domingo, 20 de fevereiro de 2022

Homília do VII Domingo do Tempo Comum

I. Introdução

Hoje descobrimos no “mandato” de Jesus Cristo que as “relações” com o próximo são muito importantes —essenciais! Para o homem. As Pessoas Trinitárias —Pai, Filho e Espírito Santo— são Relações de doação (em grau infinito): Paternidade, Filiação e Amor. O homem — criado à imagem de Deus Trindade— também é um “ser relacional”, é um “ser para”, realiza sua vida verdadeira só como “relação”.

Eu só não sou nada; só no “tu” e “para o ti” sou “eu-mesmo”. Verdadeiro homem significa: estar na relação do amor, do “por” e do “para” o próximo. E pecado significa incomodar, interromper ou destruir a relação. Por isso, este fenômeno chamado “pecado” afeta também ao próximo e a tudo. O pecado é sempre uma ofensa que perturba o mundo (não é um fenômeno que só e unicamente afete a mim).

II. Comentário

Hoje, no Evangelho, o Senhor pede-nos duas vezes que amemos os nossos inimigos. E oferece, seguidamente, três situações concretas e positivas deste mandamento: fazei o bem aos que vos odeiam, benzei aos que vos maldizem e orai por aqueles que vos caluniam.

É um mandamento que parece difícil de cumprir: como podemos amar os que não nos amam? Mais ainda, como podemos amar aqueles que temos a certeza de que nos querem mal? Chegar a amar desta maneira é um dom de Deus, mas é preciso que estejamos abertos a Ele.

Bem pensado, amar os inimigos é humanamente falando, a coisa mais sábia que podemos fazer: o inimigo amado sente-se desarmado; amá-lo pode ser condição da possibilidade de deixar de ser inimigo. Jesus continua nesta mesma linha, dizendo: «Se alguém te bater numa face, oferece também a outra» (Lc, 6,29).

Poderia parecer um excesso de mansidão. Mas, que fez Jesus quando foi esbofeteado na sua Paixão? Certamente não contra-atacou, mas respondeu com tal firmeza, cheia de caridade, que deve ter surpreendido aquele servo irado: «Se falei mal, mostra em que falei mal; e se falei certo, por que me bates?» (Jo 18,22-23).

Todas as religiões têm uma máxima de ouro: «Não faças aos outros o que não queres que te façam a ti». Jesus é o único que a formula de modo positivo: «Assim como desejais que os outros vos tratem, tratai-os do mesmo modo» (Lc 6,31). Esta regra de ouro constitui o fundamento de toda a moral.

São João Crisóstomo, comentando este versículo, ensina-nos: «Ainda há mais, porque Jesus não disse somente: desejai todo o bem para os outros, mas fazei o bem aos outros»; logo, a máxima de ouro proposta por Jesus não pode reduzir-se a um mero desejo, mas tem que se traduzir em obras.

III. Atualização

• «Cristo, ao revelar o amor-misericórdia de Deus, exigia também aos homens que se

deixassem guiar na sua vida pelo amor e pela misericórdia» (São João Paulo II).


• «O inimigo é alguém a quem devo amar. No coração de Deus não há0 inimigos, Deus tem filhos. Nós levantamos muros, construímos barreiras e classificamos às pessoas. Deus tem filhos» (Francisco).

• «No sermão da montanha, o Senhor lembra o preceito: ‘Não matarás’ (Mt 5,21), e acrescenta-lhe a proibição da ira, do ódio e da vingança. Mais ainda: Cristo exige do seu discípulo que ofereça a outra face (36), que ame os seus inimigos (37) (...)» (Catecismo da Igreja Católica, no 2.262.




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