I. Introdução
Não há nada de maior e mais fecundo que o amor: ele confere à pessoa toda a sua dignidade, enquanto o ódio e a vingança a desvaloriza, deturpando a beleza da criatura feita à imagem de Deus.
Este mandamento, de responder ao insulto e à ofensa com o amor, gerou no mundo uma nova cultura: “a cultura da misericórdia — devemos aprender e praticar bem esta cultura da misericórdia — que dá vida a uma verdadeira revolução”.
É a revolução do amor, em que os protagonistas são os mártires de todos os tempos. II. Comentário
Jesus reinterpretou, de maneira radical, o mandamento do amor. O Decálogo previa o amor ao próximo e o ódio ao inimigo. Próximo eram os membros da família e as pessoas mais chegadas. Os termos ódio e inimigo não tinham o sentido atual. Odiar era interessar-se pouco por alguém, não lhe dar atenção. Ódio não era sinônimo de raiva, mas apenas isenção de responsabilidade em relação ao outro. Inimigo, por sua vez, era quem estava fora do círculo das relações familiares. Como se vê, o Decálogo estabelecia, com precisão, os limites do amor.
A reinterpretação de Jesus modifica, totalmente, este quadro. O objeto do amor não são exclusivamente os membros da família e as pessoas mais chegadas. Antes, são os inimigos, os que maldizem, odeiam, caluniam os discípulos de Jesus. Este ideal aproxima de Deus o cristão. É próprio do Pai fazer o sol levantar-se para toda a humanidade, sem distinção, bem como fazer chover sobre justos e injustos.
O amor limitado ao círculo das pessoas que amamos não tem nada de novo. A novidade está em seguir a trilha aberta por Jesus.
Suas palavras podem, num primeiro momento, criar resistência. Porém, as exigências do amor não podem levar os cristãos ao esmorecimento.
III. Atualização
• O tempo da Quaresma é preparação imediata para a Páscoa do Senhor. Na Igreja
primitiva, esse tempo era dedicado, de modo particular, à instrução dos catecúmenos,
ou seja, daqueles e daquelas que receberiam o batismo na Vigília Pascal.
• Portanto, a liturgia da Palavra tem esse caráter preparatório ao batismo, pois, com o batismo, o velho homem era sepultado, dando, assim, lugar ao homem novo. E o homem novo, à semelhança do Ressuscitado, é chamado a estabelecer novas
realizações.
• A novidade do Cristo e de seus ensinamentos se mostra nas atitudes novas desses
homens e mulheres que eram reconhecidos como cristãos.
• Amar o inimigo, rezar por quem nos persegue, cumprimentar quem não é do nosso
círculo eram desafios para quem conviveu com Jesus e para nós ainda hoje. E só em Deus somos capazes de dar essa resposta de fé.