sábado, 19 de fevereiro de 2022

Homília do Sábado da 6° Semana Comum

I. Introdução

Hoje, o Evangelho da transfiguração apresenta-nos um enigma já decifrado. O texto evangélico de São Marcos está pleno de segredos messiânicos, de momentos pontuais nos quais Jesus proíbe que se dê a conhecer o que fizera.

Hoje encontramo-nos perante um “botão de arranque”. Assim, Jesus «ordenou-lhes que não contassem a ninguém o que tinham visto, até que o Filho do Homem ressuscitasse dos mortos» (Mc 9,9).

II. Comentário

Hoje vemo-lo claro neste Evangelho: a transfiguração é um momento, uma captação de glória para decifrar aos discípulos o sentido daquele momento íntimo.

Jesus tinha anunciado aos seus discípulos a iminência da sua paixão, mas ao vê-los tão perturbados por tão trágico fim, explica-lhes com feitos e palavras como será o final dos seus dias: umas jornadas de paixão, de morte, mas que concluirão com a ressurreição.

Eis aqui o enigma decifrado. Santo Tomás de Aquino diz: «Para que uma pessoa caminhe retamente por um caminho é necessário que conheça com anterioridade, de alguma forma, o lugar ao qual se dirige».

Também a nossa vida de cristãos tem um fim revelado por Nosso Senhor Jesus Cristo: gozar eternamente de Deus. Mas esta meta não está isenta de momentos de sacrifício e de cruz.

Com tudo, devemos recordar a mensagem viva do Evangelho de hoje: neste beco aparentemente sem saída, que é frequentemente a vida, pela nossa fidelidade a Deus, vivendo imersos no espírito das Bem-aventuranças, surgirá uma brecha no final trágico que nos permitirá gozar eternamente de Deus.

III. Atualização

• Em que consiste este segredo messiânico? Trata-se de levantar um pouco o véu daquilo

que se esconde debaixo, mas que apenas será revelado totalmente no fim dos dias de

Jesus, à luz do Mistério Pascal.

• Hoje, depois da confissão de Pedro, o evangelista Marcos (e também Mateus e Lucas)

relata a cena da Transfiguração. Isso não é casual!

• No conjunto do acontecimento, enquanto o Pai “acredita” ao Filho, sobressai a conexão

―anteriormente rejeitada por Pedro― entre cruz e gloria: a cruz é a exaltação de Jesus e sua exaltação não ocorre noutro lugar diferente da cruz.



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