I. Introdução
A paixão e a morte conduziram Jesus à ressurreição. Agora, depois de ter estado em
Emaús com dois discípulos, o Ressuscitado aparece no local onde os demais discípulos estão
reunidos.
Percebemos no texto uma grande mistura de sentimentos, sensações e percepções;
afinal, o evento que eles estão testemunhando é novidade absoluta. O que vivem não é algo
que seja de fácil compreensão; é preciso que passos sejam dados e que se volte às Escrituras,
por exemplo, a fim de que se recolham luzes que clarifiquem essa experiência de encontro
com aquele que literalmente venceu a morte e retomou a vida.
A experiência vivida pelos discípulos de Jesus é, de algum modo, a nossa experiência
diante da ressurreição do Filho de Deus e de muitas realidades que nos desafiam a perceber
que a vida tem a última palavra. Somos, como diz o final do texto, testemunhas de um novo
tempo, tempo de graça.
II. Comentário
Dou graças a Jesus Cristo, nosso Deus, por nos ter inspirado tal sabedoria.
Descobri que estáveis unidos numa fé inabalável, pregados de corpo e alma, se assim
posso dizer, à cruz do Senhor Jesus Cristo, fortalecidos pelo seu sangue no amor,
inteiramente convencidos de que Nosso Senhor é verdadeiramente «filho de David pela
carne» (Rom 1,3), filho de Deus pela vontade e o poder divinos; verdadeiramente nascido
de uma virgem, batizado por João «para cumprir toda a justiça» (Mt 3,15);
verdadeiramente trespassado por pregos por nós na sua carne por ordem de Pôncio
Pilatos e do tetrarca Herodes.
E é ao fruto da cruz, à sua divina e bem-aventurada Paixão, que nós devemos a
nossa existência. Pois pela sua ressurreição Ele «eleva o seu estandarte» (Is 5,26) sobre
os séculos vindouros, a fim de escolher os seus santos e os seus fiéis de entre judeus
e pagãos e os reunir num só corpo, o da sua Igreja (cf Ef 2,16).
Ele aceitou todos estes sofrimentos por nós, pela nossa salvação. E sofreu
verdadeiramente, tal como verdadeiramente ressuscitou. E a sua Paixão não foi, como
afirmam certos descrentes, uma simples aparência. [...] Quanto a mim, sei e acredito
que, mesmo após a sua ressurreição, Jesus era carne. Quando Se aproximou de Pedro
e dos seus companheiros, disse-lhes: «Tocai-Me e vede: um espírito não tem carne nem
ossos». Eles tocaram nele e acreditaram.
Esta comunhão estreita com a sua carne e o seu espírito ajudou-os a enfrentar a
morte e a serem mais fortes do que ela. Após a ressurreição, Jesus comeu e bebeu com
eles, como um ser de carne, quando Se tinha tornado um só espírito com o Pai. Recordo-
vos estas verdades, bem-amados, sabendo que esta é também a vossa profissão de fé.
III. Atualização •
Hoje estamos —de novo— no cenáculo, onde Jesus havia instituído a Eucaristia
durante a Páscoa. Ali mesmo —escondidos por medo aos judeus— reuniam-se
os Apóstolos e lhes apareceu Jesus Cristo ressuscitado. Deseja-lhes a paz,
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mostra-lhes o seu Corpo e lembra-lhes que as Escrituras antecipam
profeticamente aqueles fatos. E, o mais importante: faz que sejam
testemunhos destes acontecimentos.
Depois da Ascensão, os Apóstolos anunciaram o que haviam visto de primeira
mão. Eles entregaram às seguintes gerações este testemunho. Fizeram-no
oralmente, quer dizer de viva voz: isso é a Tradição. Mais tarde estas formas
de ensinar foram postas por escrito, formando o Novo Testamento. Tradição e
Sagrada escritura formam o caudal de um único “rio” (a Revelação) que
durante séculos não parou de fluir e influir no coração de muitos homens.
Espírito Santo, ilumina-me para conhecer e compreender o tesouro da
Revelação, com o que a Igreja me guia e protege a minha consciência.
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