quarta-feira, 20 de abril de 2022

HOMÍLIA DA QUARTA-FEIRA DA OITAVA DA PÁSCOA

I Introdução

 Hoje dois discípulos saem de Jerusalém porque estão desanimados. Mas Jesus

 Cristo ressuscitou! Eles não sabem ainda. Jesus fica ao seu lado enquanto andam e

 fala com eles, mas não o reconhecem. Fala-lhes das Sagradas Escrituras e eles estão

 contentes com este Companheiro de caminho.

 Ao entardecer chegam ao povoado de Emaús. Convidam a Jesus para jantar.

 Quando Ele parte e abençoa o pão se dão conta que aquele “amigo” era o Senhor.

 Jesus caminha conosco. Não o vemos, mas Ele está perto de nós... Falas cada

 dia com Jesus.

  II.

Comentário

Hoje o Evangelho assegura-nos que Jesus está vivo e continua a ser o centro à

 volta do qual se constrói a comunidade dos discípulos. É precisamente nesse contexto

 eclesial —no encontro comunitário, no diálogo com os irmãos que partilham a mesma

 fé, na escuta comunitária da Palavra de Deus, no amor partilhado em gestos de

 fraternidade e de serviço— que os discípulos podem fazer a experiência do encontro

 com Jesus ressuscitado.

 Os discípulos carregados de tristes pensamentos, não imaginavam que aquele

 desconhecido fosse precisamente o seu Mestre, já ressuscitado. Mas sentiam «arder»

 o seu íntimo (cf. Lc 24,32), quando Ele lhes falava, «explicando» as Escrituras. A luz da

 Palavra ia dissipando a dureza do seu coração e «abria-lhes os olhos» (Lc 24, 31).

 O ícone dos discípulos de Emaús presta-se bem para nortear um longo

 caminho das nossas dúvidas, inquietações e às vezes amargas desilusões, o divino

 Viajante continua a fazer-se nosso companheiro para nos introduzir, com a

 interpretação das Escrituras, na compreensão dos mistérios de Deus. Quando o

 encontro se torna pleno, à luz da Palavra segue-se a luz que brota do «Pão da vida»,

 pelo qual Cristo cumpre de modo supremo a sua promessa de «estar conosco todos

 os dias até ao fim do mundo» (Mt 28,20).

 O Papa Emérito Bento XVI explica que «o anúncio da Ressurreição do Senhor

 ilumina as zonas escuras do mundo em que vivemos».

  Atualização

 Hoje partindo do inesperado, a Escritura se revelou de um modo novo.

Obviamente, a nova leitura das Escrituras só podia começar depois da

 ressurreição, porque somente por ela Jesus ficou acreditado como enviado

 de Deus. Agora devia identificar ambos os eventos —cruz e ressurreição—

 na Escritura, entendê-lo de um novo modo e chegar assim à fé em Jesus

 Cristo como o Filho de Deus.

 III.

 Para os discípulos, a ressurreição era tão real como a cruz. Renderam-se

simplesmente diante da realidade: depois de tanta indecisão e assombro

 inicial, já não podiam opor-se a ela. É realmente Ele; vive e nos tem falado,

 tem permitido que o tocasse, mesmo quando já não pertence ao mundo

 do que normalmente é tangível.

 

 O paradoxo era indescritível: Ele era completamente diferente, não um

cadáver reanimado, mas alguém que vivia desde Deus de um modo novo e

 para sempre; e, ao mesmo tempo, sem pertencer já ao nosso mundo,

 estava presente de maneira real, em sua plena identidade.



 

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