I. Introdução
Hoje, na liturgia da missa lemos a genealogia de Jesus, e vem ao pensamento uma frase que se repete nos ambientes rurais catalães: «José, burros e Joãos, há-os em todos os lugares». Por isso para distingui-los, se usa como motivo o nome das casas. Assim, fala-se, por exemplo: José, o da casa de Filomena; José, o da casa de Soledade... dessa maneira, uma pessoa fica facilmente identificada. O problema é que se fica marcado pela boa ou má fama dos seus antepassados. É o que sucede com o «Livro da geração de Jesus Cristo, filho de Davi, filho de Abraão» (Mt 1,1).
II. Comentário
São Mateus nos disse que Jesus é verdadeiro Homem. Dito de outro modo, que Jesus —como todo o homem e como toda a mulher que chega a este mundo — não parte do zero, mas trás já atrás de si toda uma história. Isto quer dizer que a Encarnação é a sério, que quando Deus se faz homem, o faz com todas as consequências. O Filho de Deus, ao vir a este mundo, assume também um passado familiar.
Rasteando os personagens da lista, podemos ver que Jesus —pelo que refere a sua genealogia familiar—não apresenta um “processo imaculado”. Como escreveu o Cardeal Nguyen van Thuan, «neste mundo, se um povo escrever a sua história oficial, falará da sua grandeza... É um caso único, admirável e esplêndido encontrar um povo cuja história oficial não esconde os pecados dos seus antepassados». Aparecem pecados como o homicídio (Davi), a idolatria (Salomão), ou a prostituição (Rahab). E junto com isso há também momentos de graça e de fidelidade a Deus, e sobretudo as figuras de José e Maria, «da qual nasceu Jesus, chamado Cristo» (Mt 1,16).
Definitivamente, a genealogia de Jesus nos ajuda a contemplar o mistério que estamos quase a celebrar: que Deus se fez Homem, verdadeiro Homem, que «habitou entre nós» (Jo 1,14).
III. Atualização
• «De nada serve reconhecer ao nosso Senhor como filho da bem-aventurada Virgem
Maria e como home verdadeiro e perfeito, se não se lhe acredita daquela estirpe que no Evangelho se lhe atribui» (Santo Leon Magno)
• «José é o padre legal de Jesus. Por ele pertence “legalmente” à estirpe de Davi. Mas, não obstante, vem de outra parte, de “lá acima”: só Deus é seu “Pai” em sentido próprio» (Bento XVI)
• «José foi chamado por Deus “receber Maria, sua esposa”, grávida “daquele que nela foi gerado pelo Espírito Santo” (Mt 1,20) a fim de que Jesus “chamado Cristo” (Mt 1,16), nascesse da esposa de José, na descendência messiânica de Davi.» (Catecismo da Igreja Católica, n°437)
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