quarta-feira, 8 de setembro de 2021

Homília da Natividade de Nossa Senhora


 

I. INTRODUÇÃO

Hoje, a genealogia de Jesus, o Salvador que tinha que vir e, nascer de Maria, nos mostra como a obra de Deus está entrelaçada na história humana, e como Deus atua no segredo e no silêncio de cada dia. 

Ao mesmo tempo, vemos sua seriedade em cumprir suas promessas. Inclusive Rut e Rahab (Mt 1,5), estrangeiras convertidas à fé no único Deus (e Rahab era uma prostituta!), são antepassados do Salvador.

II. COMENTÁRIO

O Espírito Santo, que havia de realizar em Maria a encarnação do Filho, penetrou, pois em nossa história desde muito longe, desde muito cedo e, traçou um rumo até chegar a Maria de Nazaré e, através dela, a seu filho Jesus. «Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho, e ele será chamado Emanuel» (Mt 1,23). 

Quão espiritualmente delicadas deviam ser as entranhas de Maria, seu coração e sua vontade, ao ponto de atrair a atenção do Pai e a convertê-la em mãe do Deus-com-os-homens! Ele que tinha que levar a luz e a graça sobrenaturais para a salvação de todos. Tudo, nesta obra, nos leva a contemplar, admirar e adorar, na oração, a grandeza, a generosidade e a simplicidade da ação divina, que enaltece e resgatará nossa estirpe humana implicando-se de una maneira pessoal.

III. ATUALIZAÇÃO
• No Evangelho de hoje, vemos como foi notificado a Maria que traria a Deus, o Salvador do Povo. E pensemos que esta mulher, virgem e mãe de Jesus, tinha que ser ao mesmo tempo, nossa mãe.
• especial escolha de Maria —«bendita entre todas as mulheres» (Lc 1,42) — faz com que nos admiremos da ternura de Deus, na maneira de proceder; porque não nos redimiu —por assim dizer— à distância, e sim se vinculando pessoalmente com nossa família e nossa história. 
• Quem podia imaginar que Deus ia ser tão grande, e ao mesmo tempo tão condescendente, aproximando-se intimamente a nós?

 

 



Pe. Edivânio José.

segunda-feira, 6 de setembro de 2021

HOMÍLIA DA 23ª SEMANA DO TEMPO COMUM


I. INTRODUÇÃO

Hoje Jesus nos dá exemplo de liberdade. Falamos muitíssimo dela nos nossos dias. Mas a diferença do que hoje se apregoa e até se vive como liberdade, a de Jesus, é uma liberdade totalmente associada e aderida à ação do Pai. 

Ele mesmo dirá: Vos garanto que o Filho do homem não pode fazer nada por si só e sim somente o que vê o Pai fazer; o que faz o Pai, faz o Filho (Jo 5,19). E o Pai só obra, só age por amor.

II. COMENTÁRIO

O amor não se impõe, mas faz agir, mobiliza devolvendo com amplidão a vida. Aquele mandato de Jesus: Levanta-te e fica aqui no meio (Lc 6,8); tem a força recriadora daquele que ama, e pela palavra age. Mas ainda, o outro: Estende tua mão, (Lc 6,10), que termina conseguindo o milagre, restabelece definitivamente a força e a vida daquele que estava débil e morto.

Salvar é arrancar da morte e, é a mesma palavra que se traduz por sanar. Jesus curando, salva o que havia de morto nesse pobre homem doente, e isso é um claro signo do amor de Deus Pai para com suas criaturas. 

Assim, na nova criação onde o Filho não faz outra coisa mais do que vê fazer ao Pai, a nova lei que imperará será a do amor que se põe em obra e, não a de um descanso que inativa, inclusive, para fazer o bem ao irmão necessitado.

III. ATUALIZAÇÃO
• Liberdade e amor conjugados é a chave para hoje. 
• Liberdade e amor conjugados à maneira de Jesus. 
• Aquilo de: ama e faz o que queiras, de Santo Agostinho tem hoje vigência plena, para aprender a configurar-se totalmente com Cristo Salvador.

Oração

Senhor Jesus, o ser humano é mesmo estranho! Como podem os fariseus ficar com raiva porque, em dia de sábado, fizeste o bem, curando a mão paralisada de um homem? Concede-nos, ó Mestre, sabedoria e abertura de coração para compreender teus ensinamentos e praticá-los. Amém.




 

Pe. EdivânioJosé.

domingo, 5 de setembro de 2021

Homília do 23º Domingo do Tempo Comum - Ano B.

I. INTRODUÇÃO

A liturgia do 23º Domingo do Tempo Comum fala-nos de um Deus comprometido com a vida e a felicidade do homem, continuamente apostado em renovar, em transformar, em recriar o homem, de modo a fazê-lo atingir a vida plena do Homem Novo.

II. COMENTÁRIO

1ª LEITURA Is 35,4-7a

Na primeira leitura, um profeta da época do exílio na Babilónia garante aos exilados, afogados na dor e no desespero, que Jahwéh está prestes a vir ao encontro do seu Povo para o libertar e para o conduzir à sua terra.

Nas imagens dos cegos que voltam a contemplar a luz, dos surdos que voltam a ouvir, dos coxos que saltarão como veados e dos mudos a cantar com alegria, o profeta representa essa vida nova, excessiva, abundante, transformadora, que Deus vai oferecer a Judá.

2ª LEITURA Tiago 2,1-5

A segunda leitura dirige-se àqueles que acolheram a proposta de Jesus e se comprometeram a segui-lo no caminho do amor, da partilha, da doação. 

Convida-os a não discriminar ou marginalizar qualquer irmão e a acolher com especial bondade os pequenos e os pobres.

EVANGELHO Mc 7,31-37

No Evangelho, Jesus, cumprindo o mandato que o Pai Lhe confiou, abre os ouvidos e solta a língua de um surdo-mudo.

No gesto de Jesus, revela-se esse Deus que não Se conforma quando o homem se fecha no egoísmo e na autossuficiência, rejeitando o amor, a partilha, a comunhão.

O encontro com Cristo leva o homem a sair do seu isolamento e a estabelecer laços familiares com Deus e com todos os irmãos, sem excepção.

III. ATUALIZAÇÃO
• A fraternidade, o amor, a misericórdia, a tolerância que Cristo nos propõe têm de informar cada passo da nossa existência.
• Derramar-se sobre aqueles que encontramos em cada instante, mesmo se são de outra raça, se têm outra cultura, se frequentam ambientes diversos.
• Se não concordam com as nossas ideias, se têm uma forma diferente de encarar a vida.

 



Pe. Edivânio José.

 

quinta-feira, 2 de setembro de 2021

HOMÍLIA DA QUINTA-FEIRA DA 22ª SEMANA DO TEMPO COMUM


 

I. INTRODUÇÃO

O discipulado constrói-se na obediência radical a Jesus e a seu projeto de Reino. Muitas vezes, esta obediência choca-se com a evidência dos fatos.

Ela comporta exigências que superam o horizonte de compreensão dos discípulos. Estes, porém, mesmo sem ver com clareza, deixam-se guiar pelo Mestre.

II. COMENTÁRIO

A vida do apóstolo Pedro está pontilhada de situações nas quais ele submeteu-se às ordens de Jesus, num gesto de humilde obediência. Deve ter-lhe custado lançar as redes, após uma noite de fadiga, sem nenhum resultado. 

Afinal, ele conhecia muito bem o mar da Galileia e não tinha dúvidas de que o tempo não era favorável para a pesca. A prova disto estava nos cestos vazios que tinham diante de si.

Pedro cedeu e lançou as redes unicamente por causa da palavra de Jesus. Resultado: apanharam uma tal quantidade de peixes, que as redes estavam para se romper. Com eles, encheram duas barcas, que por pouco não afundaram. 

III. ATUALIZAÇÃO
• A obediência reservou-lhe, pois, uma surpresa. O trabalho estéril resultou numa pesca abundante. 
• O sentimento de fracasso e frustração transformou-se num grande entusiasmo. A tristeza deu lugar à alegria.
• O fruto da obediência, portanto, não foi apenas obter o alimento, mas também reforçar a motivação de ser discípulo de Jesus.

 

Oração

Deus do universo, fonte de todo bem, derramai em nossos corações o vosso amor e estreitai os laços que nos unem convosco para alimentar em nós o que é bom e guardar com solicitude o que nos destes. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 



Pe. Edivânio José.


 

quarta-feira, 1 de setembro de 2021

HOMÍLIA DA Quarta-feira da 22ª semana do Tempo Comum

 

I. INTRODUÇÃO

Com o sacramento da “Unção de enfermos” a Igreja reza pelos enfermos e ajuda-os a unirem-se ao Senhor sofredor. O que cura o homem não é esquivar-se ao sofrimento, mas sim a capacidade de aceitar a tribulação e encontrar nela um sentido mediante a união com Cristo, que sofreu com amor infinito. Realmente, em cada pena humana entrou “Um” que comparte o padecimento e, desde aí, difunde-se em cada sofrimento o consolo de “tocar” o amor de Deus.

II. COMENTÁRIO

Hoje, comovido perante tanto sofrimento, Cristo deixa-se tocar pelos doentes e assume as suas dores. Deus como Deus— não pode padecer, mas como o homem tem um valor tão grande para Ele, fez-se Homem para “compadecer”. Assim, redimindo o homem mediante a dor, Jesus redimiu a própria dor (imprimiu-lhe um novo sentido): agora o homem pode unir os seus sofrimentos à dor salvadora de Cristo-Redentor.

Hoje, contemplamos Jesus Cristo a curar todos os enfermos que se dirigiam a Ele, ou que lhe apresentavam. As duas coisas! Vamos a Ele e levemos a Ele.

Hoje, nos encontramos ante um claro contraste: as pessoas que procuram Jesus e Ele que cura toda “doença” (começando pela sogra de Simão Pedro); à vez, de muitas pessoas saíam demônios, gritando (Lc 4,41). Quer dizer: bem e paz, por um lado; mal e desespero, pelo outro.

III. ATUALIZAÇÃO
• Não é a primeira ocasião que aparece o demônio “saindo”, isto é, fugindo da presença de Deus entre gritos e exclamações. Lembremos também o endemoninhado de Gerasa (cf. Lc 8,26-39). 
• Surpreende que o próprio demônio “reconheça” a Jesus e que, como no caso daquele de Gerasa, é ele mesmo quem sai ao encontro de Jesus (isso sim, muito raivoso e incomodado porque a presença de Deus incomodava a sua vergonhosa tranquilidade).

Oração

Ó Jesus, Santo de Deus, despertas a admiração dos galileus porque, com autoridade, dás ordens aos espíritos maus, e eles te obedecem. As pessoas ficam libertadas, e o Reino de Deus se propaga. Queremos nos unir ao povo que te louva ao reconhecer teu poder divino e tua obra libertadora. Amém




 

Pe. Edivânio José.

terça-feira, 31 de agosto de 2021

HOMILIA DA TERÇA-FEIRA 22ª SEMANA COMUM

I. INTRODUÇÃO

Tende compaixão de mim, Senhor, clamo por vós o dia inteiro; Senhor, sois bom e clemente, cheio de misericórdia para aqueles que vos invocam (Sl 85,3.5).

A autoridade de Jesus reside no fato de ele viver o que fala e falar o que vive. Deus age por meio de nós à medida que lhe somos fiéis. Preparemo-nos para o dia do encontro definitivo com o Senhor, confiantes na salvação para a qual nos criou.

II. COMENTÁRIO

Coerente com seu programa missionário libertador, assumido na sinagoga de Nazaré, Jesus vai a campo. Como de praxe, ensina nas sinagogas. Fala com autoridade, de modo que as forças adversas (demônio impuro) lhe obedecem, e seus ouvintes ficam maravilhados. Com sua palavra eficaz, Jesus expulsa um espírito impuro, que percebe estar diante de uma força superior: “Eu sei quem tu és: o Santo de Deus”.

O espanto toma conta de todos, porque os espíritos impuros são submetidos às ordens de Jesus, dadas com autoridade e poder. Era inevitável que a fama de Jesus se espalhasse por toda parte. Mais tarde, ele investirá seus discípulos com este mesmo poder, isto é, o de libertar o povo da escravidão e de todas as amarras que o privam da vida plena que Deus quer para todos.

III. ATUALIZAÇÃO

O episódio ocorrido na sinagoga de Nazaré é um retrato do ministério de Jesus. Sua ação primaria pela sinceridade, sem se deixar levar por ambições nem se influenciar por preconceitos. Isto lhe valeria a admiração de uns, por suas palavras cheias de verdade, e o ódio de outros, revoltados por sua ousadia.

A leitura do texto do profeta Isaías serviu de pretexto para Jesus revelar a sua identidade e a sua missão. Era ele a pessoa anunciada pelo profeta, com a tarefa de concretizar o projeto confiado ao Ungido do Senhor. Caberia a ele implantar uma sociedade nova, sem pobres nem marginalizados, onde a dignidade humana fosse recuperada e a presença da graça do Senhor se fizesse sentir na vida de cada pessoa.

 

Oração

Ó Jesus, Santo de Deus, despertas a admiração dos galileus porque, com autoridade, dás ordens aos espíritos maus, e eles te obedecem. As pessoas ficam libertadas, e o Reino de Deus se propaga. Queremos nos unir ao povo que te louva ao reconhecer teu poder divino e tua obra libertadora. Amém.

 



Pe. Edivânio José.

segunda-feira, 30 de agosto de 2021

HOMÍLIA DA Segunda-feira da 22ª semana do Tempo Comum.

 

I. INTRODUÇÃO

Hoje, temos uma cena curiosa. Jesus está a pregar na sinagoga da sua terra. Todos O escutam com curiosidade. Jesus Cristo lê uma profecia de Isaías e diz que se cumpre n’Ele. Ficam admirados! Mas nem todos. Alguns metem-se com Ele dizendo que não vem de Deus. Há discussão e, por fim, querem atirá-Lo por um precipício.

II. COMENTÁRIO

Hoje, as palavras profeticamente anunciadas e concretamente cumpridas em Jesus Cristo segundo seu próprio testemunho falam-nos da necessidade da graça (ajuda) de Deus para o bem do homem. A Doutrina Social da Igreja cunhou o conceito de "bem comum", destacando-o como exigência moral para o desenvolvimento da humanidade.

Não há desenvolvimento pleno sem o bem espiritual e moral das pessoas, consideradas na sua totalidade de alma e corpo. Também, em uma sociedade em vias de globalização, o bem comum e o esforço por ele, devem abranger necessariamente a toda a família humana, quer dizer, à comunidade dos povos e nações, dando assim forma de unidade e de paz à “cidade do homem”, e fazendo-a em determinada medida uma antecipação que prefigura à cidade de Deus sem barreiras.

III. ATUALIZAÇÃO
• Todas as palavras do Evangelho possuem uma atualidade eterna. São eternas porque foram pronunciadas pelo Eterno e, são atuais porque Deus faz com que se cumpram em todos os tempos. 
• Quando escutamos a Palavra de Deus, temos que recebê-la não como um discurso humano, mas sim como uma Palavra que tem, sobre nós, poder de transformação. Deus não fala aos nossos ouvidos, mas ao nosso coração. Tudo o que diz está profundamente cheio de sentido e de amor.
• A Palavra de Deus é uma fonte inextinguível de vida: É mais o que perdemos do que o que captamos, tal como ocorre com os sedentos que bebem de uma fonte (Santo Efrém). Suas palavras saem do coração de Deus. E, desse coração, do seio da Trindade, veio Jesus a Palavra do Pai aos homens.

 



Pe. Edivânio Jos