segunda-feira, 5 de julho de 2021

Homília da Segunda-feira da 14ª semana do Tempo Comum


I. Introdução

 

Perante o aparente ditado dos elementos do mundo (a morte inapelável, uma doença incurável) Jairo e a “hemorróissa” apresentam uma nova esperança: Jesus Cristo! Nesta cena inverte-se a concepção do mundo também hoje em auge que vê o divino nas forças cósmicas, mas não num Deus ao que se pode rezar.

A “última palavra” tem-na a razão, a vontade, o amor: uma Pessoa. E se conhecermos esta Pessoa, e ela a nós, então o poder inexorável dos elementos materiais já não é a última instância; já não somos escravos do universo e das suas leis, agora somos livres.

 

II. Comentário

 

Hoje, a Liturgia da Palavra nos convida a admirar duas magníficas manifestações de fé. Tão magníficas que comoveram o coração de Jesus Cristo e provocaram imediatamente a sua resposta. O Senhor não se deixa vencer em generosidade!

Minha filha faleceu agora mesmo; mas vem impor a mão sobre ela, e viverá (Mt 9,18). Quase poderíamos dizer que com uma fé consistente nós obrigamos a Deus. Ele gosta desta espécie de obrigação. O outro testemunho de fé do Evangelho de hoje também é impressionante: Se eu conseguir ao menos tocar no seu manto, ficarei curada (Mt9,21).

Poderíamos afirmar que Deus se deixa manipular de bom grado pela nossa boa-fé. O que Ele não admite é que O tentemos por desconfiança. Este foi o caso de Zacarias, que pediu uma prova ao Arcanjo Gabriel: Zacarias disse ao anjo: Como posso ter certeza disso? (Lc 1,18). O Arcanjo não cedeu à desconfiança de Zacarias e respondeu: Eu sou Gabriel, e estou sempre na presença de Deus (...). E agora, ficarás mudo, sem poder falar até o dia em que estas coisas acontecerem, já que não acreditaste nas minhas palavras, que se cumprirão no tempo certo (Lc 1,19-20). E assim aconteceu.

É Ele mesmo quem deseja “obrigar-se” conosco e deixar-se “prender” por nossa fé: Eu vos digo: pedi e vos será dado; procurai e encontrareis; batei e a porta vos será aberta (Lc 11,9). Ele é nosso Pai, e não quer negar nada do que convém aos seus filhos.Entretanto, é necessário que lhe manifestemos confiantemente os nossos pedidos. 

 

III. Atualização

 

• A confiança e a conaturalidade com Deus requerem intimidade: para confiar em alguém é preciso conhecê-lo, e para conhecê-lo é necessário conviver com ele. Assim, a fé faz brotar a oração, e a oração - enquanto brota - alcança a firmeza da fé (Santo Agostinho). Não nos esqueçamos do louvor que mereceu Santa Maria: Feliz aquela que acreditou, pois o que lhe foi dito da parte do Senhor será cumprido!(Lc 1,45).

 

• Vamos com Jesus a casa de Jairo, onde a sua filha está muito doente, em perigo de morte. Pelo caminho acontece algo extraordinário… A mulher que sofria um fluxo de sangue! A sua grande fé e confiança no Salvador ajudou-a a superar os obstáculos…



 

 

Pe. Edivânio José.

 

domingo, 4 de julho de 2021

Homília da Solenidade de São Pedro eSão Paulo, Apóstolos.


I. Introdução

A Igreja celebra estes dois santos em conjunto. Foram mestres da fé, cada um deles com uma missão apostólica muito importante. São Pedro (“Petrus”) é a “rocha” sobre a qual Jesus Cristo edifica a sua Igreja; São Paulo foi eleito para levar o nome de Jesus ao mundo dos gentios (os não judeus).

Ambos receberam de Deus um tratamento “especial”. A Simão, filho de Jonas, Jesus mudou-lhe o nome (não o fez com os outros), rezou expressamente para que a sua fé não desfalecesse, reiterou-o na sua missão de confirmar os seus irmãos na doutrina. 

Saulo de Tarso foi eleito quando perseguia os cristãos: apareceu-lhe o Senhor ressuscitado (uns 5 anos depois da Ascensão), apresentando-se-lhe como “Jesus, a quem tu persegues”. Viajou incansavelmente para pregar o cristianismo. Deram ambos a vida pela fé, morrendo mártires em Roma.

 

II. Comentários

 

1ª Leitura: Atos 12,1-11

 

Pelos anos 41-44 da nossa era, reinava na Judeia Herodes Agripa, que moveu uma perseguição contra a Igreja. Foi por essa ocasião que Pedro foi preso, durante a páscoa hebraica, e teria a mesma sorte de Jesus, se Deus não tivesse intervindo com um milagre (vv. 1-4): um anjo libertou Pedro da morte certa. 

Tal fato deixou os cristãos espantados e admirados com a benevolência de Deus. No evento foi importante a oração da Igreja, compenetrada da importância única da missão de Pedro. Mais tarde, também S. Paulo recuperará, de modo idêntico, a sua liberdade (At 16, 25-34).

 

2ª Leitura: 2 Timóteo 4,6-8.17-18

 

Este texto apresenta-nos o que podemos chamar o testamento de Paulo. O Apóstolo pressente próxima a sua morte e dá-nos a conhecer o seu estado de espírito: sente-se só e abandonado pelos irmãos, mas não vítima, porque a sua consciência está tranquila e o Senhor está com ele. Guardou a fé e cumpriu a sua vocação missionária com fidelidade. 

Compara-se à libação derramada sobre as vítimas nos sacrifícios antigos. Quer morrer como viveu, isto é, como verdadeiro lutador, uma vez que se entregou a Deus e aos irmãos. A vitória é certa! As suas palavras são já um cântico de vitória, porque está próximo o seu encontro com Cristo Ressuscitado.

 

3ª Evangelho: Mateus 16,13-19

 

Hoje, celebramos a solenidade de São Pedro e São Paulo, que foram fundamentos da Igreja primitiva e, portanto, da nossa fé cristã. Apóstolos do Senhor, testemunhas da primeira hora, viveram aqueles momentos iniciais de expansão da Igreja e selaram com o seu sangue a fidelidade a Jesus. Oxalá nós, cristãos do séc. XXI, saibamos ser testemunhas credíveis do amor de Deus no meio dos homens, tal como o foram estes dois Apóstolos e como têm sido tantos e tantos dos nossos conterrâneos.

Numa das suas primeiras intervenções, o Papa Francisco, dirigindo-se aos cardeais, disse-lhes que temos de caminhar, edificar e confessar. Ou seja, temos de avançar no nosso caminho da vida, edificando a Igreja e confessando o Senhor. O Papa advertiu: Podemos caminhar tanto quanto quisermos, podemos edificar muitas coisas, mas se não confessamos Jesus Cristo, alguma coisa não funciona. Acabaremos por ser uma ONG assistencial, mas não a Igreja, esposa do Senhor.

Escutámos no Evangelho da missa de hoje um facto central para a vida de Pedro e da Igreja. Jesus pede àquele pescador da Galileia um ato de fé na sua condição divina e Pedro não duvida em afirmar: Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo (Mt 16,16). Imediatamente a seguir, Jesus institui o Primado, dizendo a Pedro que será a rocha firme sobre a qual será edificada a Igreja ao longo dos tempos (Mt 16,18) e dando-lhe o poder das chaves, a suprema potestade.

Embora Pedro e os seus sucessores sejam assistidos pela força do Espírito Santo, necessitam igualmente da nossa oração, porque a missão que têm é de grande transcendência para a vida da Igreja: têm de ser fundamento seguro para todos os cristãos ao longo dos tempos; portanto, todos os dias temos de rezar também pelo Santo Padre, pela sua pessoa e pelas suas intenções.

 

 

 

III. Atualização

 

• Já no século IV, um documento chamado Cronógrafo filocaliano comprova a existência de uma festa litúrgica em honra dos apóstolos Pedro e Paulo, juntos. O significado desta solenidade encontra-se, em aprimorada síntese, no seu prefácio próprio (cf. Missal Romano): “Hoje, vós nos concedeis a alegria de festejar os apóstolos São Pedro e São Paulo. 

 

• Pedro, o primeiro a proclamar a fé, fundou a Igreja primitiva sobre a herança de Israel. Paulo, mestre e doutor das nações, anunciou-lhes o Evangelho da salvação. Por diferentes meios, os dois congregaram a única família e, unidos pela coroa do martírio, recebem hoje, por toda a terra, igual veneração”. Sigamos os passos desses dois gigantes da fé cristã e peçamos a intercessão deles em favor da Igreja de Cristo e dos povos do mundo inteiro.

 

• A missão dos apóstolos é a mesma de Jesus: devolver dignidade às pessoas impedidas de ter vida autônoma. Pedro estende a mão ao coxo, levanta-o e devolve-lhe a saúde e a dignidade. Para o homem enfermo, foi uma boa notícia: recuperou a saúde, a dignidade e a autonomia. A comunidade é convidada a continuar a prática libertadora de Jesus, estendendo as mãos ao necessitado. 

 

• Paulo apresenta como que sua “confissão e autodefesa”: começa falando de seu passado – zeloso no judaísmo e perseguidor da Igreja -, a seguir lembra que sua vocação é de origem divina, assim como o Evangelho por ele pregado. É importante destacar a mudança de vida do apóstolo: sempre é tempo de transformar a vida para melhor, deixando para trás o que não é da vontade de Deus. 

 

• Depois de ter sido perguntado por três vezes se amava Jesus, Pedro se entristece, sem entender o significado desse questionamento. Após ter certeza de que era amado por Pedro, Jesus o convida a conduzir a Igreja. Somente quem ama de verdade consegue assumir compromisso com Jesus e seu projeto, tendo sua vida conduzida pelo próprio Espírito. Tudo o que se faz deveria ser feito com amor, assim a vida se tornaria mais leve e agradável.

 


 

Pe. Edivânio José.

 

 

sábado, 3 de julho de 2021

Homília da Festa de São Tomé Apóstolo


 

Celebremos a festa de São Tomé, que, conhecido por sua proverbial incredulidade, passou da falta de fé para a fé profunda em Cristo, manifestada na exclamação: “Meu Senhor e meu Deus!” O diálogo entre ele e o Ressuscitado nos inspira a crer sem termos visto.

 

I. Introdução

 

Tomé aparece nas quatro listas que contêm os nomes dos apóstolos (Mt 10,1-4; Mc 3,13-16; Lc6,12-16; At 1,13). Foi ele que, com toda franqueza, disse a Jesus: “Senhor, nós não sabemos para onde vais, como podemos conhecer o caminho?” (Jo14,5). Tal pergunta deu margem para Jesus proferir solene definição de si mesmo: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém chega ao Pai, a não ser por mim” (Jo 14,6). 

Tomé ficou conhecido, sobretudo, como símbolo da incredulidade: exigiu provas para crer que Jesus tinha ressuscitado. Depois, diante da evidência, expressou sua comovida profissão de fé: “Meu Senhor e meu Deus” (v. 28). Após Pentecostes, segundo o bispo e historiador Eusébio de Cesareia, Tomé evangelizou a Pérsia e a Índia, onde também sofreu o martírio. que o exemplo deste apóstolo revigore nossa fé em Jesus Cristo.

 

II. Comentário

Hoje, a Igreja celebra a festa de Santo Tomé. O evangelista João, depois de descrever a aparição de Jesus, no próprio Domingo da Ressurreição, diz que o apóstolo Tomé não estava ali, e quando os Apóstolos que tinham visto o Senhor disso davam testemunho, Tomé respondeu: “Se eu não vir a marca dos pregos em suas mãos, se eu não puser o dedo nas marcas dos pregos, se eu não puser a mão no seu lado, não acreditarei” (Jo 20,25).

Hoje, escutamos a resposta de Tomé quando os outros Apóstolos lhe dizem que viram Jesus ressuscitado. Deus não merece a resposta de Tomé! “Meter”, “meter” e “meter”: os homens apanharam a mania de, se não tocarem, não acreditarem. Mas, que espécie de Deus desejamos ter? Um boneco?uma mascote?

Hoje, dedicamos a nossa atenção a Tomé. Sempre presente nas quatro listas contempladas pelo Novo Testamento. Muito conhecida e até proverbial é a cena de Tomé incrédulo, que aconteceu oito dias depois da Páscoa. Num primeiro momento, ele não tinha acreditado em Jesus que apareceu na sua ausência: Se eu não vir..., não acredito.

III. Atualização

 

• Jesus é bom e vai ao encontro de Tomé. Passados oito dias, Jesus aparece novamente e diz a Tomé: Põe o teu dedo aqui e olha as minhas mãos. Estende a tua mão e coloca-a no meu lado e não sejas incrédulo, mas crê! (Jo20,27).

 

• Estas palavras foram a reação de Tomé: Meu Senhor e meu Deus! (Jo 20,28). Que bonitas são estas palavras de Tomé! Chama-lhe “Senhor” e “Deus”. Faz um ato de fé na divindade de Jesus. Ao vê-lo ressuscitado, já não vê somente o homem Jesus, que estava com os Apóstolos e comia com eles, mas o seu Senhor e seu Deus.

 

• Jesus repreende-o e diz-lhe que não seja incrédulo, mas crente e acrescenta: Bem-aventurados os que não viram, e creram! (Jo20,28). Nós não vimos Cristo crucificado, nem Cristo ressuscitado, nem nos apareceu, mas somos felizes porque acreditamos neste Jesus Cristo que morreu e ressuscitou por nós.

 


 

Pe. Edivânio José.

 

 

sexta-feira, 2 de julho de 2021

Homília da Sexta-feira da 13ª semana do Tempo Comum .

I. Introdução


A fé deve plasmar-se em obras de amor. A renovação da Igreja passa também através do testemunho oferecido pela vida dos crentes: com sua mesma existência no mundo, os cristãos estão chamados a fazer resplandecer a Palavra de verdade que o Senhor Jesus nos deixou.

Pela fé, a vida nova do batizado configura a inteira existência humana na novidade radical da ressurreição. A fé que atua por amor se converte em um novo critério de pensamento e de ação que muda a vida do homem.

 

II. Comentário

 

Evangelho (Mt 9,9-13)

 

Hoje, participamos da alegria de Mateus e dos seus amigos: Jesus escolheu-o! Todos estão contentes e celebram com uma refeição com o Mestre. Mas, estão todos contentes? Não! porque os “desmancha-prazeres” de sempre – com os seus preconceitos de sempre - não suportam ver o Mestre a comer com “pecadores”.

Por prestar serviço aos ocupantes romanos, os cobradores de impostos eram malvistos ou mesmo desprezados pelos judeus. Jesus, que veio para oferecer a salvação a todos, não se deixa levar por esses preconceitos. Por isso chama justamente um cobrador de impostos para ser seu discípulo. 

Esse modo de pensar e agir de Jesus ganha evidência quando se dispõe a participar de uma refeição a que comparecem também cobradores de impostos e pecadores. Um prato cheio para os fariseus (o que faziam aí?), que censuram a atitude do Mestre por se misturar com essa gente. 

Jesus argumenta: os doentes é que precisam de médico! À força de observâncias, os fariseus se consideram sãos e justos: permanecem fechados à misericórdia do Senhor, da qual Mateus se torna verdadeira testemunha.

 

 

 

 

III. Atualização

 

• Hoje, o Evangelho nos fala da vocação do publicano Mateus. Jesus está preparando o pequeno grupo de discípulos que continuarão sua obra de salvação. Ele escolhe a quem quer: serão pescadores, ou de uma humilde profissão. Inclusive, chama a que lhe siga um cobrador de impostos, profissão desprezada pelos judeus —que se consideravam perfeitos observantes da lei—, porque a viam como muito próxima a ter uma vida pecadora, já que cobravam impostos em nome do governador romano, a quem não queriam submeter-se.

 

• É suficiente com o convite de Jesus: Segue-me! (Mt 9,9). Com uma palavra do Mestre, Mateus deixa sua profissão e muito contente o convida a sua casa para celebrar ali um banquete de agradecimento. Era natural que Mateus tivesse um grupo de bons amigos, do mesmo “ramo profissional”, para que o acompanharam a participar de aquele convite. Segundo os fariseus, todas aquelas pessoas eram pecadoras reconhecidos publicamente como tais.

 

• Os fariseus não podem calar e comentam com alguns discípulos de Jesus: Depois, enquanto estava à mesa na casa de Mateus, vieram muitos publicanos e pecadores e sentaram-se à mesa, junto com Jesus e seus discípulos (Mt9,10). A resposta de Jesus é imediata: Tendo ouvido a pergunta, Jesus disse: “Não são as pessoas com saúde que precisam de médico, mas as doentes (Mt 9,12). A comparação é perfeita: De fato, não é a justos que vim chamar, mas a pecadores (Mt 9,13).

 

• As palavras deste Evangelho são de atualidade. Jesus continua convidando a segui-lo, cada um segundo seu estado e profissão. E seguir Jesus, com frequência, supõe deixar paixões desordenadas, mau comportamento familiar, perda de tempo, para dedicar momentos à oração, ao banquete eucarístico, à pastoral missioneira. Enfim, que um cristão não é dono de si mesmo, e sim que está entregue ao serviço de Deus (Santo Inácio de Antioquia).



 

 

 

Pe. Edivânio José.

 

 

quinta-feira, 1 de julho de 2021

Homília da Quinta-feira da 13ª semana do Tempo Comum.


I. Introdução

Hoje, vemos a fé daqueles que ajudavam o paralítico, Jesus lhe curou a paralisia (milagre!) e lhe perdoou os seus pecados (mais milagre!). Os escribas, que ficaram afetados pela extraordinária “cura médica”, mas surpreenderam-se indignam-se com o ato da “cura moral”. Chama-nos a atenção a reação destes escribas porque nós admiraríamos o primeiro, mas não o segundo.

Essa reação, ainda errada, é uma lição. A mentalidade cristã daqueles judeus permite-lhes compreender que perdoar os pecados como ofensa à divindade é algo grande, tão grande que só corresponde a Deus. Para ajudar-nos a aceitá-lo Ele curou também a paralisia física.

 

II. Comentário

Hoje encontramos uma das muitas manifestações evangélicas da bondade misericordiosa do Senhor. Todas elas nos mostram aspectos ricos em detalhes. 

A compaixão misericordiosamente exercida de Jesus vai desde a ressurreição de um morto ou a cura da lepra até perdoar uma mulher pecadora, passando por muitas outras curas de enfermidades e o perdão dos pecadores arrependidos. Perdão esse, expresso em parábolas como a da ovelha desgarrada, da moeda perdida e a do filho pródigo.

O Evangelho de hoje nos dá uma mostra da misericórdia do Salvador em dois aspectos de uma só vez: diante da enfermidade do corpo e da enfermidade da alma.

E, considerando que a alma é mais importante, Jesus começa por ela. Sabe que o doente está arrependido de seus pecados, vê a sua fé, e a fé daqueles que o conduzem e diz: Coragem, filho, teus pecados estão perdoados! (Mt 9,2).

Por que começa por aí se ninguém lhe pediu isso? Está claro que Ele lê seus pensamentos e sabe que é precisamente isto o que mais agradecerá aquele paralitico, que provavelmente, ao se ver diante da Santidade de Jesus Cristo, se sentiria confuso e envergonhado de seus próprios pecados, e com certo temor deles serem um impedimento para receber a graça da cura de sua saúde. 

O Senhor quer tranquilizá-lo. Não se importa com os maus pensamentos do coração dos escribas, ao contrário, quer mostrar que veio para exercer a misericórdia com os pecadores e agora a quer proclamar.

 

 

 

III. Atualização

 

• É que aqueles que estão cegos pelo orgulho, se acham justos e por isto não aceitam a chamada de Jesus; ao contrário, O acolhem todos aqueles que sinceramente se sentem pecadores. Ante estes, Deus se inclina perdoando-os. Como diz Santo Agostinho, é uma grande miséria o homem orgulhoso, mas é muito maior a misericórdia de Deus humilde. E, neste caso a misericórdia divina vai mais longe: como complemento do perdão, devolve a saúde: Levanta-te, pega a tua maca e vai para casa (Mt 9,6). Jesus quer que a felicidade do pecador convertido seja completa.

 

• Jesus se vê diante de um paralítico trazido por mãos solidárias. Ao ver isso, valoriza-lhes a fé, mola propulsora que nos faz sair de nós mesmos e buscar a cura, a vida, a salvação. Jesus nada pergunta ao paralítico; com poucas palavras, liberta-o dos pecados. Desse modo, Jesus mostra claramente a natureza espiritual da sua obra no mundo onde o mal fundamental é o pecado. 

 

• Agitam-se alguns doutores da Lei, que cochicham a respeito de Jesus: “Ele blasfema”. Jesus esclarece o equívoco: “O Filho do Homem tem na terra autoridade para perdoar pecados”. E dirigindo-se ao paralítico, ordena: “Levante-se”. Se tem poder para perdoar pecados, também pode libertar dos males físicos. Os doutores da Lei ficam desconcertados e mudos. As multidões, ao invés, glorificam a Deus.

 



 

 

 

Pe. Edivânio José.