sábado, 12 de março de 2022

Homília do Sábado 1° semana da Quaresma

I. Introdução

Não há nada de maior e mais fecundo que o amor: ele confere à pessoa toda a sua dignidade, enquanto o ódio e a vingança a desvaloriza, deturpando a beleza da criatura feita à imagem de Deus.

Este mandamento, de responder ao insulto e à ofensa com o amor, gerou no mundo uma nova cultura: “a cultura da misericórdia — devemos aprender e praticar bem esta cultura da misericórdia — que dá vida a uma verdadeira revolução”.

É a revolução do amor, em que os protagonistas são os mártires de todos os tempos. II. Comentário

Jesus reinterpretou, de maneira radical, o mandamento do amor. O Decálogo previa o amor ao próximo e o ódio ao inimigo. Próximo eram os membros da família e as pessoas mais chegadas. Os termos ódio e inimigo não tinham o sentido atual. Odiar era interessar-se pouco por alguém, não lhe dar atenção. Ódio não era sinônimo de raiva, mas apenas isenção de responsabilidade em relação ao outro. Inimigo, por sua vez, era quem estava fora do círculo das relações familiares. Como se vê, o Decálogo estabelecia, com precisão, os limites do amor.

A reinterpretação de Jesus modifica, totalmente, este quadro. O objeto do amor não são exclusivamente os membros da família e as pessoas mais chegadas. Antes, são os inimigos, os que maldizem, odeiam, caluniam os discípulos de Jesus. Este ideal aproxima de Deus o cristão. É próprio do Pai fazer o sol levantar-se para toda a humanidade, sem distinção, bem como fazer chover sobre justos e injustos.

O amor limitado ao círculo das pessoas que amamos não tem nada de novo. A novidade está em seguir a trilha aberta por Jesus.

Suas palavras podem, num primeiro momento, criar resistência. Porém, as exigências do amor não podem levar os cristãos ao esmorecimento.

III. Atualização

• O tempo da Quaresma é preparação imediata para a Páscoa do Senhor. Na Igreja

primitiva, esse tempo era dedicado, de modo particular, à instrução dos catecúmenos,

ou seja, daqueles e daquelas que receberiam o batismo na Vigília Pascal.

• Portanto, a liturgia da Palavra tem esse caráter preparatório ao batismo, pois, com o batismo, o velho homem era sepultado, dando, assim, lugar ao homem novo. E o homem novo, à semelhança do Ressuscitado, é chamado a estabelecer novas

realizações.

• A novidade do Cristo e de seus ensinamentos se mostra nas atitudes novas desses

homens e mulheres que eram reconhecidos como cristãos.

• Amar o inimigo, rezar por quem nos persegue, cumprimentar quem não é do nosso

círculo eram desafios para quem conviveu com Jesus e para nós ainda hoje. E só em Deus somos capazes de dar essa resposta de fé.




sexta-feira, 11 de março de 2022

HOMÍLIA DA SEXTA-FEIRA DA 1a SEMANA DA QUARESMA

I. Introdução

Livrai-me, Senhor, das minhas aflições, vede minha miséria e minha dor; perdoai todos os meus pecados (Sl 24,17s).

Nosso Deus é perdão e não se cansa de chamar os que dele se afastaram. O Senhor ama a vida e quer a felicidade de todos. Manifestemos-lhe, pois, o desejo de conhecer e viver a justiça do seu Reino.

II. COMENTÁRIO

A proposta de Jesus é exigente e direta; essa proposta pede de quem deseja segui-la adesão incondicional.

Jesus quer seus seguidores por inteiro e, de cada seguidor de Jesus, esperam-se comprometimento, mudança de mentalidade e abertura ao novo. Jesus propõe o estabelecimento de novas relações que, em princípio, parecem estranhas, pois ferem ou apresentam um novo modo de ver e ser.

Embora saibamos que armas matam, uma palavra maldita ou o silêncio frio pode ter efeito igualmente mortal na vida do outro. Ao nos encontrarmos em situação de dificuldade com o outro, cabe a nós buscar a reconciliação, mesmo que tenha sido o outro quem errou.

Em relação ao adversário ou inimigo, cabe a nós buscar a paz e a resolução do que nos afasta antes que consequências graves recaiam sobre nós. Sim, eis o tempo de conversão.

III. ATUALIZAÇÃO

• A vida cristã comporta uma forte dose de originalidade. Não que os cristãos sejam

chamados a fazer coisas extravagantes, diferentes do que se exige das demais pessoas. Já os primeiros discípulos de Jesus foram convidados a ter um estilo de vida superior àquele dos fariseus. Que tipo de superioridade é esta?

• Os evangelhos referem-se, de maneira negativa, a uma ala do farisaísmo, em que os indivíduos eram exibidos e exagerados, agindo sempre para serem vistos e louvados por seus concidadãos. Cuidavam da aparência, sem se preocupar com a autenticidade de seu agir. É o que chamamos de hipocrisia!

• O caminho da superioridade cristã consistia na compreensão, cada vez mais exigente, da vontade de Deus expressa no Decálogo. Por exemplo, o mandamento da Lei de Deus ensinava a não matar. Numa visão superficial, bastaria não tirar a vida física do outro para que alguém se considerasse em dia com o mandamento. Jesus, porém, entreviu outras maneiras de matar o próximo.

• A irritação contra alguém e o chamá-lo de imbecil ou louco são formas de desrespeito ao mandamento. Dito de outro modo: o outro não tem vez na minha vida; de certo modo, está morto para mim. A versão cristã do mandamento exige a busca constante de reconciliação. Este é o pré-requisito da relação com Deus.




quinta-feira, 10 de março de 2022

Homília da QUINTA-FEIRA 1° Semana da Quaresma

I. Introdução

Hoje, Jesus anima-nos a pedir, mas a pedir com fé. Não como alguns fariseus que lhe pediam, mas pediam-lhe “milagrezinhos” para comprovar se Ele vinha de Deus. Nem nós necessitamos de provas, nem Deus necessita de demonstrar nada: sabemos que é o nosso Pai do céu e isso nos basta para lhe pedir – com toda a confiança – aquilo de que necessitamos.

«Se vós (...) sabeis dar coisas boas aos vossos filhos, quanto mais o vosso Pai que está nos céus dará coisas boas aos que lhas peçam!»

II. Comentário

Hoje, Jesus nos fala da necessidade e do poder da oração. Não podemos entender a vida cristã sem relação com Deus, nesta relação, a oração ocupa um lugar central. Enquanto vivemos neste mundo, os cristãos nos encontramos num caminho de peregrinação, mas a oração nos aproxima de Deus, nos abre as portas de seu amor imenso e nos antecipa as delicias do céu. Por isso, a vida cristã é uma contínua petição e busca: «Peçam, e lhes será dado! Procurem, e encontrarão! Batam, e abrirão a porta para vocês!» (Mt 7,7),nos diz Jesus.

Ao mesmo tempo, a oração vai transformando o coração de pedra num coração de carne: «Se vocês, que são maus, sabem dar coisas boas a seus filhos, quanto mais o Pai de vocês que está no céu dará coisas boas aos que lhe pedirem» (Mt 7,11). O melhor resumo que podemos pedir a Deus está no Pai Nosso: «venha o teu reino; seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu» (cf. Mt 6,10). Portanto, não podemos pedir na oração qualquer coisa, que não seja realmente um bem. Ninguém deseja um dano para si mesmo; por isso, não podemos querer para os outros.

Há quem se queixa de que Deus no lhe escuta, porque não vê os resultados de imediatamente ou porque pensa que Deus não lhe ama. Nesse caso, não nos fará mal recordar este conselho de São Jerônimo: «É verdade que Deus dá a quem pede, que quem busca encontra, e a quem chama lhe abrem: se vê claramente que aquele que não recebeu que não encontrou, nem lhe abriram, é porque não pediu bem, não buscou bem, nem chamou bem à porta». Peçamos então em primeiro lugar a Deus que faça como que o nosso coração seja bom como o de Jesus Cristo.

III.

Atualização

Hoje consideramos duas expressões da oração. De um lado, a presença de Deus, esse estar interiormente e continuamente com Deus de uma maneira silenciosa, que, por outro lado precisa um sustento: a oração vocal, que se expressa com palavras, imagens e pensamentos.

Esta oração vocal deve brotar, sobretudo, de nosso coração, de nossas dores, esperanças, alegrias, sofrimentos; da vergonha pelo pecado, assim como da gratidão pelo bem, sendo assim uma oração totalmento pessoal. Mas precisamos também do apoio dessas orações nas quais tem tomado forma o encontro com Deus de toda a Igreja (sem esta ajuda, nossa oração pessoal e nossa imagem de Deus se fazem subjetivas e acabam por refletir mais a nós do que ao Deus vivo).


• Nas fórmulas da oração que surgiram primeiro da fé de Israel e depois da fé dos que rezam como membros da Igreja, aprendemos a conhecer a Deus e a nos conhecer nós mesmos: são uma escola de oração




quarta-feira, 9 de março de 2022

HOMÍLIA DA QUARTA-FEIRA DA 1a SEMANA DA QUARESMA

I INTRODUÇÃO

Lembrai-vos de vossa misericórdia e de vosso amor, pois são eternos. Nossos inimigos não triunfem sobre nós; libertai-nos, ó Deus, de toda angústia! (Sl 24,6.3.22)

Sem conhecer a Deus, os ninivitas acolheram sua Palavra e se converteram. Quanto a nós, cristãos, fiquemos alertas para não nos fecharmos à misericórdia divina.

II. COMENTÁRIO

Hoje, Jesus nos diz que o sinal que dará à “geração malvada”, de fato, assim como Jonas foi um sinal para os ninivitas, assim também será o Filho do Homem para esta geração (cf. Lc 11,30). Da mesma maneira que Jonas deixou que o lançasse pela margem para acalmar a tempestade que ameaçava com afundá-los — e, assim, salvar a vida da tripulação—, do mesmo modo que Jesus permitiu que o lançassem pela margem para acalmar as tempestades do pecado que põem em perigo nossas vidas.

E, de igual forma que Jonas passou três dias no ventre da baleia antes que esta o vomitara são e salvo a terra, assim Jesus passaria três dias no seio da terra antes de abandonar a tumba (cf. Mt 12,40).

O sinal que Jesus dará aos “malvados” de cada geração é sua morte e ressurreição. Sua morte, aceita livremente, é o sinal do incrível amor de Deus por nós: Jesus deu sua vida para salvar a nossa. E sua ressurreição de entre os mortos é o sinal de seu divino poder. Trata-se do sinal mais poderoso e comovedor jamais dado.

Mas, Jesus é também a sinal de Jonas em outro sentido. Jonas foi um ícone e um meio de conversação. Quando em sua prédicas «Jonas entrou na cidade e começou a percorrê-la, caminhando um dia inteiro. Ele dizia: «Dentro de quarenta dias, Nínive será destruída!» (Jon 3,4) adverte aos ninivitas pagãos, estes se convertem, pois todos eles — desde o rei até as crianças e animais— se cobrem com serapilheira e cinzas. No dia do julgamento, os homens da cidade de Nínive ficarão de pé contra esta geração.

Porque eles fizeram penitência quando ouviram Jonas pregar. E aqui está quem é maior do que Jonas.” (cf. Lc 11,32) predicando a conversão a todos nós: Ele o próprio Jesus. Portanto, nossa conversão deveria ser igualmente exaustiva.

«Pois Jonas era um servente», escreve São João Crisóstomo na pessoa de Jesus Cristo, «mas eu sou o Mestre; e ele foi jogado pela baleia, mas eu ressuscitei dos mortos; e ele proclamava a destruição, mas vim a predicar a Boas Novas e o Reino».

Na semana passada, na quarta-feira de Cinza, nos cobrimos com cinza, e cada um escutou as palavras da primeira homilia de Jesus cristo, «O tempo já se cumpriu, e o Reino de Deus está próximo. Convertam-se e acreditem na Boa Notícia» (cf. Mc 1,15). A pergunta que devemos fazer-nos é: — Respondido já com uma profunda conversão como a dos ninivitas e abraçado aquele Evangelho?

III. ATUALIZAÇÃO

• Jesus faz um alerta duro contra o povo do seu tempo, que ele chama de “esta geração”. Ele não é reconhecido por ela como o Filho de Deus porque há maldade no coração


desta geração. Gerações passadas foram mais sensíveis aos sinais de Deus e alcançaram

a conversão.

• Jesus é muito maior do que os sinais do passado, mas, curiosamente, “esta geração”

não o reconhece. Poderíamos nos perguntar: como nos relacionamos com Jesus? Quem é Jesus? Com certeza, a maneira como vemos uma pessoa determina a forma como nos relacionamos com ela.

• Jesus, noutra passagem do Evangelho, vai dizer que se relaciona com amigos, pois os amigos sabem quem é e não há segredos que os distanciem. Busquemos, portanto, avaliar como temos nos relacionado com o Mestre e nos acheguemos, sem mais, a ele.



terça-feira, 8 de março de 2022

HOMILIA DA TERÇA-FEIR DA 1a SEMANA DA QUARESMA.

 I. Introdução

Vós fostes, Senhor, o refúgio para nós de geração em geração: desde sempre e para sempre, vós sois Deus (Sl 89,1s).

A Palavra de Deus traz, na sua essência, o poder de fazer o bem. Com toda confiança, acolhamos a comunicação divina, para vivermos o perdão e conformarmos nosso coração à vontade do Pai.

II. Comentário

Rezar pode ser muito simples e, ao mesmo tempo, muito complexo; algo fácil e, por vezes, difícil. Mais uma vez, Jesus é prático em suas orientações e adverte que não é necessário ficar repetindo palavras quando se reza, pois isso pode ser inútil.

Deus conhece nossas necessidades desde sempre. A oração proposta por Jesus reconhece Deus como Pai e não um pai “meu”, mas “nosso”. Somos irmãos, estamos juntos nesse caminho que nos conduz ao Reino.

Essa oração também fala do pão cotidiano, necessidade básica; do perdão que somos chamados a dar e pedir; e, por fim, roga-se pela proteção contra todo mal.

Temos uma oração sintética e profunda que se torna modelo de oração para todos nós e em todos os tempos. Para que sejamos cristãos autênticos, a relação conosco, com Deus e com os irmãos precisa ser sempre cuidada.

III. Atualização

• «Que oração mais espiritual pode haver que a que nos foi dada por Cristo, por quem

nos foi também enviado o Espírito Santo? Que oração mais verdadeira ante o Pai que a que brotou dos lábios do Filho?» (São Cipriano)

• «O “Pai Nosso” inicia com um grande consolo: podemos dizer “Pai”, porque o Filho é nosso irmão e nos revelou ao Pai; porque graças a Cristo temos volto a ser filhos de Deus» (Bento XVI)

• «Nós podemos invocar Deus como “Pai”, porque Ele nos foi revelado pelo seu Filho feito homem e porque o seu Espírito no-Lo faz conhecer. A relação pessoal do Filho com o Pai, que o homem não pode conceber nem os poderes angélicos podem entrever, eis que o Espírito do Filho nos faz participar dela, a nós que cremos que Jesus é o Cristo e que nascemos de Deus» (Catecismo da Igreja Católica, n° 2780)




segunda-feira, 7 de março de 2022

Homília da segunda-feira da 1° semana da Quaresma

I. Introdução

O percurso quaresmal pede de nós uma profunda revisão de vida que não deveria ser teórica, mas prática. Isso significa que somos convidados a passar das boas intenções para atitudes concretas, ou seja, quando e como, segundo as nossas possibilidades, estamos acolhendo o irmão que passa por necessidade, a começar por aqueles que estão mais perto de nós? A instrução é muito importante e necessária para todo ser humano, mas devem-se associar à instrução formal gestos concretos de promoção da vida.

A vivência da nossa fé pode, sim, ser expressa por meio de palavras que não deveriam ser sinal de autopromoção, mas meio de edificação da comunidade por causa daquilo que realizamos. A nossa forma de viver e as escolhas que fazemos já nos dizem se estamos distantes ou próximos de Deus e de seu projeto de vida.

II. Comentário

Hoje, diante a imagem do Juízo final, a Quaresma nos renova a esperança Naquele que nos faz passar da morte à vida. O juízo é um “lugar de exercício da esperança”. A imagem do Juízo final não é uma imagem horripilante, senão uma imagem decisiva de esperança: Unicamente Deus pode criar justiça.

Deus revelou seu rosto precisamente na figura daquele que sofre e compartilha a condição do “homem abandonado” levando-a consigo Este Inocente que sofre converteu-se em esperança-certeza: Deus existe, e Deus sabe criar a justiça de um modo que nós não somos capazes de conceber e que, porém, podemos intuir na fé. Sim, existe a ressurreição da carne; existe uma justiça! Existe a “revogação” do sofrimento passado, a reparação que restabelece o Direito.

A fé no Juízo final é, acima de tudo, esperança, cuja necessidade se fez evidente precisamente nas convulsões dos últimos séculos: a injustiça da história não terá a última palavra.

III.

• •

Atualização

Hoje, escutamos o relato do “juízo final”. Bom tema para a Quaresma! Juízo? No fim? Sim!, no fim da vida cada um verá como aproveitou (ou desaproveitou) a sua própria vida.

É inevitável! Não somos nem robots nem animaizinhos sem consciência: somos seres livres; livres para amar.

Como é que se ama? Jesus Cristo concretizou-o nas obras de misericórdia: «Tive fome, e deste-me de comer; tive sede...». Deus sente (ou sofre) o nosso amor (ou desamor) com os irmãos.



domingo, 6 de março de 2022

Homília do 1° Domingo da Quaresma

I. Introdução

Hoje Jesus, «cheio do Espírito Santo» (Lc 4,1), introduz-se no deserto, longe dos homens, para experimentar de forma imediata e sensível a sua dependência absoluta do Pai.

II. Comentário

Jesus sente-se agredido pela fome e esse momento de desfalecimento é aproveitado pelo Maligno, que lhe tenta com a intenção de destruir o núcleo da identidade de Jesus como Filho de Deus: sua adesão substancial e incondicional ao Pai.

Com os olhos postos em Cristo, vencedor do mal, hoje os cristãos nos sentimos estimulados a entrar no caminho da Quaresma. Nos leva a isso o desejo de autenticidade: ser plenamente aquilo que somos: discípulos de Jesus e, com Ele, filhos de Deus. Por isso queremos aprofundar na nossa adesão a Jesus Cristo e ao seu programa de vida que é o Evangelho: «nem só de pão viverá o homem» (Lc 4,4).

Como Jesus no deserto, armados com a sabedoria da Escritura, sentimo-nos chamados a proclamar no nosso mundo consumista que o homem está desenhado a escala divina e que só pode saciar sua fome de felicidade quando abre de par em par as portas da sua vida a Jesus Cristo Redentor do homem. Isso comporta vencer multidão de tentações que querem diminuir nossa vocação humano-divino. Com o exemplo e com a força de Jesus tentado no deserto, desmascaremos as muitas mentiras sobre o homem que se dizem sistematicamente desde os meios de comunicação social e desde o meio ambiente pagão onde vivemos.

São Bento dedica o capítulo 49 da sua Regra a “Da observância da quaresma” e exorta a “apagarem nestes dias santos as negligências dos outros tempos (...), dando-nos à oração com lágrimas, à leitura, à compunção do coração e à abstinência (...),a oferecer cada um alguma coisa a Deus, de espontânea vontade, com a alegria do Espírito Santo(...) e a esperar com desejo espiritual a Santa Páscoa».

III. Atualização

• «Se nele fomos tentados, também nele venceremos o diabo. Você percebe que Cristo

foi tentado, e não que ele venceu? Reconheça-se tentado nele, e reconheça-se como vencedor nele também» (Santo Agostinho)

• «Quando estamos em tentação, a Palavra de Jesus nos salva. Ele é grande porque não só nos faz sair da tentação, mas também nos dá mais confiança» (Francisco).

• «A tentação de Jesus mostra como ser o Filho de Deus o Messias; em oposição ao proposto por Satanás e ao que os homens querem atribuir. É por isso que Cristo venceu o Tentador a nosso favor: “Porque não temos sumo sacerdote que não se compadeça das nossas fraquezas, mas que seja provado em tudo como nós, exceto no pecado” (Hb 4,15). A Igreja une-se todos os anos, durante os quarenta dias da Quaresma, ao Mistério de Jesus no deserto» (Catecismo da Igreja Católica, n. 54