I. Introdução
II. COMENTÁRIO
Hoje, Simão Pedro faz um gesto admirável com Jesus. Quase todo aquele grupo
de judeus O abandona porque lhes parecem duras as suas palavras. O Senhor fica
sozinho. Até pergunta aos seus doze Apóstolos: «Quereis vós também retirar-vos?».
Com Simão Pedro dizemos a Jesus: - Senhor, a mim às vezes custa-me entender
as tuas palavras, mas eu confio em Ti. Porque, se não fosse a Ti, a quem iria eu? Tu és
o Santo de Deus.
Hoje acabamos de ler no Evangelho o discurso de Jesus sobre o Pão de Vida,
que é Ele mesmo que se dará a nós como alimento para as nossas almas e para a
nossa vida cristã. Como costuma acontecer, contemplamos duas reações bem
diferentes, por parte de quem lhe escuta.
Para alguns, a sua linguagem é muito dura, incompreensível para a sua
mentalidade obtusa à Palavra salvadora do Senhor, São João diz – com uma certa
tristeza- que «A partir daquele momento, muitos discípulos o abandonaram e não
mais andavam com ele» (Jo 6,66). E o mesmo evangelista dá-nos uma pista para
entender a atitude destas pessoas: não acreditavam, não estavam dispostas a aceitar
os ensinamentos de Jesus, frequentemente incompreensíveis para eles.
Por outro lado, vemos a reação dos Apóstolos, representada por Pedro: «A
quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna. Nós cremos» (Jo 6,68-69). Não
é que os doze sejam mais inteligentes que os outros, nem tampouco melhores, nem
sequer mais expertos em temas de Bíblia; sim que são mais simples, mais confiados,
mais abertos ao Espírito, mais dóceis. Surpreendemos-lhes de quando em quando
nas páginas dos evangelhos, equivocando-se, não entendem a Jesus, discutem sobre
qual de eles é mais importante, corrigem o Mestre quando lhes anuncia a sua paixão;
mas sempre os encontramos ao seu lado, fieis. O seu segredo: amavam-lhe de
verdade.
Santo Agostinho o expressa assim: «Não deixam sinais na alma os bons
costumes, senão os bons amores (...). Isto é em verdade o amor: obedecer e crer a
quem amamos». À luz deste Evangelho podemos perguntar-nos: onde tenho posto o
meu amor? Que fé e que obediência tenho no Senhor e no que a Igreja ensina? Que
docilidade, simplicidade e confiança vivo com as coisas de Deus?
III. ATUALIZAÇÃO
Hoje contemplamos à Eucaristia como o grande encontro permanente de Deus
com os homens, onde o Senhor entrega-se como "carne" para que —Nele— nos
transformemos em "espírito". Ele, através da Cruz, se transformou em uma nova forma
de humanidade que se compenetra com a natureza de Deus; paralelamente, a
Eucaristia deve ser para nós um passo através da Cruz e, uma antecipação da nova
vida em Deus e, com Deus.
No fim do discurso, onde se anuncia a encarnação de Jesus e, o comer e beber
a Carne e o Sangue do Senhor, Jesus Cristo conclui dizendo que «o Espirito é que dá
a vida». Isso nos lembra das palavras de são Paulo: «O primeiro homem, Adão, foi “um
ser natural, dotado de vida”; o último Adão é um ser espiritual e que dá vida» (1
Cor15,45)
Somente através da Cruz e da transformação que esta produz nos faz acessível
essa “Carne”, arrastando-nos também a nós no processo de dita transformação.
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