sábado, 30 de abril de 2022

Homília do Sábado da 2° semana da Páscoa

Quando Cristo diz "não julgue", não está proibindo o exercício de nossa capacidade de discernimento, nem está dizendo que devemos aprovar tudo o que nosso irmão faz. O que Ele proíbe é atribuir uma má intenção à pessoa que age dessa maneira. Só Deus sabe o que está no coração de uma pessoa. "O homem olha às aparências, o Senhor vê o coração" (1Sm 16:7). Portanto, julgar é uma prerrogativa de Deus, uma prerrogativa que usurpamos quando julgamos nosso irmão.

 O importante no Cristianismo é o amor: "Assim como eu vos amei, amem-se uns aos outros" (Jo 13,34). Este amor é derramado em nossos corações pelo Espírito Santo (cf. Rm 5,5). Na Eucaristia, Cristo nos dá o Seu Coração como dom e assim podemos amar cada um com o Seu Coração e ser misericordiosos como o Pai Celestial é misericordioso.

Comentário

«Jesus preferiu proclamar-se e manifestar-se como Cristo com suas ações, e não com suas palavras» (Origens)

«Entre a multiplicação dos pães e o discurso eucarístico na Sinagoga de Cafarnaum, decorre a cena de Jesus Cristo caminhando sobre as águas. Um evento oportuno para introduzir a comparação entre Moisés e Jesus. O primeiro — pelo poder de Deus — dividiu as águas do mar para atravessá-lo pisando em

 terra; Jesus simplesmente caminha sobre eles. Ele é o “Eu sou”» (Bento XVI)

«Orar é sempre possível: O tempo do cristão é o de Cristo Ressuscitado, que está «conosco todos os dias» (Mt 28, 20), sejam quais forem as tempestades (31). O nosso tempo está na mão de Deus» (Catecismo da Igreja Católica, no 2.743)

III. Atualização

 • Hoje, Jesus nos desconcerta. Acostumávamos-nos a um Redentor que, disposto a atender todo tipo de indigência humana, não duvidava em

 recorrer ao seu poder divino. De fato, a ação transcorre justo após a multiplicação dos pães e peixes, a favor da multidão faminta. Agora, ao contrário, nos perturba um milagre —o fato de andar sobre as águas— que parece, à primeira vista, uma ação de cara à galeria. Mas não!, Jesus já descartara fazer uso do seu poder divino para buscar sobressair ou o benefício próprio quando, ao inicio da sua missão, rejeitou as tentações

  do Maligno.


 • Ao andar sobre as águas, Jesus Cristo está mostrando seu senhorio sobre as coisas criadas. Mas também podemos ver uma encenação do seu domínio sobre o Maligno, representado por um mar embravecido na escuridão.

• «Não tenhais medo» (Jo 6,20), dizia-lhes Jesus naquela ocasião. «Mas tende coragem! eu venci o mundo» (Jo 16,33), lhes dirá depois, no Cenáculo. Finalmente, é Jesus quem diz às mulheres na manhã da Páscoa, depois de se levantar do sepulcro: «Não tenhais medo». Nós, pelo testemunho dos Apóstolos, sabemos de sua vitória sobre os

inimigos do homem, o pecado e a morte. Por isso, hoje, suas palavras ressoam em nossos corações com força especial, porque são as palavras de Alguém que está vivo.

• As mesmas palavras que Jesus dirigia a Pedro e aos Apóstolos, as repetia João Paulo II, sucessor de Pedro, ao início do seu pontificado: «Não tenhais medo». Era um chamado para abrir o coração, a própria existência, ao Redentor, para que, com Ele, não temamos diante dos embates dos inimigos de Cristo.

• Diante à própria fragilidade para levar a bom porto as missões que o Senhor nos pede (uma vocação, um projeto apostólico, um serviço...), nos consola saber que Maria também —criatura como nós— ouviu as mesmas palavras de parte do anjo, antes de enfrentar a missão que o Senhor tinha-lhe encomendado. Aprendamos dela, acolher o convite de

Jesus a cada dia, em cada circunstância.





sexta-feira, 29 de abril de 2022

SANTA CATARINA DE SENA VIRGEM E DOUTORA DA IGREJA

HOMÍLIA DA SEXTA-FEIRA DA 2° SEMANA DA PÁSCOA

  SANTA CATARINA DE SENA

VIRGEM E DOUTORA DA IGREJA

(branco, pref. pascal ou das virgens, – ofício da memória)

 I.

Introdução

Esta é uma virgem sábia, uma das jovens prudentes, que foi ao encontro de

  Cristo com sua lâmpada acesa, aleluia!

Catarina nasceu em 1347 na Itália e lá faleceu em 1380. Aos 16 anos, foi admitida na Ordem Terceira Dominicana, conciliando a vida contemplativa com intensa atividade junto aos doentes e encarcerados.

Exerceu importante papel diplomático a favor da unidade da Igreja. Ditou inúmeras cartas, repletas de sabedoria espiritual. A seu exemplo, apliquemos nossas energias a serviço do Reino de Deus.

II.

Comentário

  Ao se deparar com a multidão que tinha fome e não havendo local nem dinheiro

 suficiente para comprar o necessário para todos, André, um dos discípulos, apresenta ao

 Mestre um rapaz que tem consigo cinco pães e dois peixinhos; a partir dessa realidade a

 grande partilha se dá.

 André, em grego, significa precisamente homem e, nesse sentido, podemos

 considerar que a resolução dos problemas e dificuldades da vida está presente ou pode ser

 suscitada do interior de cada pessoa. Ao propor que a multidão se sente, podemos perceber

 aqui dois movimentos: a perspectiva da dignidade e da organização.

 Noutras palavras, é difícil que encontremos a resolução para aquilo que nos aflige em

 meio à desorganização e ao caos. Quando nos propomos a partilhar, e é isso o que se dá aqui,

 todos passam a ter acesso ao que necessitam em abundância, ao ponto de haver sobra onde

 antes havia escassez.

 III.

Atualização

A multiplicação dos pães levou a multidão a considerar Jesus como o verdadeiro profeta, aquele que todos esperavam, desde longa data.

   

 • O fato de ter alimentado uma imensa multidão, contando apenas com cinco pães de cevada e dois peixes, revelou-se como sinal inequívoco da messianidade de Jesus.

• Daí o desejo do povo de fazê-lo rei, na esperança de que

 todos os seus problemas fossem resolvidos da mesma forma eficiente e rápida, que acabavam de presenciar. Foi grande a expectativa criada em torno dele.




quinta-feira, 28 de abril de 2022

Homília da QUINTA-FEIRA da 2° semana da Páscoa

Introdução

Ai está também nossa vida mais autêntica. Comentário

 Hoje Jesus fala de sua procedência e, também desvela-nos nosso destino. Ele

 vem de “cima”, do céu eterno, onde sempre existiu unido ao Pai e ao Espírito Santo.

   O Filho de Deus veio para nos descobrir esta maravilha, mas custa-nos

  despegarmos da terra e acordar nossa aspiração à eternidade.

Desde suas origens, o homem considerou com respeito sua morte e a vida além

 da “terra”. Mas, realmente, nós pouco sabíamos dessa “vida de cima” e de seu

 conteúdo.

 Com a encarnação do Filho de Deus se nos desvelou a verdadeira vida, a mais

 real: A vida de amizade com Deus, que é “sobrenatural” e, por isso, sem fim. Só se

 acaba o da terra.

 Quero viver, meu Deus, uma vida de amizade contigo. Concede-me entender

 as coisas como Tu as entendes e amar como Tu amas. Jesus, confio na tua Palavra.

 Hoje, o Evangelho nos convida a deixar de ser “terrenais”, a deixar de ser

 homens que só falam de coisas mundanas, para falar e mover-nos como «Aquele que

 vem do alto» (Jo 3,31), que é Jesus. Neste texto vemos —mais uma vez— que na

 radicalidade evangélica não há meio termo.

 É necessário que em todo momento e circunstância nos esforcemos por ter o

 pensamento de Deus, ambicionemos ter os mesmos sentimentos de Cristo e

 aspiremos a olhar os homens e às circunstancias da mesma forma que vemos o Verbo

 feito homem.

 Se atuarmos como «aquele que vem do alto» descobriremos uma quantidade

 de coisas positivas que acontecem continuamente ao nosso entorno, porque o amor

 de Deus é ação contínua em favor do homem. Se viermos do alto amaremos a todo o

 mundo sem exceção, sendo nossa vida um convite para fazer o mesmo.

 III.

Atualização

  «Aquele que vem do alto está acima de todos» (Jo 3,31), por isso pode servir

a cada homem e a cada mulher justamente naquilo que necessita; além

 disso, «Ele dá testemunho do que viu e ouviu, mas ninguém aceita o seu

 testemunho» (Jo 3,32). E seu serviço tem a marca da gratuidade.

  Esta atitude de servir sem esperar nada a troco, sem necessitar a resposta

do outro, cria um ambiente profundamente humano e de respeito ao livre

 alvedrio da pessoa; esta atitude se contagia e os outros se sentem

 livremente movidos a responder e atuar da mesma maneira.

  Serviço e testemunho sempre vão juntos, um e outro se identificam. Nosso

mundo tem necessidade daquilo que é autêntico: e o que é mais autêntico

 que as palavras de Deus? que mais autêntico do que quem dá o Espírito

 sem medida? «Ele dá o espírito sem medida» (Jo 3,34)

 •


 «Acreditar no Filho» quer dizer ter vida eterna, significa que o dia do Juízo

não pesa em cima do crente porque já foi julgado e com um juízo favorável;

 no entanto, «Aquele, porém, que se recusa a crer no Filho não verá a vida,

 mas a ira de Deus permanece sobre ele» (Jo 3,36)..., enquanto não acredite.



 

quarta-feira, 27 de abril de 2022

Meu Deus!

 Meu Deus, escuta o meu clamor:

- Até quando eu só vou conseguir chorar ao ficar na tua presença e depois não mudar generosamente de vida!?!

- Até quando vou mendigar eventos e grandes encontros e depois não me comprometer Contigo!?!

- Até quando, Senhor irei barganhar Contigo afim de sabotar a minha própria salvação!?!

- Até quando vou te decepcionar, meu Senhor meu Deus!?!

- Até quando vou me auto justificar, que sou fraco, permitindo do que o diabo me separe de Vós?!!

- Até quando meu Jesus, te confundirei com qualquer prazer, que me satisfaz temporariamente!?!

- Até quando permitirei que as minhas decisões me impeça de atingir os ideias que mim propus alcançar!?!




Homília da Quarta-feira da 2° semana da Páscoa

Filho único para que todos tenham acesso à vida plena.

Deus está profundamente comprometido com o ser humano a ponto de entregar seu

Nosso Deus não é castigador ou rancoroso, ao contrário, ele é amoroso e compassivo.

 Contudo, o texto que nos ilumina hoje deixa bem claro que a salvação ou a condenação está

 nas mãos do próprio ser humano.

São as escolhas feitas por cada pessoa e suas consequências que mostram se estamos

 caminhando sob a luz ou em plena escuridão.

 Nossas palavras podem, sim, revelar nossas opções; entretanto, são nossas atitudes

 que revelam a verdade mais profunda do nosso coração.

 Nesse sentido, fica muito claro que não somos manipulados por Deus, mas

 caminhamos com ele e temos total responsabilidade sobre aquilo que fazemos.

 Cabe, sim, a nós escolher se a nossa vida será luz ou trevas, e não podemos culpar

 Deus ou outras pessoas por aquilo que é nossa responsabilidade.

 Atualização

 Os ensinamentos de Jesus ultrapassam todas as formas de obstáculos, pois a Palavra

 de Deus, luz em meio às trevas, não pode ser aprisionada.

 O Espírito Santo nos impulsione a agir conforme a verdade do Evangelho Os

 ensinamentos de Jesus ultrapassam todas as formas de obstáculos, pois a Palavra de

 Deus, luz em meio às trevas, não pode ser aprisionada.

 O Espírito Santo nos impulsione a agir conforme a verdade do Evangelho.




terça-feira, 26 de abril de 2022

Homília da Terça-feira da 2° semana do tempo Pascal

Introdução

Comentário

Hoje, Jesus nos expõe a dificuldade de prevenir e conhecer a ação do Espírito Santo: de fato, «sopra onde quer» (Jo 3,8).

Isto relaciona-o com o testemunho que Ele mesmo está dando e com a necessidade de nascer do alto.

  «É necessário para vós nascer» (Jo 3,7), diz o Senhor com claridade, é necessária uma nova vida para poder entrar na vida eterna. Não é suficiente com um ir puxando para chegar ao Reino dos Céus, é necessária uma vida nova regenerada pela ação do Espírito de Deus.

A nossa vida profissional, familiar, esportiva, cultural, lúdica e, sobretudo, de piedade tem que ser transformada pelo sentido cristão e pela ação de Deus. Tudo, transversalmente, tem que ser impregnado pelo seu Espírito.

Nada, absolutamente, nada deveria ficar fora da renovação que Deus realiza em nós com o seu Espírito.

Uma transformação que tem Jesus Cristo como catalisador. Ele, que

  antes tinha que ser elevado na Cruz e que também tinha que ressuscitar, é quem pode fazer com que o Espírito de Deus nos seja enviado.

Ele que tem vindo do alto. Ele que tem mostrado com muitos milagres o seu poder e a sua bondade. Ele que em tudo faz a vontade do Pai. Ele que tem sofrido até derramar a última gota de sangue por nós.

Graças ao Espírito que nos enviará, nós «podemos subir ao Reino dos Céus, por Ele obtemos a adoção filial, por Ele se nos dá a confiança de nomear Deus com o nome de “Pai”, a participação da graça de Cristo e o direito a participar da gloria eterna» (São Basílio Magno).

Façamos que a ação do Espírito tenha acolhimento em nós, escutemo- lhe e, apliquemos as suas inspirações para que cada um seja –no seu lugar habitual- um bom exemplo elevado que irradie a Luz de Cristo.

  III.

Atualização

«[Cristo], em sua venida, trouxe consigo toda novidade» (Santo Irineu)

 

 • «Ele sempre pode, com sua novidade, renovar nossa vida e nossa comunidade e, embora passe épocas obscuras e debilidades eclesiais, a proposta Cristiana nunca envelhece» (Francisco)

• «A água baptismal é então consagrada por uma oração de epiclese (ou no próprio momento, ou na Vigília Pascal). A igreja pede a Deus que, pelo seu Filho, o poder do Espírito Santo desça a esta água, para que os que nela forem batizados “nasçam da água e do Espírito” (Jo 3,5)» (Catecismo da Igreja Católica, n° 1238).




segunda-feira, 25 de abril de 2022

HOMÍLIA DA SEGUNDA-FEIRA DA 2° SEMANA DA PÁSCOA

I. INTRODUÇÃO

Ide por todo o mundo e anunciai o Evangelho a todas as criaturas, aleluia!

  SÃO MARCOS, EVANGELISTA

(vermelho, glória, pref. dos apóstolos II, – ofício da festa)

   (Mc 16,15)

João Marcos era membro de uma família de Jerusalém que pôs sua casa à disposição dos primeiros cristãos.

Acompanhou Paulo em sua primeira viagem apostólica. Foi discípulo de Pedro em Roma.

A ele é atribuída a redação do primeiro Evangelho, o qual nos apresenta um Messias humilhado, sofredor, crucificado e reconhecido como Filho de Deus pelo centurião.

Celebremos esta festa com o sincero desejo de conhecer e amar, de maneira

 mais profunda, nosso Mestre Jesus Cristo.

 II. Comentário

 O evangelista Marcos não pertenceu ao grupo dos doze apóstolos, porém deve

 ter sido discípulo de Jesus.

Pertencia a uma família de Jerusalém, que pôs sua casa à disposição dos primeiros cristãos (cf. At 12,12-16).

Participou da primeira viagem apostólica de Paulo (At 12,25; 13,5). Marcos

 acompanhou Pedro a Roma e prestou-lhe serviços durante a prisão do chefe dos apóstolos (cf. Cl 4,10).

Se essas informações se confirmam, ficamos sabendo que Marcos extraiu de

 fontes genuínas o Evangelho que ele põe por escrito, “o Evangelho de Marcos”.

As últimas palavras do seu Evangelho testemunham que muitos sinais e prodígios haveriam de acompanhar e confirmar a obra dos seguidores de Jesus.


 Isso de fato aconteceu; a Igreja primitiva o comprova (Atos dos Apóstolos).

III. Atualização

 • «Assim como o sol, criatura de Deus, é um e o mesmo em todo o mundo, também a pregação da verdade brilha em todos os lugares e ilumina todos aqueles que querem chegar ao conhecimento da verdade» (Santo Irineu de Lyon)

• «Todos somos chamados a ser escritores vivos do Evangelho,

 portadores da Boa Nova a cada homem e mulher de hoje» (Francisco)

• «Desde a Ascensão, o plano de Deus entrou na sua consumação. Estamos na 'última hora' (1Jn 2,18). “O fim da história chegou para nós e a renovação do mundo já está decidida de forma irrevogável e até de alguma forma real já antecipada neste mundo. A Igreja, de fato, e na terra, caracteriza-se pela verdadeira santidade, ainda que imperfeita” (Concílio Vaticano II). O Reino de Cristo manifesta a sua presença através dos sinais milagrosos (cf. Mc 16,17-18) que acompanham o seu anúncio pela Igreja (cf. Mc 16,20)» (Catecismo da Igreja Católica, no 670.