domingo, 4 de julho de 2021

Homília da Solenidade de São Pedro eSão Paulo, Apóstolos.


I. Introdução

A Igreja celebra estes dois santos em conjunto. Foram mestres da fé, cada um deles com uma missão apostólica muito importante. São Pedro (“Petrus”) é a “rocha” sobre a qual Jesus Cristo edifica a sua Igreja; São Paulo foi eleito para levar o nome de Jesus ao mundo dos gentios (os não judeus).

Ambos receberam de Deus um tratamento “especial”. A Simão, filho de Jonas, Jesus mudou-lhe o nome (não o fez com os outros), rezou expressamente para que a sua fé não desfalecesse, reiterou-o na sua missão de confirmar os seus irmãos na doutrina. 

Saulo de Tarso foi eleito quando perseguia os cristãos: apareceu-lhe o Senhor ressuscitado (uns 5 anos depois da Ascensão), apresentando-se-lhe como “Jesus, a quem tu persegues”. Viajou incansavelmente para pregar o cristianismo. Deram ambos a vida pela fé, morrendo mártires em Roma.

 

II. Comentários

 

1ª Leitura: Atos 12,1-11

 

Pelos anos 41-44 da nossa era, reinava na Judeia Herodes Agripa, que moveu uma perseguição contra a Igreja. Foi por essa ocasião que Pedro foi preso, durante a páscoa hebraica, e teria a mesma sorte de Jesus, se Deus não tivesse intervindo com um milagre (vv. 1-4): um anjo libertou Pedro da morte certa. 

Tal fato deixou os cristãos espantados e admirados com a benevolência de Deus. No evento foi importante a oração da Igreja, compenetrada da importância única da missão de Pedro. Mais tarde, também S. Paulo recuperará, de modo idêntico, a sua liberdade (At 16, 25-34).

 

2ª Leitura: 2 Timóteo 4,6-8.17-18

 

Este texto apresenta-nos o que podemos chamar o testamento de Paulo. O Apóstolo pressente próxima a sua morte e dá-nos a conhecer o seu estado de espírito: sente-se só e abandonado pelos irmãos, mas não vítima, porque a sua consciência está tranquila e o Senhor está com ele. Guardou a fé e cumpriu a sua vocação missionária com fidelidade. 

Compara-se à libação derramada sobre as vítimas nos sacrifícios antigos. Quer morrer como viveu, isto é, como verdadeiro lutador, uma vez que se entregou a Deus e aos irmãos. A vitória é certa! As suas palavras são já um cântico de vitória, porque está próximo o seu encontro com Cristo Ressuscitado.

 

3ª Evangelho: Mateus 16,13-19

 

Hoje, celebramos a solenidade de São Pedro e São Paulo, que foram fundamentos da Igreja primitiva e, portanto, da nossa fé cristã. Apóstolos do Senhor, testemunhas da primeira hora, viveram aqueles momentos iniciais de expansão da Igreja e selaram com o seu sangue a fidelidade a Jesus. Oxalá nós, cristãos do séc. XXI, saibamos ser testemunhas credíveis do amor de Deus no meio dos homens, tal como o foram estes dois Apóstolos e como têm sido tantos e tantos dos nossos conterrâneos.

Numa das suas primeiras intervenções, o Papa Francisco, dirigindo-se aos cardeais, disse-lhes que temos de caminhar, edificar e confessar. Ou seja, temos de avançar no nosso caminho da vida, edificando a Igreja e confessando o Senhor. O Papa advertiu: Podemos caminhar tanto quanto quisermos, podemos edificar muitas coisas, mas se não confessamos Jesus Cristo, alguma coisa não funciona. Acabaremos por ser uma ONG assistencial, mas não a Igreja, esposa do Senhor.

Escutámos no Evangelho da missa de hoje um facto central para a vida de Pedro e da Igreja. Jesus pede àquele pescador da Galileia um ato de fé na sua condição divina e Pedro não duvida em afirmar: Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo (Mt 16,16). Imediatamente a seguir, Jesus institui o Primado, dizendo a Pedro que será a rocha firme sobre a qual será edificada a Igreja ao longo dos tempos (Mt 16,18) e dando-lhe o poder das chaves, a suprema potestade.

Embora Pedro e os seus sucessores sejam assistidos pela força do Espírito Santo, necessitam igualmente da nossa oração, porque a missão que têm é de grande transcendência para a vida da Igreja: têm de ser fundamento seguro para todos os cristãos ao longo dos tempos; portanto, todos os dias temos de rezar também pelo Santo Padre, pela sua pessoa e pelas suas intenções.

 

 

 

III. Atualização

 

• Já no século IV, um documento chamado Cronógrafo filocaliano comprova a existência de uma festa litúrgica em honra dos apóstolos Pedro e Paulo, juntos. O significado desta solenidade encontra-se, em aprimorada síntese, no seu prefácio próprio (cf. Missal Romano): “Hoje, vós nos concedeis a alegria de festejar os apóstolos São Pedro e São Paulo. 

 

• Pedro, o primeiro a proclamar a fé, fundou a Igreja primitiva sobre a herança de Israel. Paulo, mestre e doutor das nações, anunciou-lhes o Evangelho da salvação. Por diferentes meios, os dois congregaram a única família e, unidos pela coroa do martírio, recebem hoje, por toda a terra, igual veneração”. Sigamos os passos desses dois gigantes da fé cristã e peçamos a intercessão deles em favor da Igreja de Cristo e dos povos do mundo inteiro.

 

• A missão dos apóstolos é a mesma de Jesus: devolver dignidade às pessoas impedidas de ter vida autônoma. Pedro estende a mão ao coxo, levanta-o e devolve-lhe a saúde e a dignidade. Para o homem enfermo, foi uma boa notícia: recuperou a saúde, a dignidade e a autonomia. A comunidade é convidada a continuar a prática libertadora de Jesus, estendendo as mãos ao necessitado. 

 

• Paulo apresenta como que sua “confissão e autodefesa”: começa falando de seu passado – zeloso no judaísmo e perseguidor da Igreja -, a seguir lembra que sua vocação é de origem divina, assim como o Evangelho por ele pregado. É importante destacar a mudança de vida do apóstolo: sempre é tempo de transformar a vida para melhor, deixando para trás o que não é da vontade de Deus. 

 

• Depois de ter sido perguntado por três vezes se amava Jesus, Pedro se entristece, sem entender o significado desse questionamento. Após ter certeza de que era amado por Pedro, Jesus o convida a conduzir a Igreja. Somente quem ama de verdade consegue assumir compromisso com Jesus e seu projeto, tendo sua vida conduzida pelo próprio Espírito. Tudo o que se faz deveria ser feito com amor, assim a vida se tornaria mais leve e agradável.

 


 

Pe. Edivânio José.

 

 

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