quinta-feira, 21 de abril de 2022

Homília da Quinta-feira da Oitava da Páscoa

 I. Introdução

 A paixão e a morte conduziram Jesus à ressurreição. Agora, depois de ter estado em

 Emaús com dois discípulos, o Ressuscitado aparece no local onde os demais discípulos estão

 reunidos.

 Percebemos no texto uma grande mistura de sentimentos, sensações e percepções;

 afinal, o evento que eles estão testemunhando é novidade absoluta. O que vivem não é algo

 que seja de fácil compreensão; é preciso que passos sejam dados e que se volte às Escrituras,

 por exemplo, a fim de que se recolham luzes que clarifiquem essa experiência de encontro

 com aquele que literalmente venceu a morte e retomou a vida.

 A experiência vivida pelos discípulos de Jesus é, de algum modo, a nossa experiência

 diante da ressurreição do Filho de Deus e de muitas realidades que nos desafiam a perceber

 que a vida tem a última palavra. Somos, como diz o final do texto, testemunhas de um novo

 tempo, tempo de graça.

 II. Comentário

 Dou graças a Jesus Cristo, nosso Deus, por nos ter inspirado tal sabedoria.

 Descobri que estáveis unidos numa fé inabalável, pregados de corpo e alma, se assim

 posso dizer, à cruz do Senhor Jesus Cristo, fortalecidos pelo seu sangue no amor,

 inteiramente convencidos de que Nosso Senhor é verdadeiramente «filho de David pela

 carne» (Rom 1,3), filho de Deus pela vontade e o poder divinos; verdadeiramente nascido

 de uma virgem, batizado por João «para cumprir toda a justiça» (Mt 3,15);

 verdadeiramente trespassado por pregos por nós na sua carne por ordem de Pôncio

 Pilatos e do tetrarca Herodes.

 E é ao fruto da cruz, à sua divina e bem-aventurada Paixão, que nós devemos a

 nossa existência. Pois pela sua ressurreição Ele «eleva o seu estandarte» (Is 5,26) sobre

 os séculos vindouros, a fim de escolher os seus santos e os seus fiéis de entre judeus

 e pagãos e os reunir num só corpo, o da sua Igreja (cf Ef 2,16).

 Ele aceitou todos estes sofrimentos por nós, pela nossa salvação. E sofreu

 verdadeiramente, tal como verdadeiramente ressuscitou. E a sua Paixão não foi, como

 afirmam certos descrentes, uma simples aparência. [...] Quanto a mim, sei e acredito

 que, mesmo após a sua ressurreição, Jesus era carne. Quando Se aproximou de Pedro

 e dos seus companheiros, disse-lhes: «Tocai-Me e vede: um espírito não tem carne nem

 ossos». Eles tocaram nele e acreditaram.

 Esta comunhão estreita com a sua carne e o seu espírito ajudou-os a enfrentar a

 morte e a serem mais fortes do que ela. Após a ressurreição, Jesus comeu e bebeu com

 eles, como um ser de carne, quando Se tinha tornado um só espírito com o Pai. Recordo-

 vos estas verdades, bem-amados, sabendo que esta é também a vossa profissão de fé.

 III. Atualização •

 Hoje estamos —de novo— no cenáculo, onde Jesus havia instituído a Eucaristia

durante a Páscoa. Ali mesmo —escondidos por medo aos judeus— reuniam-se

 os Apóstolos e lhes apareceu Jesus Cristo ressuscitado. Deseja-lhes a paz,

 

 •

mostra-lhes o seu Corpo e lembra-lhes que as Escrituras antecipam

profeticamente aqueles fatos. E, o mais importante: faz que sejam

 testemunhos destes acontecimentos.

  Depois da Ascensão, os Apóstolos anunciaram o que haviam visto de primeira

mão. Eles entregaram às seguintes gerações este testemunho. Fizeram-no

 oralmente, quer dizer de viva voz: isso é a Tradição. Mais tarde estas formas

 de ensinar foram postas por escrito, formando o Novo Testamento. Tradição e

 Sagrada escritura formam o caudal de um único “rio” (a Revelação) que

 durante séculos não parou de fluir e influir no coração de muitos homens.

  Espírito Santo, ilumina-me para conhecer e compreender o tesouro da

Revelação, com o que a Igreja me guia e protege a minha consciência.


 

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