sábado, 15 de maio de 2021

HOMÍLIA DO Ano B - Sétimo Domingo. Solenidade da Ascensão!

I. INTRODUÇÃO

 

Nesta solenidade, é-nos oferecida uma palavra de salvação como nunca poderíamos ter imaginado. Sugere que, no final do caminho percorrido no amor e na doação, está a vida definitiva, a comunhão com Deus. 

Sugere também que Jesus nos deixou o testemunho e que somos nós, seus seguidores, que devemos continuar a realizar o projeto libertador de Deus para os homens e para o mundo.

 

II. COMENTÁRIOS

 

1. I leitura (At 1,1-11).

O livro dos Atos dos Apóstolos registra o grande dinamismo que os apóstolos imprimiram nos primeiros tempos do cristianismo. Sinais maravilhosos realizavam-se pelos apóstolos, sob a poderosa mão de Deus.

O protagonista da missão é o Espírito Santo, que assiste a Igreja, que guia e inspira cada discípulo. Lucas, depois de uma apresentação inicial, relata a despedida de Jesus depois dos 40 dias em que esteve presente entre os seus. É uma forma de expressar que Jesus cumpre a última promessa aos discípulos, a qual consiste no envio do Paráclito.

O sentido fundamental da ascensão não é que fiquemos a admirar a elevação de Jesus; mas é convidar-nos a seguir o "caminho" de Jesus, olhando para o futuro e entregando-nos à realização do seu projeto de salvação no meio do mundo.

 

2. II leitura (Ef 1,17-23).

A carta pastoral de Paulo aos Efésios provavelmente foi escrita quando o apóstolo se encontrava na prisão. O texto foi escrito em forma de ação de graças, como fervorosa oração a Deus para que os destinatários da carta conheçam a esperança à qual foram chamados. Neste texto, em concreto, há dois conceitos muito significativos para definir o quadro da relação entre Cristo e a Igreja: o de "cabeça" e o de "plenitude" (em grego, "pleroma").

Dizer que Cristo é a "cabeça" da Igreja significa, antes de mais, que os dois formam uma comunidade indissolúvel e que há entre os dois uma comunhão total de vida e de destino; significa também que Cristo é o centro à volta do qual o "corpo" se articula, a partir do qual e em direção ao qual o "corpo" cresce, se orienta e constrói, a origem e o fim desse "corpo"; significa ainda que a Igreja/corpo está submetida à obediência a Cristo/cabeça: só de Cristo a Igreja depende e só a Ele deve obediência.

Dizer que a Igreja é a "plenitude" ("pleroma") de Cristo significa dizer que nela reside a "plenitude", a "totalidade" de Cristo. Ela é o receptáculo, a habitação, onde Cristo Se torna presente no mundo; é através desse "corpo" onde reside, que Cristo continua todos os dias a realizar o seu projeto de salvação em favor dos homens. Presente nesse "corpo", Cristo enche o mundo e atrai a Si o universo inteiro, até que o próprio Cristo "seja tudo em todos" (v. 23).

 

3. Evangelho (Mc 16,15-20).

 

O texto ressalta o papel dos discípulos no mundo, após a partida de Jesus para o encontro definitivo com o Pai. De forma simples, a narrativa se apresenta em três cenas: Jesus ressuscitado define a missão dos discípulos; Jesus parte ao encontro do Pai; os discípulos são enviados ao mundo para realizar a missão que Jesus lhes confiou.

Pela última vez, antes de voltar ao Pai, Jesus se manifesta aos discípulos. Seu breve discurso traz as marcas do envio. Palavras que vão ecoar para sempre na mente e no coração deles. O campo de missão é o mundo todo; a mensagem é o Evangelho; os sinais que vão acompanhar os missionários são de vários tipos. Tudo o que eles fizerem será em nome de Jesus. Trata-se de ação libertadora, que abarca não só a dimensão espiritual, mas tem consequências também para as estruturas sociais. Obedientes às ordens do Mestre, vão pelo mundo todo, proclamando a mensagem de Jesus a toda criatura.

A festa da Ascensão de Jesus é, sobretudo, o momento em que os discípulos tomam consciência da sua missão e do seu papel no mundo. A Igreja (a comunidade dos discípulos, reunida à volta de Jesus, animada pelo Espírito) é, essencialmente, uma comunidade missionária, cuja missão é testemunhar no mundo a proposta de salvação e de libertação que Jesus veio trazer aos homens.

 

III. ATUALIZAÇÕES

 

• O Senhor Jesus não só ressuscitou, vencendo a morte e o pecado, mas foi também elevado à glória de Deus! Por isso, o caminho de regresso ao Pai, aquele caminho que tínhamos perdido e que se nos abria no mistério do Natal, ficou irrevogavelmente oferecido no dia de hoje, depois de Cristo se ter dado inteiramente ao Pai na Cruz.

 

• Oferecido? Sim, oferecido! Porque o Senhor Jesus, antes de ser elevado ao céu, enviou os seus amados discípulos, os Apóstolos a convidar todos os homens a acreditar n’Ele, para poderem chegar onde Ele está. Ide pelo mundo inteiro e anunciai a Boa Nova a toda a criatura! Quem crer e for batizado será salvo(Mc 16,15-16).

 

• Esta salvação que se nos dá consiste, afinal, em viver a própria vida de Deus, como diz o Evangelho segundo S. João: Esta é a vida eterna: que Te conheçam a ti, o Deus único e verdadeiro, e a Jesus Cristo, aquele que enviaste (Jo 17,3).

 

• Mas aquilo que se dá por amor deve ser aceite com amor para ser recebido como dom. Pois Jesus Cristo, a quem não vimos, quer que lhe ofereçamos o nosso amor através da nossa fé, que recebemos escutando a palavra dos seus ministros, que realmente podemos ver e sentir.Nós acreditamos naquele que não vimos. Anunciaram-no aqueles que o viram. Quem prometeu é fiel e não engana: não te falte confiança, mas espera antes na sua promessa.Conserva a fé! (Santo Agostinho). Se a fé é uma oferta de amor a Jesus Cristo, conservá-la e fazê-la crescer aumenta em nós a caridade.


 

 

 

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