quarta-feira, 28 de julho de 2021

Homília da Quarta-feira do Tempo Comum.


I. Introdução

Deus habita em seu templo santo, reúne seus filhos em sua casa; é ele que dá força e poder a seu povo (Sl 67,6s.36).

A íntima comunicação com Deus – simbolizada pela luz que resplandece no rosto de Moisés – é tesouro que nos cabe dia a dia buscar. Celebremos com alegria a Eucaristia, que ilumina e impulsiona nossa vida.

II. Comentário

Quanta coisa o discípulo deixa de lado quando abraça o Reino! O eventual sentimento de perda – por ter que abrir mão de coisas às quais se tinha apegado é superado quando descobre o valor infinito do Reino de Deus.

O Reino e Deus não são duas entidades distintas. São uma só e mesma coisa. O Reino é Deus atuando na história humana com o fito de resgatá-la do pecado. É o Criador buscando libertar a criatura humana de tudo quanto a oprime e a mantém escravizada. 

É o Senhor de todas as coisas que recupera o senhorio absoluto sobre cada ser humano e sobre a História, instaurando o regime do perdão e da graça. É o triunfo da misericórdia, da solidariedade, da partilha, da fraternidade, da justiça!

Existem elementos claramente incompatíveis com o Reino. O discípulo desde logo reconhece ser impossível combiná-los com a sua opção, e percebe a importância de deixá-los de lado. Entretanto, existem bens que não são incompatíveis com o Reino. No entanto, em determinado momento, o discípulo descobre tratar-se de bens menores que devem ser substituídos por um bem maior.

III. Atualização
• Os personagens da parábola são um exemplo de esperteza: chegam a uma decisão rápida e inteligente. Assim deve agir o discípulo quando se defronta com o Reino e descobre seu valor infinito: "vender tudo quanto possui" para adquiri-lo.
• Duas comparações aplicadas ao Reino dos céus. Em ambas se destacam uma descoberta muito valiosa (tesouro e pérola) e a venda de todas as posses com vista a comprar o bem maior recém-encontrado. Assim é o Reino dos céus: uma realidade de suma importância. 
• Não basta, porém, tomar conhecimento de sua preciosidade; é necessário largar os bens materiais, a fim de entregar-se totalmente à nova descoberta. Jesus quer nos enriquecer de bens superiores, por isso pede que renunciemos aos bens inferiores.




 

 

Pe. Edivânio José.

terça-feira, 27 de julho de 2021

Homília da Terça-feira da 17ª semana do Tempo Comum

I. Introdução

Colheremos o que houvermos semeado. Devemos lutar para dar 100% hoje. Para que quando Deus nos chame a sua presença Lhe apresentemos as mãos cheias: de atos de fé, de esperança, de amor.

Que se concretizam em coisas muito pequenas e em pequenos vencimentos que, vividos diariamente, nos fazem mais cristãos, mais santos, mais humanos.

 

II. ComentárioEvangelho (Mt 13,36-43)

Hoje, com a parábola do joio e do trigo, a Igreja nos convida a meditar sobre a convivência do bem e do mal. O bem e o mal dentro do nosso coração; o bem e o mal que vemos em outros, que vemos existir neste mundo.

Explica-nos a parábola (Mt 13,36), pedem os discípulos a Jesus. E nós, hoje, podemos fazer o propósito de ter mais cuidado com a nossa oração pessoal, com o nosso trato cotidiano com Deus. 

Senhor, podemos dizer-lhe, explique-me por que não avanço suficientemente em minha vida interior. Explique-me como posso lhe ser mais fiel, como posso buscar-lhe em meu trabalho, ou através dessa circunstância que não entendo, ou não quero. 

Como posso ser um apóstolo qualificado. A oração é isso, pedir explicações a Deus. Como é minha oração? É sincera? É constante? É confiante?

 

III. Atualização
• Jesus Cristo nos convida a ter os olhos fixos no céu, nossa morada eterna. Frequentemente, vivemos enlouquecidos pela pressa, e quase nunca nos detemos para pensar que um dia próximo ou não, não o sabemos deveremos prestar contas a Deus de nossa vida, de como temos feito frutificar as qualidades que Ele nos tem dado. 
• E o Senhor nos diz que no fim dos tempos haverá uma triagem. Devemos ganhar o Céu na terra, no dia-a-dia, sem esperar situações que possivelmente nunca virão. Devemos viver heroicamente o que é ordinário, o que aparentemente não possui nenhuma transcendência. 
• Viver pensando na eternidade e ajudar os outros a pensar nela! paradoxalmente, esforça-se para não morrer o homem que há de morrer; e não se esforça para não pecar o homem que há de viver eternamente (São João de Toledo).

 




Pe. Edivânio José

segunda-feira, 26 de julho de 2021

Homília da Festa SÃO JOAQUIM E SANTA ANA--PAIS DE MARIA.

I. Introdução


Festejamos Santa Ana e São Joaquim, pais da Virgem Maria: Deus lhes concedeu a bênção prometida a todos os povos.

Joaquim e Ana são os pais de Maria e avós de Jesus. Sant’Ana é cultuada no Oriente desde o século 6º e, no Ocidente, a partir do século 10º. São Joaquim, por sua vez, recebe veneração dos fiéis desde o século 14. Valorizemos com atenções e afeto todos os avós de nossa sociedade.

 

II. Comentário -- Evangelho: Mateus 13,16-17

Nada encontramos escrito na Bíblia a respeito dos pais de Maria. A tradição, com base no Protoevangelho de Tiago (século II) é que nos oferece seus nomes: Joaquim, que significa “Deus concede”, e Ana, que significa “graça”. 

No Oriente, o culto a São Joaquim e Sant’Ana começou bem cedo, ao lado do culto à filha deles, Maria, a Mãe de Jesus. 

No Ocidente, só mais tarde, no século XVI, espalhou-se a devoção aos avós maternos de Jesus. “Vocês os reconhecerão pelos frutos deles”, dizia Jesus (Mt 7,20). Ora, o fruto de Joaquim e Ana é Maria, a “bendita entre as mulheres” (Lc 1,42).

A ela todas as gerações “chamarão de bem-aventurada” (Lc 1,48). Bem-aventurados são também seus pais, que a introduziram no caminho da fé de Abraão e a prepararam para ser a Mãe do Salvador, Jesus Cristo.

 

III. Atualização

 

• Jesus teve motivos para escolher o método parabólico como meio de comunicar os mistérios do Reino. As parábolas exigiam, por parte dos ouvintes, uma grande capacidade de entrar em comunhão com Jesus, para poder captar-lhe a mensagem.
• Caso contrário, não se ia muito além da materialidade das palavras. E a parábola não passava de uma historinha meio sem graça, por falar de coisas evidentes. 
• A mensagem das parábolas estava escondida atrás das palavras e só era captada por quem fosse capaz de buscar seu sentido oculto. Por outro lado, a linguagem das parábolas era simples, mas exigia interpretação por parte dos ouvintes.


Pe. Edivânio José.

domingo, 25 de julho de 2021

Homília do 17º Domingo do Tempo Comum - Ano B

I. Introdução


A liturgia do 17º domingo Comum dá-nos conta da preocupação de Deus em saciar a "fome" de vida dos homens. De forma especial, as leituras deste domingo dizem-nos que Deus conta conosco para repartir o seu "pão" com todos aqueles que têm "fome" de amor, de liberdade, de justiça, de paz, de esperança.

Aos discípulos (aqueles que vão continuar até ao fim dos tempos a mesma missão que o Pai lhe confiou), Jesus convida a despirem a lógica do egoísmo e a assumirem uma lógica de partilha, concretizada no serviço simples e humilde em benefício dos irmãos. É esta lógica que permite passar da escravidão à liberdade; é esta lógica que fará nascer um mundo novo.

 

II. Comentários

 

1. I. Leitura: 2 Re 4,42-44

Na primeira leitura, o profeta Eliseu, ao partilhar o pão que lhe foi oferecido com as pessoas que o rodeiam, testemunha a vontade de Deus em saciar a "fome" do mundo; e sugere que Deus vem ao encontro dos necessitados através dos gestos de partilha e de generosidade para com os irmãos que os "profetas" são convidados a realizar.

Estamos, aqui, diante de uma sucessão de gestos que revelam generosidade e vontade de partilhar: do homem que leva os dons ao profeta e do profeta que não os guarda para si, mas os manda partilhar com as pessoas que o rodeiam. A descrição de uma milagrosa multiplicação de pães de cevada e de grãos de trigo sugere que, quando o homem é capaz de sair do seu egoísmo e tem disponibilidade para partilhar os dons recebidos de Deus, esses dons chegam para todos e ainda sobram.

 

2. II. Leitura: Ef 4,1-6

Na segunda leitura, Paulo lembra aos crentes algumas exigências da vida cristã. Recomenda-lhes, especialmente, a humildade, a mansidão e a paciência: são atitudes que não se coadunam com esquemas de egoísmo, de orgulho, de autossuficiência, de preconceito em relação aos irmãos.

A condição de prisioneiro por causa de Jesus e do Evangelho dá um peso especial às recomendações do apóstolo: são as palavras de alguém que leva tão a sério a proposta de Jesus, que é capaz de sofrer e de arriscar a vida por ela. Na perspectiva de Paulo, a vida nova exige, em primeiro lugar, que os crentes vivam unidos em Cristo.

3. Evangelho: Jo 6,1-15

O Evangelho repete o mesmo tema. Jesus, o Deus que veio ao encontro dos homens, dá conta da "fome" da multidão que O segue e propõe-Se libertá-la da sua situação de miséria e necessidade. 

No capítulo 6 - que hoje começamos a ler - João apresenta Jesus como o Pão que sacia a sede de vida que o homem sente. O episódio hoje narrado é geograficamente situado "na outra margem" do Lago de Tiberíades (no capítulo anterior, Jesus estava em Jerusalém, no centro da instituição judaica; agora, sem transição, aparece na Galileia, a atravessar o "mar" para o outro lado). 

Em termos cronológicos, João nota que estava perto a Páscoa, a festa mais importante do calendário religioso judaico, que celebrava a libertação do Povo de Deus da opressão do Egito.

A multidão segue Jesus, pois quer ver os sinais que Ele faz e que representam a libertação do homem da sua debilidade e fragilidade. É um Povo marcado pela opressão, que quer experimentar a libertação. Já perceberam que só Jesus, o libertador, conseguirá ajudá-los a superar a sua condição de miséria e de escravidão.

 

III. Atualização

 

• Estava próxima a Páscoa. Celebrar a Páscoa era atualizar, por meio de ritos e palavras, o acontecimento mais significativo para o povo de Deus: a saída da escravidão do Egito (Êxodo). 
• Era a festa da libertação. Ora, é nesse contexto que Jesus sacia a multidão faminta. Serve-se do que o povo traz consigo, cinco pães e dois peixinhos (7 é símbolo de totalidade), bendiz a Deus pelos bens da criação e distribui o alimento, de tal modo que todos ficam satisfeitos e ainda sobra muito, que é recolhido. 
• Não se deve desperdiçar o dom de Deus. Jesus é o grande libertador da fome da humanidade (fome material e fome espiritual). Usa o expediente da partilha do alimento entre todos. Mais tarde, ao instituir a eucaristia, Jesus entregará sua própria vida “para a vida do mundo”.

 


Pe. Edivânio José.

sábado, 24 de julho de 2021

Homília do Sábado XVI do Tempo Comum

I. Introdução

Vigiemos para que o maligno não se introduza em nossas vidas, coisa que ocorre quando nos acomodamos ao mundo. Dizia Santa Ângela da Cruz que não devemos dar ouvidos às vozes do mundo, de que em todos os lugares se faz isto ou aquilo.

Nós sempre fazemos o mesmo, sem inventar variações, e seguindo a maneira de fazer as coisas, que são um tesouro escondido; são as que nos abrirão as portas do céu. Que a Santíssima Virgem Maria nos conceda acomodar-nos somente ao amor. 

II. Comentário

Uma realidade ambígua e medíocre, mas nela cresce o Reino. Trata-se de sentir-nos chamados a descobrir os sinais do Reino de Deus para potencializá-lo. E, por outro lado, não favorecer nada que ajude a contentar-nos na mediocridade. No entanto, o fato de viver em uma mescla de bem e de mal não deve impedir o progresso em nossa vida espiritual; o contrário seria converter nosso trigo em intriga. 

Senhor, não semeaste boa semente no teu campo? Donde veio então o joio? (Mt 13,27). É impossível crescer de outro modo, nem podemos procurar o Reino em nenhum outro lugar, senão nesta sociedade em que vivemos. Nossa tarefa será fazer com que nasça o Reino de Deus.

Consideramos uma parábola como uma ocasião para referir-nos à vida da comunidade onde se misturam, continuamente, o bem e o mal, o Evangelho e o pecado. A atitude lógica seria acabar com esta situação, tal como o pretendem os servos: O dono respondeu: ‘Foi algum inimigo que fez isso’. 

Os servos perguntaram ao dono: ‘Queres que vamos retirar o joio? (Mt 13,28). Mas a paciência de Deus é infinita, espera até o último momento como um pai bom a possibilidade de mudança: Deixai crescer um e outro até a colheita (Mt 13,30).

III. Atualização
• O Evangelho nos chama a não acreditar nos “puros”, a superar os aspectos de puritanismo e de intolerância que possam existir na comunidade cristã. 
• Facilmente ocorrem atitudes deste tipo em todas as coletividades, por mais sadias que tentem ser. 
• Em frente a um ideal, temos todos a tentação de pensar que alguns já o alcançamos e que outros estão longe. Jesus constata que todos estamos no caminho, absolutamente todos.


 

Pe. Edivânio José.

 

sexta-feira, 23 de julho de 2021

Homília da Sexta-feira da 16ª semana do Tempo Comum

 I. Introdução

A fé sem caridade não dá fruto, e a caridade sem fé seria um sentimento constantemente à mercê da dúvida. A fé e o amor precisam-se mutuamente de jeito que uma permite à outra seguir o seu caminho. 

Com palavras fortes que sempre concerne aos cristãos, o apóstolo São Tiago diz Se não se traduz em ações [a fé] por si só está mortaMostra-me a tua fé sem as ações, que eu te mostrarei a minha fé a partir de minhas ações (Tg 2,17-18).

 

II. Comentário

Hoje, a “Parábola do semeador” é uma advertência que não devemos esquecer, e um constante convite a responder com frutos ao amor com que Ele cuida de nós. A fé permite-nos reconhecer a Cristo no próximo, e Seu próprio Amor nos impulsa a transformar a Palavra recebida em vida entregada.

Hoje, contemplamos a Deus como um lavrador bom e magnânimo, que semeia com as mãos cheias. Não poupou nada para a redenção do homem, mas gastou tudo em seu próprio Filho, Jesus Cristo, que como grão enterrado (morte e sepultamento) converteu-se em nossa vida e ressurreição graças à sua santa Ressurreição.

Hoje Jesus explica a “Parábola do semeador”. Caminho, pedregal, obstáculos, terra boa semcomentários. Você mesmo! Onde você se localiza?

 

III. Atualização
• O cultivo de Deus que nasce e cresce assim na terra é um fato visível em seus efeitos; podemos vê-los nos milagres autênticos e nos exemplos clamorosos de santidade de vida. Há muita gente que depois de haver escutado todas as palavras e o ruído deste mundo, tem fome e sede de ouvir a autêntica Palavra de Deus, ali onde ela se encontra viva e encarnada. 
• Há milhões de pessoas que vivem a sua pertença a Jesus Cristo e à Igreja com o mesmo entusiasmo inicial do Evangelho, pois a palavra divina encontra a terra onde germinar e dar fruto (São Agostinho); o que temos que fazer é levantar a nossa moral e olhar o futuro com olhos de fé.



 

Pe. Edivânio José.

quinta-feira, 22 de julho de 2021

Homília da Quinta-feira do 16º Tempo Comum.

I. Introdução

O Ressuscitado dá-nos a certeza de que o bem triunfa sempre sobre o mal, que a vida vence sempre a morte e que o nosso fim não é descer cada vez mais, de tristeza em tristeza, mas subir às alturas. O Ressuscitado é a confirmação de que Jesus tem razão em tudo: em prometer-nos vida para além da morte e perdão para além dos pecados. 

Os discípulos duvidaram, não acreditaram. A primeira que acreditou e viu foi Maria Madalena, a apóstola da ressurreição, que foi dizer-lhes que tinha visto Jesus, que a tinha chamado pelo nome. 

 

II. Comentário

Maria de Magdala é a mulher que seguiu constantemente Jesus desde a Galileia até a Judeia. Presente aos pés da cruz e diligente no sepultamento de Jesus, foi a primeira a encontrar-se com o Ressuscitado e também a primeira missionária a anunciar a Boa-Nova aos apóstolos (v. 17). 

Maria Madalena é mencionada no grupo de mulheres que “serviam Jesus com os bens que possuíam” (Lc 8,3). Ali se diz que dela foram expulsos “sete demônios”, expressão que acabou dando margem para variadas interpretações, algumas sem cabimento. Houve época em que Maria Madalena foi identificada com a pecadora pública (Lc 7,36) ou com a adúltera (Jo 8,1). Os textos bíblicos a ela referentes não afirmam isso.

A notícia do desaparecimento do corpo do Senhor deixou-a perplexa. Com isso, perdia um sinal seguro da presença do amigo querido, mesmo reduzido a um cadáver. Sem ele, não teria um lugar preciso ao qual se dirigir quando quisesse prantear a perda irreparável do amigo.

 

III. Atualização
• A cena comovente do encontro de Maria de Mágdala com Jesus evidencia a mudança de relacionamento entre o discípulo e o Mestre, operada a partir da ressurreição. A nova condição de Jesus exigia um novo tipo de relacionamento.
• Maria expressou o carinho que nutria por Jesus nos vários detalhes de seu comportamento.
• Num primeiro momento, Maria pensou tratar-se de um jardineiro. Demonstrando uma admirável fortaleza de ânimo mostrou-se disposta a ir, sozinha, buscar o cadáver do Mestre para recolocá-lo no sepulcro. 



 

Pe. Edivânio José.