Hoje, depois da “purificação” do Templo, Jesus “ensinava”: “Minha casa será chamada casa de oração para todos os povos”. Nesta síntese da “doutrina” de Jesus sobre o Templo estão como fundidas dois palavras proféticas.
Primeiro, a visão universalista do profeta Isaías (56,7): no futuro, na casa de Deus, todos os povos adorarão ao Senhor como único Deus. Ainda que Jesus limita conscientemente sua intervenção a Israel, sempre está movido pela tendência universalista de “abrir” a Israel, para que todos os povos possam reconhecer no Deus de Israel ao único Deus de todo o mundo. Segundo, aí se entrelaça aquela palavra de Jeremias (7,11): “Acaso esta casa consagrada ao meu nome tornou-se, a vosso ver, um esconderijo de ladrões?” Jeremias batia-se apaixonadamente pela unidade entre o culto e vida na justiça diante de Deus, lutava contra uma politização “judia” da fé e do templo...
Há pessoas que quase não rezam, e quando o fazem, procuram que Deus lhes resolva um problema complicado no qual já não veem a solução. E o justificam com as palavras de Jesus que acabamos de ouvir: “Tudo o que pedirdes na oração, crede que já o recebestes, e vos será concedido” (Mc 11,24). Têm ração e é humano, compreensível, e lícito que, ante os problemas que nos superam, confiemos em Deus, em alguma força superior a nós.
Mas tenho que acrescentar que toda oração é "inútil" (“vosso Pai sabe o que vos é necessário, antes que vós lho peçais’: Mt 6,8), na medida em que não tem uma utilidade prática direta, como —por exemplo— acender uma luz. Não recebemos nada em troca por rezar, porque tudo o que recebemos de Deus é graça sobre graça.
Então, não é preciso rezar? Ao contrário: já que agora sabemos que é graça, a oração tem mais valor: porque é "inútil" e é "gratuita". Ainda com tudo, existem três benefícios que nos dá a oração de petição: paz interior (encontrar ao amigo Jesus e confiar em Deus relaxa); pensar sobre um problema, racionalizá-lo, e saber traçá-lo é já tê-lo quase resolvido; e em terceiro lugar ajuda-nos a discernir entre aquilo que é bom e aquilo que tal vez por causa do nosso capricho queremos em nossas intenções da oração. Então, a posteriori, entendemos com os olhos da fé o que Jesus diz: “Tudo o que pedirdes ao Pai em meu nome, vo-lofarei, para que o Pai seja glorificado no Filho” (Jo14,13).
Pe. Edivânio José.
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