terça-feira, 11 de maio de 2021

O CONCILIO DE NICÉIA.

   O primeiro Concílio foi convocado para a cidade de Nicéia, na Bitínia por Constantino Magno, sob o Pontificado do Papa Silvestre.

   Tomaram parte no Concílio sírios, cilícios, fenícios, árabes, palestinos, egípcios, tebanos, líbios, persas, citas. O Ponto, a Galácia, a Capadócia, a Asia, a Frigia e a Panfília também en-viaram seus representantes. Figuraram, igualmente trácios, macedônios, aqueus e epirotas. 

   A Hispânia fez-se representar e Roma enviou alguns sacerdotes, porém o Papa Silvestre não pôde comparecer, em virtude de sua avançada idade.

   O Concílio reuniu-se de 2d) de maio a 25 de julho de 325 no Palácio Imperial de veraneio, em Nicéia.

   Foi aberto pelo próprio Imperador, com um discurso em latim, aconselhando a paz. Ele timbrou em não intervir nas negociações eclesiásticas, entregando a presidência a Eusébio, bispo de Cesaréia. 

  Embora não tenhamos atas deste Concílio, chegou até nós que alguns bispos, "traziam em seu corpo as marcas de Nosso Senhor", em virtude das perseguições sistemáticas de alguns imperadores romanos, como por exemplo Paulo, bispo de Neocesaréia, que trazia as duas mãos paralisadas, porque lhe haviam destruído os nervos com ferro em braza, e o egípcio. Pafilinclo que na perseguição de Maximiano perdera o olho direito.

    Neste Concílio, no qual tomaram parte 318 bispos, condenou-se o erro de Ário, sacerdote de Alexandria e fixou-se a data da festa pascal.

    Ário, que na Assembleia defendeu pessoalmente sua doutrina, possuia 17 partidários, sendo o mais poderoso — Eusébio de Nicomédia. Em "longas deliberações, muitas lutas e ponderadas deliberações", prevaleceu o partido ortodoxo sob a liderança do bispo Marcelo de Ancira (Ancara), de Eustácio, bispo de Antioquia e do diácono Atanásio.

    E' bem possível que Constantino tivesse atendendo a uma fração política quando entregou a presidência do concílio ao bispo Marcelo... O símbolo batismal da Igreja de Antioquia, por proposta feita por seu titular Eusébio, converteu-se no símbolo de fé niceno. Por expressões uníssonas foi excluída qualquer subordinação do Logos ao Pai: "ele é da substância do Pai, Deus de Deus, Luz de Luz, verdadeiro Deus, nato, não feito, consubstancial como o Pai". As teses apresentadas por Ário caíram por terra, mais ainda, foram expressamente condenadas.

   O credo, o símbolo da fé cristã foi endossado pelo Concílio a 19 de junho de 325; somente dois bispos recusaram a assiná-lo. Esses dois e Ário foram expulsos da comunidade eclesiástica e o símbolo foi promulgado pelo Imperador como lei vigente por todo o Império. Concílio fixou, e está válida ainda hoje, a data da Páscoa, no primeiro domingo após a primeira lua cheia da primavera, ficando encarregado da comunicação, anualmente, o Bispo de Alexandria. 

   Tal resolução foi também elevada à lei imperial. Posteriormente outro Concílio, celebrado em Jerusalém por ocasião da reunião os bispos empenhados na edificação da nova Igreja de Santo Sepulcro, acolheu favoravelmente a justificativa de Ário e o reintegrou em suas funções sacerdotais, ordenando a todas as igrejas do Império que o recebessem em sua comunhão. Depois foi solicitado ao Imperador Constantino que desterrasse Treveris, bispo de Alexandria, Atanásio, sucessor de Alexandre e o mais formidável rival da heresia. Ao mesmo tempo foi formalmente ordenado ao bispo de Constantinopla que recebesse Ário em sua comunidade e o admitisse em sua igreja. 

   O herético reabilitado, seguido de numerosa e brilhante comitiva, atravessou a cidade em triunfo, porém, foi acometido de uma forte dor, que o obrigou a entrar em uma casa no trajeto. Como tardasse a sair, acudiram seus amigos e encontraram-no morto. Contudo, o arianismo se manteve em pregação até que o II Concílio Ecumênico, reunido em 381 em Constantinopla, reafirmou a doutrina do de Nicéia e a heresia caiu sem vida dentro do limite do Império. Continuou, entretanto, contando entre seus adeptos, os povos bárbaros. Clovis ou Clodoveo, rei dos francos, só abjurou o arianismo em 496 e Recaredo, rei dos visigodos da Espanha, em 587.



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