos após a morte de Jesus: o anoitecer, as portas fechadas e o medo compõem uma descrição que reproduz a situação de uma comunidade desamparada em meio a um ambiente hostil. 

Entretanto, Jesus ressuscitado aparece no meio deles; João relata dessa forma a experiência desse encontro, que muda radicalmente o espírito da comunidade. Assim, os discípulos redescobrem o centro de sua fé, sua referência, e tomam consciência da sua identidade cristã.

Eles se dão conta de que a comunidade cristã só pode existir se Jesus está no centro. Jesus começa por saudá-los com a paz, o dom messiânico que esperavam. Nesse contexto, a paz significa, sobretudo, a transmissão da serenidade, da tranquilidade, da confiança que permitirão aos discípulos superar o medo e a insegurança. 

Agora, com a presença do Ressuscitado na comunidade, nem o sofrimento, nem a morte, nem a hostilidade no mundo poderão derrotar os discípulos, porque têm a certeza de que Jesus está com eles.

 

 

III. ATUALIZAÇÕES

 

• O Espírito que Jesus comunica cria no discípulo uma nova condição humana e produz unidade. Quando o orgulho do homem lhe leva a desafiar a Deus construindo a torre de Babel, Deus confunde as suas línguas e não podem se entender. Em Pentecostes acontece o contrário: por graça do Espírito Santo, os Apóstolos são entendidos por pessoas das mais diversas procedências e línguas.

 

• O Espírito Santo é o Mestre interior que guia ao discípulo até a verdade, que lhe move a obrar o bem, que o consola na dor, que o transforma interiormente, dando-lhe uma força, uma capacidade nova.

 

• O primeiro dia de Pentecostes da era cristã, os apóstolos estavam reunidos em companhia de Maria e, estavam em oração. O recolhimento, a atitude orante é imprescindível para receber o Espírito. De repente, veio do céu um ruído, como se soprasse um vento impetuoso, e encheu toda a casa onde estavam sentados. Apareceu-lhes então uma espécie de línguas de fogo que se repartiram e pousaram sobre cada um deles (At 2,2-3).

 

• Todos ficaram cheios do Espírito Santo e, puseram-se a predicar valentemente. Aqueles homens atemorizados tinham sido transformados em valentes predicadores que não temiam o cárcere, nem a tortura, nem o martírio. Não é estranho; a força do Espírito estava neles.

 

• O Espírito Santo, Terceira Pessoa da Santíssima Trindade, é a alma da minha alma, a vida da minha vida, o ser de meu ser; é o meu santificador, o hóspede do meu interior mais profundo. Para chegar à maturação na vida de fé é preciso que a relação com Ele seja cada vez mais consciente, mais pessoal. Nesta celebração de Pentecostes abramos as portas de nosso interior de par em par.


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