quarta-feira, 3 de novembro de 2021

HOMÍLIA DA 31ª DA QUARDA-FEIRA DA SEMANA DO TEMPO COMUM


 

I. INTRODUÇÃO

Hoje, somos confrontados com o apelo de Cristo à prudência ("sentar-se primeiro a calcular"), situando-o no contexto da atividade económica, cujas crises globais não são alheias ao "deficit" generalizado de prudência («a ganância é um dos principais perigos», afirmou João Paulo II).

 

II. COMENTÁRIO

A essência da atividade-ação económica é algo muito simples: precisamos de alocar os nossos recursos (limitados) a finalidades alternativas (não podemos fazer tudo). Este "exercício de alocação" realizamo-lo todos, todos os dias, em todas as nossas atividades (tempo, estudos, compras, escolhemos cônjuge! etc.). 

Esta "racionalidade económica" é profundamente ética: onde haja escolha de finalidades, aí há responsabilidade moral (elegemos as finalidades de acordo com a visão que temos do homem).

A História mostra que este processo de alocação de recursos a finalidades alternativas costuma ser "inconsistente", incoerente: começamos "casas" que não poderemos terminar, ou, simplesmente, tentamos fazer coisas impossíveis e/ou inúteis. E isto a nível pessoal, familiar, empresarial e institucional. O apelo à prudência e à sobriedade é uma exigência ética e de racionalidade económica.

 

Oração

Senhor Jesus, desceste do céu para fazer a vontade do Pai, e o desejo do Pai celeste é que ressuscites a todos os que te procuram de coração sincero. Confiantes e cheios de esperança, prosseguimos nossa jornada terrena, certos de que nos ressuscitarás no último dia. Amém.




terça-feira, 2 de novembro de 2021

HOMÍLIA DA Comemoração de todos os fiéis defuntos.

I. INTRODUÇÃO

Hoje, o Evangelho recorda o fato fundamental do Cristianismo: a morte e ressurreição de Jesus. Façamos nossa, agora, a oração do Bom Ladrão: Jesus, lembra-te de mim (Lc 23, 42). 

II. COMENTÁRIO

A Igreja não reza pelos santos como ora pelos defuntos, que dormem no Senhor, mas encomenda-se às orações daqueles e reza por estes, diz Sto. Agostinho num Sermão. Pelo menos uma vez por ano nós, os cristãos, questionamo-nos sobre o sentido da nossa vida e sobre o sentido da nossa morte e ressurreição. É no dia da comemoração dos fiéis defuntos, da qual Sto. Agostinho nos apontou a diferença em relação à festa de Todos os Santos.

Os sofrimentos da Humanidade são os sofrimentos da Igreja e têm em comum, sem dúvida, o fato de todo o sofrimento ser de algum modo privação de vida. Por isso a morte de um ser querido nos causa uma dor tão indescritível que nem a fé sozinha consegue aliviá-la. Assim, os homens sempre quiseram honrar os defuntos. 

Na verdade, a memória é uma forma de fazer com que os ausentes estejam presentes, de perpetuar a sua vida. Mas os mecanismos psicológicos e sociais, com o tempo, amortecem as recordações. E se, humanamente, esse fato pode levar à angústia, os cristãos, graças à ressurreição, têm paz. A vantagem de nela crermos é que nos permite confiar em que, apesar do esquecimento, voltaremos a encontrar-nos na outra vida.

III. ATUALIZAÇÃO
• Uma segunda vantagem de crermos consiste em que, ao recordar os defuntos, rezamos por eles. 
• Fazemo-lo no nosso interior, na intimidade com Deus, e cada vez que rezamos juntos, na Eucaristia: não estamos sós perante o mistério da morte e da vida, antes o compartilhamos como membros do Corpo de Cristo. 
• Ao ver a cruz, suspensa entre o céu e a terra, sabemos que se estabelece uma comunhão entre nós e os nossos defuntos. Por isso S. Francisco proclamou agradecido: Louvado sejas, Senhor, pela nossa irmã, a morte corporal. 



 

Pe. Edivânio José.

segunda-feira, 1 de novembro de 2021

HOMÍLIA DA SEGUNDA-FEIRA 31ª SEMANA COMUM

I. INTRODUÇÃO

Não me abandoneis jamais, Senhor, meu Deus, não fiqueis longe de mim! Depressa, vinde em meu auxílio, ó Senhor, minha salvação! (Sl 37,22s)

Os caminhos do Senhor são impenetráveis; algo, porém, se manifesta aos nossos olhos: sua misericórdia. Confiemos sempre no Senhor, certos de que ele “atende à prece dos seus pobres” e os convida à sua mesa.

 

II. COMENTÁRIO

Somos influenciados por uma sociedade mercantilista, na qual tudo tem preço, nada se faz sem pagamento. Essa mentalidade afeta também os cristãos, não obstante os insistentes convites de Jesus a embrenharmo-nos pelos caminhos da gratuidade. É a lição que nos vem do Evangelho de hoje. 

A orientação do Mestre é fazer o bem aos que não podem retribuir com a mesma moeda. Acudir generosamente aos fracos e praticar a caridade desinteressada são exercícios salutares e recomendáveis para nos assemelharmos a Jesus, que tudo ofereceu, sem nada esperar em troca. 

Não se trata apenas de repartir bens materiais, mas podemos incluir, entre as dádivas, o tempo, a compreensão, o bom conselho. Além de experimentar alegria pelo gesto em si, seremos beneficiados com a recompensa na “ressurreição dos justos”.

 

Oração

Senhor Jesus, por trás de nossas atitudes pode haver interesses: agradar o outro, mostrar que somos pessoas de

bem, obter recompensa. Esse caminho não combina com a proposta do Reino. Impulsiona-nos, Senhor, a agir para agradar a Deus, sabendo que a recompensa virá “na ressurreição dos justos”. Amém.




 

Pe. Edivânio José.

domingo, 31 de outubro de 2021

HOMÍLIA DA 31° Domingo do Tempo Comum - Ano B


I. INTRODUÇÃO

A liturgia do 31° Domingo do Tempo Comum diz-nos que o amor está no centro da experiência cristã. 

O caminho da fé que, dia a dia, somos convidados a percorrer, resume-se no amor Deus e no amor aos irmãos - duas vertentes que não se excluem, antes se complementam mutuamente.

II. COMENTÁRIOS

A primeira leitura

Apresenta-nos o início do "Shema' Israel" - a solene proclamação de fé que todo o israelita devia fazer diariamente.  

É uma afirmação da unicidade de Deus e um convite a amar a Deus com todo o coração, com toda a alma e com todas as forças.

A segunda leitura

Apresenta-nos Jesus Cristo como o sumo-sacerdote que veio ao mundo para cumprir o projeto salvador do Pai e para oferecer a sua vida em doação de amor aos homens.  

Cristo, com a sua obediência ao Pai e com a sua entrega em favor dos homens, diz-nos qual a melhor forma de expressarmos o nosso amor a Deus.

EVANGELHO

O Evangelho diz-nos, de forma clara e inquestionável, que toda a experiência de fé do discípulo de Jesus se resume no amor - amor a Deus e amor aos irmãos. 

Os dois mandamentos não podem separar-se: "amar a Deus" é cumprir a sua vontade e estabelecer com os irmãos relações de amor, de solidariedade, de partilha, de serviço, até ao dom total da vida. 

Tudo o resto é explicação, desenvolvimento, aplicação à vida prática dessas duas coordenadas fundamentais da vida cristã.

III. ATUALIZAÇÃO
• Jesus, porém, lançando mão de dois textos do Antigo Testamento (Dt 6,4-5; Lv 19,18), esclarece qual é a questão central da lei judaica: amar a Deus acima de tudo e amar o próximo como a si mesmo.
• Os dois mandamentos formam uma unidade inseparável. Não é possível amar a Deus sem amar o próximo. João, na 1ª Carta, escreve: “Quem não ama a seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus a quem não vê” (1Jo 4,20). 

Oração

Ó Jesus Mestre, teu diálogo com um doutor da Lei criou ocasião para nos ensinares sobre o mandamento mais importante: amar a Deus acima de tudo e amar o próximo como a nós mesmos. Ajuda-nos, Senhor, a assimilar em

profundidade o significado desses mandamentos e a colocá-los em prática. Amém.




 

sábado, 30 de outubro de 2021

HOMÍLIA DO SÁBADO DA 30ª SEMANA DO TEMPO COMUM.


I. INRODUÇÃO

Algumas circunstâncias ofereciam a Jesus a oportunidade de dar lições de boas maneiras aos seus contemporâneos. Seus ensinamentos, nestes casos, tinham o sabor dos antigos ditos sapienciais, tão próprios da mentalidade judaica.

II. COMENTÁRIO

O modo como os convidados se comportavam numa refeição, na casa de um dos chefes dos fariseus, levou o Mestre a recomendar discrição nestas ocasiões. Querer logo ocupar o primeiro lugar é muito arriscado. 

Se chegar alguém mais importante, a pessoa será convidada a ceder-lhe o lugar e ir ocupar o último. Quem se julga superior aos olhos do anfitrião e digno de deferência, acaba sofrendo a humilhação de ver revelada sua condição de inferioridade.

A prudência recomenda que a pessoa convidada, discretamente, procure o último lugar. E se houver um lugar de honra, caberá ao anfitrião fazer o convite a quem lhe convier.

Caso quem se colocou em último lugar seja convidado a ocupar tal lugar, a discrição redundará num desfecho honroso e ficará patente a estima que o anfitrião tem por este convidado.

II. ATUALIZAÇÃO
• A recomendação de Jesus parte de uma norma de vida própria do discípulo do Reino. 
• A ânsia de ser exaltado acaba em humilhação. 
• A humilhação, pelo contrário, terá como prêmio a exaltação, que, se não vier dos homens, sem dúvida, virá de Deus.

 

 

Oração

Deus eterno e todo-poderoso, aumentai em nós a fé, a esperança e a caridade e dai-nos amar o que ordenais para conseguirmos o que prometeis. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.




 

Pe. Edivânio José.

sexta-feira, 29 de outubro de 2021

HOMÍLIA DA SEXTA-FEIRA DA 30ª SEMANA DO TEMPO COMUM.


I. INTRODUÇÃO

Hoje fixamos nossa atenção na pergunta aguçada que Jesus faz aos fariseus: «Em dia de sábado, é permitido curar ou não?» (Lc 14,3), e na significativa anotação que faz são Lucas: «E eles não foram capazes de responder a isso» (Lc 14,4).

II. COMENTÁRIO

São muitos os episódios evangélicos nos quais o Senhor joga na cara dos fariseus sua hipocrisia. É notável o empenho de Deus em nos deixar claro até que ponto lhe desagrada esse pecado –a falsa aparência, o engano vaidoso-, que se situa nas antípodas daquele elogio de Cristo a Natanael: «Aí está um verdadeiro israelita, em quem não há falsidade» (Jo 1,47). 

Deus ama a simplicidade de coração, a ingenuidade do espírito e, pelo contrário, rechaça energicamente o que é emaranhado, o olhar vago, a dupla moral, a hipocrisia.

O significativo da pergunta do Senhor e da resposta silenciosa dos fariseus, é a má consciência que estes, no fundo, tinham. Diante jazia um doente que buscava sua cura por Jesus. 

O cumprimento da Lei judaica –mera atenção à letra com desprezo ao espírito- e a fátua presunção de sua conduta honorável os leva a escandalizar-se ante a atitude de Cristo que, levado pelo seu coração misericordioso, não se deixa amarrar pelo formalismo de uma lei, e quer devolver a saúde a quem carecia dela.

III. ATUALIZAÇÃO
• Os fariseus se dão conta de que sua conduta hipócrita não é justificável e, por isso, calam. Nesta parte resplandece uma clara lição: a necessidade de entender que a santidade é seguimento de Cristo –até o enamorar-se plenamente- e não frio cumprimento legal de uns preceitos. 
• Os mandamentos são santos porque procedem diretamente da Sabedoria infinita de Deus, mas que é possível vive-los de uma maneira legalista e vazia, e então se dá a incongruência –autêntico sarcasmo- de pretender seguir a Deus para terminar indo atrás de nós mesmo.
• Deixemos que a encantadora simplicidade da Virgem Maria se imponha nas nossas vidas.

Oração

Divino Mestre, Jesus Cristo, mediante tuas atitudes aprendemos que não há nenhum dia em que seja proibido fazer o bem. Toda boa obra é agradável a Deus, como o foi certamente a libertação que ofereceste a esse homem. Não deixemos para amanhã as boas obras que podemos realizar hoje. Amém.

 




Pe. Edivânio José.

quinta-feira, 28 de outubro de 2021

HOMÍLIA DA QUINTA-FEIRA - SANTOS SIMÃO E JUDAS TADEU APÓSTOLOS

I. INTRODUÇÃO

No seu amor inabalável, o Senhor escolheu como apóstolos Simão e Judas e lhes deu uma glória eterna.

Simão, chamado Zelota, e Judas Tadeu foram discípulos de Jesus; ambos se encontram nas listas dos apóstolos. Judas, por vezes confundido com o traidor, tornou-se popular e é cultuado como o padroeiro das causas desesperadas. Deixemo-nos impulsionar pelo ardor missionário desses dois apóstolos.

II. COMENTÁRIOS

Hoje celebramos a Simão o Cananeu e Judas Tadeu. Nas listas dos Doze sempre aparecem juntos. Simão recebe um epíteto diferente nas quatro listas: Mateus e Marcos o chamam “Cananeu”; Lucas o define “Zelote”. Na verdade, os dois qualificativos significam o mesmo: “ser ciumento, apaixonado”.

É muito possível que este Simão, se não pertencia propriamente ao movimento nacionalista dos zelotes, ao menos se destacava por um ciúme ardente pela identidade judia e, conseguintemente, por Deus, por seu povo e pela Lei divina. Se for assim, Simão está nos antípodas de Mateus que, pelo contrário, como publicano procedia de uma atividade considerada totalmente impura.

É um sinal evidente de que Jesus chama aos seus discípulos e colaboradores dos mais diversos estratos sociais e religiosos, sem exclusões.

O grupo dos Doze é a prefiguração da Igreja, na que devem achar espaço todos os carismas, povos e raças que atingem sua harmonia na comunhão com Jesus.

III. ATUALIZAÇÃO
• Hoje, ao celebrar estes dois apóstolos, destacamos duas coisas. Por um lado, aquela noite que Jesus passou a rezar por aqueles que ia escolher. 
• Uma noite inteira! Pensemos: quantas noites terá Jesus passado a rezar por mim? Porque na Igreja todos somos apóstolos (aqui não há jogadores e espectadores: “todos” participamos no jogo com Jesus Cristo).
• Por outro lado, impressiona ver no mesmo grupo dos eleitos um “partidário” do Império Romano – Mateus - e, simultaneamente, Simão, um “adversário” do domínio romano. Deus chama todos. E “todos” significa “todos”: Deus é assim!

Oração

Ó Jesus, incansável pregador do Evangelho, escolheste como teus colaboradores os apóstolos São Simão e São Judas. A eles ensinaste, com palavras e exemplos, as linhas fundamentais do Reino de Deus. E eles perseveraram até o fim, selando com o martírio a doação da própria vida. Amém.

 



Pe. Edivânio josé.