sexta-feira, 21 de janeiro de 2022

Homília da SEXTA-FEIRA SANTA INÊS VIRGEM E MÁRTIR

I. Introdução

Esta é uma virgem sábia, do número das prudentes, que foi ao encontro de Cristo com sua lâmpada acesa.

Inês, cujo nome é citado no Cânon Romano, viveu na Itália no século 3o. Em defesa da fé e da sua virgindade, foi martirizada no começo de sua adolescência. Sua corajosa atitude seja incentivo para jovens e adultos permanecerem firmes no seguimento de Jesus Cristo.

II. Comentário

Com frequência, Jesus sobe o monte para orar em comunhão com Deus. Desta vez, ele sobe a montanha para escolher os doze apóstolos, aqueles que o acompanhariam ao longo da vida. Grupo de pessoas simples e nem todas bem-vistas.

O Mestre não escolhe anjos, mas pessoas com virtudes e fraquezas que, aos poucos, vai preparando para a missão. Antes de tudo, eles têm de “ficar com ele”, conviver com ele, assimilando seu jeito de ser, que possibilita assumir progressivamente as mesmas atitudes fundamentais do Mestre.

Depois de ficar com ele, os Doze são enviados a pregar e expulsar demônios. Eles têm a mesma autoridade de Jesus para pregar, isto é, anunciar a Boa-nova e expulsar demônios, ou seja, resistir e vencer as forças malignas que dominam e alienam as pessoas e as impedem de aderir à Boa-nova do Mestre.

III. Atualização

• Hoje, Jesus chama um núcleo de íntimos particularmente escolhidos por Ele, para que

continuem sua missão e dêem forma a sua “nova família”. Inicialmente, o título de “apóstolos” ia além deste circulo dos “Doze”, mas depois foi se restringindo cada vez mais estritamente a ele.

• Marcos afirma que “Institui Doze”. “Instituir” é a terminologia do Antigo Testamento para indicar a nomeação de sacerdotes. Além disso, os escolhidos são nomeados um a um, tal como acontecia com os profetas de Israel: O ministério apostólico aparece como uma fusão da missão sacerdotal e da missão profética. Os sucessos anteriores tinham acontecido à beira do mar; agora Jesus sobe ao “monte”, que indica o lugar de sua comunhão com Deus: Um lugar no “alto”.

• A eleição dos discípulos é um sucesso de oração: São “engendrados” na oração, na familiaridade com o Pai. Assim, o chamado dos Doze tem um profundo sentido teológico: Sua escolha nasce do dialogo do Filho com o Pai.




quinta-feira, 20 de janeiro de 2022

Homília da QUINTA-FEIRA da 2° do tempo comum

 I. Introdução

Hoje, ainda temos recente o batismo de João nas águas do rio Jordão, deveríamos recordar a relevância do nosso próprio batismo. Todos fomos batizados num só Senhor, numa só fé, «num só Espirito para formar um só corpo» (1Cor 12,13). Eis aqui o ideal de unidade: formar um só corpo, ser em Cristo uma só coisa, para que o mundo acredite.

II. Comentário

No Evangelho de hoje vemos como «uma grande multidão da Galiléia» e também muita gente procedente de outros lugares (cf. Mc 3,7-8) se aproximam do Senhor. E Ele acolhe e procura o bem para todos, sem excepção. Devemos ter isso muito presente durante o octavário de oração pela unidade dos cristãos.

Apercebamo-nos como, no decorrer dos séculos, os cristãos nos dividimos em católicos, ortodoxos, anglicanos, luteranos, e um largo et cetera de confissões cristãs. Pecado histórico contra uma das notas essenciais da Igreja: a unidade.

Mas aterremos na nossa realidade eclesial de hoje. A da nossa diocese, a da nossa paroquia. A do nosso grupo cristão. Somos realmente uma só coisa? Realmente a nossa relação de unidade é motivo de conversão para os afastados da Igreja? «Que todos sejam um, para que o mundo acredite» (Jo 17,21), pede Jesus ao Pai. Este é o reto. Que os pagãos vejam como se relaciona um grupo de crentes que, congregados pelo Espirito Santo na Igreja de Cristo, têm um só coração e uma só alma (cf. Hb 4,32-34).

Recordemos que, como fruto da Eucaristia —em simultâneo com a união de cada um com Jesus— deve manifestar-se a unidade da Assembleia pois, alimentamo-nos do mesmo Pão para sermos um só corpo. Portanto, o que significam os sacramentos, e a graça que contêm, exige de nós gestos de comunhão para com os outros. A nossa conversão é à unidade trinitária (o qual é um dom que vem do alto) e a nossa tarefa santificadora não pode obviar os gestos de comunhão, de compreensão, de acolhimento e de perdão para com os demais.

III. Atualização

• «Este é o caminho pelo que chegamos à salvação: Jesus Cristo. Por Ele, podemos

elevar nossa mirada até o alto dos céus; por Ele, vemos como num espelho a face imaculado e excelso de Deus» (São Clemente Romano)

• «Sua pessoa [Jesus] não é outra coisa que amor. Os signos que realiza, sobretudo para os pecadores, para as pessoas pobres, excluídas, doentes e sofrentes levam consigo o distintivo da misericórdia» (Francisco)

• « Ao liberar algumas pessoas de males terrestres -fome, injustiça, doença, morte-, Jesus operou sinais messiânicos. Ele, no entanto, não veio para abolir todos os males da terra, mas para liberar os homens da mais grave das escravidões, a do pecado (Catecismo da Igreja Católica, n°549



quarta-feira, 19 de janeiro de 2022

Homília da Quarta-feira da 2° semana Comum

I. Introdução

Hoje, Jesus ensina-nos que há de obrar o bem o tempo todo: não há um tempo para fazer o bem e outro para descuidar o amor aos demais. O amor que vem de Deus conduz-nos à Lei suprema que deixou-nos Jesus no novo mandamento: Amai-vos uns aos outros. Como eu vos amei» Jesus não derroga nem critica a Lei de Moisés, já que Ele mesmo cumpre seus preceitos e acode à sinagoga o sábado; o que Jesus critica é a interpretação estreita da Lei que fizeram os mestres e os fariseus, uma interpretação que deixa pouco lugar à misericórdia.

II. Comentário

Jesus Cristo veio proclamar o Evangelho da salvação, mas seus adversários, longe de deixar-se persuadir, procuram pretextos contra Ele; «Outra vez, Jesus entrou na sinagoga, e lá estava um homem com a mão seca.

Eles observavam se o curaria num dia de sábado, a fim de acusá-lo» (Mc 3,1). Ao mesmo tempo que vemos a ação da graça, constatamos a dureza do coração de uns homens orgulhosos que acreditam ter a verdade do seu lado. Experimentaram alegria os fariseus ao ver aquele pobre homem com a saúde restabelecida? Não, pelo contrário, obcecaram-se ainda mais, até o ponto de fazer acordos com o herodianos —seus inimigos naturais— para ver perder a Jesus, curiosa aliança!

Com sua ação, Jesus libera também o sábado das cadeias com as que o tinham amarrado os mestres da Lei e os fariseus e, lhe restituem seu verdadeiro sentido: dia de comunhão entre Deus e o homem, dia de liberação da escravidão, dia da salvação das forças do mal.

Santo Agostinho disse: «Quem tem a consciência em paz, está tranquilo e, essa mesma tranquilidade é o sábado do coração». Em Jesus Cristo, o sábado abre-se já o dom do domingo.

III. Atualização

• «Porque a verdade é que n ́Ele, que tinha verdadeiro corpo e verdadeira alma de homem, essa afeição [entristecido] não era falsa. Por isso diz-se a verdade quando se afirma que Ele se indignou com ira perante a dureza de coração dos judeus» (Santo Agostinho)

• «Outro motivo pelo qual se endurece o coração é o fechar-se sobre si mesmo; construir um mundo sobre si próprio. Estes “narcisistas religiosos”, que têm o coração duro, procuram defender-se com os muros que constroem ao seu redor» (Francisco)

• «O Evangelho relata numerosos incidentes em que Jesus é acusado de violar a lei do sábado. Mas Jesus nunca viola a santidade deste dia (cf. Mc 1,21; Jn 9,16). É com autoridade que Ele dá a sua interpretação autêntica desta lei: «O sábado foi feito para o homem e não o homem para o sábado» (Mc 2, 27) (...)» (Catecismo da Igreja Católica, no 2.173)



terça-feira, 18 de janeiro de 2022

Homília da TERÇA-FEIRA da 2a SEMANA COMUM.

I. Introdução

Que toda a terra se prostre diante de vós, ó Deus, e cante louvores ao vosso nome, Deus altíssimo! (Sl 65,4)

Os caminhos de Deus não são os caminhos humanos, pois “o homem vê as aparências, mas o Senhor olha o coração”. Aprendamos a enxergar para além da superfície, honrando cada dia como tempo oportuno de dignificar a vida.

II. Comentário

A guarda do sábado era um ponto fundamental na piedade judaica. A tradição rabínica, porém, interpretou esta tradição de maneira tão severa a ponto de transformar o descanso sabático num verdadeiro tormento. Era preciso manter-se muito atento para não fazer, naquele dia, atividades proibidas.

A prática de Jesus foi na contramão da mentalidade em voga. Ele se mostrou perfeitamente livre diante do repouso sabático. Para Jesus, o sábado não se definia por um rosário de não se pode fazer ou é proibido fazer. O tempo sagrado não eximia ninguém de fazer a vontade do Pai. Por isso, mesmo em dia de sábado, ele atuava normalmente quando se tratava de fazer o bem ou quando a vida humana corria perigo.

O sábado, no horizonte de Jesus, estava em função do ser humano, para quem ele foi instituído. É tempo de repousar e recuperar as forças, tempo de celebrar e louvar a Deus com a comunidade, tempo de cessar o trabalho para conviver. Segundo este princípio, nada existe de inconveniente providenciar o alimento em dia de sábado, mesmo contrariando as normas em vigor. Se, num dia de sábado, colhe-se espigas para comer e matar a fome, embora seja proibido fazer colheita, não importa. Loucura seria morrer de fome, tendo o alimento à mão, só para cumprir a lei. Jesus não pactua com tal estreiteza.

III.

• •

Atualização

Os fariseus questionam Jesus porque seus discípulos colhem espigas para matar a fome. O questionamento ocorre não porque os discípulos estão saqueando o campo alheio, mas porque fazem isso em dia de sábado.

O sábado era e continua muito importante para os judeus, comparado ao nosso domingo: dia de repouso, de encontro com a comunidade e de convivência familiar.

O Mestre justifica a atitude de seus discípulos com um exemplo tirado da própria Escritura. Ao dizer: “o sábado foi feito por causa do homem”, mostra claramente que as leis devem estar a serviço da vida das pessoas, e não as tornar escravas da lei.

O próprio Mestre atuava, mesmo em dia de sábado, quando se tratava de fazer o bem ou quando a vida estava em perigo. A vida está acima de qualquer lei. Com seu ensinamento, Jesus prega também a libertação da servidão religiosa..




segunda-feira, 17 de janeiro de 2022

Homília da segunda-feira da 2° do tempo comum

 I. Introdução

Hoje, vemos como os judeus, além do jejum prescrito para o Dia da Expiação (cf. Lev 16,29-34), observavam muitos outros jejuns, tanto públicos como privados. Eram expressão de dor, de penitência, de purificação, de preparação para uma festa ou uma missão, de pedido a Deus de uma graça, etc.

II. Comentário

Os judeus piedosos consideravam o jejum como um ato próprio da virtude da religião e algo muito grato a Deus: aquele que jejua dirige-se a Deus em atitude de humildade, pede-lhe perdão, privando-se de algo que, causando-lhe satisfação, o iria afastar dele.

O fato de Jesus não incutir esta prática nos seus discípulos e naqueles que O escutavam, surpreende os discípulos de João e os fariseus. Pensam que se trata de uma omissão importante nos Seus ensinamentos. E Jesus dá-lhes uma razão fundamental: « Podem por acaso os convidados do casamento jejuar enquanto o noivo está com eles?» (Mc 2,19). Segundo a interpretação dos profetas de Israel, o esposo é o próprio Deus, e é manifestação do amor de Deus pelos homens (Israel é a esposa, nem sempre fiel, objeto do amor fiel do esposo, Yahvéh). Ou seja, Jesus equipara-se a Yahvéh. Declara aqui a sua divindade: chama aos seus amigos «os amigos do esposo», os que estão com Ele, e então não precisam de jejuar porque não estão separados dele.

A Igreja permaneceu fiel a este ensinamento que, vindo dos profetas e sendo até uma prática natural e espontânea em muitas religiões, é confirmado por Jesus Cristo, que lhe dá um sentido novo: jejua no deserto como preparação para a Sua vida pública, diz-nos que a oração se fortalece com o jejum, etc.

Entre aqueles que escutavam o Senhor, a maioria seria constituída por pobres, que saberiam de remendos em roupas; haveria vindimadores que saberiam o que acontece quando o vinho novo se deita em odres velhos. Jesus recorda-lhes que têm de receber a Sua mensagem com espírito novo, que rompa o conformismo e a rotina das almas envelhecidas, que o que Ele propõe não é mais uma interpretação da Lei, mas uma vida nova.

III. Atualização

• «A devoção deve ser exercida de várias maneiras. Além disso, a devoção deve ser

praticada de maneira adaptada às forças, aos negócios e às ocupações particulares de cada um» (São Francisco de Sales)

• «A Palavra de Deus é viva, é livre. O Evangelho é novidade. A revelação é novidade. Jesus é muito claro: vinho novo em odres novos. Deus deve ser recebido com esta abertura à novidade. E esta atitude chama-se docilidade» (Francisco)

• «Para ser autêntico, o sacrifício exterior deve ser expressão do sacrifício espiritual (...). Os profetas da Antiga Aliança denunciaram muitas vezes os sacrifícios feitos sem participação interior ou sem ligação com o amor do próximo. Jesus recorda a palavra


do profeta Oseias: ‘Eu quero misericórdia e não sacrifício’ (Mt 9, 13; 12, 7)» (Catecismo da Igreja Católica, no 2.100)




domingo, 16 de janeiro de 2022

Homília do II Domingo do Tempo Comum

 I. Introdução

Hoje, contemplamos os efeitos salutares da presença de Jesus e de Maria, Sua Mãe, no centro dos acontecimentos humanos, como no episódio que nos ocupa: «Naquele tempo, houve um casamento em Caná da Galileia, e a mãe de Jesus estava lá. Também Jesus e seus discípulos foram convidados para o casamento» (Jo 2,1-2).

II. Comentário

Jesus e Maria, com intensidade diferente, tornam Deus presente em qualquer lugar onde estejam e, onde está Deus, aí há amor, graça e milagre. Deus é o bem, a verdade, a beleza, a abundância. Quando o sol difunde os seus raios no horizonte, a terra ilumina-se e recebe calor, e toda a vida trabalha para produzir os seus frutos. Quando deixamos que Deus se aproxime, o bem, a paz e a felicidade crescem manifestamente nos corações, até então talvez frios ou adormecidos.

A mediação escolhida por Deus para se fazer presente no meio dos homens e se comunicar profundamente com eles, é Jesus Cristo. A obra de Deus chega ao coração do mundo através da humanidade de Jesus e, depois, através da presença de Maria. Os noivos de Caná pouco sabiam sobre aqueles convidados para a sua boda. O convite correspondia provavelmente a alguma relação de amizade ou parentesco. Naquela altura, Jesus ainda não tinha feito nenhum milagre e desconhecia-se a sua importância.

Aceitou o convite porque é a favor das relações humanas importantes e sinceras e se sentiu atraído pela honestidade e boa disposição daquela família. Por isso, estava presente naquela celebração familiar. «Este início dos sinais, Jesus o realizou em Caná da Galileia» Jo 2,11) e ali o Messias «abriu o coração dos discípulos à fé graças à intervenção de Maria, a primeira crente» (João Paulo II).

Aproximemo-nos também da humanidade de Jesus, tratando de conhecer e amar, mais e de modo progressivo, a Sua trajetória humana, escutando a Sua palavra, crescendo em fé e confiança, até ver nele o rosto do Pai.

III.

• •

Atualização

Hoje compreendemos também a segunda frase da resposta de Jesus: “Ainda não chegou a minha hora”. Jesus jamais age exclusivamente sozinho. Ele age sempre a partir do Pai, e é precisamente isto que O une a Maria.

Foi ali, nesta unidade de vontade com o Pai, que Ela quis inserir também o seu pedido. Por isso, depois da resposta de Jesus, que parece rejeitar o pedido, surpreendentemente e com simplicidade Ela pode dizer aos servos: “Fazei tudo o que Ele vos disser” (Jo 2,5). Assim, também a necessidade do momento é resolvida de modo verdadeiramente divino, e o pedido inicial é ultrapassado amplamente.

A sua “hora” é a Cruz; a sua hora definitiva será o seu retorno no final dos tempos. Ele antecipa de forma incessante esta hora definitiva, também precisamente na Eucaristia, onde se manifesta sempre já neste momento. E sempre de novo, fá-lo por intercessão da sua Mãe, por intercessão da Igreja, que O invoca nas preces eucarísticas: “Vem, Senhor Jesus!”.




sábado, 15 de janeiro de 2022

Homília do SÁBADO da 1° semana do tempo comum

I. Introdução

Por meio do profeta, Deus escolhe um rei, ao qual confia a missão de libertar o povo. Os que assumem funções de governo, bem como os chamados para seguir o Senhor, têm responsabilidades com a vida digna para todos.

II. Comentário

Jesus dirige-se à beira-mar, símbolo de abertura ao mundo pagão, e ensina à multidão que se aglomera em volta dele. Nessas andanças, o Mestre convida Levi (Mateus) para fazer parte do seu grupo. Por ser cobrador de impostos, Levi não é bem-visto pela instituição religiosa judaica.

Em seguida, Jesus partilha o banquete com cobradores de impostos e pecadores, revelando com isso o sentido de sua missão: todos são chamados a participar do banquete no seu Reino. Apesar da crítica dos doutores da Lei, Jesus se relaciona e faz refeição com pecadores, doentes e marginalizados.

São esses que mais precisam da intervenção salvífica do Filho de Deus. Com suas atitudes, Jesus revela um Deus misericordioso e próximo de cada pessoa, principalmente dos doentes e dos desprezados pela sociedade. Não veio para os justos, mas para os pecadores.

III. Atualização

• Jesus, na sua condição de Mestre, realizou gestos inusitados que escandalizavam

determinados grupos de seu tempo. Entre eles, estavam os mestres da Lei (escribas) que gozavam de grande prestígio e admiração por parte do povo. Este prestígio, de certa forma, os distanciava da massa. Sendo especialistas na interpretação da Lei, pretendiam, juntamente com os fariseus, ser estritos no seu cumprimento. Isso era para eles um ponto de honra! Um dos tópicos da Lei dizia respeito às impurezas que se podia contrair no contato com pessoas consideradas impuras. Tais pessoas, por isso, deveriam ser vítimas da marginalização.

• O caminho do Mestre-Jesus seguiu na direção oposta. Ele se fez solidário com marginalizados de seu tempo – cobradores de impostos e pecadores – não temendo contrair impureza. Sua presença, pelo contrário, era fator de purificação. Jesus estava imune do contágio e a impureza deles não o podiam atingir.

• O Mestre-Jesus não se priva da amizade dos excluídos, não se furtando a sentar-se à mesa com eles, para partilhar uma refeição, símbolo de comunhão sincera. Essa eventualidade o fez compreender o sentido de sua missão de enviado: os destinatários privilegiados de seu amor e de sua ação misericordiosa não eram aqueles já inseridos na comunidade religiosa e social. E, sim, aqueles colocados à margem do sistema por qualquer razão que seja.