O II Concílio Ecumênico, realizado em Constantinopla, é chamado concílio imperial e foi convocado por Teodósio e realizado sob o pontificado do Papa São Dâmaso, que condenou o erro de Macedônio que negava a Divindade do Espírito Santo.
Ainda neste segundo Concílio Ecumênico, vamos encontrar os arianos tentando dividir a Igreja.
Foi instalado em maio de 381 e nele estiveram apenas reunidos os bispos de Oriente, mais ou menos em número de 150.
O papa São Dâmaso não compareceu, nem se fez representar. Em Aquiléia, na primavera de 381, reuniram-se os bispos do Ocidente. Sobre os resultados deste concílio sabemos muito pouco, talvez menos do que aquele de Nicéia.
Inicialmente a presidência coube ao patriarca Melécio de Antioquia, estando presente na Assembleia São Gregório Nazianzeno, cuja eleição para bispo de Constantinopla (em lugar de Macedônio) foi confirmada pelo Concílio — e São Cirilo de Jerusalém, cujas Catecheses Mystagógicas constituem uma das mais belas páginas da literatura do Cristianismo da Antiguidade.
O Concílio tentou convencer, em vão, do erro de Macedônio 36 seguidores seus; finalmente, eles abandonaram a cidade.
Neste interim morre Melécio, assumindo a presidência Gregório Nazianzeno, que a exerce por pouco tempo, pois retirouse ao perceber que encontrava forte resistência no Sínodo para superar o cisma antioquiano pela eleição de Paulino para o lugar de Melécio.
Nectário então passa a dirigir os trabalhos do Concílio, até o encerramento em julho do mesmo ano.
Com o resultado do Concílio de Constantinopla temos a reafirmação do Credo de Nicéia, condenação sumária das diversas tendências dos arianos, dos semi-arianos, também chamados pneumatômacos e sabelianos (seguidores do herético africano do século III, Sabélio).
Através do cânon 3 o Concílio reconhece (em virtude de Constantinopla ter sido escolhida como a nova residência imperial) a precedência de seu bispo sobre os outros patriarcas da Igreja Oriental, porém abaixo do bispo de Roma.
Os cânones 5-7, os quais foram atribuídos pela tradição grega ao Concílio Ecumênico de Constantinopla, não pertencem a este, mas a um outro Sínodo, ali realizado no ano de 382. Este enviou aos bispos de Ocidente os decretos do Concílio do ano anterior e, embora não tenha conseguido o reconhecimento dos cânones (em virtude do cânon 3 ter sido rejeitado por Roma), alcançou o Concílio
a aprovação da fórmula de fé que foi adotada depois da partida dos macedônios, a qual já nos referimos.
O símbolo que costumeiramente chamamos niceno-constantinopolitano e atribuído a estes dois Concílios era, no fundo, uma confissão batismal que fora recomendada pelo bispo Epifânio, de Constância em Chipre, em seu célebre livro Anicoratus, que é originário provavelmente de Jerusalém. Sua primeira parte era idêntica ao Símbolo Miceno; contém ela, entretanto, um aditamento que confirma a dignidade do Espírito Santo:
"Senhor e vivificador, procedente do Pai a ser adorado e glorificado junto com o Pai e com o Filho, que falou pelos santos profetas".
Este símbolo de fé, depois de haver alcançado aprovação ecumênica após o Concílio de Constantinopla de 381, tornou-se a confissão fundamental da Igreja grega. Impôs-se também à Igreja ocidental; é válida ainda hoje na liturgia romana da
Santa Missa, aliás, com um pequeno aditamento que, historicamente, desempenhou uma tarefa perigosa. Com efeito, os gregos entenderam a seu modo, a fórmula "que procede do pai" com um processo "do pai e do filho”. O aditamento filioque que ocorreu primeiramente na Hispânia e que também se encontra na confissão de fé sísmica atribuída erroneamente a Santo Atanásio, quicumque vult saluus esse, tornou-se um ponto de litígio entre a Igreja oriental e a ocidental, porque os gregos o consideram não como uma extensão explicativa, mas ao contrário, como uma falsificação do texto consagrado.
Neste momento, surgem duas escolas e duas imagens de Cristo: A escola catequética de Alexandria e a escola de Antioquia, como comenta Hubert Jedin:
"E' em si um fato absolutamente lógico, depois dos dois primeiros Concílios Ecumênicos ter o magistério definido a fé trinitária, que o pensamento teológico tenha voltado ao mistério da pessoa de Cristo. Entretanto, esta volta não é um processo lógico, muito ao contrário, foi provocada por uma controvérsia, havia já muito tempo existente entre duas escolas teológicas e agravada por uma rivalidade eclesiástica de natureza política".
A escola alexandrina foi capitaneada por Clemente de Alexandria e Orígenes, um dos maiores teólogos da Igreja Grega, o qual aplicou na explicação da Bíblia Sagrada, o método alegórico; seu pensamento era platônico e sua força consistia na especulação teológica. Clemente teve como seguidores Aranágio e os três da Capadócia, porém, foi seu maior teólogo no V século, Cirilo de Alexandria. Cirilo empenhou-se em descrever a união da divindade com a humanidade em Jesus Cristo, a que chamou de Logos encarnado.
E' considerado fundador da escola de Antioquia, Luciano de Antioquia, o qual também salientou-se por uma exegese, feita com muita sobriedade gramatical e histórica da Bíblia Sagrada. Luciano, tinha seu pensamento voltado para Aristóteles, razão pela qual, Jedim e Butler, opinam que esta escola foi uma tanta racionalista.
Diodoro de Tarso é considerado seu chefe, o qual levando tão a sério a humanidade de Jesus Cristo, que incorreu no perigo de deixar frouxa a união substancial com a divindade, a qual para ele era apenas uma união moral.
Para os seguidores da escola antioquiana o Logos dos alexandrinos habitava "no homem-Jesus tal como num templo”.
Neste momento entra a parte política da questão, uma vez que Constantinopla fora escolhida para ser a residência imperial, perdendo a primazia assim Alexandria, que era considerada a capital da ciência e da ortodoxia.
Estão na arena Cirilo, patriarca de Alexandria contra Nestório de Constantinopla.
Nestório, representando a escola antioquiana, usando o prestígio de Constantinopla e sua grande eloquência, atira-se em suas pregações contra denominação de "Mãe de Cristo" como Theotokos, ou melhor mãe de Deus, que no seu entender, deveria denominar-se Christotokos, ou seja, genitora de Cristo, uma vez que dera à luz ao "homem-Cristo" que Deus havia escolhido como morada. Entretanto, seus fiéis seguidores não estavam dispostos a abdicar do título dado à Mãe de Deus.
Aproveitando-se deste fato, Cirilo dirigiu-se em 429 aos bispos do Egito e aos monges, rejeitando a doutrina de Nestório de Constantinopla e pedindo ao Papa Celestino I que resolvesse a questão levantada.
Celestino (422-432), instalou em 430 um Sínodo romano (o qual para alguns autores foi considerado Concílio, entretanto a Igreja não pensa da mesma maneira) e aderiu à posição de Cirilo. Aliás, não se poderia esperar outro pronunciamento, pois só a administração de Constantinopla estava satisfeita com a situação, havendo mágoa em Roma que havia sido relegada a segundo plano.
Foi enviado pelo Papa a Nestório uma lista de 12 erros sistemáticos, os quais deveria pública e solenemente abjurar.
O primeiro ponto era:
"seja anatematizado quem não confessar que Emanuel é verdadeiro Deus e a Santa Virgem é genitora de Deus, que segundo a carne, deu à luz o Logos encarnado de Deus".
No terceiro temos a condenação da expressão usada pelos antioquianos "com junção synapheia da divindade e humanidade no Logos, mais empregada para as duas naturezas o termo equívoco "hypostasis" no sentido de substância".
Assim foi na contenda em torno do conceito de "genitora de Deus", que se condensou o velho antagonismo entre as duas tendências teológicas.
João, patriarca de Antioquia, intimamente tomou posição contra, porém recomendou moderação a Nestório, uma vez que a expressão "Theotokos" podia
ser usada no sentido correto. Entretanto, Nestório tomou atitude hostil, apresentando 12 "contra-anátemas", entre os quais, o primeiro justificava a sua rejeição à expressão Theotokos, "porque Deus só habitava a natureza humana, que ele assumira no seio da Virgem".
Com muita habilidade, Nestório conseguiu do Imperador Teodósio II a convocação de um Concílio Ecumênico para reunir-se em Pentecostes de 431, em Éfeso.
Para isso foi feita uma carta circular em 19 de novembro de 430, dirigida a todos os metropolitas do Oriente, assinada por Teodósio II e para os do Ocidente, a mesma carta circular em nome de Valentiniano III (425-455) .
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