sexta-feira, 28 de maio de 2021

Homília da Sexta-feira da 8ª semana do Tempo Comum


 

Hoje, depois da “purificação” do Templo, Jesus ensinavaMinha casa será chamada casa de oração para todos os povos. Nesta síntese da “doutrina” de Jesus sobre o Templo estão como fundidas dois palavras proféticas.

Primeiro, a visão universalista do profeta Isaías (56,7): no futuro, na casa de Deus, todos os povos adorarão ao Senhor como único Deus. Ainda que Jesus limita conscientemente sua intervenção a Israel, sempre está movido pela tendência universalista de “abrir” a Israel, para que todos os povos possam reconhecer no Deus de Israel ao único Deus de todo o mundo. Segundo,  se entrelaça aquela palavra de Jeremias (7,11): Acaso esta casa consagrada ao meu nome tornou-se, a vosso ver, um esconderijo de ladrões? Jeremias batia-se apaixonadamente pela unidade entre o culto e vida na justiça diante de Deus, lutava contra uma politização “judia” da fé e do templo...

Há pessoas que quase não rezam, e quando o fazem, procuram que Deus lhes resolva um problema complicado no qual já não veem a solução. E o justificam com as palavras de Jesus que acabamos de ouvir: Tudo o que pedirdes na oração, crede que já o recebestes, e vos será concedido (Mc 11,24). Têm ração e é humano, compreensível, e lícito que, ante os problemas que nos superam, confiemos em Deus, em alguma força superior a nós.

Mas tenho que acrescentar que toda oração é "inútil" (vosso Pai sabe o que vos é necessário, antes que vós lho peçaisMt 6,8), na medida em que não tem uma utilidade prática direta, como —por exemplo— acender uma luz. Não recebemos nada em troca por rezar, porque tudo o que recebemos de Deus é graça sobre graça.

Então, não é preciso rezar? Ao contrário: já que agora sabemos que é graça, a oração tem mais valor: porque é "inútil" e é "gratuita". Ainda com tudo, existem três benefícios que nos dá a oração de petição: paz interior (encontrar ao amigo Jesus e confiar em Deus relaxa); pensar sobre um problema, racionalizá-lo, e saber traçá-lo é já tê-lo quase resolvido; e em terceiro lugar ajuda-nos a discernir entre aquilo que é bom e aquilo que tal vez por causa do nosso capricho queremos em nossas intenções da oração. Então, a posteriori, entendemos com os olhos da fé o que Jesus diz: Tudo o que pedirdes ao Pai em meu nome, vo-lofarei, para que o Pai seja glorificado no Filho (Jo14,13).

 


 

 

Pe. Edivânio José.

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