sábado, 21 de agosto de 2021

HOMILIA DA Sábado XX do Tempo Comum

I. INTRODUÇÃO

Jesus Cristo chama-nos novamente à humildade, é um convite para situarmos no lugar certo, que nos pertence: Quanto a vós, não vos façais chamar de ‘rabi’. Não chameis a ninguém na terra de ‘pai’, pois um só é vosso Pai, aquele que está nos céus. 

Não deixeis que vos chamem de ‘guia’, pois um só é o vosso Guia, o Cristo (Mt 23,8-10). Antes de nos apropriar de todos esses títulos, procuremos dar graças a Deus, por tudo o que temos e que recebemos dele.

II. COMENTÁRIO

O homem moderno padece de uma lamentável amnésia: vivemos e agimos como se fôssemos, nós mesmos, os autores da vida e os criadores do mundo. Ao contrário disto, Aristóteles provoca admiração, ele quem na sua teologia natural desconhecia o conceito de "criação" (noção conhecida naqueles tempos somente pela Divina Revelação), ao menos, tinha claro que este mundo dependia da Divindade (a "causa incausada"). 

João Paulo II chama-nos a conservar a memória da dívida que temos contraída com nosso Deus: É preciso que o homem dê honra ao Criador, oferecendo-lhe, em ação de graças e louvores, tudo o que dele tem recebido. O homem não pode perder o sentido desta dívida, que somente Ele, dentre todas as outras realidades terrestres, pode reconhecer.

Como diz São Paulo, «Que tens que não tenhas recebido? Mas, se recebeste tudo que tens, por que, então, te glorias, como se não o tivesses recebido?» (I Cor 4,7). De maneira que, quando tenhamos consciência de ter agido corretamente, faremos bem em repetir: Somos simples servos, fizemos o que devíamos fazer (Lc 17,10).

III. ATUALIZAÇÃO
• Além do mais, pensando na vida sobrenatural, nossa colaboração — Ele não fará nada sem nossa autorização, sem nosso esforço! consiste em não perturbar o trabalho do Espírito Santo: Deixar Deus fazer! Que a santidade não a "fabricamos" nós, mas Ele a outorga, Ele que é Mestre, Pai e Guia. 
• Em todo caso, se acreditamos que somos e temos algo, esforcemo-nos em colocá-lo ao serviço dos outros: o maior dentre vós deve ser aquele que vos serve (Mt 23,11).

Oração

Ó Jesus Messias, tu prevines os discípulos e as multidões contra o mau exemplo dos doutores da Lei e dos fariseus, “porque dizem, mas não fazem”, agem de modo contrário às exigências do Reino. Orienta-nos, Senhor, em todas as circunstâncias, pois só tu és o nosso Mestre e o nosso Guia. Amém.


 

Pe. Edivânio José.

 

 

 

 

sexta-feira, 20 de agosto de 2021

HOMILIA DO 20ª SEMANA DO TEMPO COMUM.

I. INTRODUÇÃO

Ao resumir no mandamento do amor a Lei e os Profetas (expressão que significa o conjunto das Escrituras Sagradas) Jesus ia além da tradição em voga no seu tempo. 

Embora houvesse quem proclamasse a centralidade do amor no conjunto das exigências da Lei mosaica, corria também a opinião de que o mais importante era a observância do sábado.

II. COMENTÁRIO

As minúcias da Lei fugiam do interesse de Jesus. Infelizmente, as escolas rabínicas perdiam-se em disputas em torno de casuísmos. Cada qual buscava dar uma solução definitiva para problemas irrelevantes.

Jesus, porém, preocupava-se com a Lei na sua totalidade. Ou melhor, importava-lhe o espírito que perpassava cada uma das suas prescrições, pois nisto consistia a vontade divina. Buscava sempre sintonizar com a vontade de seu Pai.

A originalidade da resposta de Jesus ao mestre da Lei está em equiparar o amor de Deus ao amor ao próximo e a proclamar sua posição central no conjunto dos mandamentos. Colocando ambos os mandamentos em pé de igualdade, Jesus evitava criar no coração dos discípulos duas atitudes indesejadas.

III. ATUALIZAÇÃO

• A primeira seria a de dedicar-se ao serviço de Deus, mas esquecendo-se do próximo, numa forma de alienação. 
• A segunda seria a de dedicar-se ao serviço do próximo, mas esquecendo-se de Deus, numa espécie de ativismo sem transcendência.
• A atitude correta consiste em amar, a um tempo, a Deus e ao próximo.

Oração

Ó Deus, que fizestes do abade são Bernardo, inflamado de elo por vossa casa, uma luz que brilha e ilumina a Igreja, dai-nos, pó sua intercessão, o mesmo fervor para caminharmos sempre como filhos da luz. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.




 

Pe. Edivânio José.

quinta-feira, 19 de agosto de 2021

HOMÍLIA DA Quinta-feira da 20ª semana do Tempo Comum


I. 
INTRODUÇÃO

Hoje escutamos do Senhor uma palavra que, de repente, parece “não encaixar” com seu Amor misericordioso: O “castigo”. Mas, seus castigos não são como os nossos, no sentido de que Deus estabeleça multas policiais e goste de nos prejudicar. 

A expressão “castigo de Deus” manifesta que errei no bom caminho e podem me sobrevir consequênciasposteriores por seguir rastros falsos e abandonar a verdadeira vida.

II. COMENTÁRIO

Hoje Jesus nos apresenta a esse Deus que chama a todos, e parece que muitos fogem. Ao final, Deus sai inclusive nas encruzilhadas dos caminhos para que ninguém fique sem convite. 

Deus é bom, paciente, misericordioso. Mas, porque é bom, é justo: a sua Casa eterna não pode se apresentar quem não tiver traje de bodas.

Na linguagem divina, o castigo é a situação na que entra o ser humano quando se afasta da sua autêntica essência, ou quando não respeita a dignidade de outra pessoa, dando as costas à verdade.

Então o indivíduo utiliza sua liberdade, sim, mas também abusa dela. Por este falso caminho o homem pisoteia aquilo para o que tem sido criado, se destruindo a si mesmo.

III. ATUALIZAÇÃO
• A parábola, no entanto, tem um desenvolvimento trágico, pois muitos, não deram a menor atenção: um foi para seu campo, outro para seus negócios.(Mt 22,5). Por isso, a misericórdia de Deus vai se dirigindo a pessoas cada vez mais distantes. 
• É como um noivo que vai se casar e convida a seus familiares e amigos, mas eles não querem assistir; chama depois a conhecidos e colegas de trabalho e vizinhos, mas todos dão desculpas; finalmente convida qualquer pessoa que encontra, pois tem preparado um banquete e quer que haja convidados na mesa. Algo parecido acontece com Deus.
• A parábola evangélica nos fala do banquete do Reino. É uma figura recorrente na predicação de Jesus. 

Oração

Ó Jesus, aos dirigentes do povo contas a parábola do banquete: um resumo da história da salvação, na qual eles tiveram papel negativo. Cegos e surdos às advertências de Deus, responderam com rebeldia. Concede-nos, Senhor, um coração agradecido diante das maravilhas que realizas para o nosso bem. Amém.




Pe. Edivânio José.

 

quarta-feira, 18 de agosto de 2021

HOMÍLIA DA QUARTA-FEIRA 20ª SEMANA COMUM


I. INTRODUÇÃO

Ó Deus, nosso protetor, volvei para nós o vosso olhar e contemplai a face do vosso ungido, porque um dia em vosso templo vale mais que outros mil (Sl 83,10s).

Na construção do Reino há trabalho para todos, e Deus, em sua bondade, recompensa cada um segundo seu justo coração. Atendamos ao chamado do Senhor para trabalhar em sua vinha, certos de que não nos faltará o devido “salário”.

II. COMENTÁRIO

Qualquer administrador, em nossos dias, acha estranha a matemática que Jesus propõe nesta parábola. Acontece que a lógica do Reino dos céus não segue a lógica da administração terrena. 

Os judeus pensam que o Reino pertence somente a eles; não compreendem o zelo de Jesus pelos publicanos e pecadores nem a misericórdia divina. Por isso, arriscam a ser os últimos, enquanto os primeiros serão os que se abrem ao amor gratuito de Deus.

Para Jesus, de fato, as portas do Reino estão sempre abertas para todos, já que todos são objeto do amor e da salvação. Nesse campo não há privilegiados. Não importa a raça, a nação, a idade, os títulos, as posses, o tempo de pertença. O que conta é a intensidade do compromisso com Cristo e com o seu projeto de justiça.

III. ATUALIZAÇÃO
• E, no entanto, Jesus amou e chamou homens ricos, sem lhes exigir que abandonassem as suas responsabilidades. A riqueza em si mesma não é má, a não ser que a sua origem tenha sido adquirida de forma injusta, ou o seu destino, que se utilize de forma egoísta sem ter em conta os mais desfavorecidos, se fecha o coração aos verdadeiros valores espirituais (onde não há necessidade de Deus).
• Quem, pois, poderá salvar-se?». Jesus responde: «Para os homens isso é impossível, mas para Deus tudo é possível. (Mt 19,26). Senhor, tu conheces bem as habilidades dos homens para atenuar a tua Palavra. Tenho que o dizer, Senhor ajuda-me! Converte o meu coração.
• Depois do jovem rico ter ido embora, entristecido pelo seu apego às suas riquezas, Pedro tomou a palavra e disse: «Concede, Senhor, à tua Igreja, aos teus Apóstolos que sejam capazes de deixar tudo por Ti».

Oração

Senhor Jesus, nossa tendência é descartar os pobres, doentes, analfabetos, prostitutas, ao passo que tu, Senhor, os acolhes com misericórdia e solicitude. Já o disseste: eles nos precederão no Reino dos céus. Então, de fato, “os últimos serão os primeiros, e os primeiros serão os últimos”. Amém.




 

Pe. Edivânio José.

 

terça-feira, 17 de agosto de 2021

Homília da Terça-feira da 20ª semana do Tempo Comum


I. Introdução

Na escolha de seus emissários, Deus muitas vezes chama aqueles que são, perante os homens, os últimos. Fortaleçamo-nos em nosso seguimento do Senhor e no serviço a seu Reino, ainda que nos consideremos indignos da missão a nós confiada.

II. Comentário

Hoje, assombrados como os discípulos, voltamos a escutar que para o homem a salvação é impossível. Isto soa como uma afirmação muito rotunda! Mas assim tão radical é o dano com que a “perturbação da criação” nas suas origens nos “salpicou” a todos. As imagens do “Genesis” são eloquentes.

Hoje Jesus deixa assombrados os seus ouvintes: Então, quem poderá se salvar?. Outra equação a ser resolvida! As riquezas por si mesmas não são o problema, posto que Jesus mesmo é quem nos proporciona os recursos. O problema está no rico, o seja, o que “vai de rico” pela vida.

Hoje, contemplamos a reação que suscitou entre os ouvintes o diálogo do jovem rico com Jesus: Quem, pois, poderá salvar-se? (Mt 19,25). As palavras do Senhor dirigidas ao jovem rico são manifestamente duras, pretendem surpreender, despertar as nossas sonolências. Não se tratam de palavras isoladas, acidentais no Evangelho: repete vinte vezes este tipo de mensagem. Devemos recordá-lo: Jesus adverte contra os obstáculos que implicam as riquezas, para entrar na vida.

III. Atualização
• A riqueza em si mesma não é má, a não ser que a sua origem tenha sido adquirida de forma injusta, ou o seu destino, que se utilize de forma egoísta sem ter em conta os mais desfavorecidos, se fecha o coração aos verdadeiros valores espirituais (onde não há necessidade de Deus).
• Jesus Cristo diz-nos: Vós que deixastes tudo pelo Reino, vos sentareis com o Filho do Homem... Recebereis cem vezes mais do que tiveres deixado... E herdareis a vida eterna... (Mt 19,28-29).
• O futuro que Tu prometes aos teus, aos que te seguiram renunciando a todos os obstáculos... É um futuro feliz, é a abundância da vida, é a plenitude divina.

Oração:

Senhor, Tu és o Caminho, a Verdade e a Vida: concede-me que eu viva de ti, que és o Amor. Obrigado, Senhor. Conduz-me até esse dia!




 

Pe. Edivânio José.

segunda-feira, 16 de agosto de 2021

Homília da SEGUNDA-FEIRA 20ª SEMANA COMUM

I. Introdução

Ó Deus, nosso protetor, volvei para nós o vosso olhar e contemplai a face do vosso ungido, porque um dia em vosso templo vale mais que outros mil (Sl 83,10s).

O Senhor não nos abandona, apesar de nossas infidelidades, mas sempre busca reconduzir-nos ao seu caminho. Somos convidados a seguir unicamente nosso Deus e não deixar que nada ocupe seu lugar em nossa vida.

II. Comentários

Um jovem, dono de muitos bens, consulta Jesus sobre o que fazer com vista a “entrar para a vida”, expressão equivalente a herdar a vida eterna, ser salvo, entrar no Reino dos céus. “Pratique os mandamentos” é a resposta de Jesus. Isso o moço já faz, mas acredita que deve fazer algo mais: “O que me falta ainda?”.

Jesus o estimula a dar um passo de qualidade, propondo-lhe que vá, venda todos os seus bens e doe aos pobres; depois, venha para segui-lo. Radical mudança de mentalidade e de atitudes: estar totalmente disponível para o Reino dos céus. Esse passo o jovem não consegue dar. 

A riqueza domina seu coração, e ele não é capaz de se desfazer de seus bens, pois são sua segurança. Volta para sua condição social não saltitando de alegria, mas triste, “porque tinha muitos bens”.

III. Atualização
• A pergunta apresentada a Jesus pelo jovem reflete uma tendência do farisaísmo, a de praticar a virtude visando apenas obter a salvação. Esses fariseus eram calculistas, sempre preocupados em acumular méritos diante de Deus.
• Tendo feito tudo quanto estava a seu alcance, interessava ao jovem saber o que poderia ainda fazer de bom para alcançar a vida eterna. Na qualidade de Messias, talvez Jesus pudesse indicar-lhe obras que rendessem méritos de valor muito maior.
• O Mestre, porém, tentou corrigir este modo de pensar. Não se alcança a vida eterna pela prática de coisas boas ("O que devo fazer de bom?"), submetendo-se a um código de regras precisas de comportamento, e sim, pela relação com uma pessoa ("Um só é Bom!"), entendendo-se, com isso, tanto Jesus quanto o Pai. O que é bom deve ser praticado por corresponder à vontade daquele que é Bom. Sem esta obediência, os atos de virtude ficam desprovidos de valor.

OraçãoSenhor Jesus, desafias o homem rico a dar um salto de qualidade, isto é, passar da mera observância dos mandamentos ao “caminho de perfeição” em vista do Reino de Deus. Livra-nos, Senhor, do apego aos bens terrenos, a fim de buscarmos a Deus e solidarizarmo-nos com os pobres.            



                                               

Pe. Edivânio José.

domingo, 15 de agosto de 2021

Solenidade da Assunção da Virgem Santa Maria

I. Introdução

Bendita és tu, Maria! Hoje, Jesus ressuscitado acolhe a sua mãe na glória do céu... Hoje, Jesus vivo, glorificado à direita do Pai, põe sobre a cabeça da sua mãe a coroa de doze estrelas...!

II. Comentários

Primeira leitura: Ap 11,19a;12,1-6a.10ab

As visões do Apocalipse exprimem-se numa linguagem codificada. Elas revelam que Deus arranca os seus fiéis de todas as formas de morte. Por transposição, a visão o sinal grandioso pode ser aplicada a Maria.

Maria, imagem da Igreja. Como Maria, a Igreja gera na dor um mudo novo. E como Maria, participa na vitória de Cristo sobre o Mal.

Segunda leitura: 1 Cor 15,20-27

A Assunção é uma forma privilegiada de Ressurreição. Tem a sua origem na Páscoa de Jesus e manifesta a emergência de uma nova humanidade, em que Cristo é a cabeça, como novo Adão.

Maria, nova Eva. Novo Adão, Jesus faz da Virgem Maria uma nova Eva, sinal de esperança para todos os homens.

Evangelho: Lc 1,39-56

O cântico de Maria descreve o programa que Deus tinha começado a realizar desde o começo, que ele prosseguiu em Maria e que cumpre agora na Igreja, para todos os tempos.

Pela Visitação que teve lugar na Judeia, Maria levava Jesus pelos caminhos da terra. Pela Dormição e pela Assunção, é Jesus que leva a sua mãe pelos caminhos celestes, para o templo eterno, para uma Visitação definitiva. Nesta festa, com Maria, proclamamos a obra grandiosa de Deus, que chama a humanidade a se juntar a ele pelo caminho da ressurreição.

Maria, Mãe dos crentes. Cheia do Espírito Santo, Maria, a primeira, encontra as palavras da fé e da esperança: doravante todas as gerações a chamarão bem-aventurada!

Em Maria, Ele já realizou a sua obra na totalidade; com ela, nós proclamamos: "dispersou os soberbos, exaltou os humildes".

 

 

 

III. Atualização
• Cumprem-se novamente as palavras proféticas (e inspiradas) de Santa Maria: é bendita entre todas as mulheres. Pelo poder do Espírito Santo, Maria foi elevada, com a sua humanidade concreta, para o lado do Filho, na glória de Deus Pai.

 

• Em Deus, também há lugar para o corpo. O céu, para nós, já não é uma esfera longínqua e desconhecida. Temos aí uma mãe: a própria Mãe do Filho de Deus.

 

• O céu está aberto, o céu tem um coração. Maria é, em Deus, rainha do céu e da terra. Precisamente porque está “em” e “com” Deus, está muito perto de cada um de nós. Quando estava na terra, só podia estar assim tão perto de algumas pessoas; agora Maria participa da proximidade de Deus conosco.

 

• Jesus, a minha morada definitiva é o céu. Desde ali, Maria anima-nos com o seu exemplo a acolher a vontade do Pai e a não nos deixarmos seduzir pelo enganador fascínio das coisas passageiras.

 

Rezar com Maria.

Ela está ao nosso lado para nos levar na oração, como uma mãe sustenta a palavra balbuciante do seu filho. Na glória de Deus, na qual nós a honramos hoje, ela prossegue a missão que Jesus lhe confiou sobre a Cruz: "Eis o teu Filho!" Rezar com Maria, mais que nos ajoelharmos diante dela, é ajoelhar-se ao seu lado para nos juntarmos à sua oração. Ela acompanha-nos e guia-nos na nossa caminhada junto de Deus.